domingo, 7 de julho de 2013

Cura Gay: agora só falta contra a ignorância e a hipocrisia.



Pensando sobre os preconceitos de forma geral, recordo-me de uma frase atribuída a Einstein: “Triste época!! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. 

O gênio da humanidade referia-se à época ao nazismo. Mas, a frase se faz ainda atual em todos os aspectos e sentidos, especialmente, quando entramos no terreno da religião. De forma trágica, em pleno século XXI ainda não assumimos Jesus e continuamos assassinando Cristo (Wilhen Reich). É o que me parece propostas como a Cura Gay de Marcos Feliciano, apoiado por outros tantos. 

O tema só se faz questão para mim, porque eles usam a PALAVRA para legitimarem o preconceito. Nas mesmas medidas, que segundo A PALAVRA, eles legitimaram a dizimação indígena, a escravidão africana, o machismo. Tudo com fortes bases bíblicas. Tudo com aprovação do Deus dos exércitos e o mais inacreditável- de Jesus. E quando a gente pensa que a mistura da religião e o poder estatal já fizeram estragos o suficiente em todos os lugares do universo, temos Feliciano, Malafaia, Bolsanaro e outros aloprados.

Por falar neles, escrevo tudo isso devido a uma publicação de Reinaldo Azevedo. Ele num artigo repleto de falácias defende o projeto, na verdade, ele defende o direito de que tal projeto seja defendido, assim como o abuso e autoritarismo de um conselho que proíbe seus membros de tratarem dos problemas de seus pacientes. Ele como o bastião da democracia, o novo Iluminista, se coloca nesse pedestal. 



Antes de prosseguir é necessário fazer um esclarecimento vital: não leio Veja. Não leio Reinaldo Azevedo, Diogo Mainard e tantos outros. Lia Veja por Roberto Pompeu de Toledo e Jô Soares (bons tempos). O que aconteceu foi que uma amiga me pediu para que eu lesse o que ele escreveu. E aqui é o complicado. Obvio que todo autor tem seus admiradores, atualmente, seguidores. Os leitores de Veja, muitos tem uma admiração pelo PSDB, o que os daria uma orientação de centro esquerda, mas desde a vitória do PT, que eles estão virando direita, e, alguns, extrema-direita. Todavia, o autor que defende a liberdade de expressão com tanta galhardia quanto Reinaldo não deveria censurar, ou restringir, ou impedir, que na resposta dos leitores existissem opiniões contrárias as dele. E em mais de 200 comentários, nenhum é contrário ao que ele escreveu. Isso não é estranho, é bizarro. E vindo de quem vem, que defende o que diz defender- é cretino. 

Juro para vocês, que eu não esperava outra coisa dele. Como dizem: “A pátria é o último reduto dos canalhas”. E tenho profunda desconfiança de quem ganha para acusar, combater, injuriar, distorcer, difamar e acredita que isso é jornalismo; aliás, acredita que isso seja neutralidade. Mas, definitivamente não é disso que quero falar e sim postar o comentário que realizei e ficou aguardando moderação. E não passou pela moderação. Segue o comentário realizado: 


