terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Charlie: liberdade e liberdade de expressão

Os acontecimentos na França retomam a eterna discussão sobre liberdade. E é estranho como uma palavra vai ganhando significados diferentes ao longo do tempo.

Na revolução de 1789 liberdade era uma conquista que assegurava a individualidade dos seres, assegurava, inclusive, esse ser não ser tratado como objeto, como coisa, como escravo. O ideal de liberdade era garantir que todos fossem tratados iguais.

Por anos quando se brigava por liberdade, brigava-se por esse direito inalienável de ser pessoa. Brigava-se, defendia-se o direito de se expressar. Para muitos sempre foi uma liberdade burguesa. Eu não me enveredo por esse caminho, prefiro observar que as liberdades, no que elas têm de “vontade de potência”, entraram em choque após o fim da 2ª guerra mundial. Vontade de potência é um conceito do filósofo alemão Nietzsche. Um conceito que foi extremamente deturpado pelos nazistas, mas que em suma diz respeito a um tipo de vontade, que se afirma, inclusive, em detrimento do outro.



Mas, o registro é para salientar que ali (pós 45) o conceito de liberdade foi alterado e muitos não perceberam. Evidenciou-se que a liberdade não pode ser um livre expressar, um livre fazer, vimos que nesse sentido, nessa direção alguns indivíduos, ou grupos podem submeter milhares a condição de coisa, objeto, por terem, gozarem, exercerem de um quantum maior de potência. Essa liberdade associada a um fazer, a uma desmedida que só poderia ser dada, sentida, mensurada por dentro e nunca por fora, entrou em colapso.

A partir desse colapso temos novas concepções de liberdade e vou pensar nas de Sartre, um francês que talvez não fosse Charlie e Levinas que sem dúvida é Charlie; ou não?!!

A liberdade para Sartre, diante do cinismo irresponsável dos acusados de crime contra a humanidade, passou a ser sinônimo de RESPONSABILIDADE e engajamento. Liberdade é escolha. Não de situações absolutas, claras, mas situações cotidianas, na sua maioria simples, tal como, publicar ou não uma charge? Veja, que a discussão não é sobre fazê-la ou não, mas sim, publicá-la. Sartre nos chamava atenção para como que nessas pequenas escolhas, escolhemos o mundo. E como que somos responsáveis por isso, como que ao escolhermos, escolhemos a humanidade inteira. De tal modo, que não me eximo, por estar seguindo ordens, ou por ser professor, ou por ser cartunista, ou por ser artista; sou ser no mundo e arco pelas minhas atitudes não para mim mesmo, mas para humanidade.


Levinas diante do mesmo cinismo, viu a imoralidade, viu a falta de uma eticidade por aqueles que praticaram as inumeráveis atrocidades. No entanto, na sua leitura do nazismo, historicamente, eles deram cor, forma, tom, a uma racionalidade que sempre foi brutal, sempre foi imperialista, sempre foi dominadora, o nazismo a maximiza. Ao final dessa racionalidade a constatação dele, de Hanna e alguns outros é de que nunca existiu outra liberdade se não a do EU, a da IDENTINDADE, a dos iguais. A liberdade sempre esteve assegurada aos mais fortes, aos mais poderosos, àqueles que nasceram assim e impunham essa concepção aos outros.

Levinas, junto com tantos outros, nos desvelaram O OUTRO. O outro nunca tinha existido na história do pensamento ocidental. O outro nunca fora respeitado. O outro sempre foi subjugado. O outro nunca teve LIBERDADE. Durante todo o tempo fizemos a expressividade do EU, da IDENTIDADE, dos iguais. E o EU sempre foi: homem-adulto-hetero-branco-letrado-rico. As mulheres, as crianças, os homossexuais, os negros, asiáticos, indígenas; analfabetos, assalariados sempre foram OUTROS. Isto é, nunca foram. Para alguns... nunca serão.

Assim, quando falamos de liberdade no século XXI não estamos mais debatendo sobre o direito a igualdade de todos. Isso é conquista, embora não respeitada, de todo ser humano que nasce desde 1948 com a Declaração dos Direitos dos Homens. Estamos debatendo sobre o respeito às diferenças, de alguns, de poucos. Se há um que se mostra diferente no meio da totalidade, esse um precisa ser RESPEITADO. E diante da representatividade desse um, não há liberdade de expressão que se justifique.

