segunda-feira, 27 de maio de 2013

O que é um sonho?



Os japoneses estão criando uma máquina que decifra sonhos. É parecida com aparatos astrais que permitem e possibilitam adentrar os sonhos de outras pessoas. Na minha concepção a máquina falha, porque para eles o sonho é meramente uma função cerebral, um estado alterado da consciência (se é que acreditam na existência dela).

O sonho ao que tudo indica é mais. O sonho é a abertura para outra realidade. Uma realidade que ora é externa ao sujeito sonhador, ora é interna do sujeito sonhador, mas que invariavelmente independe. O interno e o externo têm cada vez se misturado mais e se confundido mais. Na ficção científica do mundo astral o sonho pode ser visto como uma função de onda, uma fenda orbital pela qual muitos seres que conseguem alargar esses espaços adentram. Similar ao filme Akira Kurosawa na qual adentra a tela de Van Gogh e vive aquele universo interno. Similar a uma sonda na qual utilizamos para visualizar o universo interno da pessoa. há máquinas nas quais conectadas aos lóbulos da pessoa consegue-se ver claramente seus pensamentos projetados numa tela. Os sentimentos são representando pelas cores e as emoções pelo odor. O conjunto de tudo isso é uma tela de cinema na qual entramos, caminhamos, ouvimos uma musica ser tocada. É algo inenarrável, mas vamos conseguir criar esse modelo no plano físico.

A percepção dos sonhos por essa ótica nos lançaria não mais para o mundo interno do sonhador e sim para a possibilidade de compreendermos o que são os universos paralelos e mundos multidimensionais. Vamos caminhar para essa direção, embora algumas compreensões conceituais sejam necessárias.
Basicamente, em Freud o sonho é um diálogo que a consciência, ou melhor, a inconsciência tem com seus recalques, seus desejos não manifestos. Nessa análise o sonhador é um sujeito no qual os objetos gravitam em torno da sua libido.


Em Jung os sonhos são representações simbólicas de estados ora individuais, ora coletivos. Nessa análise o sonhador é menos sexualizado e mais simbólico, ou melhor, nem tudo tem uma fonte sexual primária como advogou Freud, pelo contrário. E nesse contrário, o sonhador se identifica com todo o cenário, com todos os objetos e personagens que gravitam no seu sonho. Todas as representações são símbolos do self e da busca do sonhador em direção ao seu eu mais profundo.

Na concepção religiosa de cunho espiritualista o sonho é a emancipação da alma. O sonho não seria e não é um estado produzido internamente e sim uma comunicação na qual o espírito, fora da matéria corporal, recebe informações, viaja por lugares, encontra com parentes falecidos, vive a verdadeira vida.

No oriente de fundo budico o sonho é a ilusão, é Maya. O sonhar se equivale ao estado de vigília. É na meditação e pela meditação que o sonhador acorda, isto é, se ilumina; mais precisamente, compreende que tudo é sonho e é imperativo despertar dessas irrealidades.  

Essas concepções teóricas não conversam entre si. Somam-se a elas as descobertas neurológicas e fisiológicas do cérebro que apontam numa direção ainda mais mecânica e funcional dos sonhos. Numa direção quase inversa a apresentada pela concepção médica, mas nem tanto, temos a conscienciologia para quem o sonho acaba sendo a representação do estado de inconsciência social, espiritual, ética, no qual estamos. Nesse modelo, nada mais justo, do que enquanto o corpo dorme, sermos capazes de despertar o espírito, ou mais precisamente, sabermos que podemos acordar dentro do sonho e ficarmos conscientes dessa realidade.
Mas qual realidade?

Sonho e realidade se confundem. Assim como sonho e vida. É difícil desassociá-las e até mesmo defini-las. Afinal: o que é o sonho?

E se estivermos todos sonhando? E se você estiver lendo esse texto enquanto seu corpo sonha e depois de duas semanas, três meses depois que eu postar, você ter a nítida sensação de já tê-lo lido antes? E se formos como conta a Chuang Tsé uma borboleta sonhando ser homem? Isso muda alguma coisa?

Seria possível despertar e acabar com essas impressões ou entraríamos em outro sonho sem nunca acordarmos? Afinal, reencarnar-se para dormir ou para acordar?
E se a matéria na qual se tece o sonho for a mesma com a qual se tece a realidade, ou seja, da mesma maneira que no sonho você pode acordar, interromper, criar monstros, fantasmas não seria possível criar uma vida melhor? Quais forças e que quantum de energia seria preciso para isso? Mas, caso aprendêssemos a manipular esse tecido da matéria não ficaríamos ainda mais infantilizados do que já estamos? Refiro-me a cada vez mais não termos distância entre o desejo e a realização. A sociedade do consumo satisfaz ou se coloca a disposição para satisfazer todos os nossos desejos, mas alguém na altura do campeonato sabe mesmo o que deseja?

Segundo os budistas essa é a razão de não acordarmos. Os desejos adormecem e entorpecem a mente. Mas parar de desejar não pode ser um ardil? E achar que não se deseja e se iluminou uma armadilha ainda maior?

