quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O IMPOSSÍVEL: AGENTES DO DESTINO.




Vi o filme Impossível ao lado da mais linda do mundo. A cada momento, ela desviava o olhar da tela para ver se eu estava chorando. Chorei, mas as lágrimas não caíram para decepção dela.

O IMPOSSÍVEL é um filme que fala da sobrevivência de uma família americana ao Tsunami de 2004. O filme é dramático. Joga luz para um dos acontecimentos mais nebulosos da história. Nebuloso não do ponto de vista científico, afinal sabemos como as ondas gigantes são e foram produzidas, a que velocidade se expandem e outras coisas. É nebuloso, porque até então nunca se ouvira falar de algo tão poderoso. Nem o atentado do Word Trade Center teve tamanho impacto sobre mim. Desde esse acontecimento, eu passei a considerar que o fim do mundo seria possível. Mas, porquê escrevo tudo isso? Porque fico me perguntando até hoje: qual o sentido de uma catástrofe dessa magnitude? Quais eram as pessoas que estavam lá naquele momento?

Vendo o filme essas perguntas retornaram, mas com uma compreensão melhor. Esta compreensão é sempre des-humana, porque ela tenta explicar mediante uma racionalização aquilo que não é possível de acalmar nenhum coração, nenhuma mente, nenhuma vida. Mas, não poderei me furtar a isso. Catástrofes similares geram e movimentam uma capacidade enorme de energia. Não qualquer energia, gera uma energia muito refinada, sutilizada, imprescindível para a oxigenização planetária. Tento exemplificar.

Via agora (19/01) numa chamada de programa, que apenas São Paulo produz 14 toneladas de lixo por dia. Apenas uma capital do mundo gera essa quantidade de detritos e dejetos físicos, materiais. Dá para imaginar a quantidade de dejetos e detritos que nossos pensamentos, emoções e sentimentos negativos produzem? Dá para se imaginar a atmosfera astral dessas cidades, desses ambientes? Nós falamos da poluição física, mas ela não se desatrela da poluição mental, emocional que geramos. Essa poluição tanto física, quanto psíquica gera o que sentimos e denominamos de ambientes carregados, pessoas carregadas. E como liberar essa energia? Como transmutar, reciclar essa energia?

Comoções como o Tsunami parecem gerar um potencial energético tão grande, que neutraliza essas energias deletéricas. A energia de compaixão, de amorosidade, de solidariedade que essas catástrofes geram sensibiliza a humanidade inteira e em certo nível ouso supor que harmoniza o planeta, energeticamente analisando.

Como salientei é sempre difícil falar e tocar assuntos como esses já que acabamos entrando na dimensão de crime e castigo, culpa e resgate, mas não gostaria de pensar nisso nesses moldes. Gostaria de pensar que essas pessoas que saem de outro país, outras cidades e se encontram todos nesse ambiente de catástrofe não encarnam com essa finalidade, mas elas, em determinado momento da vida, aceitam o pedido de ajudarem a equilibrarem a energia da Terra. Elas aceitam fazer parte de algo maior, em prol de toda humanidade. Volto a insistir, que não creio que seja uma escolha consciente de um ser humano encarnado, como por exemplo: “estou indo viajar para a Indonésia para fazer parte de uma catástrofe coletiva, que vai ajudar a despertar o sentimento de solidariedade e amor dos seres da Terra.” Não acredito que a escolha se dê nesse nível de consciência, pelo contrário, prejulgo apenas que uma parte de nós aceita esse papel, esse lugar e essa função. Uma escolha que dilacera os corpos, mas faz com que o espírito se alegre de se perceber coletividade, humanidade.

Nesse momento é como eu entendo essas catástrofes- potenciais energéticos que se abrem para que nós enquanto humanidade nos percebamos conectados, ligados, unidos, irmanados. Tal percepção de irmandade, de solidariedade ativam o funcionamento dos nossos centros energéticos numa oitava acima, especialmente, mediante a utilização do cardíaco e do laríngeo.