Não há mais espaço para a discussão de liberdade que finalize com a frase: “os incomodados que se retirem!!!” Não!! São os incomodados que demarcam os limites da nossa expressividade. Porque a liberdade, desde o pós guerra não pode mais ser tratada como sendo um direito inalienável de um grupo, um segmento, sobre o outro. Liberdade precisa ser compreendida como respeito às diferenças, ao não igual, ao OUTRO. Mas e o humor? E a liberdade de se fazer graça? Temos que aprender a rir de outras coisas.

Historiadores comentam que foi comum entre os conquistadores espanhóis apostarem ao verem uma mulher grávida de muitos meses, se a ‘cria’ era macho ou fêmea. Para garantirem a aposta, abriam a barriga da mulher, tiravam o bebê de dentro. Ah!! E entre muitas risadas e gracejos.

Temos que aprender a rir de outras coisas.

Mas, finalizando, talvez Sartre condenasse as charges de Charlie, por ver nelas um aspecto opressor, gratuito, injustificado, por vezes. Já Levinas, talvez apoiasse Charlie, não por ser judeu, mas por tentar assegurar ao cartunista o direito de ele ser o OUTRO. Talvez, se desse o contrário, Sartre apoiasse o cartunista e Levinas o condenasse.

Fato é que nunca saberemos qual seria a posição de um ou outro. E é nesse limiar que Bourdieu nos fala de violência simbólica. A liberdade que estamos apregoando, saindo as ruas com camisa, botons é a que legitima o direito do mais forte, seja por ser mais culto, seja por ser mais rico, seja por deter os mecanismos de reprodução seriada, de oprimir, silenciar, escorraçar o OUTRO, por ele ser diferente.

Trazendo a questão para os chargistas, é um equivoco chamar de liberdade de expressão uma charge que ofende, agride- isso é violência, tão selvagem, tão primitiva, quanto metralhar outro ser humano. Mas, o que não quero deixar escapar é que um artista pintar uma tela e fazer a exposição dessa pintura é liberdade de expressão e precisamos assegurá-la, mesmo e ainda que contra outros segmentos. Um poeta, escritor expressar seu universo é liberdade de expressão e a mesma garantia deve ser dada.

Já a industria cultural de reprodução em massa, não é liberdade de expressão é massacre simbólico. É covardia. Publicar quase que semanalmente, por décadas charges e representações de algo que milhares sentiram-se constrangidos, ofendidos, magoados, desrespeitados, não pode ser visto como liberdade de expressão. É aos meus olhos similar a indiana que diariamente ia a delegacia reclamar de maus tratos, de espancamento por parte do marido, e nenhuma ação é tomada, nenhuma medida é realizada. Até que ela degola e corta o pênis do opressor, aí ela é presa e chamada de violenta.  

Precisamos reconhecer que a violência simbólica é criminosa. Os cartunistas podem se expressar, porque tem um mecanismo de reprodução que assegura e lhes garante, no melhor exemplo de Goebells todas as cretinices que lhes são possíveis. E para tirar isso desse enfeite e colocar sobre o prisma do mercado, o atentado tirou a vida e feriu dezenas de seres humanos, assim como multiplicou exponencialmente a tiragem do folhetim. Num humor tão estúpido quanto o deles poder-se-ia criar charges nas quais se pensaria em possíveis alvos entre eles.

Enfim... se a questão fosse de liberdade de expressão garantir-se-ia o direito da comunidade muçulmana fazer charges dos chargistas no seu ambiente de trabalho e com suas tintas. Isso não é assegurado. Asseguraria aos muçulmanos e outros grupos, espaço para responderem as provocações.

Isso não é liberdade de expressão é vontade de potência no seu grau mais fascista, mas diga-se de passagem, essa é a égide da indústria cultural, não é uma especificidade de Charlie e seu grupo.





