domingo, 26 de agosto de 2018

LEITURA ENERGÉTICA: refinando o como é para você.




Este post aborda várias coisas distintas e complementares. Eu o estou escrevendo há três meses, mas não o envio. Sempre falta alguma coisa. Ele fala desse momento mágico, singular, no qual entramos em contato pela 1ª vez com o outro que te procura e complementarmente fala também do primeiro acesso a esse mundo mágico que é o outro. Abordamos também, o que se passa enquanto estamos realizando a aplicação da energia, fazendo utilização da técnica energética, que fomos instruídos e treinados. Essa fala guarda o lugar de dúvidas, questionamentos, observações, receios, que vão se desenhando a cada percepção. E é nesse lugar que fazemos o CURSO DE SENSITIVIDADE, levando as pessoas a se perceberem e ao mesmo tempo perceberem como percebem o outro.

Muitas pessoas buscam compreender e lidar com esse fenômeno pelo viés acadêmico, bibliográfico, que de fato é bom, no entanto, não toca, não chega a questão central: COMO É PARA VOCÊ!? Pois é a partir dessa centralidade que se abre as possibilidades de diálogo, de troca, de segurança. Uma segurança não de que está certo, mas de que esta refinando, chegando mais perto da sua forma de ver, sentir, captar, compreender a si mesmo e ao outro.


E esse é um processo meditativo. Um transe que se refere a direcionar a sua atenção para uma prática, uma técnica e ao mesmo tempo está aberto e receptivo para assimilar, acomodar, receber, acolher as informações que lhe chegam. Para alguns chega pela tela mental, para outros pelas mãos, ou cheiro, ou... Isso não é bibliográfico, não tem como ser, não pode ser. Isso só se aprende quando se tem a disposição de se ver, se perceber, se olhar e dialogar com as muitas vozes que falam por todo o processo. Vozes da técnica, vozes internas, vozes externas de curiosos, vozes externas de amparadores, vozes do buscador a sua frente, vozes das pedras utilizadas e as vezes das que não foram, vozes dos músculos, da respiração, sua e/ou da buscadora; vozes moleculares, genéticas, ancestrais. Tudo isso fala, tudo isso diz, tudo isso está lá naquele momento da concentração, da atenção e é importante identificar qual é a SUA VOZ. Porque sem saber qual é a sua, qual é o seu centro, todas as outras lhe confundem, lhe perturbam, lhe desorientam.


O primeiro caminho para a LEITURA ENERGÉTICA é o silêncio. E, quando falamos de silêncio estamos falando de re-conhecer a sua voz, na verdade, as suas vozes. O médium, o sensitivo, a terapeuta que não as conhece mistura a voz da entidade a dele, avança sobre os silêncios dos outros e isso é uma invasão, uma intromissão, chega perto do abuso e nós médiuns cometemos muitas vezes, até com o consentimento de algumas pessoas encantadas, desavisadas, curiosas.
Então, eu falo um pouco desse processo na perspectiva que fazemos quando damos o Curso de Sensitividade, isto é, para quem vai aprender a lidar consigo mesma ou que já lida com o outro e não sabe ao certo.




Outro aspecto das coisas distintas e complementares é que tenho escrito pouco, quase nada sobre os atendimentos, porque acontecem duas coisas fantásticas, mas ao mesmo tempo desfocadas, a saber: 1- as pessoas têm certeza de que estou falando delxs. 2- As pessoas se identificam com a personagem abordada. Pessoas que por vezes tem uma matriz energética, uma historicidade bem diversa a apresentada, pelo menos é isso que eu pensava, tem certeza de que o escrito foi sobre elas. Geralmente, quando é, eu envio antes para a pessoa para ela ler, analisar, pontuar. Todavia, há uma sobreposição de vozes e consequentemente uma identificação, que se notabiliza por duas formas, não necessariamente, complementares. Umas com certo orgulho por terem sido retratadas, outras com muita desconfiança e ressentimento por ter sido expostas. Nos dois casos, em quase a totalidade das vezes, não me referia a nenhuma delxs diretamente.

Pois bem, tudo isso me levou a ter a cautela de não escrever sobre os atendimentos, nem os comentar, porém uns são muito belos. E a beleza deles está no fato de serem emblemáticos. São atendimentos que descortinam dezenas de outros. 
Dão respostas e esclarecimentos a pontos obscuros de nossa percepção. Dialogam de uma maneira tão singela e bonita com tantas pessoas que parece que a escrita permite isso, que aquela moça que não falava dela, se veja e se reconheça como tendo sido ela mesma de quem estou falando. E, aqui escrevendo, tenho que dizer que elas têm razão. É delas mesmas que eu falava. A identificação é correta. Similar a um novelo todo embaraçado, emaranhado, mas que de repente, quando não era esperado, alguém te dá um ponto que ao ser puxado tudo desembola. O emaranhado, enroscado e engastado constrói figuras geométricas intricadas e que se entrelaçam configurando figuras lindíssimas, belíssimas. E, não posso ter dúvidas em afirmar que cada uma delas é um ponto dessas estruturas.

