domingo, 25 de maio de 2014

HOSPITAL: a medicina contra a cura.

Ingenuamente, associamos os hospitais a cura, mas nada mais distante do hospital do que a cura. Os hospitais se aproximam mais de centros de reparo, quando alcançam isso. Nunca o termo hospital se aproximou tanto do seu significado etimológico hospes, hospedes, hotel. 

Na perspectiva administrativa um hospital é um grande hotel. A distinção óbvia é que um hotel cheio e com quartos sempre ocupados é sinal de lucro, já um hospital com quartos sempre lotado e com baixa rotatividade é sinal de prejuízo. Não devemos nos assustar, mas para muitos a saúde é isso. Qual o valor de uma internação? Qual o valor de um quarto numa UTI? Qual o valor de um ambulatório? É melhor dar alta para esse paciente ou mantê-lo? Uma cesariana ou um parto normal? Enfim, para muitos a lógica do hospital é mesmo comercial, mas qual é o preço da saúde? 

Se as primeiras considerações são fáceis de serem reguladas pelos conselhos éticos, por fóruns de discussão e regulação a última envolve uma alta complexidade. Afinal qualquer paciente deitado numa maca é um ser frágil, exposto, diante do maior temor existencial que trazemos: a morte. Nesse momento todo paciente é uma criança desamparada, que acredita em médicos, enfermeiros, psicólogos como se fossem deuses, e não são? Não podem reduzir a dor com uma injeção, um comprimido? Realizar uma cirurgia e mudar um quadro clinico? Sim, podem, fazem, é belo, importante, mas pode ser mais humano, humanista. 


De modo que o que dificulta, sobremaneira, a vida nos hospitais é que médicos, enfermeiros, assistentes sociais e pasmem, muitas vezes até psicólogos são formados para buscarem a saúde do paciente e não a cura. Há uma distinção que não é apenas ética, epistemológica, semântica, ela é ontológica e metafísica. Percebemos saúde como sendo um reparo. Já a cura virou um ente metafísico, distante, vazio; veremos. 

I

Descartes nos ensinou a distinguir, claramente, corpo de alma. Kant seguindo essa linha, assim que despertou do seu sono dogmático, nos ensinou a focar naquilo que nos aparece- fenômeno- e não na coisa em si. Diante disso construímos uma lógica mecanicista em que as relações de causa-efeito reinam em tudo e o corpo é entendido como máquina. Nessa lógica, se o corpo é uma máquina, a melhor coisa a se fazer com uma peça estragada é substituí-la. E nossa medicina não age de forma muito diferente. Tratamos o corpo do outro nos mesmos moldes que tratamos um carro. Um hospital e uma oficina tem muitas correlações. 
Na década de 1980 era comum encontrar anúncios de venda de rins. Hoje, mais avançados, falamos de escolhas genéticas, falamos até da criação de uma raça de seres que seriam usadas apenas para nos fornecer seus órgãos, tecidos. Mas, se o mecanicismo impera, o que impede essa substituição de uma peça por outra? Essa lógica, a gente chama de saúde. Quanto mais rápido for identificada a avaria e feito os reparos, mais saudáveis tendemos a voltar e a nos achar.

Essa lógica esconde o materialismo no qual estamos inseridos. Acreditamos, piamente, que corpo e mente são coisas distintas. Aliás, a maioria reduz a mente ao corpo, prescindindo da alma e de qualquer outra instância além da concretude do corpo. Sendo assim, tratamos o corpo promovendo seu restabelecimento, mas o restabelecimento do corpo podemos até chamar de saúde, mas não é cura.


II

A cura é um estado no qual o corpo e alma são tratados, identificados, acarinhados. A cura é o momento no qual somos levados a perceber como que determinados estados mentais induzem determinados estados emocionais que provocam específicos padrões de reação no corpo, que somatizadas geram as doenças. Ou seja, o corpo é espelho e reflexo de outras esferas que escapam a materialidade reducionista da matéria. E, embora se veja esforço, empenho, amor, entrega, nos profissionais da saúde, eles ignoram o fundamental- o corpo pode até se regenerar, rejuvenescer, mas não cura sem a consciência. Pode-se até sanar o corpo e a medicina realiza isso com destreza, mas isso ainda não é cura, não proporciona ao ser humano inteireza, integralidade.