9 comentários:

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  2. Este artigo é o que se pode chamar de uma bobagem erudita. Uma embromação para justificar a barbárie. É fruto da "teoria do coitadismo". Os argumentos do artigo abaixo desmontam o artigo acima: http://goo.gl/EtNdVp

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  3. Ola!! Concordo com vc Paulo, a leitura apressada pode remeter justamente a isso: a de que eu esteja legitimando o assassinato dos chargistas, ou humoristas, por um determinado grupo não ter achado graça. E, com isso, abrir o precedente de se matar, eliminar todos os que são contrários ao que pensamos. Mas, o que o texto tenta insinuar é que a grosseria da charge é similar a dos homicidas. No entanto, como tendemos a ver violência apenas no ato e não na forma, a compreendermos como violência e retorno à barbárie apenas quando o outro revida com essa arma primitiva chamada força física, nós não nos ocupamos com a agressividade desrespeitosa da força econômica, intelectual, cultural e tantas outras, que por limites explicativos, a denominamos- simbólicas. E diante da violência, seja ela física, ou simbólica, as possibilidades de revides são imensas e inúmeras, incontroláveis na maioria das vezes. E aqui é que considero embromação diante de uma violência pedir a vítima, ou exigir dela, que ela utilize dos mesmos argumentos que o agressor. Isso é despropositado. A mulher diante do estupro, ou tentativa dele, não tem que estuprar o seu agressor, mesmo porque, fisiologicamente seria uma impossibilidade. Assim, ela unha, morde, corta o pênis do moço, o difama, chama o pai, o marido, os irmãos, utiliza as armas que possui. Trazendo para a questão, propriamente dita, as charges são extremamente violentas. Se fossemos entrar em juízo de mérito e graus comparativos escolhendo diversos grupos de chargistas e de humoristas pelo mundo, creio que nós poderíamos os declarar como sendo do Estado Islâmico dos chargistas. Entre os humoristas há alguns limites que eles se colocam, o religioso é o mais determinante entre eles. Os humoristas franceses não tem esse limite, estão além dessa demarcação, ok. Por fatalidade, ou não, encontraram a Al Quaeda dos jihaístas islâmicos, aqueles que estão num estado de agressividade muito além do muçulmano comum,que semanalmente, mensalmente, anos a fio, é caricaturado como terrorista, por ter uma liberdade religiosa diferente da maioria dos franceses e ocidentais. Quem é mais violento? Aqueles que gozando das faculdades racionais, isto é, não barbaras, civilizadas, continuam a provocar os irracionalistas, bárbaros e toscos, como aparentemente, você coloca, ou? Uma digressão. É similar a tentativa de domesticação de animais selvagens, pode-se alegar a todo instante, que estava-se dando chicotadas para adestrá-los, ou fazer as pessoas rirem daquilo que é engraçado apenas e unicamente para quem está com a chibata em punhos; mas não deveriam chamar de barbárie a dentada letal do bicho selvagem na oportunidade que ele teve. Onde quero chegar, e, inicialmente, finalizo é que se é embromação justificar à barbárie é temeridade chamar isso de civilização. A civilização estaria no respeito ao Outro. E o islã é claro: não há retratação da imagem dos profetas. Além de retratá-las, as satirizam com um gozo, um prazer que é tão primitivo quanto dar um tiro em outro ser humano. Os dois atos são selvagens.

    Um dos textos mais ilustrativos que li sobre isso está aqui: http://emtomdemimimi.blogspot.com.br/2015/01/je-ne-suis-pas-charlie.html
    O outro é de meu amigo Júlio, mas é post do face e não vou reproduzi-lo.

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  4. Kelson, você continua vítima intelectual do "coitadismo". Mas antes de dizer porquê, quero lembrar-lhe que Sartre escolheu relativizar os crimes do socialismo soviético e chinês, silenciando diante do assassinato em escala industrial de pessoas comuns apenas para eliminar divergências ou servirem de exemplo educativo.

    Este papo de que tudo é uma agressão é uma canoa furada. Mas para não sermos apenas metafóricos, vamos exemplificar: xingar é diferente de assassinar; fazer desenhos ofensivos é diferente de assassinar; chamar de "gostosa" é ofensivo mas é diferente de estuprar (para retomar seu exemplo infeliz).

