domingo, 8 de julho de 2012

ACONSELHAMENTO METAFISICO: um diálogo com os pares.


Vou fazer um diálogo com os pares, mas uma pergunta vem à tona: quem é meu par? Quem são os meus pares? Médiuns? Astrólogos? Místicos? Filósofos? Professores? Afinal, quem é o meu par ou os meus pares?


A indagação inicial e a lacuna das respostas seriam suficientes para mostrar que não devo satisfação a ninguém, que deveria desenvolver meu trabalho sem ficar tentando dar explicações a quem não as pediu. Todavia..... o que percebo é que o Kélsen místico, médium precisa dar satisfação ao Kélsen filósofo, especialmente, quando os dois primeiros fazem uso de conceitos do jargão filosófico, como por exemplo, metafísico.

Sim, na cabeça do Kélsen filósofo as palavras tem domínios e usos restritos. Na concepção dele dever-se-ia pagar patente todas as vezes que se faz uso de jargões de outras áreas. Este filosofo medíocre longe de perceber a integração dos saberes, do conhecimento, ele os desenha e os delimita em usos exclusivos e reduzidos. É uma visão pobre e dentro dessa pobreza precisamos salientar para ele que a metafísica transcende a palavra, o conceito, a denominação. Metafísica é a grosso modo e de forma superficial tudo aquilo que transcende a física, que vai além dela. 
Os gregos pensavam a física como Physis, isto é, natureza. Mas não a natureza ecológica de fauna e flora. A natureza para os gregos era uma essência, um algo que a habitava, que a compunha, que fazia ela ser o que era e não outra. Os primeiros filósofos exprimiram essa physis mediante o conceito de Arché, um principio que tornava a physis ela mesma e não outra coisa. Era pela Arché que a água é água e não fogo; o fogo é fogo e não vento. O vento é vento e não cadeira. A physis assim demarcava a identidade e a contradição e no meio delas não existia nada. Será?

Talvez seja justamente nesse meio, que na lógica denomina-se terceiro excluído que registramos a existência da metafísica. Aquilo que supostamente estaria além das demarcações lógicas, das regras estabelecidas. Claro que os modernos mudaram o conceito de metafísica. É mais próximo daquilo que estou denominando agora. Mas os limites dessa classificação são os próprios avanços científicos, afinal: ver micróbios andando na pele humana é metafísica? Observar a estrutura da natureza nos seus aspectos mais básicos e elementares é metafísica? Mover as coisas sem tocá-la é metafísica? Já foi, mas não é mais. Tudo isso um dia esteve no mundo da imaginação, da fantasia, do fantasioso, do sobrenatural, da mística, mas hoje esta no mundo ordinário do cotidiano.

Para a ciência normal (Kuhn) mesmo em tempo de crises e de possível mudança paradigmática falar de outros corpos que não o físico, observar as dores, gemidos, fraturas e fissuras desses corpos energéticos e como eles ressoam no físico é tido como algo metafísico. Muito embora, não devesse ser, já que, a física quântica em seus cálculos prevê essas possibilidades. Possibilidades não menos possíveis e/ou prováveis como as de conversar com entes fora do corpo físico, ou como compreender a estrutura psíquica das pessoas. De modo que isto que hoje é META , isto é, out, fora não demora muito pode vir a ser física.

Mas, sem esperar por esse momento, embora ele já esteja aqui e se faça agora, é que falo de aconselhamento metafísico. Uma forma em que o Kélsen místico, médium, "astrólogo", "numerólogo", "tarólogo", consegue utilizar dos mais diversos instrumentos para amenizar a dor e angústia do outro. Primeiramente, num bate papo, numa interação em que a pessoa apresenta sua questão. Segundamente, por um estudo holístico da questão, tentando abordar o tema levando em consideração os mais diversos aspectos e dimensões que nós (eu e a pessoa) conseguimos alcançar. Terceiramente, mediante uma aplicação energética que busca não apenas o alinhamento dos chacras, como a integração dos mais diversos corpos sutis. E, finalmente, mediante a orientação e esclarecimento dos amigos espirituais que orientam e supervisionam o trabalho realizado. Aqui, a parte metafísica propriamente dita.

