quarta-feira, 1 de agosto de 2018

RODA ARCO ÍRIS: caminhando na luz.


Temos vivenciados momentos difíceis, inéditos. São acontecimentos que a maioria de nós nunca presenciou fisicamente no planeta Terra. Há um ineditismo em muitos dos acontecimentos que estamos envolvidos e nisso entramos no que os existencialistas chamam de ABSURDO. Uma situação singular, única, na qual não temos referencias passadas para avaliarmos, nos servir de base, experiência, referencia. Temos somente o facto a nossa frente, com sua bocarra imensa querendo nos devorar e suas presas nos abater. Sua vontade de exterminar tudo o que germina, tudo o que floresce, tudo o que louva e mobiliza uma gratidão por ser. Assim, diante do absurdo devemos dar, encontrar um sentido. Sentido que não é dado por terceiros, por algo fora de nós. O sentido, o significado é nosso. É dado por cada um, porque diante da finitude, sou eu que respondo perante todos.


Até então, as saídas para esses momentos eram individuais. Eu corro mais rápido, EU pulo mais alto, EU grito mais forte, EU vejo uma saída com mais agilidade, EU encontro uma solução. EU me empodero e transformo a minha realidade. No momento atual estamos nessa transição de que o EU não basta, não cabe, não resolve. O EU esbarra num muro alto, por vezes intransponível. Muitos querem ver nesse obstáculo uma obra criada e construída pelo Senhor Deus para impedir a prosperidade, o triunfo, a realização pessoal. Um obstáculo a ser removido mediante jejum, trombetas e orações.

Nem sempre. Muitas vezes esse muro é o chamado para a edificação coletiva, plural. Um chamado para a compreensão de uma nova mentalidade na qual o ganho é coletivo, a abundância é plural, os dissabores são distribuídos também entre todos. De modo que, uma força coletiva ganha vulto, expressão. Minhas ações, meus pensamentos, meu ser, meu grito, meu silêncio, minha culpa, minha magoa, minha dor, minha emancipação, minha liberação e libertação esbarram no grupo, no coletivo. Esse coletivo vai se tornando um ser, um ente, alimentado por cada um, construção coletiva de cada um e começa a afetar os membros. Vai se construindo uma unidade, uma coesão, um organismo vivo sendo gestado, gerado, parido. Há dores, há hiatos, há lacunas, há êxtases, há felicidades súbitas, há ranger de dentes lancinantes. Tudo pedindo para que consigamos assimilar o movimento entre o individual e o coletivo. Nos grupos de cunho energético isso é muito mais claro, em outros um pouco menos, mas vale a observação de como que de repente, sonhos, inspirações, cosmovisões, ataques vão afetando um a um e todos. Como que o individual expande até um determinando ponto e não avança mais. Como que o coletivo vai ganhando movimentos e dinâmicas espontâneas, naturais, uma existência própria. Como que uma análise do grupo permite identificar o que está passando com os indivíduos e vice-versa.   




Quando pensávamos a era de aquário em oposição a de peixes, uma das ênfases, era a insistência de que terminava a dimensão de rebanho, cardume (peixes) para a efetivação das lideranças e do individualismo. Sem dúvida que há esse movimento, porém há um outro, que é a visão social, coletiva, fraterna, irmanada, de aquário. Sabe os ideais da revolução Francesa? Igualdade, Liberdade, Fraternidade são mais ou menos esses insígnios que recaem sobre nós. Em outros termos, vivenciamos uma individualidade coletiva, plural. Como se do cardume, do rebanho despertasse uma consciência de se compreender peixe, de se entender ovelha e ir tomando ciência desse movimento conjunto, desse corpo plural. Como se numa epifania cada órgão se descobrisse membro de um corpo, aquela visão de ‘totalidade’ fosse alcançada a partir da especificidade de que sou uma parte singular que precisa atenção, exerce uma função. Função esta que não é melhor do que outra, ou pior do que outra. Não nos torna melhor do que ninguém, nem pior do que ninguém, pelo contrário, nos torna iguais, diferentemente, iguais. Fernando Pessoa no seu heterônimo Alberto Caeiro descreve isso como sendo uma criança que ao nascer descobrisse que nasceras de veras. Poderíamos pensar também em uma célula que desperta em meio a um organismo se compreendendo parte de algo maior, mesmo assim, possuidor de uma individualidade.