Em verdade, se a saúde é do corpo, a cura é da alma. E hospitais estão preparados para cuidarem do corpo e as vezes se atém tão fortemente ao corpo que reduzem o Ser, o sujeito, a pessoa humana a uma patologia, a uma doença. Profissionais da saúde acabam perdendo a percepção de que estão lidando com um ser humano e não com uma patologia, uma doença. Os casos de médicos que receitam sem olhar o paciente são milhares. Os que cometem imperícias e erros, milhares. E, no fundo, credito boa parte disso, a nossa concepção fragmentada de ser. A nossa leitura equivocada de ser humano, assim como a extensão do modelo cartesiano-mecanicista para o campo médico.

Digo isso tudo, porque os hospitais podem ser centros de restabelecimento, centros integrados de cura. É isso que espaços alternativos, complementares buscam ser. Não substitutos a hospitais, mas espaços que proporcionam cura, que compreendam o ser em sua totalidade e inteireza. Somos espaços que buscam uma concepção mais alargada do que é o ser humano, isto é, um ser que está no seu corpo, se expressa por ele, se diz por meio dele, mas não se reduz a ele. Os corpos são muitos e é importante, se desejarmos cura, e quando se fala em cura, pensá-los em conjunto, em harmonia, em integração, levar essa concepção holística em conta.

III

Nesse aspecto, retomo os centros de reabilitação em outros planos têm características diferentes, mas que poderiam ser incorporadas. Inicialmente, é impensável cura sem natureza. Isolar pacientes do contato com a luz solar, com os ventos, em algumas situações com a terra aumenta muitíssimo as possibilidades do que nesse plano chamamos de infecções hospitalares. Elas se dão a partir da falta de renovação, purificação e transmutação dos entes patológicos que gravitam naquela atmosfera. Miasmas é um bom conceito para ilustrar o que desejamos. Nesse aspecto no astral pacientes acamados, nos mais diversos estados são curados junto a natureza, com o verde atuando todo instante. Esse verde é mais do que cor é um estado vibracional no qual todos os envolvidos emanam. 

Outro aspecto igualmente relevante é como a energia humana de carinho, cuidado, atenção é mais importante do que os componentes tecnológicos, os exames realizados por máquinas. A verdadeira tecnologia é a da subjetividade. Sendo assim, a água é um dos remédios dos mais eficazes. A imposição das mãos sobre os pacientes é essencial, finalmente. 

A medicina é vibracional e nela cabe todas as ferramentas que auxiliam a integração da pessoa, ou melhor, a cura. Busca-se o reestabelecimento não do corpo e sim da alma. Isso é cura. 


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Getúlio: uma sobreposição.



O filme está em cartaz. Não teve muito alarde, muita badalação, pelo menos, não vi. Fato é que o filme é lançado num momento muito especial, já que por intermédio do filme- Getúlio- pode-se estabelecer uma análise muito bem situada do Brasil atual. o filme chama-se Getúlio, mas os traços golpistas, oportunistas que o filme discorre, bem poderia ser denominado- Lula, ou Dilma. Vejamos:

Descobri a importância do cinema vendo Caramuru. Aquela apropriação do nosso romance, da nossa história, contada agora de forma imagética, projetada numa tela imensa, ampliava a nossa própria história, a nossa cultura, o nosso fazer no mundo. Foi somente ali, naquele momento, que pude conceber o cinema como arte. Aquela retratação, ou melhor, aquela possibilidade de nos identificarmos conosco, de nos vermos refletidos, espelhados é maravilhoso. Isso não tem preço, não tem nada igual. É de uma força impactante. Uma força que os nazistas usaram para se convencerem que eram de fato uma raça pura e superior. Uma força que a indústria cinematográfica americana movimenta, universaliza, seduz, hipnotiza criando e construindo uma imagem deles que já não importa se é real, porque, eles passaram a se ver assim. É uma indústria que vende ilusões, que fabrica um imaginário que mesmo estando longe do real, constrói uma identificação.


