segunda-feira, 18 de junho de 2018

PARA ONDE A ENERGIA VAI?



Certa feita psicografando os Músicos do Espaço, um deles nos pergunta algo como: “o que você acha que é feito com a energia de um show de rock?”


Achei a pergunta linda e instigante. Passei a ficar olhando toda congregação de pessoas com esse olhar, para onde vai a energia de um clássico lotado? A energia de milhares de pessoas contra o golpe? A energia de centenas de pessoas pedindo intervenção militar? A energia do show de um artista famoso e de um cantor de churrascaria?

Para onde vai a energia de duas pessoas transando, a de um padre celebrando uma missa, a de um médium psicografando, a de um médico operando? A energia de uma mãe cozinhando e a de um professor lecionando? Para onde essa energia vai?

  
Eu faço a pergunta: para onde a energia vai? Porque a gente deseja que essa energia faça algum sentido. Desejamos que tudo não seja em vão. Esperamos e espera-se que a vibração de amor, de bondade, de beleza, de acolhimento não seja perdida no ralo profundo do desamor, da indiferença.

Em momentos pesados e densos como esses, em que muitos dos bons fraquejam e outros sucumbem. Momentos nos quais a descrença e a desesperança reinam, a gente precisa de encontrar alento, abraço, sopro divino e esse texto tenta ser um. 

Esse texto é para você que passou a última semana, o último mês, o último ano, a última vida querendo que passasse de pressa, mais rápido, o quanto antes. O peso da mão da criança arqueou o sonho, quase iludiu o buscador. A noite se fez mais profunda e demorada, mas o sol vai nascer. E com ele todos nós. Hoje é dia de descanso. Amanhã voltamos à celebração.

A música já está mais audível. Podem voltar a cantar e a dançar. O novo homem habita entre nós, dentro de nós; ele nascerá junto com o Sol.


Feche os seus olhos por um segundo, respire fundo, sentindo seu corpo presente nesse agora e depois volte a ler.
Vai, faça. Só vai demorar 20 segundos. É o suficiente.

Agora pense a energia eletromagnética, ou bioenergética como labaredas de fogo. Labaredas que podem ser esticadas como fibras óticas e percorrer distâncias infinitas levando e transportando milhares de bits de informação.

Imagine que a energia tenha ou ganhe vida própria, animação. A partir do nosso uso, da nossa intenção ela vai se desenvolvendo, se espalhando, ficando cada vez mais autônoma. Vai criando vida, movimentando espaço, fabricando tempos, construindo lugares, seres. A energia sai da animação e passa a se movimentar por si mesma. A concentração de várias pessoas, a intenção de milhares de pessoas, a vibração uníssona embora não consciente de cada um de nós, co-cria um espaço, um lugar, um tempo, uma dimensionalidade.

Em outros termos, alguém aí tem consciência do que produzimos, do que fazemos, como fazemos com nossa energia?





Provavelmente, não. Todavia ela se movimenta incessantemente para outros lugares, alimenta outras pessoas, chega a lugares que não vamos, a pessoas que não conhecemos. Recebemos também esse fluxo. Estamos imersos nesse mar, amar de ir e vir.

Muitas vezes o professor não sabe o que aconteceu com o conhecimento que ele transmitiu. O terapeuta não sabe o que ocorreu com a acolhida que teve de um partilhante. O médico não sabe o que se deu da receita que ele passou. A cozinheira não sabe do sabor na vida que deixou nas pessoas. O lixeiro não sabe da limpeza mental, emocional que promoveu na vida do outro. Não nos atentamos para essas pequenas coisas. Mas, a energia vai criando vida, vai espargindo, vai semeando em todos os níveis, em todos os lugares, em todas as camadas e dimensões.

Pudéssemos ver a viagem de um simples raio de sol, compreenderíamos a singeleza de um sorriso. Aquele raio de sol que vem atravessando o espaço, os prismas, em níveis e campos que ele não sabe e nem sonha, atinge uma gota de orvalho. 



Gota que também não sabe que fecunda e transporta luz e informação em sua composição natural. A gota alcança a rosa, que ignora a própria beleza, a inteira singeleza. Acha-se igual a todas as outras naquele roseiral. Mas, seu perfume exala poesia que atrai abelhas e beija-flores. 


E, o perfumador do ar, no seu voo, transporta para outro lugar, não apenas um pólen; ele leva o raio de luz + a gota de orvalho + a beleza da rosa + a elegância suave do seu voo. E tudo isso pode ser capturado numa fotografia, ou num poema de Cartola, ou na entrega da flor para pessoa amada. Tudo começou simultaneamente num raio de luz que já era mão apaixonada que colhe rosa para amada. 
Por aqui vemos quadro a quadro, mas há lugares que vemos tudo-junto-ao-mesmo-tempo-agora.

