quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O GÊNIO DA LÂMPADA: aprendendo a controlar um mundo interno.




A história de Aladim nos é famosa. Narra desde a desobediência do mortal em seguir a profissão do pai (alfaiate), até o encontro dele com um mago que lhe fala de uma lâmpada maravilhosa. Ilustrativamente simbólico, a estória conta que na procura pelo gênio (djin), ele deve entrar em uma caverna, gruta, um local profundo, escuro, debaixo da terra.
Inesperadamente, aprisionado dentro da gruta pelo próprio mago, tropeça na lâmpada mágica. A mesma encontra-se empoeirada e ao ser esfregada pelo mortal desperta o gênio adormecido de dentro dela, lhe assegurando o direito de fazer três pedidos, quaisquer que fossem. Ele escolhe ser príncipe e se casar com a filha do sultão. Em síntese, ele se apodera de uma vida e de um destino além do dado pelo seu pai e por sua tradição. É também dignamente importante, salientar que a profissão do pai, alfaiate, tem a simbologia do alinhavaamento, similar ao das Moiras.
Em representações mais atuais, o gênio é despertado depois de mil anos e sai de dentro da mesma, com um ar de tédio e preguiça. Um dos significados que podemos dar a isto se relaciona a inconstância do uso que fazemos dessa força, da inabilidade que ela nos provoca e nos remete.
Mas, antes de abordarmos isso, quero falar que a história é mágica e tem muitos sentidos. O que escolho nesse momento, nasce de uma conversa que tivemos com Luís Soares. Nosso amigo quis ver e apontar o gênio da lâmpada como uma das metáforas mais ilustrativas da força dos Exus. Sim, ele comparou exus a gênios da lâmpada. Mas, se a comparação realizada via psicofonia se fez imediatamente clara e evidente, agora, quando tento escrever, tenho que tentar expor as categorias que aproximam um e outro, sucintamente, seria: ambos servem fidedignamente aos seus donos, mesmo que isso possa ser contra o próprio dono. Paradoxal? Sim, o é. Mas é que ambos manipulam, tratam e realizam desejos e algumas vezes, os nossos desejos, nos machucam; o que não impede de tê-los atendidos. Quer me parecer então, que a relação posta por Luis, gravita na dimensão do desejo. No uso, na consciência e inconsciência que temos daquilo que desejamos, queremos, sonhamos. Exus, como gênios da lâmpada, realizam esses nossos desejos esta seria a similitude que abordaremos.
Desejos, geralmente, envolvem aspectos de nossa personalidade, que não gostamos de verificar, de saber que temos: ciúme, raiva, inveja, medo, ódio, rancor, perversão, outros. Desejos que fomos ensinados desde pequenos a não ter, a não sentir, a achá-los feios: cobiça, inveja. Mas, de modo geral, são esses desejos que proporcionam a capacidade atrativa, manipulativa dos exus moldarem o real. É engraçado percebermos sentimentos como energia, mas o são, e esses que tem vibrações mais baixas (enquanto vibração e não moralidade) são os utilizados pelos gênios para transformarem a realidade. Sim, os exus são peritos e especialistas em criar realidades a partir dos nossos desejos. São notórios os casos de bala que mascam, de carros capotados nos quais as pessoas são retiradas de dentro ilesas. Na literatura umbandista diz-se que os realizadores desses e outros feitos, são os exus. Mas não realizam apenas estes. É comum ouvirmos a expressão: “surra de santo” referindo-se as dificuldades que o médium esta passando pelo afastamento, ou não cumprimento de suas obrigações.
No entanto, como poderia um exu congelar a vida de uma pessoa, promover a ruína financeira, sexual dela? E como poderia garantir a pessoa sucesso nesses setores?  Quais forças estão em jogo? Parece que o desejo é a chave de leitura e de entendimento não apenas da força dos exus, mas da sua capacidade de ser utilizado como gênio da lâmpada. Mas estamos prontos para lidarmos com nossos desejos? Sim ou não, seremos e somos atendidos.
De todo modo, os exus nos auxiliam a organizar esses espaços internos da nossa psique. Nos permitem orientar mais sabiamente o universo ao nosso redor. O que não deve fomentar a ilusão de que é devido a oferenda que realizamos, ou ao pedido que recebemos na gira que o sol nasceu na manhã seguinte.
(Continua....)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O câncer e poder: Lula e o SUS