A metodologia padrão é essa, o que não significa, que a ordem dos fatores não possam ser alterados. Já o resultado tem como objetivo, no que refere a questão  do corpo emocional, amenizar e diminuir o tamanho das fraturas e fissuras internas. Já no que se refere a questão do corpo mental equalizá-lo dentro da esfera do sentir. Em tudo a busca consiste em harmonizar os corpos, diminuir as distâncias  entre os corpos auxiliando a pessoa responder mais prontamente e sem entraves à dinâmica da vida como um todo. 

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Podcast




Ola a todos,

É com muito prazer e alegria que anunciamos que os podcast da Ciranda da Consciência começam a ser disponibilizados.

A Ciranda da Consciência é um grupo de amigos de longa data, que depois de década de bons bate-papos e discussões resolveu gravar e disponibilizar as conversas para o publico. No seu primeiro movimento giratório organizamos duas palestras: a de abertura tratando do simbolismo de 2012 proferida por Gustavo Amorim, a segunda proferida por Julio Motta versando de "Iluminação Espiritual e o despertar de uma consciência não dual". Ambas foram sucesso de público, com grande qualidade, mas não conseguimos criar a terceira palestra. Descobrimos que a Ciranda também tem autonomia em seus movimentos, às vezes, ela gira para lados que não era o que desejávamos, mas acabamos sendo movidos na direção do novo movimento. 

Assim, Ciranda da Consciência é um nome sugestivo, metafórico, que sugere tudo o que gostaríamos de dizer e de certa forma fazemos, a saber, tratar a espiritualidade com menos peso, mais diversão, muita alegria, imensos sorrisos.
Nossa crença é a de que é possível tratar de assunto dessa monta (espiritualidade) sem dor e ranger de dentes.

Foi assim, que nas voltas, retornos e movimentos cirandeiros, resolvemos criar um novo formato, que é este que lhes apresentamos. Muito longe ainda do ideal e da perfeição que idealizamos, mas em condições materiais e reais de ser apreciado, criticado, visto, ouvido, curtido. 

É assim com essa alegria de quem apresenta um filho para os amigos, com um orgulho meio besta, mas genuíno, que abrimos a ciranda para novos giros. E como uma boa ciranda, estamos lhes convidando, assim como a seus amigos, a participarem da roda e vir girar, bailar e brincar conosco.  

E como toda brincadeira de roda, basta pedir licença e dar as mãos; O poeta diria: "não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."

No mais: sejam bem vindos.

Grato desde já. 


Kélsen A. 



terça-feira, 19 de junho de 2012

Por dentro da Loucura




Salve a todos,

Todos sabem, algumas pessoas sabem da minha paixão pela loucura. Eu não sei explicar o motivo, a razão, eu simplesmente gosto, amo e me apaixono por quem consegue pensar de forma diferente, por quem consegue inverter e subverter a ordem, o dito, o curso e o discurso do mundo. No fundo acho que gosto dos loucos, porque cada um deles é uma parte de mim. Mês passado e retrasado fiquei escrevendo sobre a loucura. Semana passada, estreitando um diálogo com uma alma irmã a minha, retomei a interação com a loucura.

Mas a razão desse escrito é que encontrei um blog fantástico falando da esquizofrenia. Descobri é uma forma de dizer que uma amiga me indicou o blog e que passo para vcs. 


I
Na história da ciência nos chamamos, ou classifica-se alguns autores de: a) internalistas; b) externalistas; c) construtivistas.

Os internalistas seriam aqueles que fazem a ciência mesmo, estão nos seus laboratórios construindo não apenas artefatos tecnológicos, como teorias. Eles são de forma geral cientistas que defendem o fazer científico.

Os externalistas seriam aqueles que refletem sobre o resultado da ciência feita pelos internalistas. Tentam mostrar e desvelar as conseqüências da ciência no dia-a-dia das pessoas, assim como a posição “ingênua” dos internalistas. 

Os construtivistas pensam a ciência como uma construção, uma interação que se dá entre internalistas e externalistas, mas sem tantas demarcações precisas e rígidas como ambas arvoram.

Uso essa classificação para situar minha briga com psiquiatras, antropólogos, psicólogos: é de que eles são "externalistas", isto é, eles falam da doença mental de fora dela. Eles falam de outras culturas, sem pertencer a elas. Psicólogos, psiquiatras não sabem o que acontece dentro da mente, ou melhor, sabem, mas não sabem. Sabem como os médicos sabem do infarto, mas nunca tiveram um, ou do cálculo renal, ou da miopia. É um outro saber. É um saber sem sentir, é um saber teórico, mas que fica faltando a vivência. De modo que pode-se saber muito mais, no entanto, sabe-se menos e não deveriam ter a prepotência e arrogância de invalidar outros discursos. 


