quarta-feira, 29 de agosto de 2012


SUPER-CLÁSSICO


É triste o jogo de uma torcida só. Na verdade, a partida de futebol que priva a outra equipe de ter ao seu lado um torcedor na arquibancada com radinho de pilha cria outra coisa- o anti-jogo, o anti-futebol.
Todos sabem que o campo de futebol é uma arena no melhor sentido grego, isto é, palco das tragédias. Encenação dos sentimentos e emoções humanas. São 90 minutos em que se joga não uma partida e sim a própria vida, a própria morte. Os jogadores não são mais seres humanos e sim deuses e semideuses que conduzirão os seus a vitória, ao triunfo. É épico, é uma epopéia. Quem não se recorda da batalha dos Aflitos? Quem não se recorda de Reinaldo calando o Maracana? É algo para sempre.
Minas fez e continua a fazer o que não há precedente na tragédia universal: restringir o acesso a batalha para apenas um dos lados do combate. Alegam motivo de segurança. Mas, ontem deram atestado de incompetência publica. A incompetência não estava no fato de se arremessar copos, celular, pipoca para dentro do campo, mas em colocar em risco toda delegação de uma equipe, toda comissão de arbitragem. O que o Ministério Público e a Policia Militar do Estado de Minas disseram ontem e vem dizendo há dois anos é que o futebol é uma guerra. Como salientei anteriormente, eles vem incentivando a um grupo de delinqüentes, de perturbados, que todo o mundo é uma arena e que todo aquele que se opõe ao rival é inimigo que deve ser morto.
A PM vem acreditando que pode impedir um sujeito de arremessar um copo em direção ao arbitro, uma pedra em direção ao ônibus, um tiro em direção a um transeunte com a camisa rival. E, simplesmente, não podem. E esta é a incompetência e irresponsabilidade maior, não admitir isso de forma clara. Não admitir que a única forma de se dar segurança é contando com a submissão voluntária de muitos, com a obediência civil. Sem ela não há segurança publica. Se os sujeitos quiserem se sublevar o Estado não resiste. Assim, o que cabe a segurança pública é imputar e responsabilizar os culpados de agressões, seja a da injuria qualificada, seja a do homicídio doloso. Impedir, restringir o acesso a partidas de futebol ou outros eventos daqueles que reconhecidamente não conseguem se comportar de outra forma.

Retomo a argumentação de que o futebol no mundo inteiro é a arena popular. É o palco das grandes encenações. Traz junto a si o caráter da mimese (repetição) e da catarse. Cada tordedor vai a campo na expectativa de que as coisas se repitam, isto é, que seu time vença mais uma vez, como de costume, como era desde sempre. O adversário vai à expectativa de que hoje será diferente, hoje uma nova estória começa a ser contada e desenhada. O que todos sabem é que novos heróis vão surgir, eternos heróis serão ressuscitados, vilões surgirão. Essa beleza não pode estar restrita apenas a um lado dos torcedores.  É covardia: contra aqueles que torcem, contra aqueles que jogam, contra aqueles que apitam e até mesmo contra aqueles que trabalham para dar segurança. Desequilibra o fiel da balança. Intensifica um momento cuja tensão é peculiar e intrínseco e diga-se de passagem, perder ou retirar isso representa o final do futebol, a retirada do seu caráter mágico. O que necessitamos é deixar cada vez mais claro que o foco das batalhas, das tensões, distensões se dão no gramado, na correria de onze contra onze, com regras claras e definidas. É lá que cada jogador se faz personagem de um gladio, de uma arena. Lá ele representa não apenas um homem e sim toda uma nação. Nós meros mortais roemos os dedos, os dentes, nos apertamos, nos abraçamos, rimos, choramos e ao final voltamos para casa com um sorriso nos lábios, ou uma lágrima perdida no olhar. 
No final nos preparamos para que a outra cena, no próximo jogo seja melhor. Mas não deveríamos perder de vista que no término disso, nos cabe abraçar o companheiro de arquibancada. No final do jogo, acabou a encenação e retomamos a vida normal em que atleticanos e cruzeirenses co-habitam o mesmo espaço, dormem sobre o mesmo teto. 


Torcida Única


SUPER-CLÁSSICO: uma semana antes.


Aqui em Minas costuma-se dizer que o super-clássico começa uma semana antes e termina uma semana depois. Com este não foi diferente. Na semana que antecedia o super-clássico discutiu-se sobre segurança. Durante o jogo ficou notório que se quisermos falar de segurança temos que pensar em minimizar os ânimos da disputa, isto é, desconstruir o cenário de guerra, estimular a ida da família, policiar e restringir o acesso dos delinquentes que querem bater, apanhar e batem em qualquer um, brigam com qualquer um. Temos que começar a deixar cada vez mais claro que este sujeito não é torcedor, ou melhor, ele é, mas não podemos privar milhares de outras pessoas de ir ao estádio por causa de uma centena desses caras de ambos os lados.

