terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Câncer e o Poder: o homem cordial é um furioso nato?



Nossos grandes sociólogos, especialmente e provavelmente, o maior de todos ao lado de Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Hollanda, nos viu como homens cordiais. Em obras como casa grande e senzala e Raízes do Brasil os renomados autores e pensadores apresentam e descrevem um país cordato, um sujeito cordato, mas a historiografia mais atualizada mostra que não fomos bem isso. Assim, em oposição a esta visão apresento a de Nélson Rodrigues que nos diz: “o brasileiro é um furioso nato” e a historiografia nos dá conta de uma proporção de quilombos que até então não se tinha registro, e mais importante, abre nossos olhos para uma constação obvia e que escapou a geração de historiadores: se negros e índios sempre foram dóceis e meigos, por que tantos castigos?
No entanto, mesmo furiosos, a fúria nossa de cada dia não é a mesma que vemos na Argentina, no Chile, na França, nos países árabes, ou seja, a nossa fúria não é social, não é coletiva, não é plural. A nossa fúria não alcança essa modalidade, porque isso necessita de identidade e como vimos no post abaixo, a nossa identidade é sempre uma negação. O bonito em nossa identidade é não mostrá-la. O branco brasileiro se acha europeu. O negro brasileiro é um personagem do século XX, talvez da década de 70 para cá. O mesmo Nélson Rodrigues nos declara que o único negro brasileiro era Abdias do Nascimento e Pelé era quase o anti-negro. O índio brasileiro é uma fantasia romântica à Peri de Jose de Alencar. As afirmações de negros e índios enquanto legitimas ao espaço de poder é recente e ainda assim, fratricidas. O branco brasileiro não enxerga desigualdade racial. Às vezes, ele percebe a social. A de gênero ele nunca ouviu falar. De forma que a nossa fúria é sempre voltada contra o mais fraco e aqui já não importa mais sexo, raça, gênero, opção sexual; a covardia se volta contra o mais fraco.
Quero pensar que o policial humilhado em serviço, seja pelas condições de trabalho, seja pelo superior que nem precisa ser de uma patente tão mais alta, pelo bandido que ri e insulta a farda que ele veste, ele não se rebela contra as condições, nem contra o bandido, nem contra os superiores. A ação dele se volta contra os filhos, contra a esposa, contra o sem teto, o grevista, o sem lugar. Diante desses, ele se apodera de uma valentia, ele se apodera de uma fúria, de uma legitimidade, que espanca, curra, ameaça, tortura. Como eles são todos os outros.
A elite do nosso país acredita até hoje, que o país é deles. Eles são mais brancos, mais civilizados, mais europeizados do que o restante de nós e nisso renegam nossa africanidade, nossa relação intrínseca com o legado indígena. Eles até hoje, nunca fizeram nenhuma concessão, porque acreditam que estar entre nós já é a concessão a ser feita. Eles não perderam um metro de terra, não perderam nenhum dos brasões, não cederam nenhum bem cultural, simbólico, nem educação para o povo eles acham que devem dar. É a elite mais perversa, mais anti-democratica, mais corrupta e corruptora de todos os povos conhecidos. Porque, na maioria das elites, o crime de traição a pátria era motivo de exilamento e morte, mas entre nós, colocar-se ao lado da pátria é motivo de desonra. Ser confundido com um preto, um índio é uma ofensa gravíssima. Carnaval, futebol são palavrões que eles ignoram, mesmo quando se exibem fazendo uso dos símbolos que eles negam, renegam e tripudiam.
Nada ilustra isso tão bem quanto a copa a ser realizada no Brasil em 2014. Ricardo Teixeira, Nuzman, governadores, empresários passaram a se interessar por esportes. Disseram até que não haveria um centavo do governo federal. Funcionários sem aumento, Minas acusando problemas financeiros, logo Minas, do choque de gestão, esta em congestão para pagar o piso dos professores, dos policiais, dos trabalhadores da saúde. Eles vendem a paixão nacional para o capital estrangeiro e nos curram. Em suma, eles se fazem brasileiros para se alçarem enconomicamente mais próximo a elite europeia que eles desejam ser e freqüentar. 

O câncer e o poder: I Tomo- Laços de Familia.