O estranho então é que se na ciência o discurso dos externalistas é ignorado quase que completamente pelos internalistas; ignorado no sentido de eles não alterarem o fazer e o refletir dele devido ao que foi dito, interpretado, não dito. No que tange a saúde de forma geral, e especialmente a saúde mental, os externalistas- médicos, psicólogos, psiquiatras- interditam, desqualificam e invalidam o discurso dos internalistas. Os esquizofrênicos,  são completamente ignorados , desqualificados. 


E é nessa especificidade que quero mencionar o blog do rapaz. O blog dele é super interessante, porque ele é um internalista falando do seu processo por um mecanismo que é compartilhado pelos externalistas- a linguagem. Ele utiliza a gramática médica, psicológica para falar daquilo que ele capta, sente, vê, percebe. Ele mais do que narrar, quase que nos coloca dentro do espaço mental dos portadores de esquizofrenia. É um belo endereço para que a gente consiga compreender melhor o que eles sentem, como percebem, o que entendem dos seus processos e como ele é difícil e doloroso. Além do que nos fornece a contribuição de inspirar e ensejar outros de seguirem o mesmo caminho, isto é, de começarem a dar voz as suas vozes e minimizar a fala de terceiros acerca dos seus estados mentais primários, internos, subjetivos. É uma tendencia a ser seguida e especialmente, seguida por outros portadores.

Dêem uma olhada no blog do rapaz. Abraços em todos.  


quarta-feira, 30 de maio de 2012

MARCHA DA MACONHA E MARCHA DAS VADIAS.




Nas duas últimas semanas, segmentos da sociedade brasileira resolverem caminhar, se mover, se mobilizar, reivindicar. Sem dúvida que isso é belo e importante para construção do jogo democrático, mas.... reputo complicado a marcha da maconha.

Podemos utilizar como argumentação favorável a marcha que o álcool é socialmente mais prejudicial, que o cigarro é mais nocivo, que o sucrilhos e o Big-Mac também são uma droga. Podemos utilizar pesquisas de notabilíssima relevância teórica e econômica que apontam que a liberalização das drogas, não só da maconha, acabaria com o poder do trafico, possivelmente, gerando renda para o Estado, como se dá com a própria industria do cigarro e do álcool. Todos esses e outros são argumentos, sem contar um mais precioso ainda, o corpo é do usuário e pode-se lhe  facultar o direito de drogar-se.

O contraponto é que todos esses argumentos são da esfera da individualidade, da privacidade, dos direitos individuais e como sabemos, vivemos em sociedade. Os direitos sociais são regulados pelo direito coletivo e é essa tensão e embate que alarga a respeitabilidade do individuo enquanto cidadão e da sociedade enquanto Estado Democrático. De modo que, sendo inteiramente contra a marcha, achando até que a mobilização é fútil, torpe e banal, temos que respeitar o avanço civil de nossa sociedade de conceder um direito legitimo de usuários mobilizarem-se. É uma manifestação política e de expressão legitima, que não pode ser cerceada (embora discordemos), como bem colocou o supremo. 

Não obstante, temos que enfatizar, que lutar pela legalização da maconha é tacitamente defender o tráfico, os métodos e meios utilizados por eles. Legalizar a maconha é se atrelar e unir de fato a violência crescente e galopante que toma conta do mundo todo, haja vista, México e para não irmos tão longe, qualquer cracolândia de nosso país. Não se pode e nem se deve pensar a maconha fora da indústria da violência. Ela não é uma erva natural, há muito deixou de ser, de maneira análoga que há muito a coca, perdeu seu significado cultural, assim como o Daime vem perdendo também ao ser utilizado no centro das capitais por qualquer um que pague ou deseje. De modo que o econômico colonizou, desvirtuou e corrompeu toda ingenuidade e pureza que alguns usuários querem defender. 

Na direção oposta da marcha da maconha vem a das vadias. Não pude estar ao lado delas, caminhando junto contra o discurso opressivo e opressor que não apenas legitima a violência como ainda culpabiliza de forma covarde a vítima. Esse discurso dos “conquistadores” oprime duplamente, primeiro pelo ato, depois pela legitimação ideológica da ação. Nesse aspecto avançamos pouco, em verdade, não avançamos quase nada. O crime contra o negro não é tido como pratica de racismo e sim de injuria. O crime contra os homossexuais não são vistos como homofobia e sim agressão. Os crimes contra os irmãos do candomblé e da umbanda não são encarados como religiosos. Nessa toada, como não poderia deixar de ser diferente ao valer-se dessa ótica opressora, os crimes contra as mulheres acontecem, porque elas são vadias. Pelo menos foi isso que o policial canadense expressou verbalmente, dando de certa forma voz e rosto ao que uma infinitude de homens e mulheres pensam. 


