terça-feira, 5 de maio de 2015

Maternidade: maeternidade

Salve a todos!!

Na reunião do primeiro sábado de maio de 2015, lua cheia em escorpião, trabalhamos o tema maternidade. O tema foi escolhido devido à proximidade com o dia das mães e junto ao tema buscamos meditar sobre a energia do cuidado, do ato de cuidar, tendo o feminino como pano de fundo.

Iniciamos as meditações, trazendo os artistas, que tanto nos auxiliam no processo de meditação, aprendizagem, com leveza e suavidade. Nós trouxemos duas crônicas de Clarice Lispector, uma reproduzo aqui por ser curta e a outra deixo o link para quem desejar, recordando que Clarice é profunda, intimista, vasta. Uma vidente da alma. Vale a pena ler.

A importância da maternidade.

“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca […].”

O texto consegue explorar o que desejávamos, inicialmente, esse doar e esse cuidar tão caro à maternidade.

Falamos um pouco sobre isso e em seguida lemos outro texto, também da princesa ucraniana, também denominado Maternidade, o link segue abaixo:


Entrando na parte das meditações, os amigos espirituais nos pediram para silenciarmos e adentrarmos o mais profundo que conseguíssemos. Inicialmente, vi uma imagem similar a um compasso que saia da terra e ia subindo, se expandindo. Em determinado momento, havia a mesma dinâmica, mas agora partindo do céu em direção a terra. Ao mesmo tempo em que essas imagens iam se dando como se fosse referente ao céu e a terra, ela acontecia dentro da gente, dentro de mim, como se o infinitamente pequeno se encontrasse com o infinitamente grande, justamente, na região do cardíaco. Quando elas se encontravam formava o horizonte. Um horizonte ilimitado. Esse horizonte era fusão, integração, entrelaçamento de duas dinâmicas similares, complementares, mas opostas.



Nesse processo havia um ponto. E esse ponto retomou a energia da fecundação, ou a idéia da fecundação, mostrando a dinâmica do óvulo e do esperma. Sim, brincaram de me colocar na condição de amparadora, receptora. E fiquei lembrando de uma vida na qual fui prostituta e poucas vezes tive uma sensação tão grande de poder quanto a de receber o esperma de um homem. Era tão prazeroso e ao mesmo tempo tão poderoso, que aquela mulher para mim era sagrada. E, nessa dinâmica, isso esteve presente e retomou, mas agora sem muitas sensações, volições, apenas um acompanhamento atento, silencioso acerca desse cometa que transborda por dentro da mulher. Esse jato de potência, de fecundidade, encerra uma parte fantástica da criação, mas que se faz inacabada, incompleta, até que mediante, o acolhimento, a mulher DESENVOLVE, todo esse potencial.

O verbo DESENVOLVER, TRANSFORMAR, e outro que não me recordo agora passaram a ser para mim a energia mais perto do feminino. Nada relacionado a algumas concepções que utilizamos mais de fora do que de dentro.


Durante o exercício os amigos salientavam que toda criação é um ato de dois princípios, masculino e feminino (não se discorre sobre a questão de gênero e sim dos princípios envolvidos) da força e das polaridades, para haver criação, elas precisam estar postas. E fomos convidados a observamos a movimentação dessas forças em nós. Como não poderia ser diferente, a feminina me chamou muito atenção, porque as características que damos a ela, nesse estado que nos encontrávamos, não se aplicava. E, verdade seja dita, quase não se via, diferença na movimentação do principio masculino e do principio feminino, a distinção se dava no aspecto de que um era externo, visível, extrovertido e o outro era interno, tácito (não é invisível), introvertido, subjetivo. A imagem era mesmo todo o movimento da fecundação seja da terra, seja da mulher, como mencionei acima.

