sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Orgasmo



A idéia inicial era falar de sexo, sexualidade, magnetismo e espiritualidade. Fiquei duas semanas tentando, escrevi algumas coisas, mas agora, pai Jeremias pintou por aqui e disse: “fala do amor. Dá o titulo de orgasmo.” E é por aqui que eu inicio. O amor é o elo entre sexo, sexualidade, magnetismo, espiritualidade e o orgasmo é onde desemboca o amor. O amor é facilmente confundido, afinal poucos de nós estamos sem nenhuma barreira, obstáculos, amarras para que a energia amorosa seja recebida por nós e transmitida por nós sem passar por influencias. As influencias e obstáculos são as nossas crenças, as nossas dores, nossos pensamentos, nossas emoções. De forma que amor/orgasmo são divididos aqui a titulo de organização.
Queremos falar do orgasmo, porque ele é um sentimento pleno de prazer, no qual o corpo se abre para dançar com o espírito. O orgasmo representa uma unidade entre corpo e alma, um trabalho conjunto e harmônico que resulta na satisfação de ambos. Ele mostra que o corpo é importante, o corpo é necessário, não pode ser abandonado. No entanto, ele salienta também que só o corpo não basta, “erótica é a alma.” E se a alma não estiver presente o orgasmo também não acontece. Perceba então que queremos distinguir o gozo do orgasmo. O gozo é mecânico, é solitário. As mãos podem fazer com que o corpo ou a alma gozem. O orgasmo requer o outro. O outro é o parceiro (a) que te coloca em contato com o divino. O outro é aquele que mediante o atrito te auxilia na “renuncia”, no esquecimento de si mesmo. Alcança-se o orgasmo com a ajuda e a colaboração do outro. O igualmente belo do orgasmo é que se chega a ele renunciando a si mesmo. E ao chegar ao estado orgástico sabe-se bem que aquele é um momento individual, mas ligado a tudo, integrado ao universo. Ao adentrar esse estado, as pessoas voltam revigoradas, voltam modificadas, voltam diferentes de como foram.
O sexo é assim uma ligação, uma chave com o divino. A busca pelo sexo é na sua essência a busca por um encontro com a divindade. Por mais egoísta que seja esta busca, o encontro com o orgasmo requer o reconhecimento do outro e aqui se desvela a face do amor. O amor tem muitas faces, muitas moradas e a maneira como cada um lida com o sexo, a forma com que cada um lida com a vida (sexualidade) dialoga como cada corpo sustenta o amor, como cada aparato cognitivo-afetivo registra o amor e comporta o amor. Não importa o que façamos, como façamos, no fundo e sempre estamos expressando como amamos.
É difícil para algumas pessoas compreenderem que a energia que um preto-velho transmite, assim como outras entidades é amorosa, mas não é sexual, ou melhor, por mais que a energia seja orgástica, (pelo menos remete a um cheiro de divindade, de aconchego, de candura, repouso e doçura, que o ato sexual direciona no momento do orgasmo), isso não implica na mecânica do ato para se ter essa sensação. É igualmente difícil para lideres religiosos (padres, pastores, médiuns, gurus outros) compreenderem que no entorno deles há uma forte energia magnética, atrativa, o que não implica em transar com todos (as) paroquianas, fieis, assistência, chelas. Isso é muito sexual, mas não implica exclusivamente em sexo. Compreender e manifestar essa energia pelo prisma sexual é apenas uma das milhares de forma de manifestação e compreensão. Talvez esta compreensão seja até a mais primária e elementar delas. O que pode dificultar a absorção e a compreensão desse nível energético em um forma diferenciada.
O ponto é que a energia amorosa é uma energia sexual. Da mesma forma que essa mesma energia amorosa é orgástica. De forma geral, chegamos ao orgasmo mediante o sexo, daí a dificuldade de um sem número de pessoas acreditarem que a energia amorosa não implica exclusivamente em sexo/transa; que manifestações amorosas entre professores e alunos, padres e paroquianos, pastores e fies, médiuns e assistência, gurus e chelas não quer dizer que eles estejam transando, tendo caso. Da mesma maneira que os núcleos espirituais nos quais essa energia amorosa começa a gravitar não implica em orgia, em suruba, na festa da uva. Tudo isso parece que a nossa primeira reação ao sentir, captar essa energia amorosa é entendê-la como sexual. Pode até ser, mas é similar a estar diante de uma grande obra e não sair do nível básico de leitura.    
As faces do amor são muitas. E a nossa busca é por um fazer cada vez mais amoroso em todos os momentos da vida e não apenas no ato sexual. O encontro com o prazer, com o orgasmo é algo que não necessita ficar delimitado e restrito a atritagem do sexo. Pelo contrário, quando mais se aumenta a nossa sensação de beleza, de plenitude, mais orgásticos vamos ficando. Mais integrado vamos ficando. Menos maldosos acerca da sexualidade e das relações de carinho vamos sendo.
Bjs em todos.