Tudo isso é um discurso covarde que retira duplamente a condição de sujeito do outro; primeiro no ato e depois ao transformar a vitima em culpada. O fato é que não compreendemos e aceitamos que a mulher ao ser estuprada é vitima, ainda quando ela estava nua em pleno clássico no Mineirão, dançando Funk até o chão. E não aceitamos a sua condição de vitima ao ser estuprada, porque não reconhecemos negros, homossexuais e mulheres como iguais a brancos, heteros e homens. Não aceitamos porque se  pode tolerar que as mulheres ocupem posição de liderança na sociedade, não aceitamos que elas se sintam ou sejam donas do próprio corpo. O corpo das mulheres é na mentalidade da maioria dos homens a primeira e definitiva propriedade privada que eles têm e possuem, literalmente até. Seguindo essas pegadas vamos em direção da violência domestica. 

Mas, quero enfocar a marcha salientando como a caminhada para a cidadania é longa e contraditória, confusa e obnubilada. Por um lado, um segmento da sociedade marcha para que seu direito de utilizar entorpecentes ilícitos seja legalizado. Por outro lado, luta-se, ridiculariza-se até para que se tenha assegurado o direito de ser respeitada independente das vestimentas, ou para além delas. Em comum entre as marchas há a relação corpo e os direitos do próprio corpo, seja de drogar-se, seja de despir-se. E é nessa simetria dada entre o escamotear-se ou se revelar, que as dimensões do desejo em nosso diálogo com o prazer se revelam. É no nível do prazer e do desejo que as marchas dialogam com a sociedade civil.  

Na primeira marcha são os usuários nos dizendo que querem introjetar no próprio corpo substâncias que lhes dão prazer. Nisso há uma liberdade que quer se afirmar individualmente em detrimento do social.  Em oposição há as mulheres que lutam coletivamente para que sejamos capazes de reconhecer a individualidade do desejo, do prazer que lhes assistem. Elas marcham para que o corpo delas seja considerado expressão do desejo delas e não de maridos, pais, filhos e menos ainda de outros homens e em hipótese alguma, de um usurpador, de um estuprador, seja este de corpo ou de almas. Em primeira e última instância, elas marcham para que seus direitos de pessoa humana sejam reconhecidos e validados individualmente. Já os usuários marcham em primeira e em última instância para que o prazer ou vicio (ilícito) deles sejam validados coletivamente, em suma querem dar baforadas de maconha em nossas caras. Quer me parecer que embora tudo seja uma marcha com conotação politica, nós enquanto sociedade temos que defender às vadias, descriminalizar o usuário e abraçar a democracia.  

Bjs e tomara que entre as marchas, apesar do nome ousado e provocativo, a das vadias aumente a cada ano, assim como o respeito as mulheres.  











domingo, 13 de maio de 2012

SEPARAÇÃO Si- para-AÇÃO.




Quando me separei, eu era um mim, sem melodia. Uma cacofonia, um sem número de cacos, de partos, de destruição. Quando eu olhava para trás, eu via apenas o ponto, ou os pontos nos quais ecoavam o maior erro da minha vida. E como eu não podia deixar de ser dramático, refletia que o relacionamento fora o maior erro de todas as minhas vidas, afinal, tristeza pouca é bobagem.

Naquele tempo toda mulher era para mim a imagem da traição. Eu corri de mulher por quase um ano. Se elas me tocassem então, eu já esperava onde seria o bote. Mulher e serpente passaram a ser sinônimo. Mulher- “a verdade é o seu dom de iludir./ Como podes querer que a mulher vai viver sem mentir...”

Ia vivendo assim até que um dia, dentro da nossa sala de mestrado, algo em mim despertou para uma jovem moça.  Algo em mim sorriu para ela. O inusitado é que era uma sala com mais de 20 mulheres. Poderia ter despertado para alguma solteira, mas apaixonei-me por uma que namorava. Na verdade, o ponto não é que ela namorava e sim que ela era fiel. Pelo menos, em relação as minhas investidas, ela manteve-se, sexualmente, fiel ao namorado dela.