E é essa política publica que nunca vou entender. Quando escutamos falar da violência no estádio pensa-se que todo torcedor é um meliante que vai ao jogo pronto para matar o rival e isso esta muito longe da verdade. Nos antigos super-clássicos era mais do que comum caravanas de cidades do interior vir com atleticanos e cruzeirenses juntos, sentados lado a lado. Igualmente comum de sair do mesmo bairro atleticanos e cruzeirenses. Sem contar de marido e esposa, pai e filhos. É um absurdo colocar a minoria dos torcedores como totalidade da baderna, da confusão. O que há em comum nisso é que a policia em Minas nunca conseguiu diferenciar os meliantes, os arruaceiros dos torcedores, em regra geral, deitava o cacete em todos. Organizava filas jogando cavalo para cima de todos. A PM nunca soube distinguir. E eu que morei nas imediações do Independência, recordo de colegas dizendo, logo que a Galoucura e a Máfia Azul ganharam expressão, que os policiais do choque cantavam: “eu vou, vou dar porrada eu vou, e ninguém vai me segurar nem a galoucura.” Isso em caso de jogos do galo e nos do cruzeiro os da máfia.

E o que me chateia em tudo isso é que sou torcedor do Galo. Torço para o atlético. Meu rival é o cruzeiro. Minha geração cresceu assim. Hoje uma parte significativa não torce para o time, eles torcem para a torcida organizada. E para eles o futebol é outra coisa. O jogo é outra coisa. É um equivoco antropológico, sociológico, filosófico, denominá-los torcedores, porque não estamos falando da mesma coisa. Não pode nos confundir com eles.

O cara que torce para torcida organizada tem que provar que a dele é melhor, é maior. E a prova disso se dá mesmo no tapa, nos embates, cada vez mais agressivos e com uso agora de armas de fogo. Isso deveria ser tratado como milícia. Eles batem até em torcedores do seu clube. Eles chutam mulheres grávidas. Eles são possessos de ódio. Esses caras não podem ir não apenas ao jogo de futebol, mas a qualquer lugar. Mas não se pode restringir quem de fato sabe que aquilo tudo é um jogo- trágico- mas um jogo. Ficamos irados, raivosos, tensos e não se pode pedir que se perca isso, senão a gente vai jogar dama, xadrez. O sentido dos esportes de arena especialmente o futebol é que ele revive o trágico.

A tragédia moderna é não conseguirmos demarcar isso. A tragédia nossa é que o cara que assiste o Batman acha mesmo que é o Coringa e atenta contra a vida de muitos dentro do cinema. A tragédia é o cara de fato acreditar que quem esta com uniforme do rival é seu inimigo e deve morrer, ser agredido. A tragédia é agredir pai e filho de mão dada, porque se pensou tratar de um casal gay, ou de queimar um índio por achar que era mendigo. Enfim, a tragédia é a de tomar a encenação como realidade. E disparar o ódio, a raiva que deveria se voltar para aquele lócus, na cidade inteira, para uma população toda. Na semana que antecedeu o super-clássico a PM ajudou as pessoas continuarem equivocadas quanto ao verdadeiro sentido do espetáculo. Ela amplificou de tal forma as coisas que ao final pipocas lançadas dentro do estádio foi motivo de se pensar na suspensão do evento. E se o arbitro termina a partida, quem ia segurar aquelas pessoas, que de torcedoras comuns foram alçadas a condição de peliculosas, agressivas, explosivas, descontroladas?

É hora de se pensar. 


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sexo Divino. Amor Profano.


