quarta-feira, 30 de maio de 2012

MARCHA DA MACONHA E MARCHA DAS VADIAS.




Nas duas últimas semanas, segmentos da sociedade brasileira resolverem caminhar, se mover, se mobilizar, reivindicar. Sem dúvida que isso é belo e importante para construção do jogo democrático, mas.... reputo complicado a marcha da maconha.

Podemos utilizar como argumentação favorável a marcha que o álcool é socialmente mais prejudicial, que o cigarro é mais nocivo, que o sucrilhos e o Big-Mac também são uma droga. Podemos utilizar pesquisas de notabilíssima relevância teórica e econômica que apontam que a liberalização das drogas, não só da maconha, acabaria com o poder do trafico, possivelmente, gerando renda para o Estado, como se dá com a própria industria do cigarro e do álcool. Todos esses e outros são argumentos, sem contar um mais precioso ainda, o corpo é do usuário e pode-se lhe  facultar o direito de drogar-se.

O contraponto é que todos esses argumentos são da esfera da individualidade, da privacidade, dos direitos individuais e como sabemos, vivemos em sociedade. Os direitos sociais são regulados pelo direito coletivo e é essa tensão e embate que alarga a respeitabilidade do individuo enquanto cidadão e da sociedade enquanto Estado Democrático. De modo que, sendo inteiramente contra a marcha, achando até que a mobilização é fútil, torpe e banal, temos que respeitar o avanço civil de nossa sociedade de conceder um direito legitimo de usuários mobilizarem-se. É uma manifestação política e de expressão legitima, que não pode ser cerceada (embora discordemos), como bem colocou o supremo. 

Não obstante, temos que enfatizar, que lutar pela legalização da maconha é tacitamente defender o tráfico, os métodos e meios utilizados por eles. Legalizar a maconha é se atrelar e unir de fato a violência crescente e galopante que toma conta do mundo todo, haja vista, México e para não irmos tão longe, qualquer cracolândia de nosso país. Não se pode e nem se deve pensar a maconha fora da indústria da violência. Ela não é uma erva natural, há muito deixou de ser, de maneira análoga que há muito a coca, perdeu seu significado cultural, assim como o Daime vem perdendo também ao ser utilizado no centro das capitais por qualquer um que pague ou deseje. De modo que o econômico colonizou, desvirtuou e corrompeu toda ingenuidade e pureza que alguns usuários querem defender. 

Na direção oposta da marcha da maconha vem a das vadias. Não pude estar ao lado delas, caminhando junto contra o discurso opressivo e opressor que não apenas legitima a violência como ainda culpabiliza de forma covarde a vítima. Esse discurso dos “conquistadores” oprime duplamente, primeiro pelo ato, depois pela legitimação ideológica da ação. Nesse aspecto avançamos pouco, em verdade, não avançamos quase nada. O crime contra o negro não é tido como pratica de racismo e sim de injuria. O crime contra os homossexuais não são vistos como homofobia e sim agressão. Os crimes contra os irmãos do candomblé e da umbanda não são encarados como religiosos. Nessa toada, como não poderia deixar de ser diferente ao valer-se dessa ótica opressora, os crimes contra as mulheres acontecem, porque elas são vadias. Pelo menos foi isso que o policial canadense expressou verbalmente, dando de certa forma voz e rosto ao que uma infinitude de homens e mulheres pensam. 


Tudo isso é um discurso covarde que retira duplamente a condição de sujeito do outro; primeiro no ato e depois ao transformar a vitima em culpada. O fato é que não compreendemos e aceitamos que a mulher ao ser estuprada é vitima, ainda quando ela estava nua em pleno clássico no Mineirão, dançando Funk até o chão. E não aceitamos a sua condição de vitima ao ser estuprada, porque não reconhecemos negros, homossexuais e mulheres como iguais a brancos, heteros e homens. Não aceitamos porque se  pode tolerar que as mulheres ocupem posição de liderança na sociedade, não aceitamos que elas se sintam ou sejam donas do próprio corpo. O corpo das mulheres é na mentalidade da maioria dos homens a primeira e definitiva propriedade privada que eles têm e possuem, literalmente até. Seguindo essas pegadas vamos em direção da violência domestica. 

Mas, quero enfocar a marcha salientando como a caminhada para a cidadania é longa e contraditória, confusa e obnubilada. Por um lado, um segmento da sociedade marcha para que seu direito de utilizar entorpecentes ilícitos seja legalizado. Por outro lado, luta-se, ridiculariza-se até para que se tenha assegurado o direito de ser respeitada independente das vestimentas, ou para além delas. Em comum entre as marchas há a relação corpo e os direitos do próprio corpo, seja de drogar-se, seja de despir-se. E é nessa simetria dada entre o escamotear-se ou se revelar, que as dimensões do desejo em nosso diálogo com o prazer se revelam. É no nível do prazer e do desejo que as marchas dialogam com a sociedade civil.  

