quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Menina que nasceu esquizofrênica.




Discovery Home&Health passou domingo o filme, documentário: a menina que nasceu esquizofrênica.

O documentário conta o caso da família Schofield cuja filha recebeu diagnostico de esquizofrênica aos 5 anos de idade. Literalmente, o documentário seria bom se não fosse trágico.
o lado positivo, bonito mesmo é ver o cuidado e a assistência que os pais dão a filha, em inúmeras tentativas de ressocializa-la, de não deixá-la internada. Esse amor e cuidado que eles têm pela filha, na esperança e luta de reintegrá-la é um fator comovente e positivo do filme. A busca pela dignidade, o amor incondicional, o respeito fraternal as diferenças. 
Numa linha similar podemos ressaltar o acompanhamento atento da psicóloga, que em certa medida, tenta se opor a medicação dada a criança. É chocante, é deprimente a forma com a qual no século XXI, depois de Einstein, Bohr, Heisemberg, Nietzsche, Foucault, Levinas, para falar de alguns, a gente ainda trata o ser humano. 
A parte deprimente, fica por conta da visão que a psiquiatria apresenta. 
De modo que no geral o filme traz à tona nossa fragilidade conceitual, clinica, diante do surto psicótico, diante da fragilidade psíquica do outro. Simplesmente não sabemos como cuidar. Sabemos o que fazer, damos antipsicótico. Mas, depois que se corta o surto com um fármaco, não sabemos como lidar e aí vira a panaceia.
Não são apenas clínicos que desconhecem o que fazer depois do surto, depois do diagnostico de esquizofrenia. Centros espíritas e religiões, terapeutas e psicólogos, são todos impotentes diante do diagnostico de esquizofrenia. E que diagnostico é esse? Como ele é elaborado? O nosso despreparo frente a esse quadro me faz recordar o caso em que os pais pobres foram encaminhados para um centro espírita. Deram o passe nos pais, filhos mais velhos, mas uma criança não parava de chorar. Os dirigentes não tinham dúvida, tratava-se de obsessão. Foram cuidar. Tentaram de tudo e os gritos da criança apenas aumentava. Sinal de que era possessão das bravas e que o trabalho de doutrinação estava surtindo efeito, em pouco tempo a criança estaria boa. A panacéia iria durar anos seguidos não fosse a intervenção espiritual do orientador espiritual da casa falando que a menina e os irmãos não comiam a dois dias, estavam com fome. Alimentada os obsessores foram embora, ou melhor, o choro cessou. Sorte dela e dos familiares. 
No caso da esquizofrenia o que temos visto é outra coisa. O orientador espiritual não chega, quando chega não é escutado. Enquanto isso crianças, adolescentes, jovens, adultos choram. Para os espiritualistas, espiritistas, religiosos, eles estão e são endemoniados; para psiquiatras eles são esquizofrênicos e só conseguem ter uma vida normal seguindo uma forte medicação para o resto da vida; para psicólogos o melhor é encaminhar para a psiquiatria. No jogo do empurra-empurra os esquizofrênicos ficam chocados, a margem. São um tipo de leprosos que fugimos do contato e da convivência, mesmo porque ela não é fácil nem simples. Requer cuidados que passam ou deveriam passar longe da medicação eterna e constante.   
A menina que nasceu esquizofrênica é uma constatação triste, mas galopante de cada vez mais cedo medicar crianças. Ora são hiperativas, ora são autistas, ora são índigos, agora são também esquizóides. Triste mundo esse em que até a infância é medicada e se tenta solucioná-la com pílulas.    


Ps: Se você se interessou por esse assunto talvez goste também de outros post desse blog como: Falando de Esquizofrenia; 
http://universofiholosofico.blogspot.com/2012/02/falando-de-esquizofrenia.html


Kundalini e Psicose;
http://universofiholosofico.blogspot.com/2012/02/kundalini-e-psicose.html


Uma breve história da Loucura e outros a serem postados como Surto ou Parto? O parir de si mesmo; Realidade e Psicose: aracne e a tessitura da realidade; In Deliriun.

26 comentários:

  1. Olá!
    Assisti hoje o documentário no Discovery H&H.
    Fiquei com o mesmo sentimento do que foi escrito: parece que não sabemos como lidar com a esquizofrenia.
    Mas fico feliz ao ver os pais lutando eternamente com sua filha.

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  2. OI! Meu nome é kelly do paraná Brasil, tenho duas meninas pequenas asisti o documentário,o que me entristeceu foi ver que em nenhum momento os pais dela si quer buscou a ajuda de DEUS , devemos compreender que não somos feitos só de carne mas também de espirito.Por um filho fazemos tudo tudo ,para clamar o SENHOR , não é necessário gastar dinheiro ,basta dedicar um pequeno tempo para orar,e mesmo que o homem diga é impossivel , acredite !tudo é possivel para DEUS creia em DEUS e ele fara um milagre nas suas vidas, mas creia de coração.

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    1. ai por favor, falar de deus é querer se exibir....oh eu louvo a deus....entao faça isso em silencio, nao pregando sendo chata e exagerada... me poupe. Nos poupe

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    2. Ridicula vc hein minha filha, ela TEM A MAIS PURA RAZAO A libertacao dessa crianca NENHUM dinheiro pode comprar!!!! 'e libertacao espiritual.