Esse foi o primeiro movimento do raciocínio, o segundo é: quem administra isso? Custa-me muito acreditar que ondas com tamanha magnitude, velocidade, precisão seja formadas ‘naturalmente’, isto é, sem um comando ou principio inteligente. E é esse movimento que me trás ao filme: “AGENTES DO DESTINO”. O filme retrata uma equipe de guardiões responsáveis por mensurar e acompanhar o destino de cada mortal. Todos nós, sem exceção teríamos agentes que controlaria nosso destino, isto é, cada movimento de nossas vidas foram traçados e decididos muito antes de os executarmos. De tal modo que nosso papel é unicamente seguir o roteiro estabelecido pelos agentes. A regra era essa até que um casal, que segundo os agentes não deveriam ter se cruzado, se encontram e criam a possibilidade de escolha.



Aos meus olhos a discussão bacana do filme é justamente a do livre-arbítrio. Para os agentes, ele é inexistente. Tudo esta criado, realizado e nosso papel é similar a uma peça teatral na qual as falas, os atos e o final já foi dado pelo dramaturgo. No entanto, como temos pequenas possibilidades de escolha, acreditamos que somos livres. Mas somos? Se somos, exercemos? Segundo a interpretação dos agentes não.

Os agentes merecem uma nota a parte, porque eles são um misto de Homens de Preto do filme MIB e protetores do filme Cidade dos Anjos. Eles ilustram muito bem aquilo que gosto de chamar de Engenheiros Energéticos, conhecedores das engrenagens cósmicas que interferem nelas quando solicitados.

E aqui é que quero trabalhar três hipóteses: “uma- seria possível a existência de agentes do destino no controle de catástrofes como as do Tsunami? O que você pensa disso? Duas- os mesmos agentes poderiam auxiliar no resgate de algumas pessoas? três- já vivenciaram situação em que sentiram essa interferência divina?”

sábado, 19 de janeiro de 2013

JE$US S.A



 Vários sites de notícias trazem a informação de uma pesquisa realizada pela Forbes, cujas intenções, metodologia, financiador não estão disponibilizadas. A pesquisa trata dos cinco pastores mais ricos do Brasil. Não fica claro se a renda refere-se a patrimônio individual ou se institucional. Independente disso, os números suscitam muitas questões e a principal delas é a relação entre fé e negócios.

Sempre tivemos uma relação equivocada com a fé. Poucos viram ou entenderam que historicamente o avanço da fé, seja ela qual for, só é efetiva se vier acompanhada de um avanço econômico. As cruzadas, os Jihads são exemplos disso. Embora tivessem milhares envolvidos por amor, cinco ou dez estavam envolvidos por dinheiro e eles conduziram as relações. De todo modo, nunca foi explicito a exploração da fé como um grande negócio.

Quero deixar claro, que a relação fé e negócios não é exclusividade de uma orientação religiosa e nosso país de moralidade católica isso é sempre complicado. Haja vista a campanha de desmoralização que o “movimento espírita” promoveu e promove contra os Gasparettos, que a igreja faz com os padres que ganham com a venda de livros e músicas. Assim, de início, eu gostaria de promover a censura e repudiar o fato deles movimentarem tanta grana; mas não vou. Minha questão não é essa e sim outra, já que não tenho nada contra as igrejas ganharem dinheiro. Não tenho nada contra as pessoas ganharem dinheiro, mas é que esse mercado é inusitado. Afinal, quando se compra um produto sabe-se bem pelo que esta se pagando. Esse produto é material, palpável, você leva para casa, consome pelo caminho, devolve caso não goste. Quando se paga por uma peça de teatro, um filme, um espetáculo isso é mais imaterial, mas ainda temos alguma coisa que garante a relação de reciprocidade, sabe-se pelo que se pagou. Na fé isso é complexo. Pagamos pelo que? Recebemos o que? Ofertamos o que? Que troca é essa? Como estipula preço nessa negociação?

Eu já tive o hábito de ouvir Edir Macedo, pastor JJ Soares. Eles começam a falar e é difícil trocar de canal. Eles pela fala conseguem mudar a vida de muitas pessoas. como se avalia e ‘monetariza’ isso? Valdemiro Santiago libera ectoplasma até pela televisão. É um dos grandes médiuns de cura que já vi trabalhando. Mas, então, qual o preço disso? Se for para colocar preço numa vida resgatada, quanto se paga? Como transformar isso em produto?