Assim, depois de "Karma, controle e amor" adentro o terreno maldito. Não há controle que se faça possível, nem viável sem a castração, ou a regulação sexual. O sexo é maldito, porque ele é divino. Ele é um passaporte à transcendência sem a necessidade de intermediários, ritualização, sacristia, conceitos de moralidade e de civilidade. O sexo recebeu a própria imagem do mal, do diabo, do pecado, porque ele é a fonte de prazer, de criação, de produção e reprodução. Todo êxtase religioso, todo ritual religioso busca aquilo que o orgasmo proporciona: A fusão. A integração, o alivio e o êxtase.  
Karmicamente, biologicamente, fazemos sexo como bichos, por razões estritamente fisiológicas. Mas, fazer sexo espiritual é o anti-sexo. Segurar a ejaculação, fazer a posição 69 do livro do Tantra é o anti-sexo. O sexo já é espiritual. E eis o mais profano disso, a saber, ele pode tanto ser acionado pelo amor, como pelos feromônios. A mecânica do sexo pode ser prazerosa de uma forma ou de outra. Sexo e amor não são sinônimos e pares inseparáveis. Pelo contrário, acredito que se pode amar uma pessoa, mas ela não ser a sua parceira sexual e vice-versa.
Em verdade estou colocando em xeque duas tradições: a do tantra no que este tem no seu aspecto de divinização do ato sexual e do cristianismo no que este tem de bestialização, culpa e inculcação do sexo como pecado original. Nesse meio termo, imerso nesses escombros, cabe a cada cidadão ocidental, oriental encontrar ar puro para uma prática satisfatória do seu ato sexual. Em ambas as culturas, o corpo e a mulher parecem ser a chave de entendimento dessa relação. Ou seja, enquanto não aceitarmos que o prazer se dá com o corpo, que este não é fonte de todo mal e que o mal veio a Terra por causa da mulher, nosso ser no mundo, nosso fazer no mundo tenderá a ser incompleto, insatisfatório. De modo que o lócus em que grande parte das culturas atingia-se o êxtase, mediante o sexo, o cristianismo fechou a porta, falando que ela (porta, mulher, corpo) é a entrada para a perdição, para o pecado.
Depois disso o que a gente construiu como civilização é a anti-vida. Simplesmente porque a única forma de sustentar que a vida depois da morte é mais importante do que esta é privando as pessoas de sentirem prazer no ato sexual. Privando-as de terem corpo. A privação do corpo, a educação e coação do corpo é em síntese a repressão à alma. A negação de dar as mulheres corpo, de aceita-las como portadoras de um corpo cujo gozo não esta atrelado ao marido é a forma mais engenhosa de se reprimir e castrar toda uma civilização.
Porque qualquer um que sentir prazer no ato sexual vai desejar que este instante se repita, e de novo, e de novo, e para sempre. Sim, o eterno retorno de Nietzsche não é apenas erótico é sexual mesmo. Isso escapou aos filósofos e foi indiretamente compreendido pelos psicólogos (Freud, Jung, Adler, Reich) justamente porque ele foi um dos primeiros a mostrar a importância do corpo e a relação desse corpo com a psique/alma.
Se a gente destravar o corpo a alma sai do lugar, muda de direção. E sobre os nossos corpos há centenas, milhares de séculos, de escombros, de repressão, de impedimento, de controle para que a gente alcance o que o sexo proporciona- autonomia.
Diante disso tudo, os artistas estão aqui discordando parcialmente de mim, alegando que o sexo não é apenas corporeidade, na visão deles o sexo é a representação do poder criativo da e na existência. Que sexo é sinônimo de amor no que o amor revela de criação, criatividade, explosão e ardência de desejo. Concordo com eles. Mas, assim o nosso problema é o que imaginamos como sendo amor. Nossa visão de amor aprisiona o outro em lugares que não as deixamos sair.
É difícil aceitar que sua esposa é mulher, é fêmea, é mãe, é senhora portadora de desejos, até por outros homens, ou mais precisamente, por outros machos. Mais inusitado ainda é aceitar que há homens que vêem sua esposa apenas como fêmea e nada mais. E para ficarmos ainda mais perplexos: elas gostam e necessitam desse olhar, desse desejo. O olhar do desejo aquece a alma, esquenta o corpo, provoca calafrios e arrepios na imaginação.  
Na mesma medida é insuportável acreditar que seu marido tem desejos inconfessos, alguns praticados com muitas outras mulheres, menos com você, ora porque ele te coloca no pedestal de santa, ora porque você se tranca na torre de marfim, no espaço reservado às donzelas. Por falar desses lugares nos quais nos colocam ou nos colocamos. A Sandy falou que sexo anal dói e o mundo disse para ela: “você é virgem! Sempre será virgem. Vai conceber igual Maria, sem pecado, sem ato sexual! Você não tem o direito de perder a sua virgindade e muito menos falar dessas coisas.”
Como vieram os anárquicos artistas, meus amigos clérigos estão aqui me mostrando que é do sexo também que vem toda viciação, toda perda de controle. O fundo atávico de cada vício relaciona-se diretamente, mas inconscientemente a padrões sexuais exaustivamente vivenciados. Se o sexo tem um caráter libertador, ele é também o ponto de escravização do corpo. Creio que aqui adentramos a dupla relação do sexo; por um lado ele é divino, por outro ele é bestial. E a gente faz muitas coisas, menos sexo. O sexo é um encontro com a humanidade em nós. Ele passa pela bestializaçao, vai à busca da divinização, mas ele oscila sempre entre o animalesco e o humano.
O animalesco é o desejo puro, bruto, solto; animal faminto em busca de alimento. O sexo precisa desse olhar, desse apetite. O sexo necessita dessa ardidura, dessa volúpia. Mas, ele não é só isso, não deveria ser reduzido apenas a isso. Sem dúvida que isso é muito bom, faz com que o corpo vibre, encontre espaços novos, desbloqueia velhos sistemas mentais, cria novos circuitos neurais; mas essa instintividade é tão avassaladora que se pode viciar e se fazer de tudo para ter a repetição desse desejo mais uma vez e de novo, e sempre, ficando nessa sansara por vidas ininterruptas apenas para se ter a delicia de satisfazer por mais um segundo esse gozo, esse prazer.
Já o humano é a fantasia. A fantasia é a primeira tentativa de dar forma para o desejo. O sexo precisa da construção desse enredo, desse cenário. De esse maquiar o desejo que devora, como se aquilo que você busca não é devorar o outro. A imaginação direciona e às vezes potencializa o gozo. Mas, acho que nos situamos entre essas duas coisas, o humano e o animalesco. Ora somos humanos demais e o sexo perde o que lhe é fundamental- desejo. O desejo é a essência do corpo. Quem deseja é o corpo. Tem que se ter o desejo pelo corpo do outro, de querer aquele corpo para si. Quase uma vontade de... “eu vou tomar seu corpo de você se você não me entregá-lo”; acompanhado de um desejo similar, mas oposto: “vem tomar o meu corpo de mim, como oferta que faço a você.” Isso não tem voz, não tem dito. Isso é pele, é química, é toque, é instinto.
Não obstante ora fantasiamos demais, ficamos muito na mente e impedimos o corpo de dizer aquilo que ele quer. A fantasia é ao mesmo tempo o lugar mais poderoso, mas também o mais fácil de cair na armadilha. A repressão do corpo vem da dissociação entre o corpo e a mente, isto é, nossa mente foi aculturada para impedir nosso corpo de se expressar. O sexo tem sido uma transa na qual o corpo é colocado de fora. Poucos rompem com isso. E menos ainda conseguem o que somente o sexo pode dar: a integração.
Uma integração que se dá mediante você e o outro, mas que se ramifica para você-mundo e você-você. É como se o outro fosse uma senha para descortinar outros mundos, outras realidades e o sexo abre as portas desses mundos.
Mas, escrevi tudo isso para pensar, que acho uma pena darmos tanto valor ao sexo, ao ato sexual. Precisamos decidir se ele é ou não é importante. Sendo, ou não, até que ponto. E cada casal precisa discutir o peso disso na relação. Recordo que homens ou mulheres viciados (jogos, álcool, mentira, vídeo-tapes, futebol, manicures) recebem condolências mesmo tendo jurado um milhão de vezes que foi a última vez que fumaram, que agrediram, que beberam, que gastaram. Nesses casos, o cônjuge continua ao lado do seu par. Tudo muda, se altera, radicalmente, quando se descobre que um dos dois traiu: é motivo de ódio eterno, raiva absoluta, desquite. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Karma, controle e amor: relacionamentos