 Boa noite. O texto é bom, parece até correto, mas ele é falacioso. Não dá em um comentário expor as falácias do texto, ou melhor, do contexto. Todavia, focarei esse ponto (texto e contexto). No texto não há cura gay. No texto não tem nada acerca disso. Mas, pode um leitor ignorar o contexto de um texto? Dar, criar, manipular, especular contextos não é isso que esse dedicado escritor faz nesse espaço mediante o que ele chama de fatos? Quero acreditar que sim e diante disso é estranho ele desafiar a nossa lógica colocando o projeto que tramita na câmara como sendo um poço de inocência e pura perseguição da mídia que não gosta dos evangélicos. Poxa vida! O contexto é que quando se fala de cura gay esta fazendo menção a duas psicólogas e a um lobby evangélico que afirma que curam homossexuais. O deputado que leva essa discussão para a Câmara também é evangélico e tem relações com as psicólogas. Ora!!! A discussão dos limites do CRP e quaisquer outros conselhos é válido, mas num Estado laico o último fórum de discussão para essa contenda deve ser as casas legislativas. Essa discussão tem que ser feita dentro dos próprios conselhos e caso não se alcance um consenso entre os pares nos tribunais judiciários até as últimas instâncias. Acreditar que se é mais democrático ou antidemocrático por ler o texto no contexto que ele é apresentado é pedir uma inocência, uma ingenuidade que fere e machuca. Qualquer leitor atento, independente da orientação religiosa, precisa estar ciente disso, especialmente, se são tão ordeiros e conscienciosos como descreve o autor do artigo. Peça as duas psicólogas que apresente dados que efetivaram suas curas e as apresente no próprio conselho. Caso não consiga, leve a justiça para que analisem a contenta. Enquanto isso nos poupe da vinculação, nesse caso, espúria, entre orientação religiosa e Estado laico.

Finalizando, o articulista que defende o projeto da cura gay, a liberdade de expressão, a democracia, aparentemente censura os seus   leitores. O Pastor que fala em nome do amor de Jesus, apregoa o ódio. E se conseguimos curar os gays agora devemos desenvolver a cura contra a ignorância seja ela qual for e a hipocrisia. Assim que conseguirem deem uma capsula para Feliciano, João Campos,  Reinaldo Azevedo e outros. 

Se não somos seres capazes de amar que pelo menos não criemos o ódio em nome de Jesus. 




sexta-feira, 21 de junho de 2013

I Fórum Mundial de Contatados



Meu interesse pela ufologia é pouco. Conheço, escuto, já li, mas para mim não tinha nada de novo a ser dito, a ser feito, a ser realizado. Para mim todas as perguntas sobre a área estavam respondidas. De modo que nunca me interessei em participar de um encontro com ufólogos. Na minha cabeça, eles nem acreditavam em disco voadores. Rsrsrs. Um fórum de contatados seria para mim um fórum de iguais e me interessei, enormemente.
Fui ver o nome de algumas palestrantes e acabei realizando a minha inscrição. Mais importante, fui até Floripa conhecê-los. Gostei do que vi. Em todos os aspectos, alias, quase todos.

O quase se deve a minha pergunta inaugural (de mim para mim mesmo); a pergunta foi: existe espiritualidade sem comércio? E cada vez mais percebo que não. Precisamos de dinheiro. Realizam-se muitas poucas coisas sem dinheiro. E nós precisamos perder esse ranço que temos com o dinheiro. Tinha uma moça muito bonita, pouca simpática, organizadora do evento, que só a via rir quando ela estava vendendo. Melhor, só via felicidade nela, quando ela estava vendendo. Mas, tirando esse único aspecto, comprar os DVDs de Marco Antônio Petit, os CDs da Margarete Áquila, os livros dos demais palestrantes deveriam ser um dever, assim como os livros e outros produtos de cada um dos palestrantes que expuseram seu material.

São pessoas sérias. Trabalhadores de uma área pouco divulgada e valorizada, mas que desenvolve trabalhos seriíssimos. Trabalhos como os das psicólogas Gilda Moura, pesquisadora de renome internacional; Mônica Medeiros, Margarete Áquila que desenvolvem trabalhos interessantes em Sampa. Trabalhos como os de Leonardo B Martins que levou a pesquisa ufológica para dentro da USP em dissertação de mestrado e agora tese de doutoramento.

Contatados da envergadura de Bianca (de uma simplicidade, de uma humildade, do tamanho da distância física entre ela e Karran). Urzi sobre quem os discos voadores brincam, cantam, fazem firulas ao avistá-lo. Ou Asís um peruano que contata os discos, mas eles sempre se mantém sóbrios, serenos, distantes, como exige o capitão da frota.