Esse limiar é tenso, denso, difícil, complexo. Quero por um lado objetar a visão romântica, esdrúxula, covarde daqueles que postulam o “daí de graça o que recebeste de graça.” Que dinheiro é sujo e coisas do gênero. Esses nos seus discursos e nas suas práticas não conseguem retirar as pessoas da sua condição de submissão e miserabilidade. Repetem um discurso que por trás de uma aparente caridade, esconde a perpetuação da miséria, da pobreza, da fome. Essa moral escrava deveria desaparecer.

Nesse aspecto, o discurso evangélico é aos meus olhos mais benéficos do que o discurso católico. Assim como aos meus olhos o discurso da nova energia é mais benéfico do que o dos espiritistas. Esses novos discursos fazem a paz entre a fé e a prosperidade, entre o religioso e a riqueza. E o que reputo mais importante nesse discurso é a filosofia da abundância, da prosperidade. Nesse discurso as pessoas passam a compreender que são responsáveis pelas suas ações e atitudes e conseguem aceitar o fato de que uma casa espiritual tem custos. E aqui esbarramos em muitos imaginários.

O dinheiro é bom. É importante. Permite a cada um comprar aquilo que deseja. Retirou a sociedade da dimensão do escambo. Em todos os seguimentos aceitamos isso, menos no da fé. Achamos que a fé (por mais descrentes que somos) tem como dever marcar o lugar de um idílio no qual as relações de troca são feitas de maneira diferente. Não aceitamos que a fé funcione como mercado.  

Estamos acompanhando há no mínimo duas décadas uma transformação da fé.Sociologicamente, antropologicamente, nada mais natural se nos basearmos no modelo econômico que escolhemos viver. Há muito é sabido, até no reino mineral, que o mercado da fé é altamente lucrativo, sendo que Jesus é o produto mais rentável do ocidente. E nossa questão é: religião é um comércio? Jesus é um produto?

Para isso, categoricamente afirmo que não. Mas, então o que incomoda? Incomoda esse capital angariado não ser redistribuído. Ou se é não ser ainda mais. Incomoda o fato de esse dinheiro ser apenas de um e para um e não o capital de uma egrégora, a disposição de todos, porque é fruto do suor de todos. Porque dessa forma avançamos muito pouco, isto é, embora o discurso seja de prosperidade, a prática é ainda de miséria. A idéia é ainda de que tudo é para apenas um e não para outros mais. Isso esta longe de ser uma Eclésia, que dentro de uma perspectiva mercadológica poderia ser encarada como uma empresa S.A. No entanto, nos moldes assinalados, é uma empresa predatória, cujo trabalho é de todos, mas a lucratividade apenas de um.

Abaixo a reportagem reproduzida pelo Yahoo.

5. Estevam Hernandes Filho e sua esposa Sonia: Os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Apóstolo Estevam Hernandes Filho e sua esposa, Bispa Sonia, supervisionam mais de mil igrejas no Brasil e no exterior, incluindo a Flórida. Juntos, o casal tem um patrimônio líquido estimado pelo site em US$ 65 milhões dólares, ou R$ 130 milhões. A publicação ainda lembra que em 2010, o astro do futebol brasileiro, Kaká, que era amigo do casal e membro da igreja, deixou a instituição, alegando que sua liderança fazia mal uso do dinheiro. Segundo informações, Kaká teria doado mais de R$ 2 milhões para a igreja quando era membro. (Foto: Divulgação)menos 

4. RR Soares: Segundo o site, Romildo Ribeiro Soares, ou RR Soares, é o mais ativo em multimídia entre os pregadores evangélicos. O religioso é compositor, cantor e televangelista. Como fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, Soares é um dos rostos mais conhecidos na televisão brasileira. Com isso, sua fortuna estimada pela Forbes, é de US$ 125 milhões, ou R$ 250 milhões. (Foto: Divulgação)