O que sempre desconfiamos se revela e se mostra com uma clareza cristalina: o poder come por dentro. Devora as entranhas. E sobre esse prisma que quero pensar três tipos de câncer e três tipos de personagens afins entre si e afins para uma parcela esmagadora de brasileiros, EU DISSE DE BRASILEIROS e depois retomo a distinção. Retomo agora, mas antes preciso salientar que falo do câncer de José de Alencar, Dilma Roussef e Luís Inácio da Silva.
O nome José de Alencar me remete ao escritor romântico, que desenhou o Brasil valente, cordial, nas suas penas. Zé foi esse homem, nascido pobre, construiu um império. Mas, o importante do império construído por ele era a beleza que seus funcionários ( dois deles me contaram) da humanidade e brasilidade que ele tinha no trato ao semelhante. Rico, patrão, podemos dizer burgues, nunca foi coronel, nunca foi senhor feudal modalidade tão afeita os nossos "homens bons". José de Alencar era um tipo raro, uma espécime rara, porque mesmo rico, podre de rico, sempre se viu brasileiro. Sua riqueza, sua grandeza econômica, política, social, trabalhista vinha disso: foi um brasileiro, nunca cuspiu na sua própria imagem e jamais permitiu que cuspisse na frente dele.  
Dilma é uma mulher de posses, de renda, mas com um sentimento de brasilidade. Dilma desde a juventude, talvez antes, soube o que é nação, o que é Brasil. E assim, identificada a uma causa, lutou contra a ditadura, lutou e luta pelo sentimento de igualdade. Um sentimento que a elite desse país nunca se identificou. Eles desconhecem completamente o que seja isso.
Luis Inacio da Silva, Lula. Homem que aprendi a amar, a admirar, vendo minha mãe o apontado com o dedo para a televisão, lá em 1979, 1980; quando professores aqui de Minas faziam greve e minha mãe grevista me falava de Ducci, Carlão e outros tantos, que mais tarde, ou, concomitantemente, viriam a fundar o Partido dos Trabalhadores. Hoje PT, um partido como qualquer outro. Cresci vendo o “sapo barbudo”. Cresci vendo sua coragem, sua crueza, sua mudança, ele ficou mais polido. O Lula de 1989 teria causado uma guerra civil, que eu lutaria lado a lado com ele. Teria feito reforma agrária na marra, teria deixado que toda a avenida Paulista e adjacências pegasse o avião e apagasse a luz ao sair. Mas, o Lula de 2002 era outro.
Mentira, era o mesmo e o seu câncer na laringe mostra o tanto de sapo que ele engoliu. Mostra, claramente, o tanto de sapo que ouviu. A mídia desse país e aí estamos falando do PIG (Partido da Imprensa Golpista) o atacou de todas as formas, de todos os jeitos, de todas as maneiras e ele não revidou. Obama e os democratas revidaram aos ataques da Fox, Sarkozy revidou aos ataques dos jornais franceses, Berlusconni implantou uma ditadura na Itália, Ivo Morales, Chaves fecharam jornais, Aécio demitiu jornalistas; Luis Inácio engoliu os ataques, a má vontade, a fúria, o ódio daqueles que não são brasileiros, NUNCA SERÃO.
Sim, essa é a grande temática do nosso país. Os brasileiros são os que não têm direito de ser. Os brasileiros são os mulatos, os crioulos, os mamelucos, os cafuzos, os com-fusos perdidos na identidade que ninguém ousa assumir. Já que os portugueses sempre desejaram ser ingleses, depois franceses; atualmente americanos. Nesse não lugar, os nascidos aqui das miscigenações nunca tiveram lugar. Nunca se teve um sentimento de identidade. Nunca nos abraçamos com a sensação de sermos filhos de uma mesma pátria, uma mesma mãe. Cada brasileiro é um bastardo renegado a sua sina e a sua sorte. Olha para o outro como um não igual, como que pertencente a um não lugar, que ao invadir o território, o juramos de morte. Os lugares no Brasil são muito bem definidos. A Casa Grande para os brancos, a senzala para os negros e entre um e outro, os sem lugar.