A vida poderia ser bem mais fácil se a gente não a complicasse tanto. E o que complicamos na vida? Isso, de ela não ser do jeito que a gente espera, que a gente programou, de ela insistir em ser diferente. Os filhos não são como a gente deseja, os animais não faz o que a gente espera, o patrão não reconhece nosso valor, Deus não revela para os outros nossos talentos, a namorada não sabe falar russo; enfim.... a gente pensa uma coisa e parece que existe outras vontades no universo além da nossa. Frustrante não? O filho, os pais, os namorados terem vida própria. Até os animais de estimação ter vida própria. Pior de tudo ainda é Deus sabendo do seu esforço, da sua dedicação não colocar o mundo conforme a SUA vontade. Eu te entendo, não se desespera não.
Tenho atendido pessoas vivenciando o fim de relacionamentos, dos mais diversos: amorosos, sexuais, familiares, matrimoniais, filiais- relacionamentos. Os amigos do espaço colocam isso na conta do fechamento de ciclo no qual estamos vivendo. Segundo eles, pede-se neste momento, que cada qual assuma, de forma consciente, com muita vontade e desejo, o que quer. A pergunta que se faz é: não era assim antes? Infelizmente não.
Consciência nunca foi a moeda mais usada nos relacionamentos, sendo que a dimensão karmica deles é justamente essa, a falta de consciência nas escolhas.
Quando falo de karma estou falando mesmo de uma força atrativa que independe da vontade, do querer, um imã que atrai e que arrasta ‘ferros’ em sua direção. De forma análoga, nos relacionamentos somos arrastados uns para os outros, paixão, amor, química, feromônios; independente do nome estamos falando em todas as instâncias de uma atração que nem sempre se dava de forma consciente. Um autor do mundo esotérico chamou isso na década de 90/00 de “amor químico”. De todo modo, perguntados depois o que estávamos fazendo juntos, grudados uns aos outros- não respondíamos, não sabíamos. Não tínhamos consciência. Também não tínhamos liberdade, consequentemente, tínhamos pouca responsabilidade. Cumpria-se um dever, uma obrigação, que foi muito útil, auxiliou demasiadamente para criarmos uma atmosfera mais amigável. Afinal, quando um inimigo de morte dá o próprio ventre para que um desafeto nasça, retorne à carne, por pior que tenha sido a relação, ela foi exitosa.   
Hoje essa atração esta menor, ou seja, a força gravitacional, conseqüentemente karmica esta dando um refresco. Isto abre espaço para a consciência deliberar o que deseja, o que quer. E isto tem sido um transtorno terrível. A maioria de nós não é que não sabe o que quer, a maioria de nós nunca se permitiu realizar. A realização do querer sempre foi possível para poucos. A dinâmica karmica se fazia de maneira a muitos desejarem para apenas um concentrar essa energia e a realizar. Hoje, essa energia que estava concentrada em poucas pessoas esta aberta, mais fluida, passou a ser um código aberto, pode entrar, pegar, ficar a vontade. E justamente nisso nos perdemos.