Usamos pouco dessa força. Na verdade, usamos essa força como bem nos lembra Nélson Rodrigues, como narcisos às avessas, cuspindo na própria imagem. Temos uma necessidade de mostrarmos a realidade e esse nosso real é muito cruel, por vezes estúpido para conosco mesmo. A idéia que quero passar é que nenhum povo cria um imaginário real do que se é, pelo contrário, vendem uma ilusão como bons estelionatários e se agarram a ela, se fiam por ela, se convencem dela e se fazem potência mundial. Nunca houve uma potência que se condenasse na sua forma de se ver e se imaginar. 

Falando nessa cinematografia que explora presidentes, quero ressaltar Margareth: a dama de ferro. Lincoln e JFK: a verdade que não quer calar. Todos contam uma história que educa o olhar, que faz com que vejamos cada um desses homens, repletos de erros (como todos os humanos) com mais condescendência. Quando acabei de ver Margareth eu quase encaminhei carta ao Vaticano solicitando a sua canonização e sabemos que o seu governo foi marcado por profundos desafios. Ela ao lado de Reagan retomaram o neoliberalismo. Ambos liquidaram os sindicatos, os direitos sociais, o tempo pode ter lhes feito justiça, mas não me cabe aqui julgar, nem analisar, porque quero falar apenas de Getúlio.



Pois bem, acabei de chegar do cinema. Fui ver Getúlio. O filme tem a produção da Carla Camurati, a donzela, que re-descobriu o império com o filme Carlota Joaquina. Ela nos trouxe uma visão do império que não tínhamos, que não estava nos livros de história oficiais, na verdade, nem Carlota existia como personagem histórico. Agora, ela retorna com Getúlio. Um Getúlio que talvez somente o povo e os familiares conhecessem. Um Getúlio difícil de aquilatar, de mensurar por todas as contradições que lhe é peculiar, que são inerentes a todo ser humano.  Mas, o filme tenta colocar Getúlio nos braços do povo de novo. E o filme toca, menciona, discute questões que estão à baila hoje, como: a criação da Petrobras, o petroleo é nosso, os ataques da opinião publica ao presidente. Eis a sobreposição mais clara e evidente que quero fazer.

Enquanto eu via o filme, eu tive a indelicadeza de discar para o cabinete da Dilma e para casa de Luis Inácio. Ligava e deixava mensagem dizendo: “corram imediatamente ao cinema. Vá antes de Aécio. Caso sintam-se constrangidos de sentarem-se na primeira fileira, contactem a Carla Camurati e solicitem uma fita para verem atentamente. Dispensem a pipoca.”

Toda situação tem que assistir o filme com urgência, com premência. A oposição é desnecessário, eles nunca, deixe-me repetir, nunca, mudaram de cena, ou de roteiro. Nunca houve um só presidente na história desse país que tendo se aliado as classes mais populares não fosse enxovalhado noite e dia, dia e noite, diuturnamente, não pela oposição, mas sim, pela imprensa. Getúlio, Jango, Jânio, Juscelino, Lula, Dilma e me desculpem... vou dizer a boca pequenas- Collor. O caçador de marajás caiu por motivos que a nossa cinematografia um dia vai investigar, mas nada a ver com corrupção. A casa da Dinda é casa de santa perto dos escândalos do governo FHC, Lula e Dilma. 

Eu ia vendo o filme, e Paulo Henrique Amorim ia vindo a minha cabeça, Mino Carta ia vindo palavra por palavra. Diante do filme até quem não acreditava começa a acreditar que o PIG existe, isto é, o PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA. Carlos Lacerda foi o seu mais fiel exemplar, mas ele tem muitos seguidores. Nas palavras ainda de Nélson: “Carlos Lacerda é o assassino de um suicida.” E o dramaturgo naquela sua observação genuína e fidedigna, contava que o tiro de Getúlio matou a ambição e a sanha desvairada de Lacerda. Vendo Lacerda fico a pensar: o que querem os Azevedos, os Jabores e outros tantos? O suicidio da Dilma? O assassinato passional de Dilma por Lula e Lula por Dilma? O golpe de Estado? 