O inesperado é que essa moça recuperou a minha confiança em todas as mulheres do universo, até nas adulteras, até nas filhas da prostituta. Ela salvou em mim todas as mulheres. Fico pensando que se naquele momento rolasse algo entre nós, provavelmente, eu a apedrejaria. De certa forma era como se uma parte minha quisesse me convencer de que todas as mulheres traem, mentem. E o fato de ela ter agido diferente, me ajudou a recuperar algo que me tinha sido tirado. A agradeço pelas coisas ter tomado o rumo que tomou.

Mas escrevo, porque muitas amigas separam-se. Quero falar para elas: viva o luto. Separar dói, machuca, arde, sangra, mas passa. Os dias nos quais nada tiver graça, o tempo ficar interminável: mate imageticamente o seu amado com requintes de crueldade cada vez maior. Aquele que separou, que foi traído e não matou o ser amado pelo menos de vinte formas diferente, jamais amou. Eu rio das imagens com as quais eu assassinava minha ex-esposa, porque mais tarde fui ver a carga erótica que tinha cada uma dessas cenas, a passionalidade que tinha em cada uma delas. E a cada assassinato, elas iam indo embora. Eu me esvaziava dela e me preenchia de algo que somente a separação te ensina e lhe restitui.

E a separação nos ensina a nunca mais separar-se da gente mesmo. Por isso viver o luto é bom e importante. A medida que você vive o luto uma coisa cresce novamente em você. Aqueles cacos, retalhos, fragmentos, uns são perdidos e lançados no nada. Outros colam, se ajustam, se unem e nunca mais desgruda da gente, descola de nós. São as partes que se restitui.

Outros relacionamentos vêm, mas tem uma parte nossa que já não abrimos mão e nem esperamos ou desejamos que o outro abra. Em verdade, passamos a procurar no outro não partes que não temos e nos complementaria, mas sim partes que o outro tem e não abrira mão. Muitos pensarão, é egoísmo!! Não é muito distante do egoísmo. Como ressalta Nereida em seu livro formidável, o egoísmo é você tentar ser o centro da vida do outro, ser o umbigo da vida do outro. Ser o seu próprio umbigo, reconhecer o seu próprio centro é autocentramento. E a separação te ajudar a autocentrar-se e a reconhecer um outro que igualmente saiba do seu centro. Te proporciona a não querer ser o centro de ninguém e nem aceitar que o outro seja o seu. De fato, as pessoas não chamam isso de amor, nem de relacionamento. A visão que elas têm de relacionamento é a da novela das oito, dois que são um, dois que se fundem, que se integram, que se perdem e se com-fundem.

Enfim, depois da separação passamos a ter uma parte que não deixamos mais sair ou desgrudar de nós. É uma parte nossa que a gente nunca mais abandona, nunca mais cede, nunca mais deixa sair da gente.

A separação nos proporciona sermos, ser-para- ação. Si-parAÇÃO. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Batman/Espantalho: o gás do medo



No filme Batman Begins tem uma cena, bastante ilustrativa, que me servirá de esteio ficcional para este post. É uma cena que só vim me ater na terceira vez que via o filme, nas anteriores, ela me passou completamente desapercebida. Pelo menos naquilo que eu vou explorar agora. A cena em questão se dá nas aparições do médico psiquiatra (ou será psicólogo?) Jonathan Crane. Este Dr se faz instrumento voluntário dos trabalhadores das sombras e escuridão. Na verdade, ele é o mentor intelectual da criação de um psicoativo capaz de produzir fobia nas pessoas. Inicialmente, este experimento é levado a cabo em uma população controlada, mas o objetivo é liberar o tal gás do medo em toda população de Gothan seja pela contaminação da água ou do ar. Fato é que por uma via ou por outra a pessoa entrava em um surto, em pânico.

Utilizo a ilustração do filme, porque ela é o que melhor me possibilita pensar e discutir desdobramentos de uma psicografia que realizei década passada. Estas cenas me permitem estreitar um diálogo de caráter ficcional mediante uma pergunta: e se isso fosse realmente possível?