Mas, escrevo tudo isso para falar que eu nunca me vi como contatado. Nem sabia que o termo existia. Sabia menos ainda que houvesse pessoas interessadas nessas histórias. Até hoje, em vários anos de incorporação, mediunidade, só escrevi publicamente duas vezes sobre isso. A terceira esta sendo agora. E estando lá, eu recebi um chamado para escrever sobre essas coisas. Na verdade, postar.

Recordo que em 1997/8 na Faculdade de Filosofia, saí perguntando para um grupo de colegas, assim como outros que freqüentavam as reuniões espiritistas que realizávamos se vocês pudessem fazer uma pergunta a um extraterrestre, qual pergunta você faria?

Recebi uma média de trinta, quarenta perguntas e me coloquei junto a Somater para respondê-las. Terminado essa primeira fase, nós aprofundamos alguns pontos. Emprestei esse caderno de respostas para uma amiga e nunca mais o vi. A segunda parte do trabalho não tem sentido sem a primeira.

Depois disso, Somater “aparecia” em algumas reuniões deixando recado. Certo dia, ele me apresentou uma “moça” chamada Amaril. Achei a psicografia dela tão idiota, tão ridícula que cheguei mesmo a debochar. Amaril dizia que a civilização dela estava desenvolvendo estudos que os aproximava da energia da vida. Eu no alto da minha arrogância achei aquilo tão infantil, tão idiota, que praticamente não voltamos mais a falar do assunto.

Demorou dez anos para que eu entendesse a profundidade do que ela dizia e o nível de adiantamento no qual eles se encontravam.
A arrogância tem preço, geralmente, o da ignorância. Voltamos depois a falar disso, espero ter registrado em algum lugar. Mas, o interessante de tudo isso é que nas minhas conversas com Somater, ele me disse que eu precisaria estudar para ele ter condições de me explicar as coisas que eu desejava saber e ele queria falar. Foi assim que comecei a estudar física quântica e foi nesses estudos que a Filosofia fez sentido para mim. Os físicos, os matemáticos aplicavam o que a maioria acreditava ser meramente teórico. Foi nesse jogo que parei no mestrado de educação tecnológica buscando estreitar um diálogo entre a Filosofia e a Física.

E isso que é interessante nesses estudos. Você acha que esta se formando em educação tecnológica, mas a verdadeira formação é outra na qual você acessa somente depois. Esse acesso do somente depois, esse conhecimento que irrompe sem que você defina fisicamente de onde veio, esse outro conhecimento que você acessa como se estivesse acessando uma central de informação invisível, um ponto eletrônico embutido dentro do cérebro e do coração foi o grande achado para mim do fórum.

A Dra Gilda Moura falava das áreas de ativações dos contatados, especialmente, de como alguns conhecimentos eram apenas decodificados quando em estado de hipnose. O termo que a gente usa é hipnose, mas eles preferem dizer que são codificações que a pessoa acessa por um estressor interno. Há um estopim que acende e irrompe o conhecimento no momento no qual estamos prontos. São por vias similares que ocorre as aparições, avistamentos, abduções. Algo diz que estamos prontos e o fenômeno, o conhecimento aparece.

E parece que um estressor desses destravou em mim. Desde meados do ano passado, eles disseram que eu poderia falar de muitas coisas que nunca disse. Algumas, eu nunca vá dizer. Ainda não gosto, acho estranho. Não vejo isso como missão, nem de salvamento, nem de esclarecimento, nem de resgate. Vejo como uma coisa a mais a ser feita, que pode ser realizada ou não, conforme minha vontade, meu desejo; embora saiba que sou encaminhado para situações que não pensei e vislumbrei.
É isso por hora. Vou começar a escrever e a editar algumas coisas escritas nessa área. Elas serão colocadas em outro blog.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Encenação Mistificação


Na semana que escrevia sobre isso, Luana Piovani dava mais um chilique e Zezé Polessa era acusada na impressa pelo infarto de um motorista. Na mesma semana (27/1/2013), tive a felicidade de assistir a “peça” teatral “Assunta Brasil” do Saulo Laranjeira. Durante a peça, na qual estou até agora impressionado em todos os sentidos e em todos os âmbitos, inúmeras questões passaram pela minha cabeça, em especial uma que retornava: a relação da representação com a incorporação. Essa é para mim uma grande questão a ser pensada. 