Mexer na estrutura dos sonhos, seja mecanicamente, seja espiritualmente é dar sustentação para um despertar coletivo. Um despertar que ajuda na sutilização da matéria. Na suavidade da vida. Em determinado momento todas as matrizes teóricas serão importantes para mostrar níveis de sonhos e quiçá dos sonhadores. Mas, independente do nível, creio que a grande surpresa será a descoberta de que todos estamos no mesmo sonho, isto é, no mesmo sopro de Brahma.




sábado, 18 de maio de 2013

Amor e Felicidade- expressões da inter e multidimensionalidade





Afinal o que é isso? Tem quase duas décadas que a literatura exotérica tem trazido essas classificações. Eles têm falado de seres interdimensionais e aspectos multidimensionais. Recentemente, três meses atrás, um amigo me perguntou quais seriam as diferenças entre uma e outra. Recordei que eu havia feito uma explicação em uma apostila que criei para o curso Leitura Energética e resolvi retomar o tema em alguns pontos que me surgiram mais recentemente a partir dos atendimentos clínicos.


Os atendimentos permitem um olhar mais apurado e detalhado sobre os fenômenos que se desdobram. Fenômenos que visualizava e visualizamos nas reuniões espiritistas, espiritualistas ganham maiores contornos e profundidade nos atendimentos. O repouso, o olhar, a interlocução com o partilhante se faz mais precisos. A orientação teórica por parte dos Universitários (como eu chamo os mentores, amparadores, dê o nome que desejar) se faz opcional. Nas reuniões espirituais a presença deles é uma constante e marcante. Já nos atendimentos se a presença é constante a manifestação, o esclarecimento é opcional.


Mas vamos ao que interessa. O ser são muitos. Uma pessoa são milhares, centenas. Cada vez mais me impressiono com as riquezas que trazemos em nosso ser. Como se acessa esses outros eus? Como localizamos esses outros eus em nós? Como que sendo tão diferentes, nós conseguimos denominar todos eles de eu?


Esse conceito de identidade, de primeira pessoa, merece um post a parte. Creio que parte significativa do nosso entendimento sobre a psique vem desse conceito cristalizado de que existe um eu compacto, sólido, robusto, tal qual um ponto.


No entanto, entrando nos labirintos do eu, avistamos e adentramos inúmeros recintos. Alguns dão passagem para a personalidade da pessoa, isto é, algumas, ela já viu no espelho e reconhece como sendo aspecto de si mesmo. Outras passagens estão sem articulação com a persona dela, ela não consegue reconhecer como sendo ela mesma.


O interessante dessas passagens é que elas são acessos internos, privados do próprio ser da pessoa. Acessos que espacialmente e temporalmente não deveriam estar conjugados. Sendo mais claro: como que uma moça nascida no século XX pode ser uma cigana romena do século XIX? Como que esta mesma pessoa pode ser ao mesmo tempo uma egípcia de quatro mil anos antes de Cristo? E como todas elas podem ser agora?


Outra questão que se abre constantemente são o que na filosofia clinica denomina-se estrutura de pensamento (EP). Como é que uma mulher, do século XXI, negra, pobre, pensa, sofre e não consegue romper com uma EP que a colocam como sexista, machista e racista? E, após uma Leitura Energética, a moça já não é tão moça assim, ela é homem, escravocrata, grande proprietário de terras. Em outros momentos, ela é nórdica, alemã, casada com ao que parece um oficial nazista. Mas, por que ela não desatrela essa EP que tanto a prejudica atualmente?


Todas essas paisagens encontram-se na pessoa. Ela abre e fecha essas portas muitas vezes sem consciência, mas e se tivéssemos? Se fossemos capazes de localizar que alguns princípios que nos norteiam eram úteis milênios atrás, séculos passados, até mesmo décadas anteriores, mas hoje não tem a mesma valia devido à mudança de circunstancias?




Sim, de certa forma, defendo a nossa atualização no tempo-espaço. Sermos capazes de ler e de nos situar onde e quando estamos. Defendo ainda, de forma mais resoluta, que sejamos capazes de encontrar o nosso centro interno e junto a ele conseguirmos ter claramente quais são os nossos princípios norteadores. Quais são os princípios que nortearão nossa conduta, nossa ação, nosso agir no mundo?


Se isso costuma ser extremamente individual, dois princípios que se correlacionam são universais- AMOR E FELICIDADE. Os amigos espirituais, os relatos dos partilhantes mostram que seremos cobrados e temos que dar conta da nossa felicidade. E a única pergunta que se responde, no sentido de prestarmos conta é: você amou?


Esta é uma pergunta única. Quem já teve momentos no qual a recebeu, compreenderá imediatamente o que estou falando. Por que esta pergunta nos silencia, nos deixa mudo. E nos cala tão fundo, porque a falta de amor, a falta de amar não tem justificativa. Nada justifica o não amor. Nossas desculpas pela falta de tempo, pela falta de recursos não justifica. A tentativa de apontar os problemas como sendo culpa do governo, da sociedade capitalista, da humanidade, de Deus; também não tranqüiliza e nos dá satisfação, alivio. Nada, absolutamente nada justifica o não amor. Simplesmente porque é muito simples amar. Simplesmente, porque no momento no qual deixamos o corpo e voltamos a existir como energia as distinções e separações da matéria desaparecem. Eu e outro, meu e seu, irmão e filho, tudo isso some. Passa a existir uma sensação, mais do que uma sensação, uma compreensão de unidade. Somos todos um. Todos e tudo que existe nesse planeta azul é de responsabilidade sua. E isso pesa mais do que a mão de uma criança, muito embora, ninguém esteja te julgando. É que simplesmente nossa racionalização e justificativa para com as desigualdades não se justificam para nós mesmos. Ou algo que somos quando não estamos enfurnados, aprisionados ao corpo.  