Na primeira marcha são os usuários nos dizendo que querem introjetar no próprio corpo substâncias que lhes dão prazer. Nisso há uma liberdade que quer se afirmar individualmente em detrimento do social.  Em oposição há as mulheres que lutam coletivamente para que sejamos capazes de reconhecer a individualidade do desejo, do prazer que lhes assistem. Elas marcham para que o corpo delas seja considerado expressão do desejo delas e não de maridos, pais, filhos e menos ainda de outros homens e em hipótese alguma, de um usurpador, de um estuprador, seja este de corpo ou de almas. Em primeira e última instância, elas marcham para que seus direitos de pessoa humana sejam reconhecidos e validados individualmente. Já os usuários marcham em primeira e em última instância para que o prazer ou vicio (ilícito) deles sejam validados coletivamente, em suma querem dar baforadas de maconha em nossas caras. Quer me parecer que embora tudo seja uma marcha com conotação politica, nós enquanto sociedade temos que defender às vadias, descriminalizar o usuário e abraçar a democracia.  

Bjs e tomara que entre as marchas, apesar do nome ousado e provocativo, a das vadias aumente a cada ano, assim como o respeito as mulheres.  











domingo, 13 de maio de 2012

SEPARAÇÃO Si- para-AÇÃO.




Quando me separei, eu era um mim, sem melodia. Uma cacofonia, um sem número de cacos, de partos, de destruição. Quando eu olhava para trás, eu via apenas o ponto, ou os pontos nos quais ecoavam o maior erro da minha vida. E como eu não podia deixar de ser dramático, refletia que o relacionamento fora o maior erro de todas as minhas vidas, afinal, tristeza pouca é bobagem.

Naquele tempo toda mulher era para mim a imagem da traição. Eu corri de mulher por quase um ano. Se elas me tocassem então, eu já esperava onde seria o bote. Mulher e serpente passaram a ser sinônimo. Mulher- “a verdade é o seu dom de iludir./ Como podes querer que a mulher vai viver sem mentir...”

Ia vivendo assim até que um dia, dentro da nossa sala de mestrado, algo em mim despertou para uma jovem moça.  Algo em mim sorriu para ela. O inusitado é que era uma sala com mais de 20 mulheres. Poderia ter despertado para alguma solteira, mas apaixonei-me por uma que namorava. Na verdade, o ponto não é que ela namorava e sim que ela era fiel. Pelo menos, em relação as minhas investidas, ela manteve-se, sexualmente, fiel ao namorado dela.

O inesperado é que essa moça recuperou a minha confiança em todas as mulheres do universo, até nas adulteras, até nas filhas da prostituta. Ela salvou em mim todas as mulheres. Fico pensando que se naquele momento rolasse algo entre nós, provavelmente, eu a apedrejaria. De certa forma era como se uma parte minha quisesse me convencer de que todas as mulheres traem, mentem. E o fato de ela ter agido diferente, me ajudou a recuperar algo que me tinha sido tirado. A agradeço pelas coisas ter tomado o rumo que tomou.

Mas escrevo, porque muitas amigas separam-se. Quero falar para elas: viva o luto. Separar dói, machuca, arde, sangra, mas passa. Os dias nos quais nada tiver graça, o tempo ficar interminável: mate imageticamente o seu amado com requintes de crueldade cada vez maior. Aquele que separou, que foi traído e não matou o ser amado pelo menos de vinte formas diferente, jamais amou. Eu rio das imagens com as quais eu assassinava minha ex-esposa, porque mais tarde fui ver a carga erótica que tinha cada uma dessas cenas, a passionalidade que tinha em cada uma delas. E a cada assassinato, elas iam indo embora. Eu me esvaziava dela e me preenchia de algo que somente a separação te ensina e lhe restitui.

E a separação nos ensina a nunca mais separar-se da gente mesmo. Por isso viver o luto é bom e importante. A medida que você vive o luto uma coisa cresce novamente em você. Aqueles cacos, retalhos, fragmentos, uns são perdidos e lançados no nada. Outros colam, se ajustam, se unem e nunca mais desgruda da gente, descola de nós. São as partes que se restitui.

Outros relacionamentos vêm, mas tem uma parte nossa que já não abrimos mão e nem esperamos ou desejamos que o outro abra. Em verdade, passamos a procurar no outro não partes que não temos e nos complementaria, mas sim partes que o outro tem e não abrira mão. Muitos pensarão, é egoísmo!! Não é muito distante do egoísmo. Como ressalta Nereida em seu livro formidável, o egoísmo é você tentar ser o centro da vida do outro, ser o umbigo da vida do outro. Ser o seu próprio umbigo, reconhecer o seu próprio centro é autocentramento. E a separação te ajudar a autocentrar-se e a reconhecer um outro que igualmente saiba do seu centro. Te proporciona a não querer ser o centro de ninguém e nem aceitar que o outro seja o seu. De fato, as pessoas não chamam isso de amor, nem de relacionamento. A visão que elas têm de relacionamento é a da novela das oito, dois que são um, dois que se fundem, que se integram, que se perdem e se com-fundem.