3. Silas Malafaia: Líder da Assembléia de Deus, maior igreja pentecostal do Brasil. O pastor está constantemente envolvido em escândalos relacionados à comunidade gay. “Ele é defensor de uma lei que poderia classificar o homossexualismo como uma doença e é uma figura proeminente no Twitter, onde tem mais de 440 mil seguidores”, disse a publicação. A Forbes estima que sua fortuna esteja em US$ 150 milhões, ou R$ 300 milhões. O site também afirmou que Malafaia lançou uma campanha chamada “O Clube de Um Milhão de Almas”, que pretende levantar R$ 1 bilhão para sua igreja, a fim de criar uma rede de televisão global, que seria transmitida em 137 países. “Os interessados em contribuir com a campanha podem doar quantias a partir de R$ 1 mil, valor que pode ser pago em prestações. Em troca, os doadores receberão um livro”. (Foto: Divulgação)

2. Valdemiro Santiago: Após ter sido expulso da Igreja Universal do Reino de Deus, por algum desentendimento com Macedo, Santiago fundou sua própria igreja, chamada Igreja Mundial do Poder de Deus, que tem mais de 900 mil seguidores e 4 mil templos. Segundo estimativa da Forbes, seu patrimônio líquido é de US$ 220 milhões, ou aproximadamente R$ 440 milhões. (Foto: Divulgação)

1. Edir Macedo: O fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, que também tem templos nos Estados Unidos, é de longe o pastor mais rico no Brasil, com um patrimônio líquido estimado pela Forbes de US$ 950 milhões, ou cerca de R$ 1,9 bilhão. Macedo é escritor evangélico e já vendeu mais de 10 milhões de livros, todos ligado à religião. Seu grande investimento, porém, foi realizado na década de 80, quando adiquiriu o controle da emissora de televisão Rede Record, atualmente a segunda maior emissora do Brasil. Seus outros bens, segundo a Forbes, seria o jornal Folha Universal, o canal de notícias Record News, empresas do ramo musical, entre outros. (Foto: Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O PALHAÇO





Postei no singular (o palhaço), quando, na verdade, o texto vai falar dos palhaços, no plural. Não que eu vá falar dos artistas circenses, não é isso. É que juntamente ao filme condecorado, laureado, dirigido pelo não menos brilhante e laureado Selton Melo, falarei de uma peça teatral, quase homônima que fez parte da Campanha de Popularização do Teatro em 2012 em Bh; a peça é “Os Palhaços.” Primavera me levou para ver esta inquietante peça e desde então esse texto ficou rodando dentro de mim até hoje, 28/12/12, quando acabei de ver o filme de Selton. 


O filme de Selton é mais conhecido, ganhou expressão nacional e as discussões sobre ele já foram feitas nas mais diversas escalas. Já a peça é menos conhecida, mas a trama se desenvolve a partir do momento em que um vendedor de sapato visita o camarim de um palhaço e desenvolvem uma interação com trocas de papeis, de lugares, que nos leva a refletir: quem é o palhaço? E de fato o autor é muito contundente na sua crítica a sociedade de consumo e não deixa dúvida, pelo menos na ótica dele, que o palhaço somos nós.





De modo que as abordagens entre a peça e o filme são muito similares, embora no teatro a tensão existencial é mais aprofundada e acirrada, a saber: uma- o que é ser palhaço numa sociedade consumista e capitalista? Duas- temos uma missão na vida?

Por explorar e acirrar essas questões foi que gostei da peça, justamente, porque ela esbofeteia a sua platéia. Ela retira o sorriso cínico e hipócrita daqueles que pagam ingresso e se consideram melhores do que aqueles que recebem. Ela causa incomodo e desconforto em todos nós que acreditamos que vamos rir do palhaço, esquecendo da possibilidade do palhaço estar rindo da gente.

Mas se a peça explora melhor a primeira situação, o drama vocacional, que acaba se fazendo existencial, no filme tem uma dramaticidade maior e é sobre ela que pretendo falar nos próximos post. Porquê aos meus olhos pode-se realizar uma discussão sobre destino, pré-destinação dos seres e dos sujeitos. Nascemos com um dom? Com uma vocação? Isso é genético, hereditário? É social, cultural? Há alguma força no universo que ri e zomba de nós como se fossemos palhaços? 