E é essa capacidade amorosa que dá a plenitude, que garante a felicidade. Se o amor é um doar-se para o outro, isto é, algo no qual o outro ocupa uma centralidade. A felicidade é um voltar-se para si. É o encontro consigo a partir da centralidade do outro. É nessa combinação que é impraticável desassociar interdimensionalidade de multidimensionalidade. Da mesma maneira que não se distingue amor de felicidade. Somos felizes na medida em que se ama e se ama na medida em que se é feliz. São energias proporcionais.


A felicidade então é um fazer por si mesmo. É uma auto-realização. Mas esta auto-realização se dá no encontro amoroso com o outro. É por intermédio do outro que nos fazemos seres felizes. É por intermédio do outro que nos auto-realizamos.


Percorrer o caminho da inter e da multidimensionalidade é caminhar pelo caminho do amor e da felicidade.



          




          

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Interdimensionalidade e Multidimensionalidade




Uma energia INTERDIMENSIONAL é aquela que colapsa a energia em direção a si mesma, provocando a sensação e a percepção de multi-temporalidade. Imagine um ponto entrando nele mesmo, sendo comprimido contra si mesmo, como um chupão. Esta força, supostamente, gera a nossa percepção de interdimensionalidade. Esta sensação pode ser representada quando a nossa mente traz imagem de locais, pessoas, produzindo os mesmos estados de quando lá estávamos, todavia não houve deslocamento espacial. Sendo que todo este fenômeno se deu no nosso tempo interno, subjetivo, mas não apenas. Não apenas, porque a partir disso há mudanças de humor, de hormônio, esses pensamentos, recordações, projeções alteram a fisiologia do organismo. Como por exemplo, a gente recorda de um momento feliz e traz esta felicidade para o seu agora, para o seu presente, para o seu ponto, seu centro, seu ser. Teoricamente, este ponto e este acesso não têm barreiras temporais. Posso lembrar tanto do que denominamos passado, quanto do que denominamos futuro.

Atualmente há muitas técnicas energéticas que tem auxiliado no acesso desta percepção interdimensional. As formas desse acesso podem ser mais ostensivas ou mais tácitas, mas todas abrem espaço para o universo interdimensional. As mais ostensivas são aquelas que alegam levar as pessoas às nossas camadas de DNA, nossas memórias akashicas e outras tantas coisas. As mais tácitas são aquelas em que há um trabalho terapêutico mais prolongado no qual desvela-se o eu da pessoa. No primeiro exemplo não é de todo esporádico o eu encontrar-se com outros seres e percebê-los como não-eu, isto é, um outro. Em algum lugar ele sabe que esse outro é ele, mas não é, pelo menos ele pensava ser, algumas vezes, uma entidade. No segundo exemplo é igualmente comum a pessoa avistar partes internas, imensos lugares dentro de si mesmo. E como tudo isso pode caber dentro de um ser? Como e que espaços são esses? Qual lugar eles ocupam e porque a maioria das pessoas não os acessam?

Assim, a interdimensionalidade é imanentemente e primordialmente, temporal. Ela se dá num tempo do não tempo. Ela acontece no agora e muitas vezes, independente da nossa consciência. Ela evidencia que nós vivemos tempos diferentes. Nós não podemos observar esta força invisível, mas ela é muito presente. O mais incrível é que nós vivenciamos tempos diferentes em nós mesmos. Temos aspectos que parecem estar no nosso futuro, no nosso adiante, temos outros, que parecem estar na Idade Média. Difícil encontrar uma pessoa que esteja situada plenamente no seu tempo. Insinuo que quando maior esta confusão interna, mais dificuldade de localização.


Já por MULTIDIMENSIONALIDADE, se voltarmos à imagem do ponto, compreenderemos este conceito como sendo a expulsão sistemática e rítmica desta energia de si mesmo, provocando a percepção de que há uma múltipla-realidade nos envolvendo e nos englobando. Enquanto a inter se dá para dentro, a multi se dá para fora, numa expansão infinita ocupando todo espaço vazio. A multidimensionalidade é eminentemente, espacial. Imagine uma cebola e suas inúmeras e infinitas cascas. Por mais fino ou mais grosso que a cortemos, sempre existirá outra camada. Todavia, o mais importante da analogia é pensarmos que todas elas co-existem ao mesmo tempo, uma sobreposta a outra. Todas as múltiplas camadas da casca de cebola compõem o cenário de uma cebola única.

A multidimensionalidade é um conceito similar, ele postula a possibilidade das existências múltiplas de vários eus, ao mesmo tempo, sem consciência um do outro até que um começa a chamar pelo outro e se con-fundirem. Até que um por intermédio de uma força unifica o tempo ao espaço, ou a interdimensionalidade a multidimensionalidade.  

Por sem consciência, implica dizer, que como a multidimensionalidade se dá no espaço, às vezes, não temos e não trazemos a percepção e a variável tempo, provocando tremendos e sérios transtornos, inclusive o da obsessão. De certa forma, creio que os problemas psíquicos pudessem ganhar esse arcabouço interpretativo. Ajudaria a vermos e compreendermos a esquizofrenia, o autismo com outras representações.

Numa dessas representações tentaríamos analisar o portador de esquizofrenia como alguém que sofreu um deslocamento interdimensional mais abrupto. De forma correlata poderíamos ver o portador do autismo como alguém que deslocou-se multidimensionalmente. E, ainda dentro dessa representação, sugerimos com maior fidedignidade, a possibilidades muito grande de que sejamos, muitas vezes, os nossos próprios obsessores. Há a possibilidade, não muito remota também de que sejamos os nossos mentores. Mas quem dá a confirmação disso somos nós, conosco e em nós mesmos.