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    3. Libertação espiritual? Sério/ E vai fazer como essa criança parar de ter alucinações? Porque, se tem que ''libertar'' ela espiritualmente sem remédios ou médicos ou psicólogos ou qualquer um, melhor chamar um padre pra fazer um exorcismo, não?

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  3. Pois é Kelly essa é uma discussão que tentarei puxar no próximo tópico. A possibilidade de encararmos a esquizofrenia sobre um enfoque também energético e não estritamente material. abraços para vc.

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  4. Primeiramente, que triste as pessoas não suportarem ouvir sobre Deus, e ainda se sentirem no direito de privar outra pessoa em fala nEle! Ele pode sim curá-la, mas isso vai da fé dos pais da menina... E muito triste também foi o final desse texto em que é escrito que "até a infância se é medicada", a menina tem um transtorno mental ela PRECISA do tratamento que inclui, logicamente, medicamentos! Qualquer pessoa, sendo criança ou não, diagnosticada com algum tipo de transtorno PRECISA de acompanhamento ou tratamento com ou sem medicamentos dependendo do caso. Mas, se você autor que parece ser contra a medicação, tiver uma solução melhor para a esquizofrenia POR FAVOR me conte!

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  5. Ola anonimo. Concordo integralmente com o que pontuou, desde a liberdade de expressão ( inclusive para se queixar de Deus) ou a de apostar que ele cura todos os males; quanto a tristeza final do texto e a arrogância do autor ( no caso eu) de pensar em esquizofrenia sem medicação. Mas a tristeza e a queixa é a de se acreditar que as doenças da alma (quais não são?) podem e devem ser tratadas segundo o mesmo modelo que do sistema locomotor. Trata-se da psique, como sendo uma avaria mecânica, toma uma pilula que mexe nos seus neurotransmissores e você passa a funcionar de novo. Se esta lógica perversa, mas útil é aplicada a adultos para primordialmente FUNCIONAREM BEM em casa, no trabalho, essa lógica aplicada a crianças me entristece demais, porque a elas não deveria se cobrar esse mesmo tempo, essa mesma urgência.
    Foi nesse sentido que fiz a critica que será aprofundada nos outros textos.
    abraços e agradecido pelo posicionamento.

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  6. olá!
    por acaso você teria esse vídeo disponível? eu achei muito interessante e gostaria de assisti-lo, mas não tenho tv por assinatura! =(

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    1. http://www.janisjourney.org/ - site

      http://www.youtube.com/janifoundation - youtube

      http://www.youtube.com/watch?v=35gcBL1ZwY4 - Youtube

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    2. Não tem nenhum video em portugues?

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  7. Ola Camila, infelizmente não tenho. Pensei que encontraria o vídeo com facilidade pelo youtube, mas só tem uma chamada de 29 segundos. A esperança é alguém que tenha gravado disponibilizar.

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  8. Alguem sabe onde consigo o video? Estou precisando para passar em um trabalho. =[ Queria mto!

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    1. http://www.youtube.com/watch?v=Vk6h6ksa7oo&feature=endscreen&NR=1

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  9. De todos que comentaram quem tem um filho esquizofrênico? Pois eu tenho e quem diz que não concorda com medicação COM TODA CERTEZA DO MUNDO,como mãe de esquizofrenico que sou, não tem que conviver com os surtos e manias de um esquizofrênico pq não é só nos surtos que eles são difíceis,e o tempo todo as vezes é quase insuportável e olha que eu sou mãe hein,e perco a paciência e tenho q fazer terapia conjunta com ele,que dirá quem não é nada nem convive entrar em blog pra criticar,DIGO COM TODA CONICÇÃO DO MUNDO:V6 NÃO AGUENTARIAM NEM 30 MINUTOS.Então por favor não julguem. Sem mais.

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  10. Ola Patinho, não vinha monitorando e somente agora vi sua postagem. Primeiramente, embora o tema e a luta antimanicomial me motivar muito, não tenho um filho esquizo. De forma geral, lidar com o outro nunca é fácil, especialmente, quando esse outro tem algum nível de dependência conosco. Afora isso o post tinha como objetivo criticar a medicação em crianças, assim como o diagnostico de esquizofrênica para uma criança. Quer me parecer exagerado. Não obstante é muito mais comodo para todos que a gente dope as pessoas. Quando se praticava a lobotomia ficava-se ainda muito mais tranquilos do que agora com lítio. Assim é claro que o post é uma critica a tudo isso e é tácito que nossa proposta é por hora utópica. Feliz ou infelizmente o tempo virá dizer.