As perguntas são muitas. O filme discute apenas a dramaticidade de uma sociedade que inculca que todos devem ser mais. Como que dizendo que a vida não é boa suficiente, a vida mesmo não basta, é pouca. Uma sociedade que tenta fazer de cada um mais especial do que se é. E essa especialidade não é inerente ou intrínseca ao ser, pelo contrário, consegue-se essa notoriedade, respeitabilidade no ter. Os produtos do consumo, os instrumentos da técnica tem o poder fetichista de transformar aqueles que lhes adquirem. Se nos contos de fada a princesa beijava o sapo e este virava príncipe. A lógica do erotismo do consumo é que ao comprar um produto, imediatamente, transforma-se nele. Ganha-se os mesmos atributos e características. De uma forma tão esdruxula e bizarra que é comum encontrarmos veículos dirigindo motoristas e dinheiro comprando pessoas. 

É sem aprofundar tanto essa relação, mas a tocando levemente, que o Palhaço tenta significar o seu lugar em si mesmo (drama pessoal) e no mundo (drama existencial). No final vendo a alegria de um contador de piadas, ele encena um dos textos mais belos da cinematografia brasileira e se reconhece- Palhaço.

Mas, não o palhaço que a peça teatral ironiza, justamente por ser alienado de si mesmo, alijado de si mesmo. Ele agora é palhaço, porque escolheu sê-lo e o é para além do destino, da genitalidade e da hereditariedade. Ele é palhaço e ocupa o seu lugar no mundo e ocupa seu mundo com uma base bem assentada.  Isso significa dizer que ele não é mais alienado e menos ainda espoliado de si mesmo. Já não pode ser ridicularizado pelo fetichismo dos produtos. Ele é o palhaço que tem prazer no seu labor, no seu ofício de levar as pessoas ao riso, à alegria. Diferente do palhaço da peça que passa a rir de todos aqueles que são palhaços sem saber, isto é, todos aqueles que debocham da vida dos outros sem perceber que a própria é uma comédia, quando não, uma tragédia. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Memórias do chumbo: o futebol nos tempos do condor.




Fantástico! Genial! Capitaneada por Lúcio de Castro, historiador e jornalista, hoje comentarista da ESPN Brasil é uma série de fôlego, em 4 episódios que relata de maneira formidável essa relação sempre intuída, mas até então pouco registrada e documentada entre as repressões latinas e o futebol.

O primeiro programa fala da ditadura na Argentina, o segundo da ditadura no Chile, a terceira do Uruguai e a quarta, mas não última, do Brasil. Não última, porque o ponto alto dos programas é a demonstração factual que existiu um plano Condor. E este plano condor foi capitaneado pelo futebol. O futebol foi a mola mestra para que os regimes autoritários dessem mostras de sua força, de seus mandos e desmandos.

É uma série genial, porque apresenta fatos, documentos onde até então a maioria de nós só levantara suspeição. Assim, entrando na política, visitando o cenário social e o imaginário da época, os episódios mostram como o futebol serviu de amalgama para consolidar um estado de exceção. Mas, por ironia do destino, foi nos estádios, perante a população, que os regimes de chumbo receberam suas piores derrotas. É pelo menos assim, que mostra todo o estado do Chile bradando para um jogador xara do ditador, em dia infeliz: “Fora Pinochet”. É da mesma monta que a torcida uruguaia diante do seu hino cantava mais alto e resolutos: “tremei tiranos” e ainda de maneira mais explicita: “vai acabar, vai acabar, a ditadura militar.”

Gritos emitidos entre um gol e outro, entre uma bola na trave, um belo drible e outro. A tentativa vergonhosa de abafar, esconder as mazelas do terror não deram de todo certo. O povo estava atento. Mas, mesmo com toda atenção do povo demorou décadas para certificarmos que o MERCOSUL- o livre mercado comum das Américas começou com o translado de técnicas e tecnologias de tortura, assim como de torturadores. Para pessoas que não estão afeitas a esta discussão creio que ela cause a mesma sensação que a leitura do livro BRASIL NUNCA MAIS, pela primeira vez: asco, nojo, dor.