Sempre fomos controlados. Alguém sempre teve o controle. Esse código aberto nunca esteve nas mãos dos próprios indivíduos. Aliás, fazer uso desse querer sempre foi tido como algo pecaminoso. Acesar isso era vender a alma ao diabo, fazer pacto com o maléfico. Conquistar as posses do mundo: física, econômica, sexual é para muitos um tipo de blasfêmia, de impostura, de perdição da alma. Poucos de nós sabemos o que fazer e como fazer nesse mundo cujos controles existentes são basicamente internos em que cada um de nós com nossos condicionamentos recebidos, com nossa cultura herdada, demarca até onde podemos ir.
Mas, este é apenas um lado da dinâmica, o outro advém da nossa dificuldade de soltar, largar, deixar o outro ir, ou seja, garantir ao outro a liberdade de se responsabilizar por suas escolhas sem poder colocar a culpa nas costas de terceiros. Não poder culpar terceiros por nossos atos amedronta muito mais do que sentir-se preso. Referente a isso, estamos vendo, lendo, ouvindo o aumento dos casos passionais. É difícil para uma série de pessoas reconhecerem que as mulheres deixaram de ser ferro- atraídas, puxadas em direção a um pólo masculino, isto é, reconhecerem que elas têm desejo e vontade. Na visão de muitos, quando uma mulher escolhe a separação, supõe-se que só pode ser porque ela esta traindo, afinal, como ela poderia ser sozinha? Uma rápida digressão e já volto:
{Conversando com Primavera percebi que as mulheres não têm corpo. Primeiramente, o corpo delas é do pai. Depois, este cede a mão para o marido. E no nosso imaginário, uma mulher não pode ser sem esse pertencimento. Elas não têm o direito de se apropriarem do próprio corpo delas, pelo menos não sem receber a alcunha de puta, vadia, vagabunda. Principalmente, das próprias mulheres. Não estou querendo dizer que a separação emancipa as mulheres. Mas a separação pode dar a mulher o entendimento tardio do que o sexo masculino descobre no primeiro olhar que os pais lançam para o filho: vai fazer o outro de objeto do seu gozo. Nascer homem em uma cultura machista já garante esse direito de fazer o outro objeto. Sendo homem, branco, adulto, hetero, rico esse poder parece não ter limites, freios. Pode-se tudo, o restante se compra. Mas isso é assunto para depois.}
Retornando.... Parece que os caras pensam, ou melhor, não pensam, mas se fossemos racionalizar o instinto, depurando-o e destilando-o ao máximo é algo nessa linha reflexiva que acontece- a mulher não é apenas a sua primeira propriedade privada, como é também uma parte dele. No nível do instinto é algo tão infantil, tão primário que é de fato selvagem e animalesco. A saída desse outro da vida dele é como uma amputação. A simbiose é tão profunda, a dor é tão grande, que nem ajuda esses caras conseguem pedir. Naquela aparente superioridade que eles exercem sobre as parceiras, escondem uma fragilidade inominável, porém similar a uma criança pequena com medo do escuro, do abandono, da vida. A diferença é que essa criança tem a força de um adulto e mata, ameaça, se este ser (seu objeto) quiser ir embora. Em suma, ele não tem a menor ciência de que ele é um ser individual e a sua companheira, seus filhos são outros seres igualmente individuais. De uma forma estranha, tudo é ele. E ele tem um direito divino de matar, cercar, cercear conforme o seu prazer ou a sua vontade.
De todo modo eu lido pouco com esses casos, a não ser no que se referem minhas alunas que as incentivo: saiam fora antes de entrar. Os casos que estão no meu cotidiano são o de dois seres que se amam, que se gostam, que se respeitam, mas que um ou os dois já não sentem mais tesão na transa. Sentem tesão em viajarem juntos, em conversarem sobre os filhos, em falarem sobre trabalho, em discutirem a política nacional, mas na cama.... algumas vezes fazem sexo pensando e imaginando outras pessoas. E quando essa outra pessoa sai da imaginação e ganha corpo, suor, toda essa relação de parceria, companheirismo descrita acima, azeda, mas por quê? Por que damos ao sexo essa importância toda? Na verdade, qual o lugar e a importância do sexo na relação?
Difícil de dizer, porque o sexo é a paisagem mais obscura de nossa cultura. Tudo gira em torno dele, mas nada sobre ele é dito diretamente. Tudo que esta envolto ao sexo é classificado como impuro, sujo, profano, pecaminoso. Os casais compartilham muitas coisas, mas os desejos profundos, as fantasias indolentes, sensuais são guardadas a sete chaves, às vezes, até da gente mesmo. Mas, afinal qual o peso do sexo numa relação para que devido a ele jogue-se tudo fora?

segunda-feira, 30 de julho de 2012

AS SENHAS DO EU: preâmbulo.