E se de fato houvesse uma rede de cientistas, estadistas, soldados, simpatizantes que desejassem e criassem formas de alardear o pânico e o pavor nas pessoas? E se essas pessoas tivessem tecnologia suficiente para fabricar, implementar e distribuir em massa esses medicamentos? Se ao invés de desejar produzir o caos e a anomia, como se faz na linha do filme Batman, haja vista mais tarde o Coringa, desejasse uma contaminação lenta, continua, exponencial, que fosse aumentando aos poucos, que fossem dopando aos poucos, mas que nunca abandonasse o caráter salvifico da ciência, que jamais perdesse a dimensão de cura, mesmo que essa cura implicasse em efeitos colaterais danosos?

É então pensando tudo isso como ficção, sem nenhuma relação com a realidade no mundo astral ou material, que vamos dar luz ao escrevinhado abaixo. Por favor, não percam de vista de que tudo isso é apenas ficção e que qualquer relação com a realidade é mera coincidência.


Década passada, dando finalização a uma trilogia, fui levado em desdobramento para prostíbulos, alguns centros religiosos, presídios e manicômios. Numa visão linear são pontos completamente distintos e separados, sem relação aparente entre si. Afinal, o que pode haver em comum entre uma igreja e um prostíbulo? Entre esse e uma casa de magia? Mas, sobre determinado prisma da espiritualidade, todos formam e compõem um mesmo quadro, um mesmo cenário, a saber, todos estão inseridos na rede do tráfico, similar a uma divisão internacional do trabalho.



O trafico que nos referimos não é apenas o de drogas que assola o mundo como uma praga do apocalipse, mas o verdadeiro tráfico que se da no plano astral, mediante a manipulação de ectoplasma, especialmente de encarnados para desencarnados. Nessa concepção a moeda do mundo energético é o ectoplasma, a partir dele tudo é negociado, barganhado, conseguido mediante o tráfico de ectoplasma. Alguns lugares como prostíbulos o recolhe e o seleciona diretamente, outros lugares como centros de magia perniciosa, cuida, manipula e armazena. As configurações disso são assustadoras, porque o resultado final é a loucura para alguns, presídio para outros, em ambos os casos, esboça-se manifestações fragrantes de mediunidade, num sentido muito fora do controle e da posse de si mesmo.

II

É dentro dessa rede ectoplasmatica que igualmente se insere os antidepressivos e os antipsicóticos. Nunca vi a fabricação de nenhum que não fosse energeticamente idêntico a fabricação utilizada pelos alquimistas das sombras no trato das drogas. Desconheço. No mundo físico se abrirmos a caixa branca e formos ver a movimentação dessa rede, verificaremos que o dinheiro gasto na fabricação de remédios rivaliza com o das drogas. E eles (drogas e remédios) pouco têm de diferente, a não ser a legalidade para algumas, por ser um pharmaco positivo. No entanto, não me será novidade nenhuma se liberarem comprimidos de cocaína. Aliás, essa idéia quando foi pensada na década de 2000 deu origem ao que denominamos hoje de crack.

Quero apenas mostrar que dentro deste cenário de ficção, porque volto a insistir, isso não é real, nem dólar, nem coca (moeda do submundo do crime), que a lógica dos antidepressivos e antipsicóticos passam muito longe da cura. A lógica astral desta modalidade de medicação é a dopagem e o vício. E esta lógica esta contaminando sim a formação médica em grande parte do mundo. As associações entre médicos e empresas farmacêuticas num mundo psicótico seria considerado tráfico de influência, tráfico de drogas, formação de quadrilha. Neste mundo que vivemos tudo isso é ficção. Mas, há leis que estão tentando regulamentar o lob médico, isto é, o médico passa a ter o dever moral de avisar aos seus pacientes que recebe incentivo, de grandes empresas farmacêuticas todas as vezes que receita um medicamento. Nessa mesma linha de raciocínio fica notório como que o lançamento de medicamentos atrela-se a novos diagnósticos, o caso mais clássico é o do Viagra.  

De forma ainda mais assustadora, vale o registro que grande parte da indústria farmacêutica nasce, expande na primeira e segunda guerra mundial e no pós guerra. Sendo que as imagens clean desses lugares, com seus cientistas e pesquisadores vestidos de branco são idênticos, na verdade, são os mesmos locais nos quais os alquimistas das sombras manipulam suas fórmulas, com as mesmas vestimentas,  aparelhagem e instrumentalização que cada vez mais se aproximam e se afinizam. Cada vez mais o que denominávamos umbral vai se aproximando e fazendo uma faixa única no que chamamos de mundo físico.