Então, afinal, se é algo tão tenebroso, por que devemos ver? Tento responder seguindo a linha de Galeano: para não esquecermos, para não permitirmos o silêncio, para que a Comissão da Verdade, o STF que condenou mensaleiros por dez anos por caixa dois, não legitime, como legitimou, o esquecimento, a omissão de crimes contra a humanidade. Não nos importa se é de direita ou de esquerda, se nazista ou stalinista, aquele que torturou, que buscou mediante práticas sistemáticas e reiteradas retirar do outro a sua condição humana, não pode receber anistia total e irrestrita. Torturadores devem satisfação à sociedade, aos familiares, ao país. Devem responder pela igonominia dos seus atos.

Por tudo isso, para que a gente não esqueça, mas também não busque o revanchismo é que Memórias de Chumbo: futebol nos tempos do condor é uma obra de arte. É um documentário audacioso, que coloca dedos na ferida, não omite nomes, relembra heróis, cita covardes que abusaram do poder, da farda, do mando. Vale a pena ver. Ver para saber, saber para contar, contar para que não se deixe esquecer, não se deixe esvaziar e se silenciar. Contar para se fazer memória coletiva. “Apesar de você, amanhã a de ser outro dia.”

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

TEMPO É CONSCIÊNCIA.




Nesses escritos sobre o tempo, me ocorreu escrever sobre tempo e ausência. Tem algo mais marcante no tempo do que a falta? A lembrança incessante do mesmo? A guerra entre o pensar e o esquecer e por conseguinte a lembrança eterna e constante? Mas, quero falar do tempo a partir de uma psicografia que recebi nos idos de 2002.

Nela, meu amigo, Luís Soares falava de um binômio- tempo-consciência. Na percepção dele tempo e consciência eram e são uma única e mesma coisa. Achei a psicografia fascinante, intrigante e como muitas outras, as perdi. Anos mais tarde, Ricardinho, meu moleque-anjo veio me falar se de fato eu acreditava que as pessoas vivessem no mesmo tempo. Demorei minutos para compreender a pergunta, até que disse- claro que sim. E estava redondamente engano, pelo menos na ótica que ele me mostrava.

Ricardinho me mostrava os meridianos e como que cada um deles demarca mesmo um tempo. No entanto, ele ia mais e mostrava como que dentro de cada meridiano havia outros tempos e outras localidades. Era a um só tempo fascinante e aterrorizador. Mas, como mostrar isso para alguém? Como escrever e dizer que a maioria dos seres vivos encarnados e até mesmo desencarnados do planeta não estão vivendo o século XXI? Alguns estão no passado da Terra, outros estão no futuro dela, mas poucos, quase um a cada cem milhões encontra-se enraizado no século XXI. E estou falando século, porque se for usar anos a margem diminui ainda mais.

De modo que os tempos são múltiplos. Cada consciência tem o seu padrão temporal e é este padrão que lhe proporciona tudo. Tudo mesmo. Aqui estamos falando de karma e dharma. É a consciência de cada um que aciona essa lei gravitacional, atrativa para sua vida. Sorte, azar, erro, acerto, é a consciência lidando e rearranjando tudo no universo.

Mas, como pode a consciência individual interferir de forma decisória no universo coletivo? Essas são partes da engrenagem e da malha que preciso estudar um tanto mais para descrever essa sinergia. De como cada ato, pensamento, sentimento, co-cria um enredo que afeta, modela, remodela todo universo envolta, em todas as direções, sentidos e temporalidades. É algo tão absurdo que é melhor falarmos do tempo e da consciência.

Para exemplificar o que ele me falava, ele me mostrou alguns países e cidades, por exemplo: Japão, Cabul, o Oriente do sol nascente em muitos aspectos, especialmente, o devocional e o tecnológico que representariam o futuro da Terra. Eles vivenciam situações de respeito entre si e de tecnologia que em relação a nós latinos e brasileiros vamos precisar de mais algumas décadas para alcançar. Isso não os torna melhores, mais civilizados, já que em relação a processos de confraternização coletiva, efusiastica, tecnologia social, eles provavelmente não entenderão o que realizaremos nos próximos dez anos. Tudo isso faz parte de um outro tempo, de outros modelos conscienciais. 