Anos atrás, num texto que escrevi para Elo, brincava de Pique - esconde. Eu dizia e falava mais como criança, isto é, com uma ingenuidade que ignora a profundidade do gesto e do dito, que a gente deixava partes nossas guardadas com o outro. E depois a gente re-encontrava esse Outro para que ele nos devolvesse aquilo que é nosso, que deixamos emprestado. O nome disso é amor. A cara mais visível desse amor é a amizade.
O amigo, já diziam os pitagóricos, é o meu outro eu. É aquele que te conhece mesmo quando você se ignora, mesmo quando você se perde, mesmo quando você se ausenta e tenta tirar férias de você mesmo. O amigo te relembra quem você é. O amigo tem a senha.
A senha é um termo curioso. O ouvi pela primeira vez na periferia de alguma escola na qual leciono ou lecionei. Um grupo de alunos dançava Hip Hop e outro mano da comunidade, não estudante da nossa escola, olhou para o garoto mais novo que se destacava na roda, quebrando todo, olhou para mim e disse: “ele tem a senha!” Noutra feita, se deu com um guri que operacionalizava algum jogo eletrônico, o rapaz olhou e disse: “ele tem a senha”. Como quem diz: ele sabe muito. Ele abre as portas, ele decifra os códigos. Neste texto esse é o sentido da senha.
O amigo tem a nossa senha. Ele entra em nós. Quando estamos desconfigurados, ele pega a senha e nos formata, nos tira do rascunho e nos devolve ao original. Mas, descobri que há hackers nesse negócio também. Há o lado belo, infantil, terno, responsável, leal no qual amigos se trocam, mas há algo também de destrutivo em que inimigos se invadem, se controlam, se empacam, se prendem.
Lidei com um caso desse bem de perto. A moça me procurou e quando fui ver, o cara tinha não era apenas a senha, o cara a tinha toda, inteira, completamente, a qualquer momento em que ele quisesse e a desejasse. Bastava um telefonema, depois de dias, anos, meses, pelo o que eu pude analisar, séculos, e ela ia satisfazê-lo. Fiquei impressionado. O cara de fato tem a senha.
Mas, mais que se ter a senha, mais do que guardar partes do outro com você para devolvê-lo depois, algumas pessoas se apoderam do outro. Pe Fábio Melo chamou isso, maravilhosamente bem de: 'sequestro da subjetividade'. Algumas pessoas simplesmente roubam a senha das outras, apoderam-se da outra, não a devolvem. Em parte sim, mas em outra, temos que falar dos que dão a senha de própria vontade, desejo, querer e se ofendem quando alguém recusa retribuir a senha que deram, ou não querem devolver. 
Vamos falar de casos em que algumas pessoas entregavam o coração delas na mão do outro, completamente, inteiramente. Para muitas é uma ofensa não aceitar o coração que elas depositam nos pés do seu amo, dono, senhor. Fiquei assustado.
Eu vi amigas dando tudo a seus amantes. Vi amigas perdendo-se na busca por seu amante. Vi amigos se transformando diante de suas amantes. A única pergunta a ser feita é: eles estão de posse do próprio coração? Estando ou não, nada resta a fazer. É uma cegueira. A única esperança é a de que o outro não judie, não maltrate, não humilhe, não pise, não escravize. A única esperança é que o outro seja amigo. Por que do contrário... nada pode cortar, alterar, a não ser o fio de esperança, de consciência.
O que escapa a maioria de nós é que a vitima também tem a senha do outro, mas se recusa a devolver. Tem hora que para mudar de fase, para brincar diferente, tem que recomeçar tudo outra vez. E no caso em questão, a moça se recusava a devolver a senha para o seu par, fazia algo ainda mais louco, repetia a mesma relação com um terceiro, mas agora na condição de sádica. Sim, não consigo ver essa relação se não pela perspectiva SM (sado masoquista) trataremos disso no final. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O QUE É SER SOLTEIRO: uma tentativa de resposta.




Dia desses, Primavera me perguntou o que é ser solteiro? Dei uma resposta rápida, apressada, que ela não conseguiu me visualizar dentro da definição dada por mim. Falei que ser solteiro era ser livre. E ela não me via livre, embora me visse e reconhecesse solteiro.

Diante disso, vi que teria que amadurecer a idéia para responder depois. Tentei responder por diversas perspectivas, pensando em amigos, colegas, amigas, mas não encontrava um denominador comum. Para uns ser solteiro é a própria liberdade, para outras a solidão indolente e sistemática. Para uns é um telos, um destino final, para outras a falta de sentido, um vazio, uma dor lancinante.