Enfim, depois da separação passamos a ter uma parte que não deixamos mais sair ou desgrudar de nós. É uma parte nossa que a gente nunca mais abandona, nunca mais cede, nunca mais deixa sair da gente.

A separação nos proporciona sermos, ser-para- ação. Si-parAÇÃO. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Batman/Espantalho: o gás do medo



No filme Batman Begins tem uma cena, bastante ilustrativa, que me servirá de esteio ficcional para este post. É uma cena que só vim me ater na terceira vez que via o filme, nas anteriores, ela me passou completamente desapercebida. Pelo menos naquilo que eu vou explorar agora. A cena em questão se dá nas aparições do médico psiquiatra (ou será psicólogo?) Jonathan Crane. Este Dr se faz instrumento voluntário dos trabalhadores das sombras e escuridão. Na verdade, ele é o mentor intelectual da criação de um psicoativo capaz de produzir fobia nas pessoas. Inicialmente, este experimento é levado a cabo em uma população controlada, mas o objetivo é liberar o tal gás do medo em toda população de Gothan seja pela contaminação da água ou do ar. Fato é que por uma via ou por outra a pessoa entrava em um surto, em pânico.

Utilizo a ilustração do filme, porque ela é o que melhor me possibilita pensar e discutir desdobramentos de uma psicografia que realizei década passada. Estas cenas me permitem estreitar um diálogo de caráter ficcional mediante uma pergunta: e se isso fosse realmente possível?

E se de fato houvesse uma rede de cientistas, estadistas, soldados, simpatizantes que desejassem e criassem formas de alardear o pânico e o pavor nas pessoas? E se essas pessoas tivessem tecnologia suficiente para fabricar, implementar e distribuir em massa esses medicamentos? Se ao invés de desejar produzir o caos e a anomia, como se faz na linha do filme Batman, haja vista mais tarde o Coringa, desejasse uma contaminação lenta, continua, exponencial, que fosse aumentando aos poucos, que fossem dopando aos poucos, mas que nunca abandonasse o caráter salvifico da ciência, que jamais perdesse a dimensão de cura, mesmo que essa cura implicasse em efeitos colaterais danosos?

É então pensando tudo isso como ficção, sem nenhuma relação com a realidade no mundo astral ou material, que vamos dar luz ao escrevinhado abaixo. Por favor, não percam de vista de que tudo isso é apenas ficção e que qualquer relação com a realidade é mera coincidência.


Década passada, dando finalização a uma trilogia, fui levado em desdobramento para prostíbulos, alguns centros religiosos, presídios e manicômios. Numa visão linear são pontos completamente distintos e separados, sem relação aparente entre si. Afinal, o que pode haver em comum entre uma igreja e um prostíbulo? Entre esse e uma casa de magia? Mas, sobre determinado prisma da espiritualidade, todos formam e compõem um mesmo quadro, um mesmo cenário, a saber, todos estão inseridos na rede do tráfico, similar a uma divisão internacional do trabalho.



O trafico que nos referimos não é apenas o de drogas que assola o mundo como uma praga do apocalipse, mas o verdadeiro tráfico que se da no plano astral, mediante a manipulação de ectoplasma, especialmente de encarnados para desencarnados. Nessa concepção a moeda do mundo energético é o ectoplasma, a partir dele tudo é negociado, barganhado, conseguido mediante o tráfico de ectoplasma. Alguns lugares como prostíbulos o recolhe e o seleciona diretamente, outros lugares como centros de magia perniciosa, cuida, manipula e armazena. As configurações disso são assustadoras, porque o resultado final é a loucura para alguns, presídio para outros, em ambos os casos, esboça-se manifestações fragrantes de mediunidade, num sentido muito fora do controle e da posse de si mesmo.

II

É dentro dessa rede ectoplasmatica que igualmente se insere os antidepressivos e os antipsicóticos. Nunca vi a fabricação de nenhum que não fosse energeticamente idêntico a fabricação utilizada pelos alquimistas das sombras no trato das drogas. Desconheço. No mundo físico se abrirmos a caixa branca e formos ver a movimentação dessa rede, verificaremos que o dinheiro gasto na fabricação de remédios rivaliza com o das drogas. E eles (drogas e remédios) pouco têm de diferente, a não ser a legalidade para algumas, por ser um pharmaco positivo. No entanto, não me será novidade nenhuma se liberarem comprimidos de cocaína. Aliás, essa idéia quando foi pensada na década de 2000 deu origem ao que denominamos hoje de crack.