Esse ódio esta cada vez mais visível. Abre-se a internet e a lemos, a vemos, a ouvimos. Essa elite e hoje ela tem cara, tem rosto, tem cheiro, tem conta bancaria, mas o pior, tem seguidores raivosos, furiosos, que pedem para o presidente metalúrgico, nordestino, mulato, pobre, analfabeto ser tratado no SUS.
Finalizando:
O nordestino, o sapo-barbudo, o metalúrgico, o "comunista comedor de criancinhas", tem que tratar sua doença no SUS. Ele deve voltar ao lugar dele. Esse maldito que ousou fazer distribuição de renda. Ousou mostrar que os sem lugar nunca desejaram tomar a Casa Grande, tão pouco, submeter-se as condições da senzala, os sem lugar desejavam um tratamento de igualdade aos seus irmãos que habitam os dois territórios ocupados. E nessa vacância, sonham, desejam, que a pátria seja mãe de todos e para todos. Mas não pode!
Eles nunca cederam, eles nunca deram, eles nunca dividiram e nunca lhes foi tirado, a não ser por roubo, fúrias individuais que aumenta as desigualdades e mazelas coletivas. Esta na hora, passou da hora, deles cederem se não por regras democráticas, pelas balas de fuzis. Fato é que os filhos dos pretos, dos pobres, dos nordestinos, dos favelados, precisam parar de chorar por injustiça.
Quanto ao tratamento do meu presidente, espero que ele engula menos sapo. Espero que os seus se identifiquem com ele e pensem: “será justo pagar com a própria alma, o próprio corpo, para que os urubus se saciem? Até quando vamos tolerar que os bons sucubam para que a corja maldita tenha overdose? Até quando suportaremos que enquanto trabalhamos, eles nos oneram e nos chicoteiem?” A recuperação de Lula passa inclusive por falar o que pensa, seja para os amigos traidores e canalhas, seja para os canalhas e traidores que sempre foram desafetos e inimigos.
Quanto as redes anti-sociais, toda essa coragem furiosa é porque de fato somos coletivamente cordatos. Claro que tem um nordestino com faca nos dentes, um homossexual com gilete na boca, um negro com arma na cintura; mas ainda não aprendemos a atirar na pessoa certa, a sangrar a elite correta. Enquanto isso, somos massacrados como se fossemos minoria, suportando o incentivo covarde e silencioso de uma mídia e grupo de pessoas que vociferam o tratamento do presidente da Republica no SUS, mas não para que se garanta a igualdade e sim para que se demarque o lugar de cada qual. Afinal, alguém pediu que José de Alencar tratasse lá? Alguém pediu que Dilma se tratasse no SUS também? Alguém mencionou isso para Mário Covas? Alguém sugeriu isso para Rute Cardoso? Algum dos raivosos já esbravejou por um segundo, melhores condições de tratamento para os milhares de brasileiros que passam por esta doença e a indiferença burocrática, social e estatal? Não me recordo. E para refletirmos ainda mais sobre isso, Cristovam Buarque tem um projeto de que os filhos dos políticos estudem em escola publica, nunca ouvi nenhum clamor da elite para que isso seja votado. Nenhum movimento raivoso, irado na redes sociais. A res-publica (coisa de todos) só é validada entre nós para colocar cada um no seu lugar, isto é, os pretos, índios, pobres no SUS e a elite na rede privada, seja de aposentadoria, de saúde, de educação. Sempre há o deles e o do resto, o dos outros, o dos não iguais. Não iguais, porque embora eles façam questão de registar a diferença, eles nunca respeitam o diferente. 
De todo modo, quero acreditar que o gigante esta levantando, e nessas horas, as terras mudam de dono, o capital de lugar, as igrejas de crenças. Sangue rola, cabeças são perdidas, literalmente. E uma nova ordem se instala. A Republica se instituí. 