Por tudo isso muito dos ensinamentos dos orientadores espiritualistas tentam nos incutir e nos ensinar a fazermos uso desta possibilidade multidimensional. Acreditamos que seja o uso desta modalidade de forma consciente que muitos grupos esotéricos têm denominado de 5ª dimensão. Ou seja, a possibilidade de percebermos que a realidade acontece e ocorre em vários níveis e em vários lugares independente de nossa ciência e consciência dos fenômenos. Estamos aqui diante do computador lendo essa mensagem, mas existiria um aspecto nosso que estaria (sem que tenhamos consciência) vivendo no século III, outro no X, outro no XXV todos ao mesmo tempo agora sem que um saiba ou desconfie do outro.

Poderia acontecer de algum deles saber que toda a linhagem tempo-espacial que tracejamos seja ilusória. Assim, o xamã sioux do século XVIII poderia ser acionado por um médico em sessão umbandista as 20:00 de 5ª feira no século XXI. Aqueles que estiverem presentes na gira veriam a transformação do médium. Alguns videntes perceberiam até o cocar, a pele vermelha, junto ao médico. E, possivelmente, apenas um alguém, vou chamá-lo de EU SUPERIOR saberia se tratar de um mesmo ser. Aparentemente vivenciando coisas distintas e separadas em tempos distintos e separados, mas entrelaçados e contactados, conectados por forças bem maiores.

Isto apenas para dizer que por mais que nos encaixemos dentro do plano cartesiano há uma parte nossa que escapa dele. E é a esta parte que muitas pessoas começam a acessar e a fazer uso. É uma nova forma  abordar a realidade.

Nossa questão é que não podemos separar energia e realidade de consciência, da mesma forma que não podemos separar interdimensionalidade de multidimensionalidade. Ambos os fenômenos são correlatos e geralmente simultâneos, variando a percepção do observador. Assim, no próximo post continuaremos o assunto, mas agora falando de AMOR E FELICIDADE.

domingo, 5 de maio de 2013

Pastor Feliciano



Pastor Silas Malafaia fez uma declaração dizendo que Jean Wyllys continuando seus ataques ao Pastor Feliciano os ajudariam muito nas próximas eleições e no fortalecimento dos fieis, por incrível que pareça, é fato. A exposição obtida por Feliciano foi imensa.

Eu não vou defender que o Estado é laico, porque isso é apenas no papel. O Estado é cristão com fortes tendências católicas. Orientações religiosas como o kardecismo, Umbanda, Candomblé, Budismo e outros não gozam da mesma benevolência e complacência do Estado. E tudo isso nos serve para mostrar que o religioso não esta distanciado do político, pelo contrário, a dita laicização do Estado é recente e não de toda observada; haja vista, os ateus, que pedem para tirar crucifixos e símbolos católicos das instituições publicas e estatais. Somos cristãos até mesmo quando não sabemos. E quem aponta isso é quem não é. Porque para aqueles que pertencem ao mesmo sistema de crença, independente se católico, pentecostal, protestante é o outro, o diferente. O não eu.

Posto isso parece que o problema parece ser mais político do que religioso, embora a capilaridade do mesmo desvie para questões de fé, de hábito e de crença. A discussão é sobre representatividade política e legitimidade social, midiática, vejamos.
  
Pastor Feliciano disse em público o que grande parte dos seus pares de Congregação dizem no púlpito, no altar. As interpretações homofóbicas, racistas, sexistas desses lideres religiosos são retirados ipsis litteris do livro sagrado. Sendo que cada congregação faz uma hermenêutica mais ou menos radical.



Os evangélicos um dia foram minoria em nosso país. Foram discriminados, não que ainda não sejam, mas é que hoje mudaram de lado, de posição, de lugar. Não são mais aqueles para os quais se apontam os dedos, pelo contrário, hoje, eles apontam os dedos em especial dois: o indicador para acusar e o dedão para no melhor estilo romano de Nero, Caligula, DiocleciANO dar o veredito.

Esse novo lugar dos evangélicos no Brasil é pré-ocupação da Igreja católica há trinta anos e dizem muitos que a escolha de um papa latino-americano dialoga com uma tentativa de minimizar a expansão dessas ‘seitas’. Dentro desse cenário, não podemos perder de vista que foi a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) que conseguiu ensinar o caminho por uma representatividade efetiva, isto é, sair do campo estritamente religioso e ir para o front político. Não é outra também os motivos atuais de rupturas entre diversos pastores e congregações. Poucos têm observado a politização da religião em nosso país. Mas a maioria despertou quando estava e está se tentando realizar a ‘religiolização’ da política.  

Nada mais justo em uma sociedade democrática do que eleger aqueles que nos representa. E também nada mais bíblico, já que em toda a sua história o poder temporal sempre esteve atrelado ao poder espiritual. Profetas eram alçados a reis. O líder religioso é um líder político. O discurso católico esvaziou essa dinâmica, mas ela é tão regra, que Jesus para os judeus não é o Messias. O Mashiach é um líder político, mais do que um líder religioso. Essas coisas não se distinguem na história do povo eleito de Deus.