Nos meios mediúnicos nada é mais hostilizado do que a mistificação, isto é, fingir estar incorporado quando não se esta. A mistificação é complicada, porque ela fere o princípio de veracidade. A crença que se tem, dado ao espaço em que se está, e pela moralidade do que se faz naquele momento de que naquele espaço sagrado, ninguém abusaria da fé e da confiança de outrem. Abusar disso é um ato indefensável e de covardia.

Não obstante, a incorporação tem muitos atributos da representação, o que me faz retomar o caráter mágico e sacro do teatro. Entre os gregos e para os gregos o teatro era o espaço do sagrado. As encenações realizadas eram partes dos rituais orficos cujo grande centro era o culto a Dionísio. O teatro em sua essência é uma celebração aos deuses. Era um momento no qual o ser humano deixava de ser quem era para assumir outra identidade, outra persona. Parte dessa celebração esta inserida na missa.

Persona é o nome que era dado à máscara utilizada pelo artista na encenação. É também o nome que utilizamos para falarmos de uma identidade, de um algo que nos apresenta e nos identifica. Aceitamos e até confundimos a personalidade como sendo nossa própria identidade. É similar ao artista que acaba acreditando que é o personagem que encena. E igualmente trágico ao médium que assume as dimensões e personalidade do espírito que incorpora. Tudo isso em cada lócus especifico apresenta problemas e dificuldades aos seus. 

Mas, porque trago tudo isso? Por que a cada momento, acho mais tênue a linha que separa a representação de alguns personagens no palco da mediunidade de incorporação. E não estou falando aqui de mistificação, pelo contrário. Estou falando mesmo de como esses dois espaços que foram separados na sociedade atual parecem compor um mesmo cenário.

Saulo explora essa relação mágica, mística, do teatro. Essa possibilidade de um ser vários, ser muitos, ser tantos e ainda assim, continuar sendo si mesmo. Há personagens de Saulo, encenados por Saulo, que denominamos encenação e representação unicamente por ele se dizer artista e estar no palco. Caso, ele estivesse em um centro, ele estaria “incorporando” ou melhor incorporado. E seria mistificação?

Não creio. E isso é novamente um outro terreno sutil. Em Saulo e em alguns médiuns o espírito não é um ente externo que chega e se aproxima; parece mais um ente interno no qual o ser se avoluma, cresce de dentro para fora, como se de fato, ele estivesse incorporado. De maneira similar as pessoas que não retiram a mascara do que foram ou do que gostariam de ser.

Vendo Saulo eu vi um médium. Sem sombra de dúvidas. Vi uma platéia encantada, que não compreendia a força fabulosa, mágica, encantadora, sagrada que se manifestava ali. Imersos a risadas mediantes falas e trejeitos do ARTISTA, a energia da platéia era transmutada. Permitam-me dizer mais, a energia do Vale do Jequitinhonha e de lugares similares nos quais grande parte da miséria é fruto da indiferença dos governantes, esses lugares recebiam uma revitalização energética. Saulo estava no teatro da Alterosa e também no Vale do Jequitinhonha. Saulo estava nos conectando ao mundo, um mundo que estamos perdendo, que estamos esquecendo, mas um mundo que o artista retoma, nos trás para dentro e o deixa semeado em nós.

Esse mundo é sagrado. Não o mundo em si, mas a operação realizada para que os expectadores sejam transportados até ele. As forças invisíveis que atuam no palco são as mesmas que atuam nos centros. A transmutação energética realizada é formidável e o que o ARTISTA consegue plantar, semear em cada expectador é igualmente esplendoroso.