Passaram quase dois meses, volto à pergunta. Mas, antes, tenho que dizer, que uma namorada, certa feita, me disse que eu era como um homem casado e ela sentia-se minha amante. De fato, não sou tão livre quanto deseja meus pensamentos. Será isso triste? Será que a liberdade é apenas um estado mental desvinculado de um fazer sensível, material, prático e pragmático? Imaginar-se nu numa noite clara é ser livre ou a liberdade esta em se desnudar na noite? Aquele que só pensa e não age seria um escravo de suas idéias, de seus castelos encantados? Ou pelo contrário, a liberdade de pensar, imaginar, fantasiar o torna livre? Diria Alberto Caeiro que todas essas divagações são chatas como andar na chuva, mesmo porque eu deveria responder apenas o que é ser solteiro e desembestei a falar de liberdade. O que tem a ver liberdade e solteirice?

Eis a questão emblemática. Há solteiros por escolha, por convicção. Há solteiros que assim como pedras sentem-se bem sozinhos; desconfio desses. Há solteiros que ficam desesperados com a sua solitude: arranjam bonecas infláveis, animais de estimação, controle remoto, tudo e qualquer coisa para não suportarem o vazio constrangedor da própria presença. Há os que pagam por companhia, seja da prostituta, seja do garoto de programa, seja da cerveja gelada tomada ao ar livre para ver se esquenta esse vazio insuportável de não se ter um par. Na contramão dessas colocações há a solidão a dois tão bem desenhados por Cazuza e tão bem manifesta no casamento. Isto é, há aquelas que já não suportam mais o par. Há aqueles que já não conseguem olhar para a mesma esposa, que mantém sempre o mesmo olhar, na mesma hora. Igualmente arrepiante é a mãe que já não dá conta de suportar os mesmos filhos, com as mesmas necessidades, com os mesmos pedidos, demandando sempre as mesmas atenções. Em suma, como não poderia  deixar de ser diferente, quem está solteiro deseja uma companhia e quem tem par esta torcendo pela separação.

No frigir dos ovos não é questão de ser solteiro ou de ser casado é que viver é mesmo muito complicado. Complicado, porque desejamos sempre a falta, a carência, aquilo que não temos, aquilo que perdemos. Difícil encontrar um ser humano que aceita a quietude da sua escolha, que olha para ela e diz: “eu escolheria esse mesmo de novo”. Difícil suportar a solidão quando se sabe que há tantas mulheres e homens no mundo. Mas, já se perguntou o que se deseja desse outro? O que se espera desse outro?

De tudo isso me parece que a gente busca o outro, mas não suportamos nem a nós mesmos. No século XX Sartre disse que o inferno era o outro. No século XXI o inferno é o eu. O outro é o próprio diabo: atrativo, divertido, mas ninguém quer levar pra casa. Desse fogo a maioria quer distância.

Mas agora, tentando, definitivamente, responder a pergunta: o que é ser solteiro? Acho que isso não é um ser é um estar. A solteirice é um estado. Um imaginário, um fazer. Fui casado, me comprometi de muitas formas, mas na mais básica e elementar, posso dizer depois de quase uma década separado, que fui solteiro. Com isso quero dizer que há pessoas que nunca se casam, mesmo casadas, elas sempre estão nelas, com elas. O outro nos é importante, mas não nos é uma necessidade, uma falta, uma angústia. Vivemos sem o outro, seja este outro quem for. Só não vivemos sem nós mesmos.

Esta postura nos relacionamentos é controvertida, porque a visão de amor que temos é a da fusão, da integração. Carregamos uma visão de amor na qual se ter vida própria sem o outro é traição, é crime. O castigo desse pensamento é a infelicidade conjugal. Eu desconfio cada vez mais que o casamento é o sepulcro do amor. Justamente, porque nele cada um se mata, se perde, se dá, se entrega. E infantilmente, entregamos justamente aquilo que não pode ser entregue, que o outro não pode carregar, receber; nós mesmos. O melhor da gente. Casar é matar o outro. É um prazer meio de caçador que se sente mais confortável com o ser da sua admiração preso na gaiola.

O contrário disso, mas que é a mesma coisa, é a infantilidade. Uma e outra apontam para o mesmo lugar, ainda não sabemos amar. Ora, por desejarmos e acreditarmos, infantilmente que este outro é o ser que supre nossas carências, o ser que realiza minhas fantasias no fazer dela. Ora por não querermos contato estreito com outras pessoas por medo de nos ferir, de nos magoar. Ambos os casos revelam que no que tange ao amor não amadurecemos.

A falta dessa amadurecimento é que nos faz enquanto comprometidos com terceiros, sentirmos uma inveja de nossos amigos casados, noivos, se relacionando. Essa falta de amadurecimento nos faz lançar um olhar de culpa para a mulher que trai, que rompe, que prefere ficar sem marido, sem filhos, deixar tudo para trás.

Em nossa cultura só se é adulto depois de casar, ter filhos. É uma estulticie seguida e alardeada. Mulheres que estão solteiras aos 25, 30 estão a um passo ou de pegar um homem a laço e levar para o altar, ou de ir fazer inseminação artificial. Geralmente, descobrem que esse desejo era dos pais dela, mas aí já estão gordas, casadas, cuidando da casa, dos filhos e torcendo pela separação.