Na verdade, a visão que melhor cabe é a da orquestra, a da sinfonia. Cada qual com seu instrumento, apto a realizar o seu movimento. Todos são importantes, todos ocupam um lugar que sem eles ainda há música, mas com a participação de cada um, a beleza amplia, expande. De modo que em todos esses movimentos estamos ativando um conceito que nunca nos permeou, RESPONSABILIDADE. 


Anteriormente, chamava-se ovelha desgarrada quem tinha consciência de ser diferente do rebanho. Acreditava-se nessa fase (e alguns ainda acreditam) numa identificação estranha, de que ovelhas brancas e cordeiras não eram ovelhas e sim pastores. Que elas por serem mais alvas e mais ordeiras deveriam andar adiante e todas as outras a seguirem. Porém isso tem se esfacelado, fragmentado. Não há nenhum grande rebanho, nenhum grande cardume, mas há múltiplas associações. Em cada uma delas explora-se e vivenciasse multiplicidades, verdades, crenças e valores muito especiais, muito caro a cada um. Em poucas delas os indivíduos podem entrar, se deixar guiar de olhos fechados, caso dê tudo errado depois de bater panela, afirmar que estava seguindo ordens e voltar a dormir tranquilo, imputando a uma liderança a sua sorte e o seu destino. Não, a responsabilidade coletiva vai aumentando, ampliando. O nazismo é responsabilidade de todos, a opressão também. Nenhum ser social pode se eximir dela enquanto individuo, nem a carregar como um fardo como se fosse uma culpa de Ahasverus. Viver de Machado de Assis

Cada vez mais forma-se grupos, coletivos e o EU enquanto está nele sente-se responsável pelos seus rumos, suas ações. A ovelha líder não é mais vista como sendo o pastor, que com sua voz e seu cajado conduz as demais. Pelo contrário, todas se reconhecem ovelhas, todas conseguem ouvir e seguir o pastor e estamos aprendendo a receber em nosso meio as ovelhas desgarradas. Cada uma olha para si e se reconhece diferente e essa diversidade é a chave de composição da totalidade, dessa malha coletiva que vai se desenhando e se estruturando, silenciosamente.


E, por falar em malhas, por pensar em malhas, colchas cristalinas, retalhos existenciais, costuras metafísicas entro no ponto que é determinante. Há uma querela intensa nesse momento entre duas forças. Tento as nomear, mas não consigo de forma purista como seria mais fácil e didático- a nova e a velha energia, por exemplo. Muitos se enganam em ver em todas crianças seres novos e em todos os velhos seres absolutamente velhos. Há crianças que são dinossáuricas e há velhos que são cristalinos como um quartzo. Há partidos políticos e conceitos econômicos criados amanha que são medievais ( no pior obscurantismo do termo) e há conceitos e partidos da idade média que são absolutamente novos. Então, pensando nas duas forças, queria dizer que há o bem e o mal, mas até nisso nos engamos quando aprisionados na carne. Há ações que vemos como sendo malignas que estão repletas de amor e luz, similar a empurrar uma vaquinha no abismo, como nos conta a anedota. E há ações aparentemente bondosas, repleta de perversidade. Definitivamente, afora a suavidade, a leveza e a amorosidade, não temos como saber.


Fato que essas forças disputam espaço. Enquanto uma luta, agride, emperra empreendimentos, agride pessoas, dificulta cosmovisões. Outra, nos pede: se afirmem! Se conheçam! Não temam! Sejam quem vcs são!! E não importa quem sejamos. Eles nos pedem a integridade de sermos quem somos; ovelhas desgarradas, cordeirinhos, putas, loucos, não importa. Sejamos que somos.

Nesse ser e por essa ousadia haverá ataques. Não precisa lutar contra quem ataca. Nem criar defesas, muralhas. Foram as nossas muralhas que os fortaleceram. Precisamos apenas insistir em sermos quem somos. Ninguém pode resistir a isso. Ninguém pode deter isso. Essa força elimina qualquer ataque. O nascer do sol dissipa qualquer nevoa, ilumina a escuridão. E não há combate, luta no Sol nascer, apenas uma afirmação de ser quem ele é. Ele não pode não ser. E sendo, ele ilumina, aclara, expande, dissipa, seca, dá calor.


Então os grupos que pararam suas atividades de luz, retornem. O mal que lhe acomete, a dor que vc sente, o desanimo que lhe recai é a única forma que eles têm de tentar deter o inevitável. Eles não podem. Mas, se constroem muralhas, se aprendem mecanismos psíquicos e espirituais de defesa energética, se combatem, se guerreiam, nós os alimentamos e é disso que eles vivem. Eles conseguem construir tapumes que buscam impedir as pessoas de verem o sol, seguirem em direção à luz.