Quero apenas mostrar que dentro deste cenário de ficção, porque volto a insistir, isso não é real, nem dólar, nem coca (moeda do submundo do crime), que a lógica dos antidepressivos e antipsicóticos passam muito longe da cura. A lógica astral desta modalidade de medicação é a dopagem e o vício. E esta lógica esta contaminando sim a formação médica em grande parte do mundo. As associações entre médicos e empresas farmacêuticas num mundo psicótico seria considerado tráfico de influência, tráfico de drogas, formação de quadrilha. Neste mundo que vivemos tudo isso é ficção. Mas, há leis que estão tentando regulamentar o lob médico, isto é, o médico passa a ter o dever moral de avisar aos seus pacientes que recebe incentivo, de grandes empresas farmacêuticas todas as vezes que receita um medicamento. Nessa mesma linha de raciocínio fica notório como que o lançamento de medicamentos atrela-se a novos diagnósticos, o caso mais clássico é o do Viagra.  

De forma ainda mais assustadora, vale o registro que grande parte da indústria farmacêutica nasce, expande na primeira e segunda guerra mundial e no pós guerra. Sendo que as imagens clean desses lugares, com seus cientistas e pesquisadores vestidos de branco são idênticos, na verdade, são os mesmos locais nos quais os alquimistas das sombras manipulam suas fórmulas, com as mesmas vestimentas,  aparelhagem e instrumentalização que cada vez mais se aproximam e se afinizam. Cada vez mais o que denominávamos umbral vai se aproximando e fazendo uma faixa única no que chamamos de mundo físico.

Ainda quanto a isso, é incrível como que algumas pessoas em surto, especialmente, por falta de medicação, fazem o relato exato das imagens que são implantadas na fabricação desses medicamentos no plano astral: os dragões, os monstros, as perseguições, todo cenário de horror que a pessoa avista. Curioso que é uma avistagem que videntes não vêem, não acessam. Por que não é de algo fora, não é uma visão, ou um cenário externo, que possa ser compartilhado e acessado. É uma composição de fantasmas internos que deformam a percepção de quem esta vendo. Como se a imagem familiar, cotidiana fosse alterada, distorcida, deformada, produzindo sinapses fantasmagóricas, aterrorizantes, amedrontadoras.  De forma que a coisa não é a coisa mesma. O que esta se vendo não é o que esta se vendo- delírio, alucinação. Ambos cenários são mais facilmente produzidos em pessoas que já fizeram uso de antipsicóticos, não sei especificar como, mas eles ajudam a criar conexões neurais, sinapses que geram independente da consciência do surtado estados anímicos de pânico e pavor. O mais inusitado é que esses cenários são intrínsecos, inerentes a pessoa. Os fantasmas não vêm de fora, eles nascem de dentro, numa manipulação muito refinada do inconsciente, como que trazendo do seu mais profundo padrões pontuais de medo, raiva.

III

A imagem passada é a de um quebra-cabeça. As idéias, as emoções, os sentimentos fossem pinçados. E nesse pinçar por exemplo uma idéia fosse bloqueado todo o contexto dela. Como se eu pegasse a foto de sua casa da infância, mas bloqueasse o entendimento de que lá se foi feliz, teve alegria e até mesmo que aquela foi a sua casa. Num outro momento, eu pegaria uma outra peça desse quebra-cabeça, por exemplo uma emoção. Bloquearia essa emoção a retirando do contexto. Em determinado momento, um rosto, um cheiro, uma voz, uma imagem, uma lembrança, acionaria um estado de pavor. Não sei descrever com mais clareza e de forma mais direta o que eles fazem, mas é uma remodelagem cerebral. Eles mexem em cada neurônio e nas conexões que eles realizam. Todavia, eles sabem que esses feixes de impressões não são resultantes apenas de apelos neurais e neuroquímicos. Assim, eles fazem mais o entorpecimento dessas redes, dessas conexões. Como se eles soubessem que existe uma relação entre a vontade, a consciência dos sujeitos com o seu campo neuro-morfológico, todavia, não sabem como se dá essa passagem. Dessa maneira utilizam de mecanismos bloqueadores, porque sabem que dá certo, embora não saibam explicar como. O que dá certo? 

A separação entre o individuo e a sua consciência. Poderíamos chamar de espírito. O que quero dizer é que eles aumentam a separação e a distancia entre a alma e o corpo. Eles desligam a pessoa de sua rede de abastecimento. Se essa percepção é evidente no crack, levando muitos a os chamarem de zumbis, quero enfatizar que o mesmo desligamento, em proporção menos visível é realizada com os anti-depressivos e psicóticos. A pessoa é privada dela mesma, desconectada de suas memórias, de sua alma. As vezes o aceso só se dá e se faz mediante cenas repetitivas, imagens distorcidas que provocam culpa, ira, vergonha. É um processo sofisticado de obsessão em muitos casos. 

Assim, em nossa observação comum, física, é como se em algum nível, eles alterassem as sinapses das pessoas, que dão toda a prova e mostras de se tratar de surto e delírio. É de fato loucura. Mas, muito longe de ser algo causado subitamente e naturalmente, são loucuras artificiais. São loucuras implantadas, fabricadas e medicamentosas. A melhor ilustração visual que consigo disso é mostrada no filme Batman Begins no qual o Espantalho sopra algo na face das pessoas e elas entram num estado de terror, surto mesmo, tendo uma visão completamente distorcida da realidade. Uma sensação de pânico, de pavor, de medo, especialmente no que tange a figuras familiares. O pai, a mãe, o cônjuge, os filhos se transformam em outros seres, são eles e não são mais. A eles junta-se uma imagem monstruosa, digna de pavor que alardeia a sensação persecutória.