Eu diria hoje que ser solteiro é estar casado consigo mesmo. Que venha as bodas de ouro.


domingo, 8 de julho de 2012

ACONSELHAMENTO METAFISICO: um diálogo com os pares.


Vou fazer um diálogo com os pares, mas uma pergunta vem à tona: quem é meu par? Quem são os meus pares? Médiuns? Astrólogos? Místicos? Filósofos? Professores? Afinal, quem é o meu par ou os meus pares?


A indagação inicial e a lacuna das respostas seriam suficientes para mostrar que não devo satisfação a ninguém, que deveria desenvolver meu trabalho sem ficar tentando dar explicações a quem não as pediu. Todavia..... o que percebo é que o Kélsen místico, médium precisa dar satisfação ao Kélsen filósofo, especialmente, quando os dois primeiros fazem uso de conceitos do jargão filosófico, como por exemplo, metafísico.

Sim, na cabeça do Kélsen filósofo as palavras tem domínios e usos restritos. Na concepção dele dever-se-ia pagar patente todas as vezes que se faz uso de jargões de outras áreas. Este filosofo medíocre longe de perceber a integração dos saberes, do conhecimento, ele os desenha e os delimita em usos exclusivos e reduzidos. É uma visão pobre e dentro dessa pobreza precisamos salientar para ele que a metafísica transcende a palavra, o conceito, a denominação. Metafísica é a grosso modo e de forma superficial tudo aquilo que transcende a física, que vai além dela. 
Os gregos pensavam a física como Physis, isto é, natureza. Mas não a natureza ecológica de fauna e flora. A natureza para os gregos era uma essência, um algo que a habitava, que a compunha, que fazia ela ser o que era e não outra. Os primeiros filósofos exprimiram essa physis mediante o conceito de Arché, um principio que tornava a physis ela mesma e não outra coisa. Era pela Arché que a água é água e não fogo; o fogo é fogo e não vento. O vento é vento e não cadeira. A physis assim demarcava a identidade e a contradição e no meio delas não existia nada. Será?

Talvez seja justamente nesse meio, que na lógica denomina-se terceiro excluído que registramos a existência da metafísica. Aquilo que supostamente estaria além das demarcações lógicas, das regras estabelecidas. Claro que os modernos mudaram o conceito de metafísica. É mais próximo daquilo que estou denominando agora. Mas os limites dessa classificação são os próprios avanços científicos, afinal: ver micróbios andando na pele humana é metafísica? Observar a estrutura da natureza nos seus aspectos mais básicos e elementares é metafísica? Mover as coisas sem tocá-la é metafísica? Já foi, mas não é mais. Tudo isso um dia esteve no mundo da imaginação, da fantasia, do fantasioso, do sobrenatural, da mística, mas hoje esta no mundo ordinário do cotidiano.

Para a ciência normal (Kuhn) mesmo em tempo de crises e de possível mudança paradigmática falar de outros corpos que não o físico, observar as dores, gemidos, fraturas e fissuras desses corpos energéticos e como eles ressoam no físico é tido como algo metafísico. Muito embora, não devesse ser, já que, a física quântica em seus cálculos prevê essas possibilidades. Possibilidades não menos possíveis e/ou prováveis como as de conversar com entes fora do corpo físico, ou como compreender a estrutura psíquica das pessoas. De modo que isto que hoje é META , isto é, out, fora não demora muito pode vir a ser física.

Mas, sem esperar por esse momento, embora ele já esteja aqui e se faça agora, é que falo de aconselhamento metafísico. Uma forma em que o Kélsen místico, médium, "astrólogo", "numerólogo", "tarólogo", consegue utilizar dos mais diversos instrumentos para amenizar a dor e angústia do outro. Primeiramente, num bate papo, numa interação em que a pessoa apresenta sua questão. Segundamente, por um estudo holístico da questão, tentando abordar o tema levando em consideração os mais diversos aspectos e dimensões que nós (eu e a pessoa) conseguimos alcançar. Terceiramente, mediante uma aplicação energética que busca não apenas o alinhamento dos chacras, como a integração dos mais diversos corpos sutis. E, finalmente, mediante a orientação e esclarecimento dos amigos espirituais que orientam e supervisionam o trabalho realizado. Aqui, a parte metafísica propriamente dita.

A metodologia padrão é essa, o que não significa, que a ordem dos fatores não possam ser alterados. Já o resultado tem como objetivo, no que refere a questão  do corpo emocional, amenizar e diminuir o tamanho das fraturas e fissuras internas. Já no que se refere a questão do corpo mental equalizá-lo dentro da esfera do sentir. Em tudo a busca consiste em harmonizar os corpos, diminuir as distâncias  entre os corpos auxiliando a pessoa responder mais prontamente e sem entraves à dinâmica da vida como um todo.