O Câncer e o Poder: o homem cordial é um furioso nato?



Nossos grandes sociólogos, especialmente e provavelmente, o maior de todos ao lado de Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Hollanda, nos viu como homens cordiais. Em obras como casa grande e senzala e Raízes do Brasil os renomados autores e pensadores apresentam e descrevem um país cordato, um sujeito cordato, mas a historiografia mais atualizada mostra que não fomos bem isso. Assim, em oposição a esta visão apresento a de Nélson Rodrigues que nos diz: “o brasileiro é um furioso nato” e a historiografia nos dá conta de uma proporção de quilombos que até então não se tinha registro, e mais importante, abre nossos olhos para uma constação obvia e que escapou a geração de historiadores: se negros e índios sempre foram dóceis e meigos, por que tantos castigos?
No entanto, mesmo furiosos, a fúria nossa de cada dia não é a mesma que vemos na Argentina, no Chile, na França, nos países árabes, ou seja, a nossa fúria não é social, não é coletiva, não é plural. A nossa fúria não alcança essa modalidade, porque isso necessita de identidade e como vimos no post abaixo, a nossa identidade é sempre uma negação. O bonito em nossa identidade é não mostrá-la. O branco brasileiro se acha europeu. O negro brasileiro é um personagem do século XX, talvez da década de 70 para cá. O mesmo Nélson Rodrigues nos declara que o único negro brasileiro era Abdias do Nascimento e Pelé era quase o anti-negro. O índio brasileiro é uma fantasia romântica à Peri de Jose de Alencar. As afirmações de negros e índios enquanto legitimas ao espaço de poder é recente e ainda assim, fratricidas. O branco brasileiro não enxerga desigualdade racial. Às vezes, ele percebe a social. A de gênero ele nunca ouviu falar. De forma que a nossa fúria é sempre voltada contra o mais fraco e aqui já não importa mais sexo, raça, gênero, opção sexual; a covardia se volta contra o mais fraco.
Quero pensar que o policial humilhado em serviço, seja pelas condições de trabalho, seja pelo superior que nem precisa ser de uma patente tão mais alta, pelo bandido que ri e insulta a farda que ele veste, ele não se rebela contra as condições, nem contra o bandido, nem contra os superiores. A ação dele se volta contra os filhos, contra a esposa, contra o sem teto, o grevista, o sem lugar. Diante desses, ele se apodera de uma valentia, ele se apodera de uma fúria, de uma legitimidade, que espanca, curra, ameaça, tortura. Como eles são todos os outros.
A elite do nosso país acredita até hoje, que o país é deles. Eles são mais brancos, mais civilizados, mais europeizados do que o restante de nós e nisso renegam nossa africanidade, nossa relação intrínseca com o legado indígena. Eles até hoje, nunca fizeram nenhuma concessão, porque acreditam que estar entre nós já é a concessão a ser feita. Eles não perderam um metro de terra, não perderam nenhum dos brasões, não cederam nenhum bem cultural, simbólico, nem educação para o povo eles acham que devem dar. É a elite mais perversa, mais anti-democratica, mais corrupta e corruptora de todos os povos conhecidos. Porque, na maioria das elites, o crime de traição a pátria era motivo de exilamento e morte, mas entre nós, colocar-se ao lado da pátria é motivo de desonra. Ser confundido com um preto, um índio é uma ofensa gravíssima. Carnaval, futebol são palavrões que eles ignoram, mesmo quando se exibem fazendo uso dos símbolos que eles negam, renegam e tripudiam.
Nada ilustra isso tão bem quanto a copa a ser realizada no Brasil em 2014. Ricardo Teixeira, Nuzman, governadores, empresários passaram a se interessar por esportes. Disseram até que não haveria um centavo do governo federal. Funcionários sem aumento, Minas acusando problemas financeiros, logo Minas, do choque de gestão, esta em congestão para pagar o piso dos professores, dos policiais, dos trabalhadores da saúde. Eles vendem a paixão nacional para o capital estrangeiro e nos curram. Em suma, eles se fazem brasileiros para se alçarem enconomicamente mais próximo a elite europeia que eles desejam ser e freqüentar. 

O câncer e o poder: I Tomo- Laços de Familia.