Saulo é um artista renomado. Quero diferenciar renomado de famoso. Os atores televisivos são famosos. A fama os engole, os envolve, os devora. Não sei se os atores são eles mesmos. Não sei se os atores conseguem avaliar qual persona eles vestem. É nesse sentido que quero registrar a simplicidade de Saulo. Há nele uma pessoa, um ser, que não esta envolvido por uma máscara. Há nele a dimensão humana que os famosos perdem se tornando e se fazendo personagens de si mesmos, alguns até, caricaturas.

Diante dessa espetacularização cada vez maior fico me perguntando: qual o sentido do ARTISTA? O sentido dele esta em não permitir que ele se sinta maior do que a arte que ele faz. Essa simplicidade retoma o teatro no seu sentido clássico: celebração à vida, uma forma de religar(e) os seres. O teatro é a representação da existência. É o palco do existir.

De maneira se nos centros o problema é a mistificação, na arte o problema é a fascinação. Saulo não é um fascinado, um deslumbrado. Saulo não é uma Luana Piovani.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

O que é um sonho?



Os japoneses estão criando uma máquina que decifra sonhos. É parecida com aparatos astrais que permitem e possibilitam adentrar os sonhos de outras pessoas. Na minha concepção a máquina falha, porque para eles o sonho é meramente uma função cerebral, um estado alterado da consciência (se é que acreditam na existência dela).

O sonho ao que tudo indica é mais. O sonho é a abertura para outra realidade. Uma realidade que ora é externa ao sujeito sonhador, ora é interna do sujeito sonhador, mas que invariavelmente independe. O interno e o externo têm cada vez se misturado mais e se confundido mais. Na ficção científica do mundo astral o sonho pode ser visto como uma função de onda, uma fenda orbital pela qual muitos seres que conseguem alargar esses espaços adentram. Similar ao filme Akira Kurosawa na qual adentra a tela de Van Gogh e vive aquele universo interno. Similar a uma sonda na qual utilizamos para visualizar o universo interno da pessoa. há máquinas nas quais conectadas aos lóbulos da pessoa consegue-se ver claramente seus pensamentos projetados numa tela. Os sentimentos são representando pelas cores e as emoções pelo odor. O conjunto de tudo isso é uma tela de cinema na qual entramos, caminhamos, ouvimos uma musica ser tocada. É algo inenarrável, mas vamos conseguir criar esse modelo no plano físico.

A percepção dos sonhos por essa ótica nos lançaria não mais para o mundo interno do sonhador e sim para a possibilidade de compreendermos o que são os universos paralelos e mundos multidimensionais. Vamos caminhar para essa direção, embora algumas compreensões conceituais sejam necessárias.
Basicamente, em Freud o sonho é um diálogo que a consciência, ou melhor, a inconsciência tem com seus recalques, seus desejos não manifestos. Nessa análise o sonhador é um sujeito no qual os objetos gravitam em torno da sua libido.


Em Jung os sonhos são representações simbólicas de estados ora individuais, ora coletivos. Nessa análise o sonhador é menos sexualizado e mais simbólico, ou melhor, nem tudo tem uma fonte sexual primária como advogou Freud, pelo contrário. E nesse contrário, o sonhador se identifica com todo o cenário, com todos os objetos e personagens que gravitam no seu sonho. Todas as representações são símbolos do self e da busca do sonhador em direção ao seu eu mais profundo.

Na concepção religiosa de cunho espiritualista o sonho é a emancipação da alma. O sonho não seria e não é um estado produzido internamente e sim uma comunicação na qual o espírito, fora da matéria corporal, recebe informações, viaja por lugares, encontra com parentes falecidos, vive a verdadeira vida.

No oriente de fundo budico o sonho é a ilusão, é Maya. O sonhar se equivale ao estado de vigília. É na meditação e pela meditação que o sonhador acorda, isto é, se ilumina; mais precisamente, compreende que tudo é sonho e é imperativo despertar dessas irrealidades.  