    Noto que a esquerda tem muita dificuldade em compreender as liberdades individuais e uma tendencia natural em justificar agressões à civilização ocidental que emergiu com a consolidação das democracias liberais.

    Quando li sua frase "A civilização estaria no respeito ao Outro. E o islã é claro: não há retratação da imagem dos profetas. Além de retratá-las, as satirizam com um gozo, um prazer que é tão primitivo quanto dar um tiro em outro ser humano. Os dois atos são selvagens" vi que você levou meio ao pé da letra o conflito entre Eros e Tanatos. Se ninguém avisou antes, aviso agora: não há possibilidade ética, moral ou filosófica de estabelecer equivalências entre uma agressão verbal e um tiro no peito; entre uma charge e um tiro na cabeça.

    Deixo aqui duas sugestões de artigos relacionados com este nosso debate:
    A ESQUERDA E OS CAMINHOS QUE SE BIFURCAM.
    http://goo.gl/bQL5kY

    DE SULTÕES E ODALISCAS A TERRORISTAS, VAMOS PULANDO DE ESTEREÓTIPO EM ESTEREÓTIPO.
    http://goo.gl/W0IVIJ

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  5. Ola Falcão!!!
    Você usou Barthes para falar da linguagem. Não tenho leitura desse autor, apenas breves apreciações de colegas que sempre deram a ele um ar muito mais poético, estético, do que você acabou dando. De todo modo, diante do fascismo das palavras, da linguagem, miro exemplo nos poetas e nos loucos, que com metáforas des-constroem e re-constroem o dito, os sistemas, os modos operantes.
    Eu não sou da política. Jamais passou pela minha cabeça interpretar ou pensar uma charge na sua brutalidade simbólica, ou o atentado na sua selvageria explicita como algo político. Não fui a este escopo hora nenhuma e é uma possibilidade você fazer tal leitura, mas é muito diverso do que estávamos (eu e tanto outros, analisando). Juro para você que não sei classificar, estereotipar escrevinhados como o meu e de algumas outras pessoas, mas, elas não são políticas se seguirmos a sua demarcação lingüística. Indo em direção a essa demarcação o que você comete é uma ilicitude, porque você violenta o autor dando uma conotação política, de orientação de esquerda, com requintes de coitadismo intelectual a um texto que está refletindo, analisando outra coisa.
    Veja que o fato em xeque é o mesmo. Mas, as leituras, as interpretações são muito diversas. O texto brilhante e bacana que você apresenta: “ De Sultões e e Odaliscas a Terroristas...” não tem a conotação política que deseja dar, pelo menos não aos meus olhos. É um texto de um ser humano que resolve interpretar os fatos. E nessa interpretação, ele se mostra, se expõe, mas ele não está falando de política, fazendo política, sendo de esquerda, de direita, bolchevique, sionista, ele está pensando como um ser humano que usa da capacidade de refletir, sentir, se indignar. Seria uma ilicitude examinar o texto do moço e por não encontrar demarcadores estéticos o acusar seja do que for. É preciso deixar claro, que a necessidade política, de discurso, de passeata, de carregar a razão nas costas é sua e não minha.
    Nesse sentido e nessa direção entendi a sua perspectiva, mas eu estou longe, muito longe de ser um iluminista, como aparentemente, você se reputa. Dentro de uma perspectiva lógica, normativa, seja política, seja social, seja no que denominamos civilizatória, o atentado contra outra vida é um ato de selvageria, de irracionalidade, de obscurantismo indefensável. O apelo que fazemos é apenas o de que não vemos os homens única e exclusivamente como seres racionais. Desde Agostinho e sem nos esquecermos de Freud que se sabe que o querer dos homens, que a racionalidade humana é apenas uma verniz. Não colocar isso em perspectiva e consideração me parece equivoco grave. Acreditar que de fato somos seres racionais e resolvemos nossas contendas fazendo uso estrito da razão, dominando instintos, pulsões, desejos e vontades é um desconhecimento do ser humano. E, quando falamos da agressividade das charges não temos dúvidas de que as charges não é Maomé e nem a Santíssima Trindade. No entanto, não ignoramos que mexer nesses símbolos pode despertar os desejos mais primitivos e irascíveis. Se isso é da civilização ou não? se isso faz deles monstros ou não? se isso os torna mais ignorantes ou não? São juízos que não entrei e nem teci, a mim e a tantos outros quis nos parecer pertinente não nos colocar ao lado da Al Qaeda, do Talibã, do Estado Islâmico, mas deixar claro, que também não somos Charles. Como mencionou Tanatos e Eros creio que não seria mal re-ler Freud, ou quem sabe, a metáfora de Magritte: “ isto não é um charuto”. Entre o sultão e a odalisca há mil e uma noites de desejos, fúrias, que longe de ser caminhos unívocos, eles se fazem ao caminhar, por vezes, até apagando os passos a medida em que se caminha.