Mas a questão que tudo isso suscita é: o que nosotros temos a ver com isso? Quais são os limites dessa representatividade? Até que ponto minhas crenças e convicções devem ser espargidas para toda sociedade? Essas demarcações não são claras, nem límpidas, nem transparentes. Essas demarcações são quase que inexistentes. Temos como hábito segregar, excluir, silenciar essas discussões e seus interlocutores.

A comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM) tem como princípio guardar o lugar dessas discussões. Ela tem como base constitucional representar essas vozes que não são escutadas por outros meios e mecanismos. Ela tem como princípio dar cara e voz a um grupo segregado da sociedade. Pode-se e deve-se discutir quais os limites de atuação dessas vozes e rostos, no entanto, não se pode esvaziá-la por intermédio de um discurso contrário. Difícil o jogo democrático.

Estou defendendo que por mais absurdo e extemporâneo que seja um brasileiro do século XXI carregar debaixo do braço e utilizar como norma de comportamento regras de um povo do deserto de mais de cinco mil anos. Acho anacrônico alguém utilizar as bases de outra sociedade e de outro tempo para orientar as suas. Mas, isso pode ser aceito até o momento no qual se busca justificar as desigualdades e a discriminação, seja a negros, mulheres, homossexuais.

Pastor Feliciano, Silas Malafaia, a cantora do Calipso, todos os fieis, tem todo o direito de acreditarem nisso, mas não podem ainda que por instrumentos democráticos adentrar a CDHM. É o mesmo que aceitar Jean Wyllys- negro, homossexual, candomblecista como pastor da Assembléia de Deus. São violências desnecessárias e contraproducentes.

No Twitter e no face rodou muitas frases, escolho essa para findar:
"Meu nome é JESUS, judeu, andei com uma prostituta, amei meu traidor, fui morto pela intolerância religiosa e Marco Feliciano não me representa."

Precisamos de dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

A PAPISA JOANA.



Era criança quando li pela primeira vez sobre o pontificado de Joana. Sim, corre ou corria em forma de lenda, que o poderoso Vaticano teve como sumo sacerdote uma mulher. Escrevi corria, porque agora já há fontes mais confiáveis que atestam isso com maior fidedignidade, muito embora não haja nenhuma posição oficial da Igreja Católica. De todo modo, a história é simplesmente sensacional.

E a retomo para tocar muitas questões: uma- o filme. Duas- o tarot. Três- a homossexualidade. Quatro- Pastor Feliciano.

O filme é uma narrativa de uma criança que Joana teria ensinado a pensar para além dos horizontes dados pela época. Essa menina que carrega um colar dado por Joana com a efígie de Santa Catarina também se torna monge, disfarçando-se de homem. Segundo o filme, teria sido essa Arnalda a contar a história de Joana, já que um dos seus arquirivais, mais precisamente, inimigo por vingança ao escrever um livro datado o período de cada papado simplesmente não registrou o de Joana. Na posterioridade isso acabou ganhando ares de lenda, de mito, uma narrativa que se tentava ridicularizar o poder de Roma.


No Tarot de Marselha um dos arcanos é a Grã-Sacerdotisa, ou Papisa mesmo como está em alguns idiomas. Na explicação do arcano, os autores não têm dúvidas em relacionar essa figura emblemática, em todos aspectos e sentidos, com a figura da papisa Joana. Assim, mais do que dialogar diretamente com o feminino, com as tradições matriarcais de magia e em certo nível ocultismo, há um diálogo também oculto, algumas vezes pouco explorado, com o poder temporal. Se a interpretação recorrente desse arcano relaciona-se ao silêncio, a contemplação, a espera, a sabedoria e compreensão. Há também um significado ‘novo’ de que esse arcano guarda um lugar; mais  especificamente retrata alguém que estaria “fora do lugar”. É paradoxal a imagem e a idéia. Primeiro, porque o lugar é dela e ela se adéqua muito bem a ele, no entanto, é uma inadequação. Mulheres não comandam! Mulheres não mandam nos homens! Mulheres não detem o segredo e a capacidade de decodificar os livros, os códigos humanos.

Esse não lugar da Papisa assinala o lugar das mulheres por milênios. Conhecedoras da natureza em si mesmas são discriminadas por não lhes ser garantido aprender o que a partir da frase de Galileu se cristalizou em mandamento: a linguagem da natureza é matemática. isto é, racional, elaborada, calculista. 

De certo modo e em muitos níveis todas essas chaves de leitura servem de entendimento para adentrar e compreender esse arcano e é a partir desse lugar inadequado que falaremos da homossexualidade.

É notório até no reino espiritual que a homossexualidade assusta, incomoda, tira as pessoas do lugar. Mas, filmes como esse, no qual um dos personagens tem um amor e depois oculta a própria sexualidade se travestindo, pode jogar luz nas nossas reflexões.

No filme, Joana por ser mulher tem todas as suas habilidades naturais desprezadas, ignoradas, repudiadas, inclusive seu amor por um conde casado. Todavia, essa vida de privações não lhe é aprazível, porque ela deseja mais e pode mais. Podia tanto que chegou a ser papisa, mas para tanto passou a ser João. De forma que todas as suas habilidades, qualidades que eram vis e ultrajantes enquanto mulher se tornaram qualidades positivas que a levaram ao papado, inclusive não desejar mulheres e assim ter a castidade protegida. Obvio, que mais do que de homossexualidade estamos falando de machismo. O interessante é que em suma não há diferença. O machismo é o que repreende o diferente. É o que desqualifica o não igual. O machismo é que julga o mundo com um falo que tem que ser introduzido num local muito especifico na hora e no momento em que o macho deseja. Todo os outros tempos e espaços para essa introdução são desmoralizantes, humilhantes, errado, pecados.  