Mas, tudo isso é delírio mediúnico.

quinta-feira, 5 de abril de 2012


Mandalas e composições neurais





A psicologia de forma geral apresenta técnicas temporais, dimensionais, que funcionam sobremaneira em pessoas lineares. São pessoas lineares aqueles que no outro post retratamos como tendo um funcionamento cerebral sem fissuras, que conseguem ter um ordenamento seqüencial, esquematizado, causal. Entendam que a linearidade pode ser profunda (vertical), mas não deixa de ser linear. Os junguiano são profundos, mas são lineares. Realiza-se um bom trabalho com eles ajustando o tamanho da escada.
Todavia, quer me parecer que os esquizofrenicos não são lineares. Na verdade, eles trazem outras tessituras. Eles têm outras Mandalas. As aranhas deles fabricam outras redes e conexões, criam novos caminhos e parâmetros, deslocam a temporalidade e a dimensionalidade, co-criam uma outra realidade, porque as mandalas são antes de tudo um grande sistema de captação das ondas. Uma antena parabólica. De maneira que as tessituras deles são diferentes. São loucas. Tecem e rearranjam sua aparelhagem psíquica de uma forma não habitual, convencional e não estamos preparados para isso.



Hoje a gente diagnostica e cura a maioria das doenças corporais. O que a gente consegue fazer com o corpo físico é fantástico e sobrenatural. Damos uma sobrevida a milhares de seres que sem os avanços tecnológicos não seriam capazes de continuar vivendo por três segundos. Dentro dos avanços médicos temos observado a quantidade de relatos que retratam que alguns corpos físicos são diferentes dos outros, diferentes demais; não na sua forma externa e sim no funcionamento sistêmico. Os super humanos de Stan Lee têm exposto isso. Na literatura espiritualista fala-se e descreve-se crianças índigos, cristais, ressaltando e revelando que elas possuem uma nova aparelhagem genética. Ainda dentro dessa temática o ponto mais intrigante são os das Quimeras (pessoas que se caracterizam por terem em si mesmas dois DNA).
Sabemos de tudo isso, mas ainda, a psicologia de forma geral, assim como filósofos e educadores acreditam na modalidade cartesiana de mente, eles acreditam na categoria kantiana de razão e sensibilidade. Modelos que caíram com Einstein, com a relatividade. Acreditam que todos nós temos a mesma estrutura psíquica. Acreditam que a partir da demarcação de normalidade, isto é, de racionalidade definida por Kant, mais tarde apropriada por Freud podemos definir o que seja loucura, perversão e outros. Novamente, quer me parecer que esse modelo deveria ser atualizado, colocado frente a novas teorias da física que serviram de esteio ao modelo kantiano de razão e racionalidade. Faço toda essa explanação para levantar a hipótese razoável de que alguns entre nós possuem uma estrutura psíquica diferente, com um rearranjo muito diferenciado.
Se não levarmos isso em consideração vamos continuar sem entender nada da esfera psíquica, vamos continuar no caminho louco de medicar com lítio e outros antipsicóticos as pessoas, inclusive, crianças. Vamos continuar acreditando que podemos mensurar o espaço mental com uma régua e com um compasso, mensurando desvios e trazendo cérebros normais, mas com um fuincionamento diverso a um funcionamento que não é o dele, praticamente o adoecendo.
Muito da doença psíquica vem do não entendimento de que talvez a apreensão de realidade não seja tão universal quanto desejamos e queremos. Do não entendimento de que assim como temos pessoas com aptidões e corpos físicos diferenciados é uma hipótese razoável conjecturarmos que algo similar, no que tange as cognições neurais, sinápticas, na sua forma de capturar e compreender a realidade pode estar se dando com outras pessoas. Um exemplo significativo dessa hipótese pode ser dada a partir do conceito de inteligência. Por milênios acreditou-se que havia apenas um tipo de inteligência e hoje (década de 1980) Howard Gardner fala de 9 tipos, sem contar as badaladas inteligência emocional, espiritual e outras. Não podemos continuar acreditando que o espaço mental abriga apenas o que a consciência coloca e que o inconsciente pode ser traduzido por uma linguagem racional e estruturada.