Nesse sentido, os Talibãs e os que estão vivendo sobre a influencia deles simbolizam o passado da Terra. É a Idade Média no sentido mais trevoso que a própria idade média. E a pergunta que me fica é: quem são essas consciências? No entanto, independente da resposta, cada tempo auxilia as consciências a equalizarem o seu processo de aprendizagem. É ainda mais enigmático a percepção de acontecimentos como o trato as mulheres em Cabul e mais recentemente na Índia ajudam re-modelar não somente o presente do planeta, como o passado também. É absurdo pensar nisso, mas a idéia é mesma de continuum temporais, ou seja, a Idade Média ainda não acabou, não passou e alguns rincões do planeta são continuidade deles.  

Ainda assim é imoral  tentar com uma régua e um compasso falar coletivamente de milhares de seres. Imoral, porque diante dessas regras, haverá e há exceções, mas de modo geral, há um padrão entre eles que não tenho a 'permissão' de revelar. Mas a idéia é que a cada co-criação da consciência há um quadrante, há um rincão para esta mesma consciência experimentar aquilo que ele acredita no tempo que ele determina.

De modo que para muitos o tempo é prisão, para outros libertação. Sendo que independente de tudo o tempo é consciência.

A imagem é uma pintura de Dina Lopes denominada: "Voo da Paz." Ela e outros trabalhos pode ser apreciado no link que segue:

http://blog.dinalopes.com/?p=252

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Perception.S01E01.Pilot - Trecho inicial legendado



Perception é uma série que estreou este ano na TNT com 10 episódios e parece que vai para a 2ª temporada com 3 episódios a mais. Como o nome indica, a série fala de percepções, não apenas do ponto de vista factual, objetivo; como que do ponto de vista subjetivo, interno. A série consegue transitar muito bem entre esses dois estados, o interno e o externo.

A discussão dessa transição torna Perception uma série inusitada, excêntrica, intrigante, que aborda a um só tempo a criminalidade (factualidade), as motivações privadas (intencionalidade) do criminoso sob a perspectiva da neurociência. Mas o que tem a série de tão diferente e especial? O personagem principal: Dr. Daniel Pierce- um PHD em neurociências, professor universitário, autor de alguns Best sellers e ajudante do FBI. Para incrementar ainda mais o seu currículo ele é esquizofrênico.

É deste estado interno- a esquizofrenia- que toda a série se desenvolve e apresenta os arremates finais dos capítulos, justamente na fronteira entre o real e o imaginário. Em verdade, a série começa buscando encontrar uma definição para realidade. Esta é a pergunta que o Dr. Daniel lança aos seus alunos. Em capítulos seguintes pergunta: o que é normalidade? E no que tive a oportunidade de ver ontem (23/12) discute como pano de fundo a homossexualidade. O interessante é que discutir a homossexualidade como doença passível de tratamento tem o mesmo viés de discutir a esquizofrenia, que na concepção do personagem não é algo sujeito a mera medicação e sim a aceitação desse estado, ou será condição?

Assim, de maneira muito provocante, a série levanta e responde a perguntas relativas à normalidade, à realidade, às percepções. Além de humanizar o transtorno mental da esquizofrenia. Alguns, talvez possam acreditar que a série romantize um pouco a esquizofrenia, diria que sim, embora, ela coloque as dificuldades do portador de forma muito franca. O que aos meus olhos poderia ser considerado romanceado é a aceitação com que ele convive com sua companheira imaginária, quase uma terapeuta de plantão que o ajuda em suas reflexões e lhe da condições de se manter “normal” dentro do critério de normalidade que ele vivencia. E talvez onde uma parte significativa veja um afastamento da realidade do portador de esquizofrenia, eu presumo ser o ponto alto da série, a saber, o respeito à diferença, às individualidades, à unicidade de cada sujeito humano, especialmente, às própria idiossincrasias. Em minha Perception a série aborda essas questões com muita leveza sem perder a profundidade dessas questões.