Mas, faço a reflexão com a homossexualidade a partir de uma abstração que os convido a realizarem: se o amor da sua vida, numa pegadinha, resolvesse se travestir, no caso vestir-se de homem ou de mulher, rolaria? Conseguiria conter o tesão que um sente pelo outro? Conseguiria impedir que o afeto e a afecção que um sente pelo outro se transformasse em desejo, pele, sexo, cama? Nesse caso, pecado seria manifestar esse amor ou sublimá-lo, renunciá-lo, escandalizar-se?

Juro que não sei as respostas. Sei que algumas companheiras com as quais me relacionei nessa vida, relacionei com elas quando eram negras, coxas, louras, baixas, altas, vermelhas, até azuis. Quando fomos ambos homens não transamos, pelo menos não fisicamente, será mesmo que não? E, quando fomos ambas mulheres, não sei o que rolou.

No final, eu só quero refletir e esperar que alguém me responda: como é que julgamos o amor? Por que o colocamos na condição de pecado e infâmia?

Agora entraremos no pastor Feliciano, mas esse é um post a parte. 

domingo, 21 de abril de 2013

DENTRO DO CRISTAL



Desde a década de 2000 venho me perguntando o que é uma entidade. Uma entidade é diferente de um desencarnado. Desencarnados tem CPF, RG, tiveram local de nascimento. Entidades por sua vez não. Entidades em grande parte não têm registro civil. Entidades às vezes parece ser uma composição anímica dos médiuns, representações internas bem avivadas que auxiliam a cada um trabalhar suas questões internas. As entidades seriam Aspectos dos médiuns, pelo menos é assim que venho entendo hoje trabalhos pioneiros como o de Luís Gasparetto e Geofrey. Eles fazem um trabalho no qual parte do que seria considerada entidade externa em centros espíritas e de umbanda seja compreendido pela pessoa como forças internas.
  
Faço a distinção para falar da relação com um amigo espiritual chamado Solano, el brujo. Fiquei negociando trabalhar com Solano por quase dez anos. O fato de ele ser bruxo me despertava muito preconceito. Fui aos poucos quebrando esse preconceito, conversando, aprendendo, negociando para dar condições de ele trabalhar incorporado.

A nossa interação aconteceu quando começamos a falar de cristais. Solano trabalha com cristais, na verdade, ele tem um conhecimento bastante significativo do que Kryon denominou de malha cristalina. O que implica num conhecimento tanto das figuras geométricas, quanto das simetrias internas das relações e de como isso cria uma teia, uma malha tanto inter como multidimensional. Os cristais são portais para os mais diversos universos. Mas, menciono Solano, porque ele me disse anos atrás que estava aprisionado dentro de um cristal.

Essas coisas, simplesmente, não dão para acreditar, levar em consideração. Quando ele me contou, eu ouvi por educação. No entanto, com o passar do tempo, ele foi me mostrando o sentido e significado dos cristais. Um deles seria o que a gente tem desenvolvido com muita habilidade- o conhecimento em rede. Cristais são redes. Eles estão todos interligados. Todos mesmo. À medida que os desenterramos vamos despertando habilidades que estavam adormecidas. À medida que os acionamos vamos liberando potenciais que não eram desvelados.

A idéia que ele me passava é que um cristal sozinho tem recursos e habilidades, mas sua força é potencializada quando outros cristais operam em rede, trabalham juntos. Ele me dizia que em determinado momento da nossa trajetória nós colocamos alguns conhecimentos num sistema de rede, isto é, eles só poderiam ser acessados por mais de uma pessoa. Isso diminuiria os riscos tanto individuais quanto coletivos. Falamos de conhecimentos capazes de libertar a humanidade de processos energéticos rudimentares como de certa forma destruir a própria humanidade. Quando eu “via” essa força em atuação pensava se tratar da energia nuclear, mas não é uma energia nuclear, porque ela não vem do núcleo dos átomos. Ela não se dá mediante a fissão ou até mesmo a fusão atômica. Essa forma de energia não dissipa tanta energia quanto essa e outros recursos que utilizamos. Ela de fato se aproxima do que se denomina energia limpa. E essa energia limpa é conseguida com a utilização de sistemas em rede. Dispostos e alinhados para que gerem o seu próprio potencial energético e conduza informações, objetos, seres, pessoas por seu fluxo.

Da para entender? É como se eles calculassem a natureza de cada cristal e soubessem, mediante esse cálculo, em qual outro ponto existiria um cristal alinhado a ele. Desse alinhamento far-se-ia a modulação “gravitacional” do que poderia ser transportado.

Continua parecendo absurdo e eu não tenho conhecimento em outras áreas para dar nome a isso, mas pensem por exemplo na transposição de um arquivo do seu desktop para o e-mail de um amigo que se encontra no Japão, ou mesmo no computador ao lado do seu. Esse percurso, se é que podemos falar em distância, não existe. Assim como que de certa forma podemos desprezar e ignorar a categoria peso e tempo. De modo que na concepção dele, poderíamos fazer o mesmo com objetos mais pesados e até mesmo com seres dimensionais ou não. O que é um ser dimensional? Um ser humano com carne e osso. Tudo isso tem possibilidade de se aplicar com aspectos internos da nossa psique. Seres que existem em nós e dentro de nós, assim como a seres que existem paralelos a nós.