Antes de chegarmos aqui (europeus e negros) os índios já eram, já estavam, já habitavam, já guerreavam entre si e algumas tribos se desconheciam completamente. De todo modo era uma sociedade tribal, com divisões territoriais bem claras, definidas.
Quando os portugueses vieram habitar aqui, os franceses já passeavam, e como os holandeses, desenvolviam uma relação igualmente exploratória, mas menos autoritária que a dos portugueses.
Quando os negros divididos em sociedades tribais, se deram conta que o inimigo deles não eram mais a outra tribo e sim o homem branco, estavam todos laçados e acorrentados, sendo trasnportados para a terra que era propriedade (mesmo que ela não existisse nesses termos) dos índios.
Ponto curioso dessa história é que os portugueses não trouxeram mulheres. Elas ficavam em Portugal esperando o marido enricar. Nesse encontro de culturas, de multipos povos, muitas culturas foram se cristalizando em uma- a brasileira. Mas, veja que essa cultura que nasce é a que todos têm vontade de matar. A cultura que nasce é em síntese a própria traição da cultura na qual cada brasileiro foi gerado. O filho de negro com branco é o traidor de dois mundos. O filho do negro com índio é o traidor de milhares de mundo. O filho do índio com o branco é o traidor de muitas culturas. O filho desses filhos são uma tentativa de reconstrução, uma tentativa de união, mas eles como foi dito: NUNCA SERÃO. Nunca serão negros, nunca serão europeus, nunca serão indígenas.
Fatídico, determinista, mas o processo de higienização, de europeização realizado no Brasil desde o século XVI é a tentativa de esconder de toda corte européia os traços primitivos e selvagens da colonização realizada. Diferente de franceses e holandeses que vieram e assumiram, durante todo tempo, que tiveram relações, as mais diversas relações, em especial, as sexuais com os povos e as culturas que aqui estiveram. Os português sempre viram na misceginação uma vergonha, pior, nunca assumiram o prazer de terem se relacionado com negras e índias, talvez daí a perversão mediante castigos e repressões inenarráveis. Os holandeses de forma geral jamais esconderam isso e os olhos verdes das mulheres com cor de ébano dizia isso, falava isso. Era uma outra relação, sem culpa, sem castigo, sem remorso, sem expiação. Os fados portugueses, o banzo africano ainda não tinha se transformado no carnaval, na alegria irônica dos franceses, na admiração contemplativa dos holandeses. Mas não quero me perder nisso.
Quero unicamente registrar que o sonho de todo português vindo ao Brasil sempre foi o de retornar a Portugal. Os descendentes destes para sentirem-se desligados e superiores aos primeiros, desenvolveu o sentimento de ser primeiramente francês, depois inglês, atualmente não entendem por que não são estados-unidenses. O sonho deles é o que o Brasil fosse um Zaire (extinto), um Quenia, um Haiti. Não tenho dúvidas de que eles articulam sempre que podem para o Brasil se tornar um Iraque, um Afeganistão. O desejo deles é o de que os americanos coloquem ordem nessa barbárie que é o nosso país. E por americanos, definitivamente, não estão falando de Barak Obama. Essa "aberração". Se essa á a nossa origem, vejamos um pouco do nosso desenvolvimento. 
Bjs em todos. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A PALAVRA NÃO É A COISA, MAS SERÁ QUE TEM NOME PARA O QUE EU FAÇO.





Tenho trabalhado energeticamente de forma mais ativa, realizando atendimentos que cada vez mais nos remetem a novas percepções e entendimento do mundo, do outro, de mim mesmo. Como a maioria sabe, o mundo energético é um mundo simbólico, dinâmico, envolvente, cativante. Nossa primeira interpretação desse mundo é vê-lo como sendo espiritual, no que este se apresenta de religioso. Todavia, este mundo energético, similar a camadas de cebola, possui faixas mentais, afetivas, emocionais, instintivas, sexuais. Tudo isso esta lá no mundo energético, numa cartografia muito bem delineada por Patrick Druout. No entanto, a questão é: o psíquico é funcionalmente e exclusivamente psicológico? O físico é funcionalmente e exclusivamente clinico, médico? O espiritual é estritamente religioso? O sexual é estritamente acadêmico ou conhecimento do senso comum? Quer me parecer que não a todas as perguntas, ou seja, a vida não guarda divisões estanques como as que brilhantemente elaboramos.
O que quero dialogar é que ao falarmos desse mundo energético para as pessoas, não estamos fazendo psicologia, pelo menos, não tenho vontade de ser psicólogo, ou terapeuta, nem médico, nem clinico, nem sexólogo. Será que existe um outro nome para que eu faço? Será que o meu fazer pode dialogar com outras áreas e outros saberes dando ao individuo senciente as condições não de uma terapia alternativa e sim de uma sustentação complementar?
Quero pensar como é que podemos falar do emocional, do mental, do físico e fisiológico do outro sem sermos respectivamente: psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, médicos? Mas, ao mesmo tempo refletir: como podemos nos calar se vemos esses campos, às vezes, até com maior clareza e profundidade do que os especialistas, justamente, porque elas nos apresentam em totalidade?
Penso que a saída seria a interdisciplinaridade. Mas como aceitar que um monte de doido que aplica energia, acredita em cristais, força dos astros, vibração dos números tem figurinhas para trocar com aqueles que foram investidos e outorgados a falar desses assuntos? Como convencer ao pediatra que a parteira tem um conhecimento prático que é seguro e confiável? Como convencer ao psicólogo que o aplicador de energia acessa camadas profundas da psique, as modifica e as altera, sem necessitar da fala, da tomada consciente do paciente? Como mostrar que a energia é anterior as formalidades e convenções do mundo da vida?
Por outro lado, quando entramos nesse mundo psíquico, “acidentalmente”, como escapar e negligenciar as contribuições dadas nessa esfera por Freud, Jung, Reich e tantos outros? Pode o tratador energético (xama, babalorixa, pajé, curador espiritual) negligenciar isto? Não olhar para isto? Então retomo a questão: como falar da psique sem cair na psicologia? Pode-se falar da psique sem ser formado em psicologia? Acredito que sim.
De forma geral tendo a concordar que palavra não é a coisa, como nos disse Krishnamurtti e anteriormente a ele, Pedro Abelardo. No entanto, a questão persiste: qual é o nome que se dá para aquilo que fazemos?