Assim como Kant, o tutor filosófico deste modelo, realizou a revolução copernicana ao retirar os objetos do centro do universo e colocar o sujeito. Talvez seja hora de considerarmos a possibilidade de convertermos o consciente ao inconsciente e não o inverso. Talvez seja o momento de realizarmos a revolução einsteniana na qual pensemos não em centro e sim em centros, ou ousarmos ainda mais e realizarmos a revolução quântica, na qual a consciência seja colocada no centro do universo, o que nos forçaria a prescrutar novamente o inconsciente por um novo prisma, um novo olhar. 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Chico Anisio/Personagens



II
Sinto a falta de Chico, porque sinto falta do humor. A palavra humor me parece com húmus, humanidade. Um estado de espírito maior, um olhar maior para a vida. Algo que umedece o espírito, amplia e irriga a humanidade. O humor de hoje é carregado de indelicadeza, de aspereza, o humor de hoje quando não é uma ofensa é uma humilhação. Não tem finesse, sensibilidade. Falta no humor de hoje graça e inteligência. Porque o riso não é o mesmo que o humor. As vezes o humor prescinde da risada. O ser humano, naturalmente, ri da ofensa, da desgraça, da humilhação do outro. Mas, o humor.... o humor alegra nossa alma, desperta em nós uma consciência, uma ciência, que não tínhamos e possuíamos. O humor acende algo em nós. E aí os personagens de Chico são geniais.



Justo Verissimo: “Pobre tem que morrer. Pobre vive de teimoso.” Podem não acreditar, mas a criticidade política da minha e dos meus colegas veio desse personagem. Ali aprendíamos o olhar que a classe política, mediante os seus feitos, nos direcionava. Não era um dito entre eles, mas era um feito contra nós, que Chico ampliava e nos fazia ver.

Haroldo era o personagem que eu mais gostava: “sabia que eu te mordo, eu te mordo todinha, você sabia? Te mordo e te arranho!” Esse era um gay que agora se dizia hetero. Tinha uma “amiga” que o chamava para voltar para o reduto. Haroldo é um símbolo belíssimo, divertidíssimo. Fala dos conflitos, do dilema em assumir a homossexualidade, na busca patética em querer ser hetero para agradar a sociedade. Jean (ex BBB) na sua marcha contra a bancada religiosa da câmara federal, poderia lançar Haroldo como sendo o homossexual curado pelo poder do divino espírito santo, a pomba louca.
Estranho, que a mesma simpatia que eu tinha por este personagem, eu não tinha pelo Coalhada. Aquele jogador de futebol fracassado, alcoólatra, me perturbava, me incomodava. Mas é um símbolo recorrente. Na minha adolescência poderíamos falar de Josimar (lateral direito), hoje podemos pensar em Adriano, Jobson e tantos outros.


Jovem foi a referência discursiva minha e dos meus colegas. Jovem fez uma aproximação entre nós e nossos pais. “Pô pai, jovem é outro papo!” nos mostrava a singularidade de nosso discurso, as vezes até a baboseira e a sandice dele.


Professor Raimundo o preferido de muitos, da maioria era o espaço em que Chico manifestava sua solidariedade com antigos colegas esquecidos, novos colegas que chegariam. Tom (Canabrava) foi um que teve as portas abertas e como não poderia deixar de ser diferente, a fechou na cara de Chico. Nerso da Capetinga. Era um quadro genial.

Alberto Roberto era mais do que o Máximo. Era o excepcional. Para mim a representação do artista que se acha. Pena Luana Piovani nunca ter visto Alberto Roberto, talvez ela se situasse um pouco mais, ou melhor, um tanto menos, bem menos. Aquele ator cuja época já tinha passado, que vivia de um glamour que já não possuía mais. No entanto, tirava sarro dos próprios artistas: “novela das sete! Novela das oito!”

Alguns eu nunca entendi ou gostei, como Beto Carreiro o vampiro brasileiro que era de um sucesso estrondoso, mas que eu não achava graça.

E meses atrás quase liguei para meu filho, que gosta de imitação, gosta de humor, para ver Chico. Hoje tem o pessoal do stand up e eu fico pensando: “por favor, voltem a sentar! Façam humor sentados” Como esta cansativo esse humor sem graça, esse humor que acredita que rir é ridicularizar e caracturizar o outro. É um humor sem graça, como o humor do Pânico, do Zorra Total e tantos outros por aí. O que não significa que não tenha talento, eles só não tem graça, embora aqueles que assistem consigam rir. 