Antes de chegarmos aqui (europeus e negros) os índios já eram, já estavam, já habitavam, já guerreavam entre si e algumas tribos se desconheciam completamente. De todo modo era uma sociedade tribal, com divisões territoriais bem claras, definidas.
Quando os portugueses vieram habitar aqui, os franceses já passeavam, e como os holandeses, desenvolviam uma relação igualmente exploratória, mas menos autoritária que a dos portugueses.
Quando os negros divididos em sociedades tribais, se deram conta que o inimigo deles não eram mais a outra tribo e sim o homem branco, estavam todos laçados e acorrentados, sendo trasnportados para a terra que era propriedade (mesmo que ela não existisse nesses termos) dos índios.
Ponto curioso dessa história é que os portugueses não trouxeram mulheres. Elas ficavam em Portugal esperando o marido enricar. Nesse encontro de culturas, de multipos povos, muitas culturas foram se cristalizando em uma- a brasileira. Mas, veja que essa cultura que nasce é a que todos têm vontade de matar. A cultura que nasce é em síntese a própria traição da cultura na qual cada brasileiro foi gerado. O filho de negro com branco é o traidor de dois mundos. O filho do negro com índio é o traidor de milhares de mundo. O filho do índio com o branco é o traidor de muitas culturas. O filho desses filhos são uma tentativa de reconstrução, uma tentativa de união, mas eles como foi dito: NUNCA SERÃO. Nunca serão negros, nunca serão europeus, nunca serão indígenas.
Fatídico, determinista, mas o processo de higienização, de europeização realizado no Brasil desde o século XVI é a tentativa de esconder de toda corte européia os traços primitivos e selvagens da colonização realizada. Diferente de franceses e holandeses que vieram e assumiram, durante todo tempo, que tiveram relações, as mais diversas relações, em especial, as sexuais com os povos e as culturas que aqui estiveram. Os português sempre viram na misceginação uma vergonha, pior, nunca assumiram o prazer de terem se relacionado com negras e índias, talvez daí a perversão mediante castigos e repressões inenarráveis. Os holandeses de forma geral jamais esconderam isso e os olhos verdes das mulheres com cor de ébano dizia isso, falava isso. Era uma outra relação, sem culpa, sem castigo, sem remorso, sem expiação. Os fados portugueses, o banzo africano ainda não tinha se transformado no carnaval, na alegria irônica dos franceses, na admiração contemplativa dos holandeses. Mas não quero me perder nisso.
Quero unicamente registrar que o sonho de todo português vindo ao Brasil sempre foi o de retornar a Portugal. Os descendentes destes para sentirem-se desligados e superiores aos primeiros, desenvolveu o sentimento de ser primeiramente francês, depois inglês, atualmente não entendem por que não são estados-unidenses. O sonho deles é o que o Brasil fosse um Zaire (extinto), um Quenia, um Haiti. Não tenho dúvidas de que eles articulam sempre que podem para o Brasil se tornar um Iraque, um Afeganistão. O desejo deles é o de que os americanos coloquem ordem nessa barbárie que é o nosso país. E por americanos, definitivamente, não estão falando de Barak Obama. Essa "aberração". Se essa á a nossa origem, vejamos um pouco do nosso desenvolvimento. 
Bjs em todos. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A PALAVRA NÃO É A COISA, MAS SERÁ QUE TEM NOME PARA O QUE EU FAÇO.





Tenho trabalhado energeticamente de forma mais ativa, realizando atendimentos que cada vez mais nos remetem a novas percepções e entendimento do mundo, do outro, de mim mesmo. Como a maioria sabe, o mundo energético é um mundo simbólico, dinâmico, envolvente, cativante. Nossa primeira interpretação desse mundo é vê-lo como sendo espiritual, no que este se apresenta de religioso. Todavia, este mundo energético, similar a camadas de cebola, possui faixas mentais, afetivas, emocionais, instintivas, sexuais. Tudo isso esta lá no mundo energético, numa cartografia muito bem delineada por Patrick Druout. No entanto, a questão é: o psíquico é funcionalmente e exclusivamente psicológico? O físico é funcionalmente e exclusivamente clinico, médico? O espiritual é estritamente religioso? O sexual é estritamente acadêmico ou conhecimento do senso comum? Quer me parecer que não a todas as perguntas, ou seja, a vida não guarda divisões estanques como as que brilhantemente elaboramos.
O que quero dialogar é que ao falarmos desse mundo energético para as pessoas, não estamos fazendo psicologia, pelo menos, não tenho vontade de ser psicólogo, ou terapeuta, nem médico, nem clinico, nem sexólogo. Será que existe um outro nome para que eu faço? Será que o meu fazer pode dialogar com outras áreas e outros saberes dando ao individuo senciente as condições não de uma terapia alternativa e sim de uma sustentação complementar?
Quero pensar como é que podemos falar do emocional, do mental, do físico e fisiológico do outro sem sermos respectivamente: psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, médicos? Mas, ao mesmo tempo refletir: como podemos nos calar se vemos esses campos, às vezes, até com maior clareza e profundidade do que os especialistas, justamente, porque elas nos apresentam em totalidade?
Penso que a saída seria a interdisciplinaridade. Mas como aceitar que um monte de doido que aplica energia, acredita em cristais, força dos astros, vibração dos números tem figurinhas para trocar com aqueles que foram investidos e outorgados a falar desses assuntos? Como convencer ao pediatra que a parteira tem um conhecimento prático que é seguro e confiável? Como convencer ao psicólogo que o aplicador de energia acessa camadas profundas da psique, as modifica e as altera, sem necessitar da fala, da tomada consciente do paciente? Como mostrar que a energia é anterior as formalidades e convenções do mundo da vida?
Por outro lado, quando entramos nesse mundo psíquico, “acidentalmente”, como escapar e negligenciar as contribuições dadas nessa esfera por Freud, Jung, Reich e tantos outros? Pode o tratador energético (xama, babalorixa, pajé, curador espiritual) negligenciar isto? Não olhar para isto? Então retomo a questão: como falar da psique sem cair na psicologia? Pode-se falar da psique sem ser formado em psicologia? Acredito que sim.
De forma geral tendo a concordar que palavra não é a coisa, como nos disse Krishnamurtti e anteriormente a ele, Pedro Abelardo. No entanto, a questão persiste: qual é o nome que se dá para aquilo que fazemos?