Falamos mais desse movimento de passividade e entrega, o Wu-wei dos chineses, algo como o não-movimento. Mas, o não movimentar não é ficar parado, nem inerte, não há esse movimento no universo. O não movimento é um agir pelo fluxo, na dinâmica do fluxo. Algo que me é fácil intelectualmente, mas que bloqueio no sentir da vida. O não movimento é encontrar a vibração do mundo em si e parir o mundo, sentir o mundo, na sua vibração. Dá para entender?

De modo geral vemos o feminino como sendo o parado, o estático, mas o movimento do feminino é imenso, dinâmico, mas para dentro. O movimentar masculino é uma agitação que tem no lançar o esperma o seu ápice. O movimentar feminino é uma vibração que tem no ajuste da ovulação o seu ápice. É um DESENVOLVER E TRANSFORMAR formidável. É o barro e o oleiro. Um deixar-se conduzir, ser, mover. Um receber para transformar melhorado, ampliado.

Mas, é esse não movimento que trás a abundância, que nutre os seres, que realiza a multiplicação dos pães e dos peixes. É esse não movimentar que movimenta o universo, que interliga coisas e seres a um único movimento e sussurro. VIBRAÇÃO.

Nesse momento, eles nos mostraram os homens saindo para caçar, vencendo as intempéries da natureza, arriscando a própria vida para trazer a caça. Na mesma cena, eles salientavam que nessas buscas que por vezes demoravam meses, as mulheres e as crianças não morriam de fome. Elas nutriam os seus com aquilo que lhes estavam envolta, elas vibravam com a natureza. Os homens faziam o movimento externo, o de ir além, de buscar, de caçar; as mulheres ficavam no seu local e faziam um movimento que nutria e possibilitou o conforto, a domesticação, o sedentarismo. Elas proporcionaram um menor esforço. Elas proporcionaram a civilização.


O masculino tem dificuldade de entender e integrar essa regra, essa conduta. Sempre acreditamos no fazer, no realizar, enquanto muitas vezes o segredo está no esperar, no aguardar. Nessa parte, eles citaram Jesus: “pedi e recebereis. Buscais e achareis Batei e abriras.” Mas, enfatizaram a completude dos princípios: pedi, buscar e bater (masculinos) acompanhados, respectivamente do receber, achar e abrir (feminino). A completude implícita do ensinamento segue-se na passagem quando ele salienta a força da Deusa-mãe ao mencionar o pedido de um filho com fome. Mateus, 11, 9-13. A ideia que eles nos deixaram é que caminhamos para uma unidade, uma integração, na qual aprendemos a utilizar a VIBRAÇÃO como movimento e não apenas a força. Aprender sobre isso abre as portas para paisagens que nunca percorremos, porque não é um ir, um fazer e sim um situar.

Iniciamos e finalizando com uma observação que me chamou atenção mediante o terremoto no Nepal e o deslocamento do centro de força da Terra para o Andes. Mais, do que uma energia feminina, cada vez percebo uma energia de integração, uma energia que busca um movimento, um deslocamento de ambas as polaridades, algo como: um jogo de cintura maior do masculino, mediante uma rebolada, uma circularidade maior, aliado com um aprofundamento maior do feminino, uma linearidade, uma seta. Esse movimento tem acordado e despertado novos símbolos, novas interpretações, novos chamados, novos encontros e confrontos, precisamos estar atentos a eles.


Em seguida os artistas falaram da grande obra dos alquimistas, relacionando com a criação e nessa criação o processo de integração do masculino e do feminino. Falamos do símbolo astrológico do sol o que nos fez rever, quase que completamente, o entendimento desse símbolo como sendo masculino. Mas, isso tendo a escrever sobre elas mais para frente.



3 comentários:

  1. Que belo texto! Que GAYA nos proteja a todos!

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  2. Realmente, lindo! Especialmente, por ter sido escrito por um homem. Feliz dia das mães!

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  3. Grato as duas pela leitura, pelos comentários, pelas palavras. Que Gaia nos proteja sempre, bjs!!!

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