Chico Anisio


CHICO ANISIO


Quando o humorista desencarna, o céu sorri. Eu ouvia as gargalhadas no astral, era um dos seus melhores retornando. Um retorno difícil pela sensação estranha de incompletude que acompanhava o comediante. Pelo temor esquisito de ter desapontado, a quem? A ele mesmo? Ao pai? A mãe? Ao avó? Realmente não sei. Mas, havia uma vergonha esquisita, um sentimento de não ter dado conta, de não ter conseguido superar as expectativas. E o que dizer quando o maior artista da sua geração retorna a pátria espiritual com essa percepção? Como demovê-lo e levá-lo a perceber tudo o que fez?
Fico me perguntando se não foi esse temor, esse receio que o prendeu tanto tempo ao corpo. Que mesmo sendo chamado a seguir, a vir embora, ainda mantinha-se preso, agarrado, esperando alguma outra coisa que em carne não receberia mais. É difícil partir, largar, deixar para trás. Esse altruísmo e despojamento é da esfera dos espiritualistas, os artistas se prendem aos seus feitos, as suas obras. Debruçam-se sobre suas realizações e é difícil deixá-las para trás, seguir adiante, quando o que nos apresentam da morte é a sensação de perda de identidade, um vazio, um nada. E como deixar para trás não o que se fez, mas quem se foi? O desencarne dos artistas mesmo fatigados não é fácil. Primeiro, porque amam o viver, gostam da vida, dos prazeres que ela proporciona. Segundo, porque a esse temor da morte, da perda definitiva de quem se é, de quem se foi. Finalmente, aquele peso terrível da aposta de Pascal: e se não tiver nada do outro lado? Mas e se tiver? Abandonar o corpo, sair de cena para nunca mais voltar não é fácil, os pensamentos arqueiam mais que a mão de uma criança.
Mas, Chico, como todo mortal tem que partir. Como todo artista, chega uma hora que as luzes do palco se apagam, que as cortinas não abrem, que os acontecimentos passam a se dar na coxia. E aí se esta no momento mais solitário da existência. E foi nesse lugar que encontrei com Chico. É nesse lugar que eu me encontro com meus convidados, meus entrevistados. É na coxia, nesse instante em que as mascaras caíram, o novo figurino não esta pronto, que eles sentam e me contam suas impressões acerca da vida. Foi aí que Chico me falou do amor pelos seus filhos, do amor pelos seus personagens, do amor pelos seus netos. Foi lá que ele pediu perdão a duas de suas ex-esposas por motivos que não interessam. Foi onde também reviveu seus personagens, seus múltiplos eus, desdobrados em outros, que eram e não era ele.
Perguntei a pergunta que meus dois mestres sempre me orientam a fazer: viveria tudo de novo, igualmente? Valeu a pena? E ele com um sorriso lacrimejante no rosto disse SIM. E nesse sim as portas de outro palco lhe abriram. Aplausos estrondosos sacudiram os céus. A vida aplaudia Chico, seus colegas o aplaudia, e um ser risonho, me parecia menino Jesus, o colocou no colo e lhe pediu para contar aquela anedota de que ele gostava tanto.
E Chico sem entender o que ele dizia, sem saber do que ele falava, tentava dizer, que nunca teve a honra de contar anedota para o menino Jesus. Este com a sabedoria da pomba que o consagra, lhe mostrou:
“Todas as vezes que fizestes um dos seus irmãos sorri e os transformava novamente em meninos, era a mim que fazias sorrir. Todas as vezes que ensinava um menino a arte da graça, era a mim que alegrava. E as vezes sem conta que acudiu e acolheu um dos artistas esquecidos no anonimato, era a mim que acolhia. Recordas de mim agora?”
Chico ficou meio sem jeito de dizer que nunca acreditou nessas coisas, desse jeito, que nunca fez isso por este motivo, mas não importava. Aquele menino tirava dele todo peso e lhe devolvia, lhe insuflava todo amor que doou, deu, ofertou, ofereceu ao mundo. Chico o olhava e ia remoçando. O cansaço da respiração ofegante ia diminuindo. O pulmão voltava a ser de criança que nunca vira cigarro, a fala retornava a mesma articulação e os pensamentos voltavam a ficar rápidos, céleres mais até do que fora outro instante.   
E nesse momento a gente já não aplaudia e só chorava, porque a beleza do riso é uma hóstia consagrada, é uma comunhão com o universo e do universo. Aqui entre nós o orgasmo é misto de dor e alivio, em outros planos o orgasmo é uma risada, estrondosa, que cria mundos, geram e preparam seres. Chico preparou toda uma geração. Cada um dos seus personagens personificaram aspectos nossos. E como é divino aprender a rir de si mesmo. Reconhecer-se no outro e rir de si mesmo. Chico ensinou minha geração a rir. Seus personagens eram radiografias, criticas sócias, falarei um pouco daqueles que mais gostava, ainda gosto.

sábado, 17 de março de 2012

Aranha e realidade


REALIDADE e PSICOSE: Aracne e a tessitura da realidade



De fato, o psicótico perde a dimensão do que vamos denominar real. Todavia é um absurdo que no século XXI depois de Planck, Einstein, David Bohn, Welher e tantos outros, médicos, filósofos, psicólogos, psiquiatras continuem mantendo uma concepção de tempo, espaço e realidade nos moldes newtonianos. É simplesmente absurdo acreditar e conceber que todos nós estejamos vivendo o mesmo tempo e acessando ao mesmo espaço só porque estamos encarnados no planeta Terra no século XXI e compartilhamos o mesmo tempo cronológico. Os escritores reconhecem os tempos subjetivos, os físicos falam abertamente da relatividade do tempo e do espaço e alguns mais ousados de mundos parelos e outras dimensões, meditadores não apenas falam desses tempos e espaços não locais como os descreve e os freqüenta. No entanto, academicamente, ainda resiste-se a essas possibilidades e padroniza-se um conceito de realidade.