Ficamos tentados a acreditar que são os grandes feitos, as grandes realizações que valem a pena. Ser famoso, tornar-se celebridade, ser famosinho. Acreditamos que o destino de todos é ser sol, ser oceano, mas o Sol e o Oceano nos dizem: sou a somatória de todas as partes. Sou cada fio de luz. Sou cada vela acesa. Cada conhecimento compartilhado. 

Já o Oceano conta: sou cada suor pingado. Cada lágrima derramada. Sou cada abraço dado e por se dar. Eu sou cada pessoa abrigada, acolhida. Eu não me findo no mar, nem no amar.

Queremos ser Todo sem aceitarmos as nossas partes. Queremos ser Todo ignorando e excluindo a maioria das partes. E nessa tentativa de ser Sol, Oceano, o “Estado Sou Eu” há um grande dispêndio de energia, há muita dor e ranger de dentes. Quando ao que tudo indica, pela ótica energética, as coisas são bem mais simples. Bem mais fáceis. Basta cada filete de luz saber que é Sol em totalidade e que cada gota de água é oceano em profundidade. Basta, bastar. Basta aceitar. Basta caber sem desejo eterno de ser mais, querer mais, buscar mais, desejar mais, comprar mais... ++++++ até a multiplicação egoiga da solidão. Do eu solitário, sozinho, que não reconhece nem nos reflexos da luz, nem na superfície da água, nada além da própria imagem.

Então, mulheres lindas. Amadas amigas. Queridxs que tive o prazer de abraçar, de ouvir, de ser escutado. As vezes a ação cósmica é somente respirar e possibilitar que os filhos tragam os seus netos. As vezes não tem nenhum mundo para ser mudado, só o nosso roseiral. As vezes nem um roseiral só nosso eu Rosa. As vezes, nem rosa, apenas uma pétala. Mas, em cada parte o contentar-se com o Todo. A certeza de que os que mudam o mundo, ou as pétalas, ou a si mesmos, compõem a mesma dança e a mesma música da UNIDADE.



Assim, talvez, vocês não ficarão milionárias, nem serão famosas, não terão o sucesso do que se estipulou como Suce$$o. Talvez, compreenderão que sua energia, em consonância com outras, auxiliou a sermos diferentes, melhores. Auxiliaram no aprendizado do Planeta e na renovação de todo Planeta. Auxiliaram na fecundação e crescimento de uma biodiversidade, de uma pluralidade de ideias, conceitos, seres, espécies que germinam novas formas de vida, novas forma de convivência, novas formas e arranjos sistêmicos, complexos, entrelaçados nos quais toda a vida cabe. 

Toda gota é raio de luz. É Sol e oceano integrado. Essa fauna está entre nós.
Isso parece pouco, mas é formidável. Dar condições para que Gaia fomente, acolha, respire, polinize, geste e venha a parir e a sustentar um novo tipo de vida.

Assim, retomamos a pergunta: PARA ONDE VAI A ENERGIA?

E a resposta que nos dou, não como consolo, mas como observação, é que essa energia planta o infinito, semeia uma Nova Terra, co-cria uma nova realidade. Essa energia vai para a co-criação de um novo modelo de planeta. Vai para a sustentação energética de uma nova diversidade social, política, sexual, existencial.

Essa energia acolhe os aflitos, ajuda os desalentados. Essa energia é similar aquele homem que nos fala Martin Buber: “aquele que primeiro plantou uma árvore cujas sombras não assentaria, foi o primeiro a esperar o Messias.” Nós somos os semeadores do que virá e esse por vir já se faz presente e habita entre nós, no meio de nós, conosco.

Então, respondendo até onde posso observar, a energia tem ido para tudo o que vive, germina tudo o que deseja ser feliz e consegue alcançar a felicidade num princípio de cooperação sistêmica e integrada.

A energia vai e tem feito um novo desenho em nosso solo, em nossos ambientes, em nossas paisagens interiores e externas. A energia vai para partes nossas que há muito não íamos e agora também cultivamos com muita alegria e sabedoria. 

Semeadores da Luz, a energia vai para onde ela saiu e retorna para lugares que ela nunca esteve. A energia fica com quem a direciona cada vez mais fundo e com espectros mais amplos. A energia se condensa em ser. Eu Sou! Nós Somos! Tudo é um!

Bem vindo! As dores do parto passarão.  

Não se desesperem! Os campos estão floridos. O sol está acolhedor e a noite bela, repleta de novas estrelas, de novas luzes que não víamos antes. Agora vemos tudo melhor. Tudo mais claro.





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