Um amigo conta, numa obra que estamos produzindo- INTOXICAÇÃO PLANETÁRIA, que a única forma que eles tem para nos deter é criar mecanismos de prisão e abafamento. Criarem censuras. Gabriel Garcia Lorca escreveu a Casa de Bernada Alba e a utilizo para pensar esse lugar escuro, sombrio, no qual o luto se transforma uma fonte prazerosa de ser. Do luto se faz e se estabelece vínculos e relações altamente perniciosas, tóxicas, na qual o amor, o amar vai virando doença.  

O que alguns grupos fazem com a Terra é muito parecido. Transformaram o planeta numa casa de Bernarda Alba. Lutam com todas as forças e com muito empenho para que a luz não entre, não chegue. Buscam até formas de criar e controlar luzes que não iluminam, ou só acende onde é necessário. Luzes direcionadas como lanternas, ou ovelhas saltitantes. Esses seres vivem do cheiro da morte, tudo entre eles é dor e ranger de dentes, até quando tentam rir são tristes e miseráveis. São dirigentes religiosos, tem uma forma muito própria de matar a vida, disseca-la e depois ritualiza-la, como fizeram com o crucificado. Aprenderam a crucificar toda forma de vida e criar rituais depois, que ovelhas e cardumes consomem como se vida fosse. Assim, aquele luto eterno, aquela caverna degradante é a forma que eles têm de nos fazerem identificados com o que eles desejam. Um mundo ilusório, limitado, sombrio, Temeroso. 

Alguns de vocês são atacados, porque envolta de vocês acontecem fenômenos inesperados, surpreendentes. Clarões de luz brotam dos vossos pés e pessoas são curadas. Clarões de luz surgem dos tetos e por essas fendas milagres ocorrem. Nesse mundo trevoso, toda luz é um milagre, porque a escuridão é muita. Uma hora eles descobrem que são vocês que produzem essa beleza, que criam essa leveza e então eles vos atacam. Eles não têm forças, eles não podem fazer nada, a menos que se escondam debaixo da cama, debaixo da saia de vossas mães. A menos que entrem em lugares mais escuros para aprender a se defender dessas forças. A menos que temam a própria luz e leveza que portam, não podem fazer nada contra vós.
  


Mas, fazem. Vocês estão deprimidos, com síndromes, fobias. Choram a noite, temem o escuro. Desejam e rezam para voltar para casa. Não há mais casa. Sua casa precisa ser construída e ela não pode ser feita com você debaixo da cama. Então, levanta, canta, dança, escreve, pinta, beija, transa, pira a gente com a beleza do seu mundo. Encontra outros como vocês e não fica com medo do telhado sair voando depois de uma forte ventania. Estamos aqui para vos amparar. Queríamos estar melhor preparados, mas estamos em nossas salas, em nossos consultórios. Não! Não estamos afirmando caminhos únicos, alternativas extremas. Estamos no processo de caminhada, talvez sem tanto receio. Talvez ciente de que não podemos nos negar, nem nos falsificar. Talvez ciente de que não temos ninguém para odiar, alguns até nem para lutar. Só queremos ser. Somos e essa força do universo é sagrada. Ninguém pode interferir nessa escolha. E, pouquíssimos interferem depois que assumimos essa RESPONSABILIDADE: ser quem somos!!

Não deveria ser tão difícil
Não deveria ser tão complexo e sinistro. Sermos e deixarmos ser.



Nosso trabalho é sermos quem somos e aceitar em cada grupo, o ser do outro. Receber o ser sagrado do outro e coabitarmos o mesmo espaço. E junto transformarmos nossas pequenas ações e são pequenas, minúsculas mesmo, em um momento sagrado no qual somos e nos rendemos a tudo que é! 

Não há nada a temer. Os adversários vão chamar para a briga e é isso o que eles podem fazer. Nós caminharemos para a luz, carregando nossas sombras. Vamos agradecer e sermos quem somos. Não há outro movimento senão: levanta-te e anda.  



Nesse despertar toda a transmutação é realizada. É o que chamamos de milagres. As realize com seus orixás, com seus anjos da guarda, com seus mestres Ascensos, com seus amparadores, com Buda, com Krishina, com Jesus, com Maria, com seus antepassados. Não importa o nome. Vá com a luz que te proporciona nas-SER. Ser aquele que tu és.

Vai realizar seu trabalho de ser mais um responsável no despertar de todos nós. Deixa seu medo ser dissipado pela luz do sol. Hoje já é um novo agora.



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