Os hindus gostam de representar o mundo físico como Maya. E uma das representações de maya são as teias de aranha. Teias que simbolizam a sutileza, a leveza da aranha que no seu ato poietico[1] fia o mundo a partir de si mesmo, a partir de suas ações. O seu viver é o seu fazer e o fazer dela é o seu próprio fiar. Nesse ato esconde-se e revela-se a força dançante de Aracne[2] que se compara a imagem de Shiva que dançando cria e destrói o universo, ou a de Isis que com seu véu esconde o seu verdadeiro ser. Essas representações míticas do universo serviram de base para Fritjof Capra escrever o seu "Tao da Física" estabelecendo um pararelo entre a física quântica e as cosmogonias orientais. De forma que tudo isso nos serve de auxilio para mergulharmos no símbolo dessa aranha tecelã que fabrica suas teias = mundo.


 Geralmente, vemos uma teia de aranha, somente, depois de termos nos embolado nela. Para avistar uma teia de aranha necessita-se da luz do sol, da atenção, da cautela.  Não são atoa que esses são alguns dos componentes da meditação, assim como a tentativa de iluminar a escuridão interna e a atenção para que perceba essa iluminação. O erro das escolas meditativas, iniciáticas e até mesmo psicológicas é que elas querem acreditar que meditar e se autoconhecer é acender um farol dentro da alma. E nada é mais distante da iluminação do que a luz solar dentro da esfera psíquica. Esse desejo é uma tentativa de racionalização, de comandar algo cujo entendimento se dá por um outro plano e dimensionalidade. No plano psíquico as coisas funcionam no escuro, por uma inteligência que não é racional, direta, sistemática, objetiva, linear, clara.
Heisenberg nos contou no seu princípio da incerteza que não é possível calcular com precisão a posição e a velocidade de um elétron ao mesmo tempo. Ou, se foca em um, ou se foca em outro. Bohr depois nos fala do princípio da complementaridade. Esses caras falaram isso no milênio passado, nas primeiras décadas do século XX. E todas essas descobertas embora sejam amplamente documentadas por meditadores ao longo da história são ignoradas e desconhecidas de psiquiatras, neurocirurgiões, psicólogos, filósofos, educadores e outros tantos. Mas, meditadores de forma geral, sabem que de forma similar ao princípio da incerteza, não se pode querer a um só tempo focar a aranha e a sua tessitura. Ou bem se avista a aranha, um processo de entrada na senda meditativa, ou bem se é tomado pelas tessituras da aranha. Sendo que a literatura fala de um momento de conexão em que não se distingue mais o eu, a aranha, suas teias e suas milhares de tapeçarias. Seria a completude. Uma completude que se dá não na mente, mas para além dela. Se faz por ela, mas não nela como querem os neurocientistas com suas sinapses neurais.
O que desejo enfocar é que quando se deseja colocar luz no inconsciente, abre-se as portas para se avistar o que já esta lá. O que esta sendo construindo e remodelado, desfeito, desmanchado a partir desse novo olhar, não pode ser avistado ao mesmo tempo. E aqui no ocidente não é avistado em tempo nenhum. Essa tapeçaria psíquica não é completamente ignorada graças a Freud e os seus, mas a observação mecânica, cartesiana dessa tapeçaria impede a visualização da multiplicidade do fazer lúdico, poético de cada esfera psíquica, de cada ser no mundo, ator de sua história. Impede que se abra a possibilidade de compreender cada estrutura psíquica como uma Mandala singular, com conexões, ilustrações, cores, formatos diversos de alguns seres para outros. Sem respeitar isso, incompreende-se o que mora tacitamente em cada processo neural, em cada caminho sináptico da consciência. Ignora-se o eu tecelão que fabrica mundos, sonhos, realidades. E a questão é que grande parte dos denominados psicóticos, especialmente, os esquizóides tem uma configuração energética de outra ordem e natureza. Parece-nos poeticamente possível, ver em cada neurônio, algo similar a um filamento das teias da aranha. Dentro dessa premissa os neurônios nas suas sinapses formariam teias, seriam teias que capturariam a realidade. Esta realidade seria apreendida pelas redes neurais, constituindo algo próximo a Mandalas. Há uma crença de que todas as mandalas psiquicas são iguais porque possuem a mesma estrutura, que Kant denominou de razão e sensibilidade. Nós defendemos há décadas a idéia de que essas estruturas não são iguais e atualmente elas teriam novos formatos, novas tessituras.


[1]A palavra arte  é uma derivação da palavra latina “ars” ou “artis”, correspondente ao verbete grego “tékne”. O filósofo Aristóteles se referia a palavra arte como “póiesis”, cujo significado era semelhante a tékne. A arte no sentido amplo significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa, sabendo que os termos tékne e póiesis se traduzem emcriação, fabricação ou produção de algo”. (Professor Lindomar. Disponivel em: http://www.infoescola.com/artes/o-que-e-arte/ acessado em 20/02/2012