Segundo eles não é bem paralelos e toda a dificuldade da nossa compreensão, visualização desses espaços vem de não compreendermos o papel da angulação refratária. Eles estão falando de algo relacionado a luz e ao laser que ativa esse padrão. Padrão que pode ser acionado pela consciência mediante a intencionalidade.

Os mundos não seriam paralelos e sim "inclinados" nos mais diversos ângulos. Há pontos em que eles se cruzam, se ligam e são nesses nós que as interfaces acontecem. Nesses pontos de interfaces mudanças desencadeiam transformações em vários momentos não apenas do espaço como também do tempo e da consciência. Essas são as malhas.

Como esses conhecimentos não pertencem apenas a um povo, a uma civilização, a um ser; ele foi codificado para que fosse usado apenas em rede. Essa rede se ativaria e ativaria os parceiros no momento exato. Ativaria aqueles que se encontram afinizados e sintonizados na mesma “vibração”.

Assim, ficar aprisionado dentro do cristal significa dizer ficar com seu potencial de transformação aprisionado na rede criptografada que criamos para nos protegermos de nós mesmos. Para que na afecção de um ser sobre outro, de um mundo sobre o outro nós não nos destruíssemos no sentido tanto literal de batalhas externas quanto no sentido de aculturação e perda de essências.


"Em minha localidade a magia é natural. A possibilidade de deslocar objetos descomunais segue esse princípio que usam com desenvoltura em seus aparelhos tecnológicos de comunicação. A tecnologia que utilizam é a forma com que lidamos naturalmente com nossas informações, mas sem o uso de aparelhos externos. Essas faculdades são interfaces que estão inseridas dentro do cérebro-mente de vocês, encontrando apenas ativados ou desativado em cada um.



Mas, quando um humano ativa essa rede interna e os cristais auxiliam na recordação desse potencial, outros seres de outras localidades e temporalidades vão sendo acionados. E cada um dos seres com suas chaves conseguem liberar conhecimentos, informações que ficaram por milhares de anos desativados esperando a maturidade de cada ser respeitar o ordenamento de outros aspectos.

Quando o rapaz diz não gostar de bruxos, ele afeta seres que são brujos. E na concepção dele são tidos como Brujos, porque eles movimentam energias nas quais o jovem não tinha condições intelectivas de compreender. Mas, essa energia de pré-conceito ajudava na destruição dessa força e desse canal. Igualmente ao brujo que dizia que não gostava dos caras com olhos de gato. Cada vez que ele fazia essa colocação isso diminuía o nosso potencial de viajantes das estrelas, nos movimentarmos por esses canais. Utilizo a imagem do preconceito para ilustrá-lo como nosso  maior obstáculo e fronteira de intercâmbio. 

Outro complicador em todo intercâmbio é que cada ser percebe o canal como sendo individual, como sendo algo interno. O brujo acredita que aciona o canal realizando o seu ritual. O jovem acredita que aciona o canal friccionando o cristal, colocando-o na testa. Nós ensinamos que vocês acionariam o canal realizando atos devocionais- seja de friccionar os cristais, seja de praticar rituais- quando na verdade o que aciona o canal é a consciência.

Assim, fomos observando, que dentro e fora, interno e externo, tempo e espaço eram apenas denominações para algo que não existia. Estamos todos interligados por uma rede articulada pelo criador das existências. Iguais aos nadis do sistema veda de acupuntura. Da mesma forma que eles compõem um sistema vivo que afeta e é afetado por sistemas áuricos imperceptíveis. Igual a Terra com seus meridianos e pontos. A galáxia, o sistema também possui os seus nadis. Uma das chaves desses nadis são os cristais, as redes cristalinas.



Eles (cristais) são guardadores desses portais: interno-externo, aberto-fechado, dentro-fora, tempo-espaço. É nesse lugar-não local que movimentamos e nos integramos. É nele que somos um e nos fazemos continuum.

De modo que o brujo cigano, o sacerdote asteca, quando realiza seu ritual nesse momento no seio da pirâmide de Qualtmoltec (não sei do que se trata) esta acordando o jovem do século XX curioso pelo mundo invisível, mas com pré-juízos que devem ser extinguidos para que a malha não seja desativada. E, enquanto, ambos pensam que a nave que eles avistam vem do céu, algumas vezes, ela vem do interior deles. Isso mesmo, nós podemos navegar tanto pelas linhas externas quanto pelas linhas internas. No final não há uma coisa e outra e estamos todos interligados".

Hoje, sete anos depois, compreendo que o Solano saiu de dentro do Cristal porque nós liberamos não apenas o potencial dos quartzos, mas porque liberamos uma rede cristalina que liberta habilidades, conhecimentos, que não circulavam na face da Terra por muitos séculos. E, ao que parece, não circulava na Terra há milênios, refiro-me a energia sexual, sexualizada do feminino.

Na verdade, não é apenas isso. A energia sexual e sexualizada do feminino é apenas uma imagem e representação da poderosa suavidade dessa forma energética. Essa energia já esta entre nós e pirando todos aqueles que resistem a acessar seus outros níveis de estrutura tanto psíquica quanto genética.   

domingo, 7 de abril de 2013

“O FUTURO DA HUMANIDADE”



"O Futuro da Humanidade" é um livro de Cury. Um livro que apresenta idéias ousadas, inspiradoras, passíveis de serem praticadas, especialmente, por quem não é da área médica. O melhor do livro é sua dimensão humanista. A tentativa de um jovem sonhador, realizador e mais tarde inspirador (Marco Polo) ofertar novas buscas e rumos para si mesmo e aqueles que estão em sua volta.

