sexta-feira, 21 de junho de 2013

I Fórum Mundial de Contatados



Meu interesse pela ufologia é pouco. Conheço, escuto, já li, mas para mim não tinha nada de novo a ser dito, a ser feito, a ser realizado. Para mim todas as perguntas sobre a área estavam respondidas. De modo que nunca me interessei em participar de um encontro com ufólogos. Na minha cabeça, eles nem acreditavam em disco voadores. Rsrsrs. Um fórum de contatados seria para mim um fórum de iguais e me interessei, enormemente.
Fui ver o nome de algumas palestrantes e acabei realizando a minha inscrição. Mais importante, fui até Floripa conhecê-los. Gostei do que vi. Em todos os aspectos, alias, quase todos.

O quase se deve a minha pergunta inaugural (de mim para mim mesmo); a pergunta foi: existe espiritualidade sem comércio? E cada vez mais percebo que não. Precisamos de dinheiro. Realizam-se muitas poucas coisas sem dinheiro. E nós precisamos perder esse ranço que temos com o dinheiro. Tinha uma moça muito bonita, pouca simpática, organizadora do evento, que só a via rir quando ela estava vendendo. Melhor, só via felicidade nela, quando ela estava vendendo. Mas, tirando esse único aspecto, comprar os DVDs de Marco Antônio Petit, os CDs da Margarete Áquila, os livros dos demais palestrantes deveriam ser um dever, assim como os livros e outros produtos de cada um dos palestrantes que expuseram seu material.

São pessoas sérias. Trabalhadores de uma área pouco divulgada e valorizada, mas que desenvolve trabalhos seriíssimos. Trabalhos como os das psicólogas Gilda Moura, pesquisadora de renome internacional; Mônica Medeiros, Margarete Áquila que desenvolvem trabalhos interessantes em Sampa. Trabalhos como os de Leonardo B Martins que levou a pesquisa ufológica para dentro da USP em dissertação de mestrado e agora tese de doutoramento.

Contatados da envergadura de Bianca (de uma simplicidade, de uma humildade, do tamanho da distância física entre ela e Karran). Urzi sobre quem os discos voadores brincam, cantam, fazem firulas ao avistá-lo. Ou Asís um peruano que contata os discos, mas eles sempre se mantém sóbrios, serenos, distantes, como exige o capitão da frota.

Mas, escrevo tudo isso para falar que eu nunca me vi como contatado. Nem sabia que o termo existia. Sabia menos ainda que houvesse pessoas interessadas nessas histórias. Até hoje, em vários anos de incorporação, mediunidade, só escrevi publicamente duas vezes sobre isso. A terceira esta sendo agora. E estando lá, eu recebi um chamado para escrever sobre essas coisas. Na verdade, postar.

Recordo que em 1997/8 na Faculdade de Filosofia, saí perguntando para um grupo de colegas, assim como outros que freqüentavam as reuniões espiritistas que realizávamos se vocês pudessem fazer uma pergunta a um extraterrestre, qual pergunta você faria?

Recebi uma média de trinta, quarenta perguntas e me coloquei junto a Somater para respondê-las. Terminado essa primeira fase, nós aprofundamos alguns pontos. Emprestei esse caderno de respostas para uma amiga e nunca mais o vi. A segunda parte do trabalho não tem sentido sem a primeira.

Depois disso, Somater “aparecia” em algumas reuniões deixando recado. Certo dia, ele me apresentou uma “moça” chamada Amaril. Achei a psicografia dela tão idiota, tão ridícula que cheguei mesmo a debochar. Amaril dizia que a civilização dela estava desenvolvendo estudos que os aproximava da energia da vida. Eu no alto da minha arrogância achei aquilo tão infantil, tão idiota, que praticamente não voltamos mais a falar do assunto.

Demorou dez anos para que eu entendesse a profundidade do que ela dizia e o nível de adiantamento no qual eles se encontravam.
A arrogância tem preço, geralmente, o da ignorância. Voltamos depois a falar disso, espero ter registrado em algum lugar. Mas, o interessante de tudo isso é que nas minhas conversas com Somater, ele me disse que eu precisaria estudar para ele ter condições de me explicar as coisas que eu desejava saber e ele queria falar. Foi assim que comecei a estudar física quântica e foi nesses estudos que a Filosofia fez sentido para mim. Os físicos, os matemáticos aplicavam o que a maioria acreditava ser meramente teórico. Foi nesse jogo que parei no mestrado de educação tecnológica buscando estreitar um diálogo entre a Filosofia e a Física.

E isso que é interessante nesses estudos. Você acha que esta se formando em educação tecnológica, mas a verdadeira formação é outra na qual você acessa somente depois. Esse acesso do somente depois, esse conhecimento que irrompe sem que você defina fisicamente de onde veio, esse outro conhecimento que você acessa como se estivesse acessando uma central de informação invisível, um ponto eletrônico embutido dentro do cérebro e do coração foi o grande achado para mim do fórum.

A Dra Gilda Moura falava das áreas de ativações dos contatados, especialmente, de como alguns conhecimentos eram apenas decodificados quando em estado de hipnose. O termo que a gente usa é hipnose, mas eles preferem dizer que são codificações que a pessoa acessa por um estressor interno. Há um estopim que acende e irrompe o conhecimento no momento no qual estamos prontos. São por vias similares que ocorre as aparições, avistamentos, abduções. Algo diz que estamos prontos e o fenômeno, o conhecimento aparece.