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  6. Kelson, de tudo que você escreveu, a frase que mais gostei foi "É preciso deixar claro, que a necessidade política, de discurso, de passeata, de carregar a razão nas costas é sua e não minha." Foi um tipo de crítica inteligente.

    Quanto ao restante, continua sendo um "embromation" erudito. No fim e ao cabo, resta evidente que nem Freud, nem Marcuse, nem Levinas, nem toda a teoria do mundo pode justificar que se mate alguém por crime de opinião ou por fazer uma piada de mau gosto, ou, que sustente esta sua afirmação central: "Trazendo a questão para os chargistas, é um equivoco chamar de liberdade de expressão uma charge que ofende, agride- isso é violência, tão selvagem, tão primitiva, quanto metralhar outro ser humano."

    Com este tipo de raciocínio, você faz política, quer queira, quer não queira. E não é uma boa política.

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  7. Perfeito Falcão!! Somos seres políticos e o ato de pensar, o ato de ler, o ato de escrever traz marcadores políticos, o que não implica que tudo se reduz a isso. Você é o último dos iluministas. Defende a razão como se ela fosse uma deusa e fora dela não houvesse salvação. A razão é o último dos meus atributos, minha intuição, minhas emoções, meus sentimentos, vem todos antes e a frente. A razão surge em mim como um instrumento operacional dessas outras faculdades. Mas, precisamos mesmo de pessoas que façam essa sua atividade de nos chamar à razão. Só discordo quando você pontua como sendo embromation, rsrsrsr. É uma outra leitura de mundo e filosoficamente, até mesmo pela valorização do livre pensar, elas precisam ser aceitas, ou debatidas como está fazendo tão bem e faz tão bem no seu blog, embora por vezes dicorde do tom que vcs debatem. No debate das idéias não é preciso julgar e condenar as pessoas, especialmente, no meio virtual que é um meio que possibilita milhares de mudanças de identidade. Tem bloguistas que tem vários blogs parecendo que são pessoas diferentes. Enfim... pelo que pude entender o atentado aos chargistas no seu entendimento foi um ataque à razão, à civilização. O tiro também te acertou, mas não fique nos baleando ao tentar ver que por trás da razão há desejos, loucuras, devaneios, insanidades. Nós não legitimamos a ação dos terroristas, apenas em nossa sensibilidade não gostamos ( e gosto se discute) dos ataques a fé de outros. Ela nos fere em proporção similar a que os tiros violentam a sua racionalidade.
    Ps: É Kélsen e não Kelson.

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  8. Kélsen, tento manter a civilidade tanto nos artigos quanto nos debates, mas sou à favor da clareza, de chamar as coisas pelo nome que têm. Às vezes, o simples ato de dizer que o rei esta nú é considerado agressivo. Mas apenas para não perder o hábito, lembro que pessoas se recuperam facilmente de uma ofensa, um palavrão, um desenho de mau gosto ou mesmo de preconceitos toscos, mas ninguém se recupera de um tiro de fuzil na cabeça. Como já disse, não há possibilidade semântica, ética, filosófica ou metafísica de estabelecer-se esta oposição que você tenta sustentar. Abraço.

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  9. Mto bem pontuado e aclarado, em todas as religiões, inclusive no islã, tirar a vida de outro ser humano é extremamente grave, porque não possibilita a "retratação", o arrependimento no que ela tem de reparação. O direito à vida é dom supremo. O rei está nu!!!. Abraços e foi uma honra.

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