Bjs em todos. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Condenados à liberdade





A idéia é paradoxal: condenados à liberdade. Mas, nela se espelha a tensão mais íntima da antinomia kantiana: liberdade x necessidade. E Sartre diante dessa tensão dialética nos solta a frase lapidar: estamos condenados à liberdade.

A frase como todo o pensamento do filósofo francês é linda. Sartre é lindo. E a sua beleza esta em fazer com que sua obra não encontrasse hiato entre sua forma de pensar e o seu pensar da sua maneira de agir. Pensar-escrever-agir e ser foram em Sartre um continuum. Desde as suas menores escolhas amorosas até as suas grandes posições políticas. A coerência de se pautar pelo seu senso de liberdade foi pleno.

Poderão pensar e querer enquadrar esse livre-pensador na apoteose do individualismo, mas longe disso, Sartre refletiu sobre a tensão do sujeito que pensa, que age, que sente, que delibera em ressonância com o grupo, a sociedade, o mundo do qual enquanto sujeito faz parte. A escolha em Sartre, longe de ser uma ação individualista, era um engajamento. Cada ação era uma escolha do mundo e no mundo. Em cada ato, no melhor sentido kantiano do imperativo categórico, relembrando: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza.” Em cada ato, em cada escolha esse imperativo se fazia presente, mas diferente de Kant não há nenhum “Tu Deves” a demarcar a ação. É esta a liberdade, que Sartre alcançou e postulou, porque herdou um mundo sem Deus. Um mundo no qual não há nenhuma voz maior que a própria consciência do homem, demandando aquilo que somente ele, enquanto humano, pode escolher. Nesse mundo sem Deus também não há culpa e castigo.

É aqui que a condenação sartreana da liberdade abraça ou traz implícito o Ubermensch, o super-homem, o além do homem nietzscheano. Esse ser que vivendo em um mundo sem Deus, tem que encontrar em si mesmo, a sua própria liberdade. Tem mais, vivendo em um mundo sem Deus tem que se responsabilizar pelo seu próprio ser no mundo e precisa responsabilizar pelo que e pelo como esses sujeitos livres constroem o mundo, vivem o mundo, praticam a humanidade. Longe de um movimento totalitário como quis ver Heidegger e os nazistas, este super-homem é um sujeito que arca com suas escolhas, que responsabiliza pelos seus atos, que não lança culpa aos deuses por sua sina ou por sua má sorte. É um ser que carrega o devir da existência, na sua repetição eterna e infinita. É o ser que suporta o eterno retorno e diz sim à vida, ao viver e a tudo o que ela significa.

Quando Nietzsche falou disso no século XIX viram loucura. Quando Sartre falou disso no século XX viram ateísmo. Mas quando Steve Jobs fala sobre isso em sua biografia: “a morte é a maior tecnologia da vida.” Ou ainda: vivam sedentos e não percam a ingenuidade. Vemos isso uma lição a ser seguida e já não era sem tempo. A morte de Deus em Nietzsche é o espaço fundamental para que cresçamos, sejamos, nos responsabilizemos por nossas escolhas. A vida sem Deus de Sartre é uma das orações mais lindas que já foi pronunciada, é um mergulho profundo no mistério da vida, é a tentativa de dar sacralidade a todos os atos da existência. Na sua vida, obra esta inscrita uma imensidão de amor pela humanidade.