Bjs em todos. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Condenados à liberdade





A idéia é paradoxal: condenados à liberdade. Mas, nela se espelha a tensão mais íntima da antinomia kantiana: liberdade x necessidade. E Sartre diante dessa tensão dialética nos solta a frase lapidar: estamos condenados à liberdade.

A frase como todo o pensamento do filósofo francês é linda. Sartre é lindo. E a sua beleza esta em fazer com que sua obra não encontrasse hiato entre sua forma de pensar e o seu pensar da sua maneira de agir. Pensar-escrever-agir e ser foram em Sartre um continuum. Desde as suas menores escolhas amorosas até as suas grandes posições políticas. A coerência de se pautar pelo seu senso de liberdade foi pleno.

Poderão pensar e querer enquadrar esse livre-pensador na apoteose do individualismo, mas longe disso, Sartre refletiu sobre a tensão do sujeito que pensa, que age, que sente, que delibera em ressonância com o grupo, a sociedade, o mundo do qual enquanto sujeito faz parte. A escolha em Sartre, longe de ser uma ação individualista, era um engajamento. Cada ação era uma escolha do mundo e no mundo. Em cada ato, no melhor sentido kantiano do imperativo categórico, relembrando: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza.” Em cada ato, em cada escolha esse imperativo se fazia presente, mas diferente de Kant não há nenhum “Tu Deves” a demarcar a ação. É esta a liberdade, que Sartre alcançou e postulou, porque herdou um mundo sem Deus. Um mundo no qual não há nenhuma voz maior que a própria consciência do homem, demandando aquilo que somente ele, enquanto humano, pode escolher. Nesse mundo sem Deus também não há culpa e castigo.

É aqui que a condenação sartreana da liberdade abraça ou traz implícito o Ubermensch, o super-homem, o além do homem nietzscheano. Esse ser que vivendo em um mundo sem Deus, tem que encontrar em si mesmo, a sua própria liberdade. Tem mais, vivendo em um mundo sem Deus tem que se responsabilizar pelo seu próprio ser no mundo e precisa responsabilizar pelo que e pelo como esses sujeitos livres constroem o mundo, vivem o mundo, praticam a humanidade. Longe de um movimento totalitário como quis ver Heidegger e os nazistas, este super-homem é um sujeito que arca com suas escolhas, que responsabiliza pelos seus atos, que não lança culpa aos deuses por sua sina ou por sua má sorte. É um ser que carrega o devir da existência, na sua repetição eterna e infinita. É o ser que suporta o eterno retorno e diz sim à vida, ao viver e a tudo o que ela significa.

Quando Nietzsche falou disso no século XIX viram loucura. Quando Sartre falou disso no século XX viram ateísmo. Mas quando Steve Jobs fala sobre isso em sua biografia: “a morte é a maior tecnologia da vida.” Ou ainda: vivam sedentos e não percam a ingenuidade. Vemos isso uma lição a ser seguida e já não era sem tempo. A morte de Deus em Nietzsche é o espaço fundamental para que cresçamos, sejamos, nos responsabilizemos por nossas escolhas. A vida sem Deus de Sartre é uma das orações mais lindas que já foi pronunciada, é um mergulho profundo no mistério da vida, é a tentativa de dar sacralidade a todos os atos da existência. Na sua vida, obra esta inscrita uma imensidão de amor pela humanidade.

E essa absoluta coerência do meu amigo francês chega a ser desesperador, mesmo quando, na iminência da morte, nega-se a acreditar em outra vida. E na Cerimônia do Adeus de Simone de Beauvoir, ela começa se despedindo e registrando: jamais nos encontraremos... É a visão materialista que vê no fim do corpo o fim de tudo. Mas, isso longe de ser uma blasfêmia, por maior que seja o equívoco, é um hino de amor a terra, à vida, ao existir, ao ser no mundo. Não consigo parar de reputar lindo e genial.

