domingo, 22 de agosto de 2010

As dezrazoes do riso

















Durante as nossas conversações cirandeiras, há quase três semanas atrás, surgiu a reflexão sobre humor e espiritualidade, humor e religião. Fiquei lembrando do meu lorde Múcio, amigo de faculdade, que gostava de fazer caricaturas dos nossos colegas de turma e dos professores. A maioria adorava quando se fazia dos outros e sentia-se ofendidissimo ao serem retratados. Sempre perguntavam para meu lorde, ou para seus colegas mais próximos: “eu sou assim? É assim que você me vê?” De forma geral quando retratados a graça da caricatura transformava-se em um tipo de ofensa. Por que?

 

Isso me faz recordar de uma aluna que nos imitava (nós os professores) magistralmente, hilariamente, no entanto, apenas eu e mais duas colegas achavam graça. Na verdade, apenas nós três vimos ela fazendo as imitações, senão idênticas, pelo menos muito fidedignas. E a aluna sentia-se ameaçada caso descobrissem que ela imitava alguns professores.

 

Mas, conto tudo isso e reflito sobre tudo isso, porque a gente (cirandeiros) se perguntava se seria possível rir dos evangélicos, dos espíritas, dos budistas, dos esquisotericos, dos astrólogos, dos nova energia, enfim de nós mesmos. E enquanto Julio nos falava da necessidade e da espirituosidade de rirmos de nós mesmos. Eu cismava que a tendência natural é rir dos outros e quando o humor se volta sobre nós, o acharmos provocativo, apelativo, incoerente, enfim, sem graça e o humorista, ou comediante um des-graçado.

 

II

 

O TSE em uma medida no mínimo arbitrária proibiu a satirização dos candidatos e das eleições. Proibiu mais, proibiu a humorização dos candidatos, das campanhas, etc. O engraçado é que o TSE não proibiu ou proibirá a candidatura de figuras que zombam, ou representam o que são as eleições no nosso país: uma piada representativa, figurativa, cheia de canastrões e seres canhestros. No entanto, achou válido e legitimo censurar humoristas país a fora.

 

III

 

Os jornalões, como chama Mino Carta, se declaram neutros. Dá para imaginar que a Veja, o Estado de Minas, a Folha de São Paulo sejam neutros? Da para acreditar em neutralidade quando uma revista semanal posta a foto de uma presidenciável com os dizeres: “O passado de Dilma” e retira uma foto dos porões da ditadura? As vésperas das eleições? Quando se sabia que ela aumentou seu percentual em relação ao outro candidato?

 

Mas, eles declaram, abertamente, que fazem um jornalismo imparcial. Chamam petistas de aloprados, criam escândalos, inventam factóides, aceitam dossiês fajutos, fabricados e inventados pelo orelhudo Daniel Dantas, mas se declaram imparciais. Mas sobre isso, Nassif e Paulo Henrique Amorim falam e escrevem mais claramente do que eu, haja vista, o site conversa afiada: http://www.conversaafiada.com.br/ e o caso Veja http://sites.google.com/site/luisnassif02/ Este em especial, depois de tudo o que tem sido mostrado por essa revista é caso de fechamento, mas entre nós, ventilar tal possibilidade é tido como cerceamento da liberdade de expressão. Expressão de quem? Mas não é este meu objetivo de agora e sim tecer uma comparação.

 

Assisti ontem a Dilma no jornal nacional, hoje eu vi a Marina. E eu fico me perguntando: “por que a gente se submete a isso? Por que mesmo sabendo que serão trucidados, crucificados, triturados e devorados se vai ao encontro dessa gente?” Eu não sei e nem entendo e fico chateado de ver. O Boner pode votar em qualquer um é um direito que lhe assiste. O casal global pode até vestir a camisa do seu empregador e tal como Cid Moreira chorar quando teve que ler um direito de resposta conseguido pelo falecido Leonel Brizola ( por falar nele quem gosta, visite o blog tijolaço. É escrito pelo neto dele), mas a falta de cortesia com a qual tratou a ambas, em especial a Marina que é um doce, foi profundamente descortês. Mas... espero para ver qual será o tratamento dispensado a Serra. Talvez a rispidez, a grosseria seja marca do casal, creio que não, mas pode ser. Creio que eles sejam extremamente simpáticos e dóceis com aqueles que eles tem simpatia. É vergonhoso chamar isso de imparcial.

 

Eu vi partes da entrevista do Serra. Boner tentou ser duro, ríspido, mas não conseguiu. Não sei se foi por questão de gênero, ou por questão ideológica. Ou se por ambas. Ou se tudo não passa de imparcialidade jornalística de um padrão neutro de qualidade.

 

IV

 

Ontem assisti CQC (creio que tenha sido semana passada) e a intromissão deles em meio ao debate para perguntar sobre a censura nos programas humorísticos. Todos os políticos disseram o que falei no item I: não! tudo bem! sem problema! Apenas Marina disse que é melhor quando se faz com o adversário. E alegou ainda que isso é perigoso, porque pode ser utilizado pelos meios de comunicação imparciais.

 

E aí é o ponto que eu queria chegar. A gente ri do que? O que tem graça? Não é o racismo, o machismo, a esperteza, a vantagem? Não são invariavelmente disso que rimos e debochamos: dos pobres, dos gordos, dos menos favorecidos, dos velhos, dos com problemas mentais, físicos? Estou falando de humor politicamente correto? Espero que não. Mas o humor político pode ser respeitoso, principalmente, quando os candidatos não fazem os eleitores de palhaços. Creio que o mais oportuno seria o TSE proibir, restringir o que fazem o casal Bonner, a Veja, os jornalões diariamente. Na falta de peito, foram no lado mais “fraco”, os humoristas.

 

Mas a outra questão é: não é mais preocupante quando eles querem falar sério? Eles jornalões? Não é infinitamente mais perigoso? Não foi falando sério que eles deram o golpe em 64? Não foi falando sério que eles apoiaram o golpe por mais de 30 anos? Não foi falando sério que se fez a edição do debate do segundo turno em 89, que acabou com Lula? Não foi falando sério que eles criaram o caçador de marajás? Não é falando sério, que o bobo da corte, pago por Daniel Dantas, destila seu veneno, semanalmente, na Veja?

 

V

 

Voltando ao que interessa, Gustavo nos apresentou um vídeo da 3ª insana, cujo nome do espetáculo é Santa Paciência. Vale a pena dar uma olhada, olhando, responder: é engraçado? Quando eu postei sobre o Pai Tinga, parece que somente eu e Elo achamos graça. De qualquer forma, eu achei hilário e você? Bjs em todos.