E essa absoluta coerência do meu amigo francês chega a ser desesperador, mesmo quando, na iminência da morte, nega-se a acreditar em outra vida. E na Cerimônia do Adeus de Simone de Beauvoir, ela começa se despedindo e registrando: jamais nos encontraremos... É a visão materialista que vê no fim do corpo o fim de tudo. Mas, isso longe de ser uma blasfêmia, por maior que seja o equívoco, é um hino de amor a terra, à vida, ao existir, ao ser no mundo. Não consigo parar de reputar lindo e genial.

O reconhecimento de que somos seres condenados a liberdade postula que antes de sermos livres, ou para sermos livres, precisamos assumir que somos. Assumir que somos implica em assumir que somos seres para a morte. De maneira que aquele que não flertou com o pensamento da morte, com a iminência da morte, ainda não atingiu a autenticidade da existência. Esta não começa com o primeiro suspiro, de forma automática. A existência se inicia no primeiro desejo, na primeira vontade, na primeira frustração. Mas se plenifica, somente quando, somos movidos por um pensamento perturbador e amedrontador: “e se eu morrer amanha!!!”

Suportar o peso da morte aceitá-la rondando a existência é que nos faz atribuir sentido a vida. Faz-nos ser autoral. Faz-nos ver que morremos sozinho e que negar, fingir, mentir não tem sentido, talvez porque o único sentido da existência é ser aquilo que somos. O que somos? Quem somos? É esta descoberta que só a iminência da morte, a perda do amor nos faz procurar. E qualquer oráculo que nos retire dessa imersão na tentativa de aplacar a angustia, na tentativa de não nos remeter ao absurdo (conceito existencialista) falseia a existência.  

É nessa direção que os destemidos filósofos aqui apresentados apontaram. E o último deles pôde dizer, como que em resumo aos anteriores: “estamos condenados à liberdade.” Todavia, prefiro pensar a fatalidade da escolha pela ótica do poeta: o que pode uma criatura senão entre outras criaturas amar...

E em verdade, não podemos. Estamos condenados a amar. E no amor, o máximo de liberdade pode ser se aprisionar junto ao algoz. No amor, o ápice da escolha pode ser o que Nietzsche denominou de eterno-retorno, no caso, viver tudo de novo, outra vez, mais uma vez, porque por um segundo, por um minuto de toda angustia, de toda dor, de muito mal, a gente amou e foi amado. E isso faz tudo valer à pena, nos leva a suportar tudo de novo se por um segundo aquele instante se repetir. Absolutamente tudo, até mesmo a repetição eterna e ad infinitum dessa mesma vida.

O existencialismo assim na sua máxima: “a existência precede a essência” nos chama para a vivência da vida na sua plenitude. Não há céu, não há inferno, não há deuses nem diabos para te absolver ou te condenar. Há apenas a tua consciência diante da vida e do viver. Você dá conta?

Essa proposta nietzscheana, sartreana é para mim o convite mais belo que se fez a existência. Nunca viver foi tão bonito. Nunca a vida foi tão desesperada, já que sem Deus, como disse o outro: “tudo é permitido.” Mas nesse leque de possibilidades infinitas, quantos conseguem ser livres para amar? Para praticar o bem? Para lutar pelo justo? Para promover o belo? Por que diante dessa liberdade, escolhemos a banalização do mal? A superficialidade da vida? A maldade gratuita? A inveja deliberada? A indiferença agraciada? O egoísmo triunfante?
Em suma, porque nunca escolhemos por nós mesmos e estamos desacostumados a escolher pensando em como minha ação afeta aos demais. Para a maioria escolher é uma angustia infinita, quando não passa de um prazer estrondoso. No universo inteiro apenas o homem escolhe. Anjos e bichos têm seus destinos traçados, os primeiros pela marca do amor, que não lhes possibilita nada a não ser amar. Os segundos pelo determinismo.

Quando o arcanjo escolhe não servir aos homens como se eles fossem deuses, a alegoria mítica conta que ele despenca do céu e arrasta junto a si uma legião. Dentro dessa mesma alegoria, o papel dessa legião é atiçar os homens a escolher contra Deus. Lúcifer, o arcanjo caído, quer mostrar para Deus que cada humano é um erro, um ato de traição, um equívoco no qual não se poderia ter dado tanto poder. Mas qual poder é este perguntei ao meu irmão, arcanjo ferido e ele disse: “ a escolha”. Podem escolher onde a nós só cabia a obediência. Veja então que Lúcifer mesmo desobedecendo não pode deixar de ser, ele é ainda amor ao criador. Mesmo que esse amor se faça ódio e raiva às criaturas, ele ama o Criador e quer mostrar isso a ele. Mas essa é outra história, que me faz lembrar Zaratustra:

(...) onde no mundo se cometeu mais loucuras do que entre os compassivos? E há no mundo maior causa de sofrimentos do que as loucuras dos compassivos? Infelizes dos que amam e não tem uma altivez que paira acima da sua compaixão! Assim, falou-me um dia o diabo: - ‘Deus também tem seu inferno é seu amor pelos homens.’ E recentemente ouvi-lhe dizer esta frase: - ‘Deus morreu; matou-o a sua compaixão pelos homens’.”  (Dos Compassivos. Assim Falava Zaratustra).  

