segunda-feira, 7 de setembro de 2015

AO AMOROSO CUIDADOR ANONIMO






Olá anônimo.

A demora se deveu a tecnologia para trazer esse vídeo que vi no wats para cá. Consegui da maneira mais simples. rsrsrs

O vídeo é uma ótima ilustração. Outra que acho que caberia é o filme Gravidade. Uma astronauta que lida com a perda da filha é insensível a imagens, visões únicas, vistas apenas por pouquíssimas pessoas.  


Deveria ter uma receita. Deveria ter uma metodologia pronta para tirar as pessoas da depressão, mas não as tenho.

A depressão tem muitas caras, muitas formas, podendo até ser gradativas. Inicialmente, ela é uma insatisfação, depois uma impotência, depois um cansaço, depois uma falta de querer, depois uma desesperança, depois uma descrença, depois uma prostração. Nesse momento, ela vai virando um lugar comum, como se o poço de piche tragasse a pessoa para dentro, até ela não mais conseguir sair. E aqui se repete o ciclo, porque a força para sair desse lugar tem que ser imensa.

Nesse ponto podemos comparar com a dieta. Quando se está poucos quilos acima do peso e se deseja emagrecer realiza-se um esforço X. Quando se está dez quilos acima do peso e se deseja emagrecer, o esforço é outro. Quando se está na obesidade ou obesidade mórbida, o caso é ainda mais complexo. De maneira que a força, que era preciso no primeiro momento agora é insuficiente e isso leva ao ciclo que mencionamos, porque a sensação de impotência amplia muito e junto a ela a sensação de vazio.

No entanto, longe de ser falta de vontade como se pontua diversas vezes é mesmo a sensação de estar andando na direção contrária da escada rolante, de estar querendo sair de uma piscina de piche. Isso me trás à memória alunos que o simples fato de vê-los na escola pela manhã já me era motivo de festa. Não me importava se eles iam aprender, estudar como os professores cobravam. Eles terem levantado da cama, escovado os dentes já era triunfo para mim e as mães deles. Os professores em sala perguntavam por que ele(s) eram tão avoados? Por que faltavam tanto? O motivo era a depressão, em alguns a depressão crônica e o que nos interessava era eles terem aberto os olhos, saído de casa. Esse esforço era imenso. Valia mais do que 60 pontos para aprovação.  

Outro ponto, mas ainda o mesmo é que a depressão é compreendida por muitos vieses, infelizmente, na maioria das vezes, sem inter-relação entre eles. Há a perspectiva física e neuroquímica (medicação) utilizada pela alopatia/psiquiatria. Há a perspectiva emocional (terapias) tantos as tradicionais, como as complementares. Há a perspectiva espiritual (obsessores) tanto das correntes pentecostais quanto das mediúnicas. E, elas de modo geral são pensadas como excludentes, quando tudo indica que uma complementa a outra, apoia e estrutura a a outra onde essa não tem mais suporte para alcançar. 


Nessa perspectiva é importante salientar que o ser humano é mais do que um corpo físico, ele tem seu aspecto anímico, sua constituição espiritual e a depressão como todas as coisas dizem respeito ao humano, ao que denomino universo energético. Assim, o que fico observando é como o anímico puxa o corpo e este mergulha os dois no buraco de piche e em pouco tempo a alma está atolada, sem força para vir à superfície, para levantar o próprio corpo, para dar prazer à própria alma.

O QUE FAZER?

Encontrar a vontade, melhor, encontrar a coragem de realizar o que precisa ser feito. A depressão costuma ser uma desistência de si mesmo, da vontade, dos desejos, dos quereres e se reencontrar com isso não é fácil. Lidar com isso não é tranquilo, conectar-se a si mesmo quando se passa a desconfiar desses laços, a não se acreditar em si é um trabalho de re-construção imenso, que leva tempo, atenção, cuidado, dedicação. Um passo a passo para uma caminhada de recuperação. Andam-se milhares de quilômetros apenas para voltar ao ponto inicial. Retomando a metáfora da dieta, perde-se quase metade do próprio peso apenas para voltar ao sobrepeso. Quem está dentro do processo muitas vezes não reconhece esse esforço interno. Quem está fora do processo por vezes também não dá valor aos pequenos esforços infinitos, grandiosos, que o deprimido está realizando. Depressão não é frescura, nem falta de vontade no sentido de preguiça como pensa-se muitas vezes. De forma que as pequenas ações, atitudes realizadas ao longo do tempo é uma conquista que precisa ser levada em consideração.


Outro ponto relevante é a busca por ajuda e auxílio valendo-se de alternativas diferentes. Há casos que a depressão é química, genética e a medicação auxilia mais do que a oração, a fé. Há casos de que a depressão está associada a processos obsessivos e a imposição de mãos, o passe, o descarrego é mais importante do que a medicação. Em todos os casos um acompanhamento terapêutico, um processo de contato com a própria alma é importantíssimo. E, nesse quesito vale mais o terapeuta, a relação entre os dois do que a terapia em si. 

Enfim... integrar os aspectos soltos, observar o que não está dando prazer, se permitir dar esse prazer, encontrar a coragem para ser quem se é. 

Vamos nos falando.