O reconhecimento de que somos seres condenados a liberdade postula que antes de sermos livres, ou para sermos livres, precisamos assumir que somos. Assumir que somos implica em assumir que somos seres para a morte. De maneira que aquele que não flertou com o pensamento da morte, com a iminência da morte, ainda não atingiu a autenticidade da existência. Esta não começa com o primeiro suspiro, de forma automática. A existência se inicia no primeiro desejo, na primeira vontade, na primeira frustração. Mas se plenifica, somente quando, somos movidos por um pensamento perturbador e amedrontador: “e se eu morrer amanha!!!”

Suportar o peso da morte aceitá-la rondando a existência é que nos faz atribuir sentido a vida. Faz-nos ser autoral. Faz-nos ver que morremos sozinho e que negar, fingir, mentir não tem sentido, talvez porque o único sentido da existência é ser aquilo que somos. O que somos? Quem somos? É esta descoberta que só a iminência da morte, a perda do amor nos faz procurar. E qualquer oráculo que nos retire dessa imersão na tentativa de aplacar a angustia, na tentativa de não nos remeter ao absurdo (conceito existencialista) falseia a existência.  

É nessa direção que os destemidos filósofos aqui apresentados apontaram. E o último deles pôde dizer, como que em resumo aos anteriores: “estamos condenados à liberdade.” Todavia, prefiro pensar a fatalidade da escolha pela ótica do poeta: o que pode uma criatura senão entre outras criaturas amar...

E em verdade, não podemos. Estamos condenados a amar. E no amor, o máximo de liberdade pode ser se aprisionar junto ao algoz. No amor, o ápice da escolha pode ser o que Nietzsche denominou de eterno-retorno, no caso, viver tudo de novo, outra vez, mais uma vez, porque por um segundo, por um minuto de toda angustia, de toda dor, de muito mal, a gente amou e foi amado. E isso faz tudo valer à pena, nos leva a suportar tudo de novo se por um segundo aquele instante se repetir. Absolutamente tudo, até mesmo a repetição eterna e ad infinitum dessa mesma vida.

O existencialismo assim na sua máxima: “a existência precede a essência” nos chama para a vivência da vida na sua plenitude. Não há céu, não há inferno, não há deuses nem diabos para te absolver ou te condenar. Há apenas a tua consciência diante da vida e do viver. Você dá conta?

Essa proposta nietzscheana, sartreana é para mim o convite mais belo que se fez a existência. Nunca viver foi tão bonito. Nunca a vida foi tão desesperada, já que sem Deus, como disse o outro: “tudo é permitido.” Mas nesse leque de possibilidades infinitas, quantos conseguem ser livres para amar? Para praticar o bem? Para lutar pelo justo? Para promover o belo? Por que diante dessa liberdade, escolhemos a banalização do mal? A superficialidade da vida? A maldade gratuita? A inveja deliberada? A indiferença agraciada? O egoísmo triunfante?
Em suma, porque nunca escolhemos por nós mesmos e estamos desacostumados a escolher pensando em como minha ação afeta aos demais. Para a maioria escolher é uma angustia infinita, quando não passa de um prazer estrondoso. No universo inteiro apenas o homem escolhe. Anjos e bichos têm seus destinos traçados, os primeiros pela marca do amor, que não lhes possibilita nada a não ser amar. Os segundos pelo determinismo.

Quando o arcanjo escolhe não servir aos homens como se eles fossem deuses, a alegoria mítica conta que ele despenca do céu e arrasta junto a si uma legião. Dentro dessa mesma alegoria, o papel dessa legião é atiçar os homens a escolher contra Deus. Lúcifer, o arcanjo caído, quer mostrar para Deus que cada humano é um erro, um ato de traição, um equívoco no qual não se poderia ter dado tanto poder. Mas qual poder é este perguntei ao meu irmão, arcanjo ferido e ele disse: “ a escolha”. Podem escolher onde a nós só cabia a obediência. Veja então que Lúcifer mesmo desobedecendo não pode deixar de ser, ele é ainda amor ao criador. Mesmo que esse amor se faça ódio e raiva às criaturas, ele ama o Criador e quer mostrar isso a ele. Mas essa é outra história, que me faz lembrar Zaratustra:

(...) onde no mundo se cometeu mais loucuras do que entre os compassivos? E há no mundo maior causa de sofrimentos do que as loucuras dos compassivos? Infelizes dos que amam e não tem uma altivez que paira acima da sua compaixão! Assim, falou-me um dia o diabo: - ‘Deus também tem seu inferno é seu amor pelos homens.’ E recentemente ouvi-lhe dizer esta frase: - ‘Deus morreu; matou-o a sua compaixão pelos homens’.”  (Dos Compassivos. Assim Falava Zaratustra).  