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  11. Não sei em que centro espírita vc andou mas no que eu frequento eles SEMPRE encaminham a pessoa para um especialista em psiquiatria. Se for preciso, há sim, um acompanhamento espiritual, mas SEMPRE em paralelo com um profissional de saúde sem vínculo com o centro.
    Eu acredito muito na medicina e que um dia chegaremos a conseguir pelo menos o alívio desse tipo de mal.
    Convivo com uma pessoa esquizofrênica a anos e não é fácil. Mesmo existindo remédios e orações ainda existe o medo do surto, mas devo dizer que os medicamento melhoraram muito a qualidade de vida dessa pessoa e de quem convive com ela, principalmente quando sabemos que a pessoa quer viver o mais normal possível e hoje é mais feliz. Ela dirige sem medo, trabalha, sai de casa e se diverte sem medo pois sabe que está bem assistida.

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  12. Só quem não tem a mínima noção do que está falando, critica o uso de medicação em crianças em casos sérios como este. A falta de tratamento medicamentoso, desde que o mesmo seja usado após constatação do problema, leva o paciente com o passar do tempo a lesões cerebrais irreversíveis, que dificultam o tratamento, e isto acontece também em quem apresenta sérios casos de depressão. Deus é importante sim, mas por favor não sejamos hipócritas, nem tão pouco ignorantes, se existe tratamento e o mesmo inclui medicamentos que podem fazer com que a pessoa tenha uma vida digna, é preciso usá-los. A esquizofrenia não é um mal que passa com o tempo ou melhora com a idade, muito pelo contrário, pois com o passar do tempo e a falta de um tratamento adequado leva estas pessoas a quadros irreversíveis, as torna completamente inaptas ao convívio seja familiar ou em sociedade.

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  13. Ola Anne Ferreira! Que bom que no centro no qual frequenta há pessoas abalizadas para fazer o encaminhamento. No geral não se tem e digo mais, falar de tratamento, ou orientação psicológica para médiuns é palavrão e ofensa grave. Encaminhar para psiquiatria é caso de internação mesmo para quem propõe a ação.

    Legal que ela acertou o uso da medicação e tem desenvolvido uma vida normal. Abraços.

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  14. Ola Anonimo(a) raivoso(a). Justamente por ser leigo, ignorante é que escrevo bobagens sobre a área de outras pessoas. Os doutos fazem artigos científicos e discutem essas questões em outro lugar. Digo isso apenas para pontuar que vc com a sua sapiência veio ao local errado. Mas, para não perder o ensejo quero salientar essa falta de imaginação das pessoas, que acredita que um remédio que na maioria dopa os pacientes, as levam a ficar mais de 20 horas em estado de sonolência, sem vontade de fazer nada, se quer se alimentar, é visto como única forma de tratamento. Acho extremamente complicado uma parte significativa da civilização acreditar no discurso científico como sendo verdade inquestionável. E a questão do texto é: ok! no surto damos antipsicóticos, mas e quando passa o surto? O que temos a oferecer? E a constatação é que temos a oferecer, muito pouco! E dentro desse pouco, não me admira se voltarem a pensar em eletrochoques e lobotomia.
    De modo que aqueles que questionaram isso décadas e séculos atrás também foram tachados de ignaros.

    Vou marcar a posição contrária a medicação nos moldes feitos hj e quem sabe o tempo mostra o tamanho da imbecilidade de pessoas como eu, que tem posição similar.

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  15. Eu queria muito essa matéria pra fazer uma apresentação, mas não consigo encontrá-la dublada...

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  16. Pessoal bom dia! Preciso do email desta familia, alguem pode enviar? É para eu ajudar informando um local a eles aqui no Brasil, ok. email : william.merchel@superig.com.br

    Muito obrigado

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  17. É uma pena que o único tratamento que a psiquiatria moderna pode oferecer aos pacientes esquizofrênicos são os medicamentos psicotrópicos.

    Por isso é importante buscar alternativas que estão dando certo e vão de encontra a essa modernidade da medicina.

    Dr. Carl Pfeiffer estudou e tratou mais de 20.000 pacientes e tem demostrado que os tratamentos com suplementos nutricionais e uma boa dieta pode ser mais eficaz que os medicamentos.

    Sou fã da Dra. Natasha Campbell que estudou, pesquisou e hoje propõe possiblidades concretas de melhorar para pessoas nessa situação.

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  18. Eu sou mãe de uma menina esquizofrênica. Além da esquizofrenia ela possui muitos traços autísticos,tendo sido incluído no espectro. É altamente ansiosa.
    Tenho uma fé inabalável, que é o que me sustenta. Já tentei de benzedeiras a terreiros de umbanda. Acredito em Deus. Acredito na ciência. Afirmo uma coisa, sem medicação, minha filha não consegue conviver com seus próprios pensamentos. Estou ao lado da minha filha 24 horas por dia. Abandonei tudo para ficar com ela. Ela recebe todo amor, cuidado, atenção e atendimento profissional. Mesmo assim é uma luta diária.

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  19. Oi. Meu irmão tem esquizofrenia paranoide. Minha mãe queria que fosse feito um esquema para quando ela morrer, eu ficasse de curador dele e ele ficasse com a pensão por morte que minha mãe herdou do meu pai. Mas eu não aceitei. Acredito que em muitos casos é impossível suportar um adulto socando as paredes, gritando (a qualquer horário), pisando forte no chão, fazendo barulhos com a boca, etc.. Falar em paciência eu acho bonito, mas na prática é INSUPORTÁVEL....

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