Bjs em todos. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

IMPRINGTH: a impressão da entidade no médium.




Nas trocas energéticas realizadas entre médiuns e entidades umas partes significativas das informações ficam gravadas. Quando uma entidade é incorporada pelo médium, em média, traduz-se 40%, 50% do que ele esta dizendo, mostrando, apontando. Uma parte significativa desse registro se faz palavra não dita pela entidade, explicação não alcançada pelo médium. A pergunta que lançamos é: onde fica guardado todo restante que não se faz palavra, imagem?
Isso tudo fica registrado nos porões do médium. Num pavimento, inicialmente, de acesso difícil, impossibilitando-o de acessar esses porões com consciência. No entanto, anos de convívio entre médium e entidade, leva-o a seguir pistas nas quais ele consegue chegar as portas do porão. Um dia, ele entra nesse recinto, entende os símbolos, imagens, palavras que ficam por lá e consegue fazer o caminho de ida e volta. Este é um caminho melindroso, pois alguns médiuns ficam presos dentro das entidades, passam a acreditar que são elas, que precisam ser e viver conforme elas vivem no astral, no mundo espiritual, é um engano. Mas, o ponto relevante é que de forma geral, depois que o médium aprende o caminho, sabe entrar, consegue sair, a entidade, geralmente, vai embora, porque o aprendizado e o ensinamento dela foram realizados.
Quando esta entidade vai embora, o médium a incorpora no melhor sentido do termo (seria mesmo um movimento antropofágico no maior e melhor grau de Oswald e Mario de Andrade). De tanto incorporar a entidade, a entidade passa a ser incorporada pelo médium onde um e outros estabelecem uma simbiose e unidade sutil, no qual os ensinamentos de um passam a ser realizados de outra forma e em outro grau. Aqui as matizes são muitas:
1ª: a entidade continua, mas amplia a distância. Se ela tinha que chegar até o cangote do médium para lhe transmitir informação, agora ela fica e atua no corpo mental dele, por exemplo.
2ª: a entidade diz que ele já sabe o que ele tem que fazer e fica supervisionando lá do plano astral, às vezes espiritual.
3ª: a entidade avisa, se despede e vai embora.
Quando a entidade vai embora e elas vão porque muitas delas têm o que denominamos de trabalho temporário, o médium pode utilizar uma das duas técnicas acima com consciência disso ou não. Ou pode simplesmente continuar falando que esta recebendo fulano, quando na verdade fulano já se foi. O ponto é que ela se foi, mas permanece, continua, devido ao substrato imenso que se encontra por lá disponível (Impringth).
Nesse momento é que entramos na questão de licitude. Imaginemos o seguinte. Você e seu irmão, que pode até ser gêmeo moram na mesma casa. Muitas pessoas vão até a sua casa para ver o seu irmão. Conversam com você, te acham agradável, uma pessoa interessante, mas o motivo delas estarem lá é o seu irmão. Um dia seu irmão viaja, mas você continua as recebendo como se fosse ele. Algumas estranham, mas não conseguem dizer claramente o que é. Várias chances são dadas para que você apenas diga, meu irmão viajou, mas você não diz. Isso é licito? Creio que vá da consciência de cada um, afinal os dois são irmãos e as vezes até gêmeos.
Geofrey comunicou aos shoubras que Tobias iria reencarnar e assim estava em processo de desligamento. Quisesse teria substrato o suficiente para canalizar e incorporar Tobias até 2015, 2020. Mas, sabiamente, ele deve estar aproveitando esse conhecimento de outra forma. Todavia, como teve Geofrey que teve o desprendimento e a integridade de permitir a entidade ir, muitas vezes e habitualmente não se tem a mesma coisa. Isso revela como é difícil para sensitivos, paranormais de forma geral, que fizeram sucesso devido à presença de uma entidade, aceitar e comunicar que ela foi embora.
Dar adeus a uma entidade é um processo de separação mais doloroso que vivenciei, em suma, porque você supõe que esta se separando de uma parte sua, de algo seu. O que não deixa de ser verdade, mas não é verdadeiro. Entidades que foram embora, voltaram anos depois, décadas depois, no entanto, em um grau de liberdade mais ampliado para cada um de nós. Todos nós crescemos, inclusive percebendo e encontrando uma parte imensa deles dentro de mim.