Essas concepções teóricas não conversam entre si. Somam-se a elas as descobertas neurológicas e fisiológicas do cérebro que apontam numa direção ainda mais mecânica e funcional dos sonhos. Numa direção quase inversa a apresentada pela concepção médica, mas nem tanto, temos a conscienciologia para quem o sonho acaba sendo a representação do estado de inconsciência social, espiritual, ética, no qual estamos. Nesse modelo, nada mais justo, do que enquanto o corpo dorme, sermos capazes de despertar o espírito, ou mais precisamente, sabermos que podemos acordar dentro do sonho e ficarmos conscientes dessa realidade.
Mas qual realidade?

Sonho e realidade se confundem. Assim como sonho e vida. É difícil desassociá-las e até mesmo defini-las. Afinal: o que é o sonho?

E se estivermos todos sonhando? E se você estiver lendo esse texto enquanto seu corpo sonha e depois de duas semanas, três meses depois que eu postar, você ter a nítida sensação de já tê-lo lido antes? E se formos como conta a Chuang Tsé uma borboleta sonhando ser homem? Isso muda alguma coisa?

Seria possível despertar e acabar com essas impressões ou entraríamos em outro sonho sem nunca acordarmos? Afinal, reencarnar-se para dormir ou para acordar?
E se a matéria na qual se tece o sonho for a mesma com a qual se tece a realidade, ou seja, da mesma maneira que no sonho você pode acordar, interromper, criar monstros, fantasmas não seria possível criar uma vida melhor? Quais forças e que quantum de energia seria preciso para isso? Mas, caso aprendêssemos a manipular esse tecido da matéria não ficaríamos ainda mais infantilizados do que já estamos? Refiro-me a cada vez mais não termos distância entre o desejo e a realização. A sociedade do consumo satisfaz ou se coloca a disposição para satisfazer todos os nossos desejos, mas alguém na altura do campeonato sabe mesmo o que deseja?

Segundo os budistas essa é a razão de não acordarmos. Os desejos adormecem e entorpecem a mente. Mas parar de desejar não pode ser um ardil? E achar que não se deseja e se iluminou uma armadilha ainda maior?

Mexer na estrutura dos sonhos, seja mecanicamente, seja espiritualmente é dar sustentação para um despertar coletivo. Um despertar que ajuda na sutilização da matéria. Na suavidade da vida. Em determinado momento todas as matrizes teóricas serão importantes para mostrar níveis de sonhos e quiçá dos sonhadores. Mas, independente do nível, creio que a grande surpresa será a descoberta de que todos estamos no mesmo sonho, isto é, no mesmo sopro de Brahma.




sábado, 18 de maio de 2013

Amor e Felicidade- expressões da inter e multidimensionalidade





Afinal o que é isso? Tem quase duas décadas que a literatura exotérica tem trazido essas classificações. Eles têm falado de seres interdimensionais e aspectos multidimensionais. Recentemente, três meses atrás, um amigo me perguntou quais seriam as diferenças entre uma e outra. Recordei que eu havia feito uma explicação em uma apostila que criei para o curso Leitura Energética e resolvi retomar o tema em alguns pontos que me surgiram mais recentemente a partir dos atendimentos clínicos.


Os atendimentos permitem um olhar mais apurado e detalhado sobre os fenômenos que se desdobram. Fenômenos que visualizava e visualizamos nas reuniões espiritistas, espiritualistas ganham maiores contornos e profundidade nos atendimentos. O repouso, o olhar, a interlocução com o partilhante se faz mais precisos. A orientação teórica por parte dos Universitários (como eu chamo os mentores, amparadores, dê o nome que desejar) se faz opcional. Nas reuniões espirituais a presença deles é uma constante e marcante. Já nos atendimentos se a presença é constante a manifestação, o esclarecimento é opcional.