Ainda quanto a isso, é incrível como que algumas pessoas em surto, especialmente, por falta de medicação, fazem o relato exato das imagens que são implantadas na fabricação desses medicamentos no plano astral: os dragões, os monstros, as perseguições, todo cenário de horror que a pessoa avista. Curioso que é uma avistagem que videntes não vêem, não acessam. Por que não é de algo fora, não é uma visão, ou um cenário externo, que possa ser compartilhado e acessado. É uma composição de fantasmas internos que deformam a percepção de quem esta vendo. Como se a imagem familiar, cotidiana fosse alterada, distorcida, deformada, produzindo sinapses fantasmagóricas, aterrorizantes, amedrontadoras.  De forma que a coisa não é a coisa mesma. O que esta se vendo não é o que esta se vendo- delírio, alucinação. Ambos cenários são mais facilmente produzidos em pessoas que já fizeram uso de antipsicóticos, não sei especificar como, mas eles ajudam a criar conexões neurais, sinapses que geram independente da consciência do surtado estados anímicos de pânico e pavor. O mais inusitado é que esses cenários são intrínsecos, inerentes a pessoa. Os fantasmas não vêm de fora, eles nascem de dentro, numa manipulação muito refinada do inconsciente, como que trazendo do seu mais profundo padrões pontuais de medo, raiva.

III

A imagem passada é a de um quebra-cabeça. As idéias, as emoções, os sentimentos fossem pinçados. E nesse pinçar por exemplo uma idéia fosse bloqueado todo o contexto dela. Como se eu pegasse a foto de sua casa da infância, mas bloqueasse o entendimento de que lá se foi feliz, teve alegria e até mesmo que aquela foi a sua casa. Num outro momento, eu pegaria uma outra peça desse quebra-cabeça, por exemplo uma emoção. Bloquearia essa emoção a retirando do contexto. Em determinado momento, um rosto, um cheiro, uma voz, uma imagem, uma lembrança, acionaria um estado de pavor. Não sei descrever com mais clareza e de forma mais direta o que eles fazem, mas é uma remodelagem cerebral. Eles mexem em cada neurônio e nas conexões que eles realizam. Todavia, eles sabem que esses feixes de impressões não são resultantes apenas de apelos neurais e neuroquímicos. Assim, eles fazem mais o entorpecimento dessas redes, dessas conexões. Como se eles soubessem que existe uma relação entre a vontade, a consciência dos sujeitos com o seu campo neuro-morfológico, todavia, não sabem como se dá essa passagem. Dessa maneira utilizam de mecanismos bloqueadores, porque sabem que dá certo, embora não saibam explicar como. O que dá certo? 

A separação entre o individuo e a sua consciência. Poderíamos chamar de espírito. O que quero dizer é que eles aumentam a separação e a distancia entre a alma e o corpo. Eles desligam a pessoa de sua rede de abastecimento. Se essa percepção é evidente no crack, levando muitos a os chamarem de zumbis, quero enfatizar que o mesmo desligamento, em proporção menos visível é realizada com os anti-depressivos e psicóticos. A pessoa é privada dela mesma, desconectada de suas memórias, de sua alma. As vezes o aceso só se dá e se faz mediante cenas repetitivas, imagens distorcidas que provocam culpa, ira, vergonha. É um processo sofisticado de obsessão em muitos casos. 

Assim, em nossa observação comum, física, é como se em algum nível, eles alterassem as sinapses das pessoas, que dão toda a prova e mostras de se tratar de surto e delírio. É de fato loucura. Mas, muito longe de ser algo causado subitamente e naturalmente, são loucuras artificiais. São loucuras implantadas, fabricadas e medicamentosas. A melhor ilustração visual que consigo disso é mostrada no filme Batman Begins no qual o Espantalho sopra algo na face das pessoas e elas entram num estado de terror, surto mesmo, tendo uma visão completamente distorcida da realidade. Uma sensação de pânico, de pavor, de medo, especialmente no que tange a figuras familiares. O pai, a mãe, o cônjuge, os filhos se transformam em outros seres, são eles e não são mais. A eles junta-se uma imagem monstruosa, digna de pavor que alardeia a sensação persecutória.