Vale a pena dar uma conferida.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

MAIAS: O FIM DO FIM DO MUNDO.




Mais um ciclo fechou. Gostaria de realizar a previsão de que os chatos vão demorar um século para determinarem um novo fim, mas os chatos são eternos e em breve realizarão previsões para um novo fim. Os chatos sempre desejam o fim. A vida para eles é sempre um término. A pergunta é: por que simplesmente não se matam ao invés de ficarem criando o caos e gerando o medo? Enfim, eles são chatos e não quero falar deles e sim da celebração desse momento. A celebração de todos os momentos. A celebração da vida, do viver, do morrer, do renascer, do morrer de novo; do fluxo constante da vida.

Décadas atrás, Gustavo nos apresentava a EMF- malha de calibração universal- uma técnica energética que tem como finalidade calibrar o corpo energético humano em ressonância com as grades magnéticas e cristalinas da Terra. Tal técnica harmoniza o corpo energético em ressonância com uma consciência mais expandida.

O que sempre achei interessante nessa técnica é a sua musicalidade. Às vezes em que via a EMF sendo aplicada, ficava fascinado com essa sonoridade que não tinha ainda instrumentos para emiti-los. A cristalinidade dos sons era algo que fisicamente e por vezes astralmente se fazia impossível de ser emitido. Essa musicalidade foi ficando cada vez mais forte, cada vez mais audível e pude vê-la quando a família Kryon esteve aqui no Brasil em 2008. Ao mesmo tempo em que tudo isso me era fascinante e me fascinava, um temor permanecia em minha cabeça: quem é o regente dessa sinfonia? O que se pretende com ela, novamente?

Refiro-me ao regente, porque via e ‘recordava’ essa sintonia sendo emitida antes, e com ela, coisas loucas acontecendo. Via grandes pirâmides (associava ao Egito) e dentro delas esses rituais sendo realizados com finalidades várias, múltiplas, mas todas relacionadas à manipulação energética e alteração da densidade da matéria. O regente direcionava a energia para a finalidade desejada e algumas finalidades não eram nobres, pelo menos associo algumas delas ao término de algumas civilizações.

Durante anos achei que essa regente fosse Pegg Dubro (canalizadora da técnica EMF) e só me acalmei quando a abracei. Vi que caso ela fosse a regente, a regência dela seria sábia. Mas, a associação da musicalidade com a técnica, só se fez perfeita, quando assisti a palestra do Dr Todd Ovokaytys. Esse médico notável, criou o raio laser reverso. Uma técnica sonora na qual uma onda sonora anula a outra, criando um campo nulo/zero em que se faz possível a intencionalidade para alterar a estrutura da matéria. Mas, sem entrar nos detalhes físicos e realizando uma simplificação espulha, diria que ele utiliza as vibrações materiais para manipular a matéria nos seus estados mais primários e originários. Essa técnica me recordava a pajelança de minha adolescência, quando adoentado, recusando qualquer medicação, buscava intuitivamente encontrar a vibração da doença que me acometia. Quando conseguia chegar à vibração e cantá-la horas após estava sarado. O canto lemuriano do Dr Todd é similar. Contém um alto grau de sofisticação, porque ele conseguiu alcançar escalas e tons que os instrumentos não podem, mas a voz humana chega, os cetáceos emitem, diuturnamente, realizando um trabalho de alteração, manutenção e re-estruturação das grades planetárias. É um trabalho ‘silencioso’, maravilhoso, indescritível.

É esse canto que muitos seres estão cantando nesse momento na região do Havaí, celebrando essa nova sinfonia da Terra. É esse canto que muitos têm ouvido antes dele se fazer audível e passaram por momentos que acreditaram estar enlouquecidos, ensandecidos, endoidecidos. Aqueles que dançaram essa música foram tidos, definitivamente, como malucos.

O 2012 Maia representa essa nova sintonia. Esse novo diapasão que toca trazendo novos ciclos, novas possibilidades. Representa o fim do fim e o início de novos inícios.