Não sei. Sei que recomendo a todos verem o filme. A verem com atenção, não porque tememos a possibilidade de um golpe, não, esses já faleceram ou já estão na reserva, esperando a hora de serem escalados para jogarem no time do céu, ou do inferno. Mas, recomendo que vejam para que reflitam se a popularidade da Dilma caiu porque o governo é mesmo um desastre, um ‘mar de lama’, ou porque desde o primeiro dia que Luis Inácio colocou os pés no Planalto não houve um dia, uma semana que o seu governo e a sua administração não sofresse ataque. A Veja revista que ninguém deveria mencionar, não passa uma semana, sem produzir um factóide, sem explorar um fato mínimo ao máximo, com ou sem provas. Nessa direção, não há popularidade que suporte ataques tão veementes, acintosos, constantes. Até o nome de um santo passaria a receber rejeição.   

O que eles fazem é desonesto, é desumano, é covarde, é hediondo. Por muito menos, mais infinitamente, muito menos, Obama se indispôs com a Fox. Por muito menos Cristina na Argentina, Chaves na Venezuela fecharam jornais impressos e redes de Tv. Aqui mencionar uma regulação da mídia é visto e colocado como ataque.
É trágico, porque eles se aliam não ao melhor para o país e sim o melhor para eles. Venderam a imagem de um salvador da pátria, um caçador de marajás e de corruptos e quando esse caçador ousou mais do que o script passado, sofreu impeachment. Eu não pintei a cara, mas fui às ruas. Hoje me pergunto: o que de fato aconteceu? 

No entanto, o mais desolador no cenário atual é que ao menos no tempo de Getúlio, a oposição tinha voz no plenário. Hoje, a voz da oposição são os meios de imprensa na venda dos seus jornalões e por vezes nas pesquisas de opinião.

O governo petista é desastroso, eles têm aliados que são melhores do que quaisquer inimigos, adversários; mas a oposição tucana é vergonhosa. Um partido de centro esquerda que se aproxima do discurso de direita e extrema direita para conseguir apoio e espaço é um tipo de náusea. Serra, Alckim, Aécio são um tipo de três patetas modernos. FHC é um Walt Disney sem Mickey. No final... pobre de nós brasileiros, cujo governo/situação tem aloprados que são piores do que os inimigos. E tem uma oposição que é inapta, débil, infantil, tosca, covarde, canalha. Luta pelo poder mesmo que isso signifique trair o próprio povo. Aliás, nunca, em nenhum momento se alinharam com o povo. A casa grande e a senzala permanece. Um adendo, apesar do desastre da administração petista, eles têm uma qualidade que cobre milhões de pecado- eles não cospem na cara do próprio povo. Eles têm a ousadia de fazer com que os excluídos da nação se sintam brasileiros. Isso é pouco, mas é muita coisa.  

Precisamos todos ir vermos Getúlio. E, ao acabar carregarmos homens como Patrus Ananias nas costas, ou propormos desobediência civil. Precisamos todos começar a ler o script dos Donos do poder para não sermos massa de manobra, para não alijarmos os poucos que lutam por nós. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Espiritismo e alternativas


Kardec pensou o espiritismo sobre um tripé: ciência, filosofia, concepção moral, pelo menos, foi assim que o lemos aqui no Brasil. Estudiosos kardecistas, mais rigorosos, gostam de apontar que nunca houve um tripé e sim uma cadeira de quatro pés.

O kardecismo no Brasil virou espiritismo. Isto é, se fez religião. Uma religião que tem matrizes católicas muito fortes e proeminentes (haja vista a quase canonização de Chico e a romaria para Uberaba). Esta mesma religião tenta guardar o seu lugar marcando posição diferenciada, distinta das religiões de matrizes afro. Enquanto esses de maneira geral se assumem espíritas, os espíritas tentam mostrar-se hierarquicamente mais evoluídos e assim, diferentes, mais europeus, civilizados, brancos.



Foi numa contenda como essa que Zélio de Moraes fundou a Umbanda. Movimento lindo, de renovação e integração das mais diversas práticas e culturas. Uma descrição mais exata de como se dá o ecumenismo pelo cosmos a fora. Todos juntos, misturados, dando o melhor de si para ajudar a si mesmo e aos outros. Isso independe de sexo, origem, nacionalidade, idade, ou quaisquer outras diferenças que erguemos. A Umbanda implodiu com todas elas, embora haja terreiros que não se sintam felizes com essa integração.