De modo que o que vou contar aqui refere-se a um atendimento assim. Um atendimento que realizei há uns 3 meses atrás e explora os dois lados opostos e complementares que comecei afirmando: a 1ª vez que nos vemos, a singularidade de adentar o mundo interno, energético, privado de outra pessoa. Aproveito para descortinar um pouco desse eu interno que aplica a técnica, enquanto uma outra parte desse mesmo eu a percebe, para que num terceiro momento, a gente consiga transformar isso em uma linguagem, em um texto inteligível ao outro e para o outro.


Iniciando:


Ontem (3 meses atrás) atendi mais uma linda mulher. Nesses atendimentos “às cegas”, a gente depende muito da outra pessoa. Se ela se tranca, se ela não se conhece, se ela simplesmente negar o que estamos percebendo, o atendimento perde a força, o sentido, porque o que a gente vê não pode ser interpretado por nós, pelo observador. Como uma câmera fotográfica que faz alguns registros. A câmera não deve interpretar as imagens. Por mais convidativo que seja, por mais salutar que pareça. É fundamental manter-se na posição de lente. Isenta, neutra.

Isso tudo, porque o sentido, o significado se é que tem algum, é dado pela vida do outro. É elx e apenas elx que pode dar sentido ao que você observou. Nesse momento, é só isso que você tem a fazer e pode fazer. Claro que há outras vozes no processo dizendo mais coisas, porém a gente aumenta a precisão a medida em que nos aproximamos da imagem original.

É importante compreender que a imagem original não é passível de ser compartilhada. O ideal seria já termos os dispositivos que fazemos uso no astral de conectar um sensor ótico na região das têmporas e assim projetar o que estamos vendo para que a pessoa VISSE em tempo real. VISSE, porque esse ver é um sentir, um tocar, um cheirar, um respirar. Essa imagem é uma tela de plasma real que você atravessa e sabe tudo o que está lá. Sabe todas as sensações, todos os pensamentos, sabe. Esse seria o ideal, mas ainda não temos esse recurso. Alguns sensitivos desenham e precisam desenhar mais, porque seria uma tradução mais próxima desse universo. Eu só tenho a mal dita linguagem e com ela tento recuperar a imagem, que transcende e supera a grafia. Deveríamos fazer poemas. Mas, os poemas assim como os koans servem para direcionar as pessoas a esse estado de VER e o meu desejo egoico é o de compartilhar com ela esses estados primários e construirmos de forma dialógica um entendimento desse universo singular que adentrei pela 1ª vez.

Então para isso dar certo precisamos estabelecer uma troca de confiança na qual eu não confabulo e o outro interpreta. E quanto maior o conhecimento que o outrx tem de si, mais sentido as imagens ganham. Quanto mais consciência a outrx tem de si, mais tranquilo é o diálogo. Tanto para elx assinalar que me equívoco na elaboração linguística da imagem, quanto para me detalhar com mais requintes o acerto.
Imagine que você tenha um visor a sua frente e reproduz para a pessoa o que está vendo-ouvindo-cheirando-sentindo. Muitas vezes você não sabe o que é aquilo. Se você fizer esforço por interpretar para o outro, a leitura perde o sentido. O melhor é você apenas reproduzir o visto, similar a câmera. Suponhamos que você veja algo que não faz sentido, em absoluto. Como por exemplo três pessoas dormindo no chão, mas o chão é coberto por um negócio retangular parecendo palha entrelaçada. Você ainda diz, parece desconfortável, mas está todo mundo bem, que coisa esquisita. Sinto muita felicidade. A pessoa apenas te diz depois: "que é uma tradição do lugar de onde eles vieram dormir em esteiras de palhas, trançadas como a gente trança os cabelos. Vamos fazendo esteiras, redes, enquanto os homens trabalham. Eu e meus irmãos dormíamos juntos, abraçados e as vezes até hoje na minha casa, com cama Queen eu prefiro pegar minha esteira e dormir no chão."

O diálogo só é possível porque o observador foi fiel a imagem e a buscadora foi fiel a si mesma, ao seu passado. Um ou outro poderiam mentir. O observador poderia dizer que via um tapete persa felpudo, ou uma cama, ou só falar do chão batido. Mas, ao falar da esteira que ele nem sabia o nome, ele toca um ponto que evoca milhares de lembranças entrelaçadas, lembranças que dialogavam com a presença daquela mulher naquela hora, naquele atendimento. Lembranças que vão dar sentido a todo atendimento.