BJS em todos.  

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Manifesto do Arco-Iris



Boa noite, vejam vocês que esse é um assunto complexo, importante. É um assunto que precisamos tocar, precisamos mexer, precisamos discutir, mas tendo como foco e entendimento não meramente a questão da homossexualidade, mas a questão da sexualidade e da manifestação amorosa.

Enquanto estivermos por aqui falando, nosso pano de fundo, nosso rasgar de véus é tocar a liberdade amorosa e a capacidade de amar. É disso que estaremos falando. É sobre isso que estaremos conversando. Como é que podemos enquanto sujeitos, enquanto grupos, aprofundarmos nossa capacidade amorosa, nossa demonstração de afeto, nossa sensibilidade.Vamos lá.

Os gays reencarnam com uma função de equilibrar uma balança energética que se encontrava completamente descompensada e desarranjada. Os gays reencarnam para auxiliar nesse processo de reequilíbrio planetário e isso não é uma tarefa fácil. De forma geral o planeta vivenciou duas polaridades a masculina e a feminina, o esquerdo e o direito, o certo e o errado, o branco e o preto, o feio e o bonito; duas polaridades que tem como meta o equilíbrio. Como se fosse dois pratos de uma balança. Acontece que de uns dois mil anos para cá foi havendo um desrespeito e uma anulação do feminino. O feminino estava prestes de ser extirpado do planeta. O feminino não tinha espaço nem entre as mulheres. Era uma energia que foi sendo deslocada, separada, apartada até quase chegar à extinção. Tudo o que se relacionava ao feminino não prestava, não era bom, não era útil, não era necessário. Os reflexos disso passam desde o êxodo rural- a terra não presta, bonita é a cidade- até o infanticídio de meninas na China e na Índia, ou as castrações do clitóris em tribos africanas.

Nesse momento, estamos pensando no final da década de 50, justamente quando o mundo discute quais rumos e caminhos vamos dar ao planeta. Logo após a explosão de duas bombas nucleares, símbolos fálicos da potencia do masculino, do poder de destruição e morte do feminino, fica claro e notório que é fundamental novos ajustes energéticos, novo equilíbrio dentro dessa dinâmica de polaridades e aí precisa-se de fazer uso de uma matriz energética, de pessoas equilibradas energeticamente que possam construir o neutro. Há o positivo, há o negativo e há a necessidade do neutro. Há o preto, há o branco e entre um e outro uma infinitude de matizes, de colorações. É dentro desse espectro, da necessidade de novas colorações, de novas representações que surge o manifesto do Arco-Iris. Um ícone belamente ilustrado e representado pela bandeira do movimento gay. De forma que o neutro possibilita uma nova equalização e harmonização energética. E é isto que os homossexuais tem feito e realizado junto ao planeta. Percebam vocês, que estamos falando de equalização energética, porque a física, de forma geral, a quantidade e a permanência de mulheres é maior do que a de homens. Mas, o ponto a ser frisado é a construção de uma interface energética.

E os homossexuais tem permitido a cada um dos habitantes do planeta reequilibrarem suas próprias dinâmicas energéticas, assim como as dinâmicas energéticas do próprio planeta. Em suma, concebemos isso como a retomada do feminino. Tanto no que tange as mulheres, quanto no que tange aos homens, nós estamos falando de um novo circuito energético em que essa busca por uma inteireza não se de exclusivamente fora, ela se realize dentro. Realize-se com cada um se percebendo inteiro e se compondo como ser inteiro. Nós voltaremos a falar disso, porque é fundamental para o entendimento da energia.

No entanto, antes de prosseguirmos como este tema, temos que colocar que o movimento gay tem uma relação histórica com o movimento pentecostal/carismatico. São movimentos da década de 60 que reinvindicam e que ancoram uma nova matriz energética, cada um segundo sua leitura. Mas ambos dizendo e inferindo que esse modelo de um Deus patriarcal, produziu e gerou um modelo de civilização muito belicosa, muito raivosa, muito irada. Tudo se dá e se resolve com a faca no dente. Aí esse povo começa a fala do retorno de Maria, que é a volta do feminino, que é o retorno do feminino sagrado e nas novenas, nos terços, nas missas isso vai sendo recuperado. As mulheres que não podiam ocupar o altar voltam a ter um papel importante enquanto missionárias, porque elas se abrem para a descida e a recepção do espírito santo. Simultaneamente, temos os gays saindo do armário, mas este sair do armário dialoga estreitamente com o significado do termo gay = alegre.