E parece que um estressor desses destravou em mim. Desde meados do ano passado, eles disseram que eu poderia falar de muitas coisas que nunca disse. Algumas, eu nunca vá dizer. Ainda não gosto, acho estranho. Não vejo isso como missão, nem de salvamento, nem de esclarecimento, nem de resgate. Vejo como uma coisa a mais a ser feita, que pode ser realizada ou não, conforme minha vontade, meu desejo; embora saiba que sou encaminhado para situações que não pensei e vislumbrei.
É isso por hora. Vou começar a escrever e a editar algumas coisas escritas nessa área. Elas serão colocadas em outro blog.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Encenação Mistificação


Na semana que escrevia sobre isso, Luana Piovani dava mais um chilique e Zezé Polessa era acusada na impressa pelo infarto de um motorista. Na mesma semana (27/1/2013), tive a felicidade de assistir a “peça” teatral “Assunta Brasil” do Saulo Laranjeira. Durante a peça, na qual estou até agora impressionado em todos os sentidos e em todos os âmbitos, inúmeras questões passaram pela minha cabeça, em especial uma que retornava: a relação da representação com a incorporação. Essa é para mim uma grande questão a ser pensada. 

Nos meios mediúnicos nada é mais hostilizado do que a mistificação, isto é, fingir estar incorporado quando não se esta. A mistificação é complicada, porque ela fere o princípio de veracidade. A crença que se tem, dado ao espaço em que se está, e pela moralidade do que se faz naquele momento de que naquele espaço sagrado, ninguém abusaria da fé e da confiança de outrem. Abusar disso é um ato indefensável e de covardia.

Não obstante, a incorporação tem muitos atributos da representação, o que me faz retomar o caráter mágico e sacro do teatro. Entre os gregos e para os gregos o teatro era o espaço do sagrado. As encenações realizadas eram partes dos rituais orficos cujo grande centro era o culto a Dionísio. O teatro em sua essência é uma celebração aos deuses. Era um momento no qual o ser humano deixava de ser quem era para assumir outra identidade, outra persona. Parte dessa celebração esta inserida na missa.

Persona é o nome que era dado à máscara utilizada pelo artista na encenação. É também o nome que utilizamos para falarmos de uma identidade, de um algo que nos apresenta e nos identifica. Aceitamos e até confundimos a personalidade como sendo nossa própria identidade. É similar ao artista que acaba acreditando que é o personagem que encena. E igualmente trágico ao médium que assume as dimensões e personalidade do espírito que incorpora. Tudo isso em cada lócus especifico apresenta problemas e dificuldades aos seus. 

Mas, porque trago tudo isso? Por que a cada momento, acho mais tênue a linha que separa a representação de alguns personagens no palco da mediunidade de incorporação. E não estou falando aqui de mistificação, pelo contrário. Estou falando mesmo de como esses dois espaços que foram separados na sociedade atual parecem compor um mesmo cenário.

Saulo explora essa relação mágica, mística, do teatro. Essa possibilidade de um ser vários, ser muitos, ser tantos e ainda assim, continuar sendo si mesmo. Há personagens de Saulo, encenados por Saulo, que denominamos encenação e representação unicamente por ele se dizer artista e estar no palco. Caso, ele estivesse em um centro, ele estaria “incorporando” ou melhor incorporado. E seria mistificação?

Não creio. E isso é novamente um outro terreno sutil. Em Saulo e em alguns médiuns o espírito não é um ente externo que chega e se aproxima; parece mais um ente interno no qual o ser se avoluma, cresce de dentro para fora, como se de fato, ele estivesse incorporado. De maneira similar as pessoas que não retiram a mascara do que foram ou do que gostariam de ser.

Vendo Saulo eu vi um médium. Sem sombra de dúvidas. Vi uma platéia encantada, que não compreendia a força fabulosa, mágica, encantadora, sagrada que se manifestava ali. Imersos a risadas mediantes falas e trejeitos do ARTISTA, a energia da platéia era transmutada. Permitam-me dizer mais, a energia do Vale do Jequitinhonha e de lugares similares nos quais grande parte da miséria é fruto da indiferença dos governantes, esses lugares recebiam uma revitalização energética. Saulo estava no teatro da Alterosa e também no Vale do Jequitinhonha. Saulo estava nos conectando ao mundo, um mundo que estamos perdendo, que estamos esquecendo, mas um mundo que o artista retoma, nos trás para dentro e o deixa semeado em nós.

Esse mundo é sagrado. Não o mundo em si, mas a operação realizada para que os expectadores sejam transportados até ele. As forças invisíveis que atuam no palco são as mesmas que atuam nos centros. A transmutação energética realizada é formidável e o que o ARTISTA consegue plantar, semear em cada expectador é igualmente esplendoroso.

Saulo é um artista renomado. Quero diferenciar renomado de famoso. Os atores televisivos são famosos. A fama os engole, os envolve, os devora. Não sei se os atores são eles mesmos. Não sei se os atores conseguem avaliar qual persona eles vestem. É nesse sentido que quero registrar a simplicidade de Saulo. Há nele uma pessoa, um ser, que não esta envolvido por uma máscara. Há nele a dimensão humana que os famosos perdem se tornando e se fazendo personagens de si mesmos, alguns até, caricaturas.

Diante dessa espetacularização cada vez maior fico me perguntando: qual o sentido do ARTISTA? O sentido dele esta em não permitir que ele se sinta maior do que a arte que ele faz. Essa simplicidade retoma o teatro no seu sentido clássico: celebração à vida, uma forma de religar(e) os seres. O teatro é a representação da existência. É o palco do existir.

De maneira se nos centros o problema é a mistificação, na arte o problema é a fascinação. Saulo não é um fascinado, um deslumbrado. Saulo não é uma Luana Piovani.