Claro que essa reprodução não é neutra. Porque ela depende de quem vê e de como a gente lê o mundo. Então, quanto mais próximo da ‘imagem original’ ficarmos melhor. É o peteco quando o observador tenta interpretar a imagem original sem conhecer a pessoa. E, por mais que você pense que conheça, você não conhece e o papel da interpretação é da pessoa. Searle fala de algo similar num dos capítulos mais famosos da filosofia da mente que é o Quarto Chinês.

http://iaexpert.com.br/index.php/2017/02/14/argumento-do-quarto-chines/

Deem uma olhada. Nessa hora não importa- sensitivo, médium- é um tradutor, não deve se arrogar a ser poliglota. Cada outro é um universo com linguagem própria, com idioma peculiar e particular. A forma com que associa ideias, pensamentos, tempera com sentimentos e emoções, colore com afetos e desejos denota particularidades, sabores, singularidades únicas. Por maior e melhores que sejam os padrões, temos que evitar as padronizações. Por mais cômodos que sejam as associações, não devemos nos arvorar a pensar que sabemos o sentido antes que a buscadora configure o sentido. 



Dias atrás (4 meses) jogando Tarot para uma partilhante saiu o 8 de copas na casa 8. Falei, falei, falei e era num dos poucos momentos de interação, até ali. E ela me disse: “Sim! Estou com vontade de sumir. Tenho vontade de sumir!” A expressão dela é uma ótima definição para o 8 de copas, especialmente naquela situação e no contexto do jogo. O que pode assinalar um momento de transição, de equilíbrio em seguida, mas em alguns momentos... sumir parece ser o mais oportuno e rápido.





Mas, a moça de ontem... portava um sofrimento na alma. Tentei de tudo compreender, se era devido a separação, as magoas, nada. Fui dialogando com as imagens que tinha percebido, algumas batiam, outras não. No final, acabaram tendo sentido. Uma Gestalt se formou e tudo ficou melhor, mais claro. Comecei falando o que as pedras me contaram, rsrss. Juro que elas contam, que elas falam. Uma a uma foram me contando.

As mãos sobre os chacras me falaram também muitas coisas, sempre conta. Chamou atenção uma ferida no lado esquerdo, similar a uma lança transpassando por entre as costelas. Não conseguia saber o que era aquilo, mas foi o ponto definitivo para perceber que tinha uma dor, grande, imensa, lancinante. Uma dor que vim a perceber mais tarde ser simbólica, altamente simbólica e representava muito da energia dela. Ela uma mãe, avó, sentia as dores dos outros, tinha dificuldade em se posicionar na vida, perante os outros. Não conhecia muitas ações na vida fora da entrega, da renúncia, mas isso não era algo prazeroso. Tinha uma dor em se sentir deixada, tinha uma magoa por se trair tanto. 

Com muito jeitinho perguntei se ela tinha alguma dor naquela região do corpo e ela respondeu que não. Não soube precisar o sentido daquela imagem até momentos depois e deixei pra lá. Num determinado momento da fala dela, ela conta da cadela que morreu, parece que foi câncer. Sofreu demais a bichinha. Não me pergunte como que um ser humano pode estar identificada com a dor de uma cadela, mesmo a cadela tendo já morrido. Eu também não sabia a resposta, mas uma das vozes me mostrou a imagem de uma rosa no asfalto. Comecei a falar dessa imagem. Eu estava falando da alma dela e de diversas outras mulheres, seres altamente sensíveis. Estava falando de um processo no qual uma mulher conseguia um nível de identificação tão grande que ela absorvia também as dores de um animal. Isso entrava no campo afetivo dela, igual a cara de gozo, ou a cara de repúdio do ser que você ama nos afeta. Ela sentia essa empatia por um cachorro. Então, imagina pelos filhos, pelo marido, por outros seres? Dá para compreender como seres como esses sofrem sem saber? Como que para eles um não da filha, uma resposta atravessada do marido lhe toma e lhe invade como um tapa? 

Me lembrou o poema a Flor e a Náusea de Drummond. 



A gente não acredita. Nós nos olhamos e nos vemos como carne e osso, porém quando a gente entra na epiderme já somos diferentes. Tem muita gente diferente entre nós. Os corpos sutis deles são diferentes, as cognições sinápticas deles são diferentes, o pensar-sentir deles são diferentes. São por vezes anômalos.
Esses seres têm sido direcionado para centros espiritas, mas eles não são médiuns. Podem ser, mas não são. São sensitivos, ou simplesmente são. Possuem habilidades que lhes são inerentes, adquiridas e adaptadas ao funcionamento energético deles. As religiões, provavelmente, vão trancar esse potencial deles que não é religioso.