A missão e o compromisso planetário deles é o de devolver um modelo de sexualidade sem culpa. Uma sexualidade alegre. Uma sexualidade bonita. Uma sexualidade saudável. Uma sexualidade prazerosa. Os gays abrem no planeta para uma energia trancada, amordaçada, eles possibilitam novas formas de amor, novas formas de amar. Na manifestação de afeto e sexual deles, eles levam e carregam toda a pecha planetária, toda uma raiva e um desconforto planetário com a própria sexualidade. Quando vemos dois gays se relacionando dirigimos para eles toda uma carga de culpa, de vergonha. Como se disséssemos: “eu aqui fazendo sexo para reprodução e estes dois sentindo um prazer no ato sexual que nos é negado, que nos é proibido”. Mas a reflexão seguinte é mais ou menos assim: “ se eles podem, porque eu não?”

E nessa resposta abre-se os grilhões que prendem e soterram a humanidade, a sexualidade. Libera uma energia reprimida, retesada, que pode circular sem culpa, sem medo, sem castigo. Outras perguntas surgem: por que o sexo não pode ser alegre, sem culpa? Por que o sexo tem que trazer junto de si a força do pecado original? Os irmãos homossexuais auxiliam não apenas a neutralizar essa tendência demasiadamente masculina, ao ponto de mulheres ficarem anos sem usar saia, um vestido, se pintarem, sem olhar para lua. Há um sem numero de mulher que não menstruam, acham a menstruação o pior dos males, o pior dos mundos. Ficam sem andar num jardim, sem cultuar o verde. Deveríamos falar do movimento ecológico, mas fica para outra oportunidade.

O fato é que quando se pensa e se instrui o sexo como reprodução é porque estamos falando da força mais poderosa que se tem em níveis materiais, que é a força do sexo. Nada é similar a isso. Nada se compara em beleza a dois corpos, dois seres que se unindo são capazes de dar vida a um outro ser. Esta é uma marca do planeta terra, é uma dádiva divina dada ao planeta. É uma marca tão forte que produz e gera os karmas, as ligações e os grilhões que nos mantém acorrentados. No entanto, é preciso observar que outras culturas deram outras concepções ao sexo. Perceberam e entenderam o sexo não meramente como procriação, mas como mecanismo de prazer e de transcendência. Muitos povos, muitas culturas ensinavam a transcendência mediante o sexo. E sexo praticado com mais de duas pessoas, nas mais diversas posições. Tudo dependendo do que se gostaria de ser criado, de ser gerado. Esta forma de ver o sexo não lhe institui culpa, não lhe deu o peso de pecado, pelo contrário, lhe garantiu a visão de sagrado. Um sagrado que era observado na mulher, na companheira, no seu ventre, nos seus seios, nos seus quadris. Como extensão na própria terra, na colheita, na lua. E a relação com a reprodução era imanente, ao semear a terra, ela gera frutos, mais abundantes do que plantados inicialmente. Ao unir-se a mulher geramos frutos, seres, filhos, mais belos do que fomos. Quero registrar que ao rememorar isso não falo do matriarcado, mas de uma fase na qual homens e mulheres compreendiam a sua função e a sua integração para a harmonia do todo.

Tudo isso os levando a compreender que a energia sexual é uma energia sagrada. E é esta energia que os homossexuais a ancoram de novo. Eles, em sua grande maioria, vindo das altas esferas energéticas, abrem um potencial que esteve fechado por milênios, o do sexo como prazer, o do sexo como energia criativa. E mais importante do que isso, eles facultam a cada habitante do planeta a possibilidade de amar mais e de amar melhor. A possibilidade de expressarmos mais amor, de darmos mais amor.

Recordo, que eu nunca abracei meu pai. O contato físico que tive e tinha com meu pai era de lhe dar um beijo nas mãos em sinal de deferência e respeito. Estamos aí há pouco dias dessa data e hoje os pais podem abraçar seus filhos, beijar seus filhos e confundidos como um casal homossexual ser agredidos.

É isto que não podemos aceitar. A intransigência, a violência, a truculência às manifestações amorosas. Todo amor é isento de pecado. A frase é forte, mas vou repetir: todo amor é isento de pecado. As pessoas têm o direito de amarem e de expressarem esse amor a forma que melhor lhe aprouver. Isso tem de ser garantido. Não podemos discriminar pessoas por elas amarem pessoas do mesmo sexo, ou do sexo oposto. Isso é arbitrário, é escandaloso. As pessoas não deveriam ficar escandalizadas com formas diferentes de amar e sim com as forças seculares de ódio, de perseguição, de discriminação.

