quinta-feira, 28 de junho de 2012

Podcast




Ola a todos,

É com muito prazer e alegria que anunciamos que os podcast da Ciranda da Consciência começam a ser disponibilizados.

A Ciranda da Consciência é um grupo de amigos de longa data, que depois de década de bons bate-papos e discussões resolveu gravar e disponibilizar as conversas para o publico. No seu primeiro movimento giratório organizamos duas palestras: a de abertura tratando do simbolismo de 2012 proferida por Gustavo Amorim, a segunda proferida por Julio Motta versando de "Iluminação Espiritual e o despertar de uma consciência não dual". Ambas foram sucesso de público, com grande qualidade, mas não conseguimos criar a terceira palestra. Descobrimos que a Ciranda também tem autonomia em seus movimentos, às vezes, ela gira para lados que não era o que desejávamos, mas acabamos sendo movidos na direção do novo movimento. 

Assim, Ciranda da Consciência é um nome sugestivo, metafórico, que sugere tudo o que gostaríamos de dizer e de certa forma fazemos, a saber, tratar a espiritualidade com menos peso, mais diversão, muita alegria, imensos sorrisos.
Nossa crença é a de que é possível tratar de assunto dessa monta (espiritualidade) sem dor e ranger de dentes.

Foi assim, que nas voltas, retornos e movimentos cirandeiros, resolvemos criar um novo formato, que é este que lhes apresentamos. Muito longe ainda do ideal e da perfeição que idealizamos, mas em condições materiais e reais de ser apreciado, criticado, visto, ouvido, curtido. 

É assim com essa alegria de quem apresenta um filho para os amigos, com um orgulho meio besta, mas genuíno, que abrimos a ciranda para novos giros. E como uma boa ciranda, estamos lhes convidando, assim como a seus amigos, a participarem da roda e vir girar, bailar e brincar conosco.  

E como toda brincadeira de roda, basta pedir licença e dar as mãos; O poeta diria: "não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."

No mais: sejam bem vindos.

Grato desde já. 


Kélsen A. 



terça-feira, 19 de junho de 2012

Por dentro da Loucura




Salve a todos,

Todos sabem, algumas pessoas sabem da minha paixão pela loucura. Eu não sei explicar o motivo, a razão, eu simplesmente gosto, amo e me apaixono por quem consegue pensar de forma diferente, por quem consegue inverter e subverter a ordem, o dito, o curso e o discurso do mundo. No fundo acho que gosto dos loucos, porque cada um deles é uma parte de mim. Mês passado e retrasado fiquei escrevendo sobre a loucura. Semana passada, estreitando um diálogo com uma alma irmã a minha, retomei a interação com a loucura.

Mas a razão desse escrito é que encontrei um blog fantástico falando da esquizofrenia. Descobri é uma forma de dizer que uma amiga me indicou o blog e que passo para vcs. 


I
Na história da ciência nos chamamos, ou classifica-se alguns autores de: a) internalistas; b) externalistas; c) construtivistas.

Os internalistas seriam aqueles que fazem a ciência mesmo, estão nos seus laboratórios construindo não apenas artefatos tecnológicos, como teorias. Eles são de forma geral cientistas que defendem o fazer científico.

Os externalistas seriam aqueles que refletem sobre o resultado da ciência feita pelos internalistas. Tentam mostrar e desvelar as conseqüências da ciência no dia-a-dia das pessoas, assim como a posição “ingênua” dos internalistas. 

Os construtivistas pensam a ciência como uma construção, uma interação que se dá entre internalistas e externalistas, mas sem tantas demarcações precisas e rígidas como ambas arvoram.

Uso essa classificação para situar minha briga com psiquiatras, antropólogos, psicólogos: é de que eles são "externalistas", isto é, eles falam da doença mental de fora dela. Eles falam de outras culturas, sem pertencer a elas. Psicólogos, psiquiatras não sabem o que acontece dentro da mente, ou melhor, sabem, mas não sabem. Sabem como os médicos sabem do infarto, mas nunca tiveram um, ou do cálculo renal, ou da miopia. É um outro saber. É um saber sem sentir, é um saber teórico, mas que fica faltando a vivência. De modo que pode-se saber muito mais, no entanto, sabe-se menos e não deveriam ter a prepotência e arrogância de invalidar outros discursos. 


O estranho então é que se na ciência o discurso dos externalistas é ignorado quase que completamente pelos internalistas; ignorado no sentido de eles não alterarem o fazer e o refletir dele devido ao que foi dito, interpretado, não dito. No que tange a saúde de forma geral, e especialmente a saúde mental, os externalistas- médicos, psicólogos, psiquiatras- interditam, desqualificam e invalidam o discurso dos internalistas. Os esquizofrênicos,  são completamente ignorados , desqualificados. 


E é nessa especificidade que quero mencionar o blog do rapaz. O blog dele é super interessante, porque ele é um internalista falando do seu processo por um mecanismo que é compartilhado pelos externalistas- a linguagem. Ele utiliza a gramática médica, psicológica para falar daquilo que ele capta, sente, vê, percebe. Ele mais do que narrar, quase que nos coloca dentro do espaço mental dos portadores de esquizofrenia. É um belo endereço para que a gente consiga compreender melhor o que eles sentem, como percebem, o que entendem dos seus processos e como ele é difícil e doloroso. Além do que nos fornece a contribuição de inspirar e ensejar outros de seguirem o mesmo caminho, isto é, de começarem a dar voz as suas vozes e minimizar a fala de terceiros acerca dos seus estados mentais primários, internos, subjetivos. É uma tendencia a ser seguida e especialmente, seguida por outros portadores.

Dêem uma olhada no blog do rapaz. Abraços em todos.