Mas, tudo isso é delírio mediúnico.

quinta-feira, 5 de abril de 2012


Mandalas e composições neurais





A psicologia de forma geral apresenta técnicas temporais, dimensionais, que funcionam sobremaneira em pessoas lineares. São pessoas lineares aqueles que no outro post retratamos como tendo um funcionamento cerebral sem fissuras, que conseguem ter um ordenamento seqüencial, esquematizado, causal. Entendam que a linearidade pode ser profunda (vertical), mas não deixa de ser linear. Os junguiano são profundos, mas são lineares. Realiza-se um bom trabalho com eles ajustando o tamanho da escada.
Todavia, quer me parecer que os esquizofrenicos não são lineares. Na verdade, eles trazem outras tessituras. Eles têm outras Mandalas. As aranhas deles fabricam outras redes e conexões, criam novos caminhos e parâmetros, deslocam a temporalidade e a dimensionalidade, co-criam uma outra realidade, porque as mandalas são antes de tudo um grande sistema de captação das ondas. Uma antena parabólica. De maneira que as tessituras deles são diferentes. São loucas. Tecem e rearranjam sua aparelhagem psíquica de uma forma não habitual, convencional e não estamos preparados para isso.



Hoje a gente diagnostica e cura a maioria das doenças corporais. O que a gente consegue fazer com o corpo físico é fantástico e sobrenatural. Damos uma sobrevida a milhares de seres que sem os avanços tecnológicos não seriam capazes de continuar vivendo por três segundos. Dentro dos avanços médicos temos observado a quantidade de relatos que retratam que alguns corpos físicos são diferentes dos outros, diferentes demais; não na sua forma externa e sim no funcionamento sistêmico. Os super humanos de Stan Lee têm exposto isso. Na literatura espiritualista fala-se e descreve-se crianças índigos, cristais, ressaltando e revelando que elas possuem uma nova aparelhagem genética. Ainda dentro dessa temática o ponto mais intrigante são os das Quimeras (pessoas que se caracterizam por terem em si mesmas dois DNA).
Sabemos de tudo isso, mas ainda, a psicologia de forma geral, assim como filósofos e educadores acreditam na modalidade cartesiana de mente, eles acreditam na categoria kantiana de razão e sensibilidade. Modelos que caíram com Einstein, com a relatividade. Acreditam que todos nós temos a mesma estrutura psíquica. Acreditam que a partir da demarcação de normalidade, isto é, de racionalidade definida por Kant, mais tarde apropriada por Freud podemos definir o que seja loucura, perversão e outros. Novamente, quer me parecer que esse modelo deveria ser atualizado, colocado frente a novas teorias da física que serviram de esteio ao modelo kantiano de razão e racionalidade. Faço toda essa explanação para levantar a hipótese razoável de que alguns entre nós possuem uma estrutura psíquica diferente, com um rearranjo muito diferenciado.
Se não levarmos isso em consideração vamos continuar sem entender nada da esfera psíquica, vamos continuar no caminho louco de medicar com lítio e outros antipsicóticos as pessoas, inclusive, crianças. Vamos continuar acreditando que podemos mensurar o espaço mental com uma régua e com um compasso, mensurando desvios e trazendo cérebros normais, mas com um fuincionamento diverso a um funcionamento que não é o dele, praticamente o adoecendo.
Muito da doença psíquica vem do não entendimento de que talvez a apreensão de realidade não seja tão universal quanto desejamos e queremos. Do não entendimento de que assim como temos pessoas com aptidões e corpos físicos diferenciados é uma hipótese razoável conjecturarmos que algo similar, no que tange as cognições neurais, sinápticas, na sua forma de capturar e compreender a realidade pode estar se dando com outras pessoas. Um exemplo significativo dessa hipótese pode ser dada a partir do conceito de inteligência. Por milênios acreditou-se que havia apenas um tipo de inteligência e hoje (década de 1980) Howard Gardner fala de 9 tipos, sem contar as badaladas inteligência emocional, espiritual e outras. Não podemos continuar acreditando que o espaço mental abriga apenas o que a consciência coloca e que o inconsciente pode ser traduzido por uma linguagem racional e estruturada.

Assim como Kant, o tutor filosófico deste modelo, realizou a revolução copernicana ao retirar os objetos do centro do universo e colocar o sujeito. Talvez seja hora de considerarmos a possibilidade de convertermos o consciente ao inconsciente e não o inverso. Talvez seja o momento de realizarmos a revolução einsteniana na qual pensemos não em centro e sim em centros, ou ousarmos ainda mais e realizarmos a revolução quântica, na qual a consciência seja colocada no centro do universo, o que nos forçaria a prescrutar novamente o inconsciente por um novo prisma, um novo olhar.