Já finalizo. Queria apenas dizer que o escândalo é esse. O pecado, a hamartia como denominavam os gregos é perdermos o foco do amor. E é enquanto amor que faço a reflexão final. O fato de o pai amar o filho, a filha não implica em ir para cama com eles. O fato dos amigos se amarem não implica em transar com eles. Vejam bem que até pode, não há nenhum impeditivo a não ser a consciência. Todavia, não é isso que ressaltamos. E longe de ver isso como libertinagem, o que percebemos é a dificuldade que temos de compreender o amor de estranhos como não sendo sexual. As pessoas querem fazer sexo com preto-velho. Elas não entendem que aquela candura, que aquela doçura pode ser sentida, experimentada, ela é erótica, mas ela não é sexual no sentido genital do termo. As pessoas são ainda muito genitais o que acaba fazendo com que o homem ao sentir essa amorosidade, sentir o seu feminino se revelando, ele acreditar que tenha que bater e matar um homossexual ou transar com outro homem. São possibilidades, são formas de manifestação, a última espúria que revela esse temor e uma vontade latente. Da mesma forma, quando essa energia de empoderamento feminino vai ganhando corpo, algumas mulheres acreditam que tem que sair na pancada com o namorado, o marido, ou entregar-se a outra mulher. E quero enfatizar que não necessariamente, nada obstrui o que dá ares de libertinagem, mas nada impossibilita o que assegura novas marcas de liberdade.

O ponto central é que a expansão da liberdade sexual representa e significa o empoderamento dos indivíduos. Os seres assumindo a responsabilidade pelo próprio prazer sem que este seja redistribuído pelo sistema construídos: família, Estado, Igrejas/Religiões. Os seres estão acessando seu prazer na fonte deles e esta fonte é amorosa, é prazerosa, é abundante e é infinita. É também inesgotável e aberta, sem cercas. Novas formas de captar e regular a energia sexual em si mesmo, possibilita novas formas e relações econômicas, de governo, sociais e familiares. O movimento dos quadris, o movimento dos ombros desestruturam velhos sistemas e antigos regimes. E os amigos homossexuais trazendo o neutro, garantindo formas de amar, asseguram a cada um novas possibilidades amorosas, tanto no que tange a genitalidade, quanto no que a transcende.

É isso, agradeço a paciência e a presença de todos. 
Luis Soares por Kélsen A. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Software livre: tecnologia espiritual



Software livre é o nome que se dá a um desenvolvimento tecnológico, informacional que se faz de forma aberta. Por aberto entenda-se que cada um pode quebrá-lo, utilizá-lo do seu jeito, melhorá-lo e liberar de novo para que ele seja novamente quebrado, re-utilizado, melhorado. Numa forma profícua e incessante.
Eu olho para a ideologia do software livre e me encanto, porque vejo nela os paradigmas de uma nova consciência, de uma nova forma de fazer e pensar o mundo, o conhecimento, a transmissão do mesmo. Mas, eu quero utilizar essa metáfora para pensar os sistemas e técnicas espirituais.
Décadas atrás em contato com Somater, um amigo sideral, eu falei para ele: “todo mundo ganha informação de ponta, tecnologia de ponta, você não me passa nada, não me dá uma informação de ponta que pode ser aplicada”. Aí ele me falou da ativação dos cristais, me falou da técnica de harmonização com rosas, mais recentemente me apontou à Magnificência Cristalina e me esclareceu que isso para eles é que era tecnologia. Tecnologia não era apenas ferramentas para alteração do mundo físico, pelo contrario, a tecnologia que mais necessitávamos era o que dizia respeito ao aprimoramento de energias internas. Ele me mostrou algumas cenas, pensei, calei, gostei.
Rememoro as técnicas passadas para pensar: quanto elas valem? Quanto se deve cobrar por ela para que outros tenham acesso? Devo patenteá-las? Posso e devo impedir que outros dêem novos usos e novas formas, inclusive melhores e mais refinadas as que eu intui? O meio termo é o melhor e este seria- a pessoa faz o curso, aprende a técnica, faz o uso que achar melhor e lhe convir. Aproveita a técnica inteira, ou apenas uma parte da mesma. Isso é livre, aberto, ou podemos restringir e nomear como ilícitas tais modalidades de pratica?
Creio que caminhamos e construímos uma nova forma de consciência. Dentro desse novo molde não podemos reputar como sendo errôneo, ou desonesto ganhar dinheiro com técnicas canalizadas sabe-se lá da onde. Todavia, dentro de um paradigma maior de ciência e de consciência não podemos limitar ou restringir as ações dos outros os condicionando a uma técnica. O software deve ser aberto, tem que ser livre. Pelo menos enquanto modelo de uma nova consciência.