Numa dessas contribuições, o jovem estudante de Medicina e mais tarde Psiquiatra, desvenda a historicidade dos cadáveres da sala de anatomia. Uma postura simples que ajuda a humanizar alunos e professores no trato com outro ser, mesmo que defunto, morto.


Num segundo momento, o desbravador encontra-se com os moradores de rua. E junto a eles aprende a história de cada um, as dores e amarguras de cada um. Ali fica estampado a nossa dificuldade, não em lidar com nosso sistema de pensamento, e, sim com as nossas emoções e sentimentos. Nossa dificuldade é suportar as agruras quando o nosso emocional transborda e derruba nossas crenças, nossas concepções prévias, nossas resistências. Poucos, raros indivíduos suportam e não sucumbem diante dessa avalanche. E uma parte considerável dos moradores de rua são seres cujo o emocional transbordou e avassalou paisagens internas e externas. Encontrar outro ser humano, com suas dores e dilemas por detrás da sujeira, da bebida, dos transtornos emocionais e mentais é tarefa árdua, mas é realização humana, isto é, algo possível de ser feito.


Outro processo de humanização se dá mediante a escuta desse portador de transtornos mentais que se encontra não apenas enclausurado em si mesmo, mas também em um manicômio. É ali na seara difícil do diagnostico que se busca ir além dos rótulos. Se deseja ir além da medicação pura e simplista, se deseja chegar as causas dos sofrimentos internos que assolaram as paisagens internas do individuo. Nessa busca há um reencontro com a individualidade do paciente, mas igualmente com os componentes sociais nos quais ele abandonou e foi abandonado. Esse encontro é a cura não de um, mas de muitos. É a apresentação do transtorno numa visão mais sistêmica e menos individualizada. 


Em cada passo, em cada construção, em cada realização o que acompanhamos é uma tentativa de enxergar o outro como SER HUMANO. Na busca por esse olhar, o personagem realiza o percurso da Interdisciplinaridade. Para além do ato médico, ele postula a necessidade de se estudar neurologia na Psicologia e na Medicina estudar Psicologia. Mais do que meramente estudar como se faz e se tem feito, ele conclama à necessidade desses saberes se abraçarem para possibilitarem um olhar mais humano ao paciente.


É nessa direção que tacitamente, durante todo o livro esta inserido a FILOSOFIA. Não para pensar sobre o pensamento. Não para criar hipóteses e confabulações acerca de si mesmo, mas para indo ao encontro do outro, de frente a dor e o desamparo do outro, reconhecer esse outro como igual e singular. Esse olhar que ele apresenta ao longo de todo livro falta, invariavelmente, a sociedade como um todo. Falta nos cursos superiores, falta aos profissionais. Falta a postura de se assumir humano e aceitar a humanidade por vezes desumana do seu alter, do seu outro, do seu igual.


É nessa direção que retomo o post mais comentado desse blog e também mais lido: “A Menina que Nasceu Esquizofrênica”. O que aquele post quer dizer e poderia ter dito mais claramente é que um ser não pode ser reduzido a sua doença. Não pelo menos sem que a gente retire dele as inúmeras possibilidades e potencialidades que esse ser possui. Tal redução acarreta no desprezo, no descaso e na coisificação ou na 'doentificação' dos seres humanos. Finalizando, outra coisa que aquele post quis refletir era sobre o sentido da medicação. Quis discutir qual a crença, a ideologia que se encontra por detrás do uso desses remédios. Qual o caráter salvífico que passou a se dar a componentes exógenos que afetam os neurotransmissores supostamente alterando condutas? Até que ponto o ‘sucesso’ desses medicamentos não poderiam ser alcançados por técnicas de escuta, respeito, compreensão do outro?


Enfim, a ideia era discutir não meramente o surto, momento no qual a medicação se faz necessária e adequada para controlar os diversos e multifacetados impulsos do ser fora de si mesmo, ou ensimesmado por demasia. A discussão do texto era ir ao encontro da pergunta: O QUE FAZEMOS DEPOIS DO SURTO? E me parece que depois disso precisamos largar rótulos, métodos, fórmulas e ir em direção ao outro. Abraça-lo, tocá-lo, vê-lo. Ainda não fazemos esse movimento, seja porque há um entorpecimento medicamentoso do paciente que lhe impede de sentir; seja porque há um entorpecimento teórico, acadêmico por parte dos profissionais que lhes impede de envolver. 

Nesse lugar que é o meio do meio do caminho só os rótulos são possíveis. Somente a ideia salvífica seja a de acreditar que há cura sem medicação, seja a de acreditar que só há cura medicando, seja a de acreditar que se cura sem ajuda. Mas, quero crer e acreditar que há um lugar no qual os saberes se encontram e ficam desimportantes; porque o fundamental é a compreensão do outro, desse não eu. Nesse lugar acho que existe não a cura, mas o encontro. 

Nesse lugar que é o meio do meio do caminho só os rótulos são possíveis. Somente a ideia salvífica seja a de acreditar que há cura sem medicação, seja a de acreditar que só há cura medicando, seja a de acreditar que se cura sem ajuda se fazem práticas. Mas, quero crer e acreditar que há um lugar no qual os saberes se encontram e ficam desimportantes, porque o fundamental é a compreensão do outro, desse não eu. Nesse lugar acho que existe não a cura, mas o encontro, o abraço.