Outra alternativa ao modelo de espiritismo sai com Waldo Vieira. Waldo trabalhou anos com Chico Xavier, para muitos seria o seu substituto. Waldo cuja psicografia de Tolstoi não permitiu ver a diferença entre o autor, tamanha a fidedignidade do texto, abriu uma porta esplendida para todos nós. A projeciologia. Waldo faz uma pergunta que foi basicamente: se eu posso contatá-los do outro lado, porque vou ficar esperando eles desse? 


Não temos dúvida em dizer que a projeciologia, a conscienciologia se tornou, se fez, a cara de Waldo. Uma experimentação científica, rigorosa, meticulosa, por vezes desprovida de muitos sentimentos. Mas, a técnica, a proposta, abre as portas para a auto-ajuda. Obvio, que Waldo, não deve gostar do termo, mas o que ele fez, enquanto busca inicial, foi fornecer condições para cada um, sair do próprio corpo e encontrar seus entes queridos, visualizar o mundo espiritual, sem necessitar do trabalho mediúnico para tanto. Nessa proposta abriram-se as portas para se pensar e repensar a mediunidade por outro viés.

Na direção da ruptura tivemos Luís Gasparetto. Gaspa caminhou decisivamente para a auto-ajuda. Criou, construiu, expandiu, mantém e banca um espaço no qual ensina as pessoas a lidarem com as suas próprias forças. Gaspa esta revolucionando o mundo psíquico. É uma pena que ele não publique suas pesquisas, mas o trabalho dele de empoderamento mediante o uso consciente das forças que eram consideradas de outros (entidade, ou do médium) são sensacionais.


O que quero salientar é que para Chico espiritualidade é moralidade. O componente moral direciona, supervisiona as praticas. Nesse formato Chico conseguiu unificar o espiritismo, colocando o seu cerne não no Livro dos Espíritos, no estudo, na cientificidade, mas no Evangelho. Isso foi importantíssimo para que não perdêssemos tantos médiuns como perdíamos. A aproximação da faculdade mediúnica com o ideário da santificação possibilitou o triunfo de inúmeros médiuns, dirigentes e do próprio espiritismo em nossas terras, não sem razão, basicamente, só entre as nossas terras.




A unificação realizada pela Umbanda já registrei acima e um dia as pessoas vão se abrir para ver que a espiritualidade nunca foi diferente. Qualquer vidente atento pode constatar que na missa há monges budistas, caboclos, tibetanos. Nos centros kardecistas há cohans, pretos-velhos, exus; nos terreiros há padres, médicos, mentores, trabalhando como erês, ciganos e outros. Entidades se movem pela luz e se firmam pela luz, o resto é estultice nossa, humana, demasiadamente humana.

Uma estultice que um segundo de consciência fora do corpo retiraria. E essa é a integração promovida por Waldo. De muitas formas, ele retoma a pesquisa, a experimentação, a necessidade de se cortar a dependência do contato espiritual estritamente pelo médium e dar meios para cada um alcançar o conhecimento do outro lado. Ele é o primeiro a dar um tapa na face da prepotência mediúnica ao fundamentar um método no qual se pode acessar o plano espiritual por si mesmo.

Gasparetto pega os elementos da umbanda e aplica no seu viés psicológico. Ao término, nós temos a dimensão de psique expandida para um nível que somente os kardecistas trabalham, sob o nome de umbral, sem saber que isso é parte, criação, de um estado mental coletivo. Se apenas essa linha no trabalho de Gaspa já é genial fornecer mecanismos de cada um acessar/incorporar suas forças e fazer uso para resolver a própria vida é a integração que todas as correntes psicológicas buscaram e buscam até hoje e por vezes falham.

De todos esses caminhos, eu gosto da arte. Gosto de pensar a espiritualidade pelo viés artístico. A arte é a própria transcendência. No criar, cada um se faz co-criador e isso expande nosso ser, nosso viver. Quando criamos nos conectamos, passamos a ser. Gosto de pensar a vida como essa obra de arte que nos cabe produzir, gerando o belo, criando o formidável, expressando o encantamento. Gosto de aproximar a espiritualidade dessa vertente, desse sentido, dessa direção. O resultado é a criação de si mesmo. E, nada pode ser mais artístico do que isso.

Por esse viés estamos abrindo o ATELIÊ DO ESPAÇO INTERIOR para aqueles que desejam ampliar a sua sensibilidade, as noções de co-criação.