Bjs em todos. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

IMPRINGTH: a impressão da entidade no médium.




Nas trocas energéticas realizadas entre médiuns e entidades umas partes significativas das informações ficam gravadas. Quando uma entidade é incorporada pelo médium, em média, traduz-se 40%, 50% do que ele esta dizendo, mostrando, apontando. Uma parte significativa desse registro se faz palavra não dita pela entidade, explicação não alcançada pelo médium. A pergunta que lançamos é: onde fica guardado todo restante que não se faz palavra, imagem?
Isso tudo fica registrado nos porões do médium. Num pavimento, inicialmente, de acesso difícil, impossibilitando-o de acessar esses porões com consciência. No entanto, anos de convívio entre médium e entidade, leva-o a seguir pistas nas quais ele consegue chegar as portas do porão. Um dia, ele entra nesse recinto, entende os símbolos, imagens, palavras que ficam por lá e consegue fazer o caminho de ida e volta. Este é um caminho melindroso, pois alguns médiuns ficam presos dentro das entidades, passam a acreditar que são elas, que precisam ser e viver conforme elas vivem no astral, no mundo espiritual, é um engano. Mas, o ponto relevante é que de forma geral, depois que o médium aprende o caminho, sabe entrar, consegue sair, a entidade, geralmente, vai embora, porque o aprendizado e o ensinamento dela foram realizados.
Quando esta entidade vai embora, o médium a incorpora no melhor sentido do termo (seria mesmo um movimento antropofágico no maior e melhor grau de Oswald e Mario de Andrade). De tanto incorporar a entidade, a entidade passa a ser incorporada pelo médium onde um e outros estabelecem uma simbiose e unidade sutil, no qual os ensinamentos de um passam a ser realizados de outra forma e em outro grau. Aqui as matizes são muitas:
1ª: a entidade continua, mas amplia a distância. Se ela tinha que chegar até o cangote do médium para lhe transmitir informação, agora ela fica e atua no corpo mental dele, por exemplo.
2ª: a entidade diz que ele já sabe o que ele tem que fazer e fica supervisionando lá do plano astral, às vezes espiritual.
3ª: a entidade avisa, se despede e vai embora.
Quando a entidade vai embora e elas vão porque muitas delas têm o que denominamos de trabalho temporário, o médium pode utilizar uma das duas técnicas acima com consciência disso ou não. Ou pode simplesmente continuar falando que esta recebendo fulano, quando na verdade fulano já se foi. O ponto é que ela se foi, mas permanece, continua, devido ao substrato imenso que se encontra por lá disponível (Impringth).
Nesse momento é que entramos na questão de licitude. Imaginemos o seguinte. Você e seu irmão, que pode até ser gêmeo moram na mesma casa. Muitas pessoas vão até a sua casa para ver o seu irmão. Conversam com você, te acham agradável, uma pessoa interessante, mas o motivo delas estarem lá é o seu irmão. Um dia seu irmão viaja, mas você continua as recebendo como se fosse ele. Algumas estranham, mas não conseguem dizer claramente o que é. Várias chances são dadas para que você apenas diga, meu irmão viajou, mas você não diz. Isso é licito? Creio que vá da consciência de cada um, afinal os dois são irmãos e as vezes até gêmeos.
Geofrey comunicou aos shoubras que Tobias iria reencarnar e assim estava em processo de desligamento. Quisesse teria substrato o suficiente para canalizar e incorporar Tobias até 2015, 2020. Mas, sabiamente, ele deve estar aproveitando esse conhecimento de outra forma. Todavia, como teve Geofrey que teve o desprendimento e a integridade de permitir a entidade ir, muitas vezes e habitualmente não se tem a mesma coisa. Isso revela como é difícil para sensitivos, paranormais de forma geral, que fizeram sucesso devido à presença de uma entidade, aceitar e comunicar que ela foi embora.
Dar adeus a uma entidade é um processo de separação mais doloroso que vivenciei, em suma, porque você supõe que esta se separando de uma parte sua, de algo seu. O que não deixa de ser verdade, mas não é verdadeiro. Entidades que foram embora, voltaram anos depois, décadas depois, no entanto, em um grau de liberdade mais ampliado para cada um de nós. Todos nós crescemos, inclusive percebendo e encontrando uma parte imensa deles dentro de mim.

BJS em todos.