Mas, falo isso, porque alguns seres têm esse formato de rosa. É difícil os descrever, porque não sei desenhar, mas conheço um monte de mulheres, seres que são rosas, ou as rosas são esses seres da delicadeza disfarçados. Realizamos uma reunião que em breve disponibilizarei o áudio no qual trabalhos com AS ROSAS DO INFINITO. Esse parece ser um padrão de sensibilidade, de desenvolvimento do feminino, parece. O dessa senhora era. Ela é uma rosa que nasceu no asfalto, brotou entre nós. Tem que lidar com nossa frieza, com nossa insensibilidade, com nossa indiferença. Muitas não sabem o que fazer com esse esterco, acabam se confundindo, se identificando com esse aspecto e não percebem a beleza que possuem. É basicamente sobre isso que vamos falar abaixo e finalizarmos o texto. 




Começo falar das rosas que nascem no asfalto. Na luta desesperada dessas rosas se tornarem concreto, asfalto e pó de pinche. E o que tenho observado é que não há dor maior para alma do que negar o que ela é. Rosas são rosas, estão fadadas a isso e tentarem ser outra coisa é energeticamente desastroso. Como ogros são ogros e não podem deixar de ser diferentes. Alguns arrancam a rosa do asfalto e comem só pelo prazer de ver as pétalas despedaçando. Eles não conseguem compreender níveis de beleza senão causando dor e sofrimento. O inusitado do malabarismo existencial é que as rosas germinam dentro desses seres. Um processo de antropofagia metafísico. Aqueles seres que não conseguem ser tocados por nada, usam armaduras medievais recobertas com roupas espaciais de quem faz viagem rumo ao Sol, quando ingerem as rosas, são transformados por elas por dentro. Uma antropofagia que o Evangelho nos ensina e só fui compreender aos pés de um preto-velho. Contava o amigo que quando Jesus manda as ovelhas em direção aos lobos, ele sabe que muitas delas serão mortas, mas elas renascerão na transformação que promoverão dentro dos lobos. Estes ao comerem as ovelhas, ou se alimentarem do evangelho, ou ao entrarem em contato com a pureza, são automaticamente transformados. Esse é o mesmo processo da eucaristia. Come-se o corpo de cristo na esperança de que ele habite em nós e nos modifique. 




Porém como explicar às rosas que elas têm vivências inóspitas, duras, desérticas com a função energética de sensibilizar os ogros? Como que a gente olha para a moça abusada e fala uma coisa dessas? Como que a gente identifica uma rosa no asfalto querendo ser tigresa nas horas noturnas e explica para ela: filha! De duas uma. Ou na secura da gota de orvalho, você vai se sentir a pessoa mais desamada do universo. Ou na intensidade dos gemidos apaixonados, você será rasgada ao meio. Das duas formas, você vai estar vazia antes da companhia ir embora. Deixa isso para sua amiga, ela é mesmo devoradora de homens, de mulheres, de corações. Ela se alimenta de sentir corações pulsantes entre seus dentes. Ela gosta desse gosto de poder dar a mordida fatal quando quiser, igual o polegar do imperador que se movimenta para cima, ou para baixo. Ela é uma tigresa.


Rosas não são assim. Rosas amam. Sentem-se atraídas por todo tipo de estrume e são colocadas em lugares desérticos, áridos. Isso as leva a se identificar com as mazelas. É uma loucura. Sabe a prostituta virgem? O dependente químico sóbrio? A pessoa ‘errada’, geralmente são rosas identificadas com o estrume e não com as pétalas.

Enfim, Rosas não podem ser construções robustas, firmes. Esses mecanismos de defesas arrebenta a pessoa: tromboses, artrites, pressão imensa nos membros inferiores, dores nos joelhos, rupturas de tendões. As rosas não podem deixar de ser rosas. Essa resistência a aceitar quem elas são, as arrebenta de todas as formas que podemos pensar.

Nesse mês de julho faremos um encontro com elas. Mulheres que sofrem, que amam dores que não são delas. Vou apenas as reunir. Não vou falar nada. Torcer para que se olhem, se abracem. Se cheirem. Saibam que ainda que distantes existe um roseiral. Elas estão entre nós e embelezam a nossa vida, mesmo quando soterradas por estrume.
É dever das rosas, imperativo, embelezar. Não podem outras coisas. Por isso a beleza, a esteticidade não pode faltar.





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