segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

PÃNICO dos deuses a bestialidade televisiva: 1a parte

PÂNICO

A palavra tem origem grega e relaciona-se ao deus grego Pã de onde deriva a palavra pânico, o termo pânico, o programa pânico e as síndromes do pânico. Empregos do conceito, atualmente, muito em voga, o que acaba nos remetendo a um segundo significado do termo Pã, que se associa a tudo e a todos (panteísmo, pandemônio, pan-sexualismo, etc...) De todo modo, Pã era representado na mitologia com orelhas, chifres e pernas de bode. Dizem que era tão feio, que causava pavor e temor nos viajantes que atravessavam a floresta durante a noite. Fala-se outras tantas coisas dele, mas estas para mim são as importantes para refletir sobre um fenômeno contemporâneo, associado e atrelado a juventude: o escárnio como forma de humor.

I

Estes programas de “humor” começaram na minha adolescência. Eram programas de rádio, creio que da própria jovem Pan, que fizeram sucesso entre os meus contemporâneos por distratarem ao vivo e em rede nacional os seus ouvintes. Aquilo era um fenômeno diferente, já que, se poderia ler uma relação tácita de sadomasoquismo entre apresentadores e ouvintes. Naquela época era curioso os ouvintes ligarem para serem distratados, era um acontecimento muito diferente e muito fora do padrão do que fora o rádio até então. Anos depois apareceria a Tiazinha que praticava tortura em rede nacional e havia fila de espera e de fetiche para ser torturado pela moça de chicote, bota, roupa de couro preta grudado ao corpo. O que se iniciou como um programa de rádio se multiplicou e toda rádio que se preze, atualmente, parece ter um programa como esse: no qual o destrato ao outro é fonte de riso para quem apresenta, para quem escuta e para quem recebe.

 

II

O meu ponto de tensão é que há anos tenho observado e acompanhado uma forma muito diferente de fazer graça, de ser engraçado dentro das salas de aula. É uma forma que espezinha, humilha, achincalha. É um humor que desfaz e reduz o outro, inferioriza o outro. Em sala de aula os professores tem passado por isso. São expostos no youtube, nas redes sociais, assim como alunos espezinham os próprios colegas de uma forma tão deselegante, tão desrespeitosa, que fico me perguntando: éramos assim? E não éramos. Óbvio que o humor sempre riu do ridículo, do grotesco, mas de forma geral, eram os humoristas que se colocavam nessa condição de inferioridade. O riso era da plateia, do público e não do comediante. Este durante a cena não se dava bem, pelo contrário. Costinha (que nunca gostei) fazia troça da sua voz, da sua opção sexual. Não me recordo, talvez exceção ao Didi, de comediante que satirizava aqueles que lhe aplaudiam. Não havia esse tapa na boca de quem te beija, esse escarro na mão de quem lhe aplaude. Essa é uma forma de humor nova cuja uma vertente segue a Tv Pirata-Casseta e Planeta-CQC; e outra vertente dá em Pegadinha do Malandro, Pânico na Tv e outras atrocidades que ignoro, esqueço ou desconheço.

  


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