Mas vamos ao que interessa. O ser são muitos. Uma pessoa são milhares, centenas. Cada vez mais me impressiono com as riquezas que trazemos em nosso ser. Como se acessa esses outros eus? Como localizamos esses outros eus em nós? Como que sendo tão diferentes, nós conseguimos denominar todos eles de eu?


Esse conceito de identidade, de primeira pessoa, merece um post a parte. Creio que parte significativa do nosso entendimento sobre a psique vem desse conceito cristalizado de que existe um eu compacto, sólido, robusto, tal qual um ponto.


No entanto, entrando nos labirintos do eu, avistamos e adentramos inúmeros recintos. Alguns dão passagem para a personalidade da pessoa, isto é, algumas, ela já viu no espelho e reconhece como sendo aspecto de si mesmo. Outras passagens estão sem articulação com a persona dela, ela não consegue reconhecer como sendo ela mesma.


O interessante dessas passagens é que elas são acessos internos, privados do próprio ser da pessoa. Acessos que espacialmente e temporalmente não deveriam estar conjugados. Sendo mais claro: como que uma moça nascida no século XX pode ser uma cigana romena do século XIX? Como que esta mesma pessoa pode ser ao mesmo tempo uma egípcia de quatro mil anos antes de Cristo? E como todas elas podem ser agora?


Outra questão que se abre constantemente são o que na filosofia clinica denomina-se estrutura de pensamento (EP). Como é que uma mulher, do século XXI, negra, pobre, pensa, sofre e não consegue romper com uma EP que a colocam como sexista, machista e racista? E, após uma Leitura Energética, a moça já não é tão moça assim, ela é homem, escravocrata, grande proprietário de terras. Em outros momentos, ela é nórdica, alemã, casada com ao que parece um oficial nazista. Mas, por que ela não desatrela essa EP que tanto a prejudica atualmente?


Todas essas paisagens encontram-se na pessoa. Ela abre e fecha essas portas muitas vezes sem consciência, mas e se tivéssemos? Se fossemos capazes de localizar que alguns princípios que nos norteiam eram úteis milênios atrás, séculos passados, até mesmo décadas anteriores, mas hoje não tem a mesma valia devido à mudança de circunstancias?




Sim, de certa forma, defendo a nossa atualização no tempo-espaço. Sermos capazes de ler e de nos situar onde e quando estamos. Defendo ainda, de forma mais resoluta, que sejamos capazes de encontrar o nosso centro interno e junto a ele conseguirmos ter claramente quais são os nossos princípios norteadores. Quais são os princípios que nortearão nossa conduta, nossa ação, nosso agir no mundo?


Se isso costuma ser extremamente individual, dois princípios que se correlacionam são universais- AMOR E FELICIDADE. Os amigos espirituais, os relatos dos partilhantes mostram que seremos cobrados e temos que dar conta da nossa felicidade. E a única pergunta que se responde, no sentido de prestarmos conta é: você amou?


Esta é uma pergunta única. Quem já teve momentos no qual a recebeu, compreenderá imediatamente o que estou falando. Por que esta pergunta nos silencia, nos deixa mudo. E nos cala tão fundo, porque a falta de amor, a falta de amar não tem justificativa. Nada justifica o não amor. Nossas desculpas pela falta de tempo, pela falta de recursos não justifica. A tentativa de apontar os problemas como sendo culpa do governo, da sociedade capitalista, da humanidade, de Deus; também não tranqüiliza e nos dá satisfação, alivio. Nada, absolutamente nada justifica o não amor. Simplesmente porque é muito simples amar. Simplesmente, porque no momento no qual deixamos o corpo e voltamos a existir como energia as distinções e separações da matéria desaparecem. Eu e outro, meu e seu, irmão e filho, tudo isso some. Passa a existir uma sensação, mais do que uma sensação, uma compreensão de unidade. Somos todos um. Todos e tudo que existe nesse planeta azul é de responsabilidade sua. E isso pesa mais do que a mão de uma criança, muito embora, ninguém esteja te julgando. É que simplesmente nossa racionalização e justificativa para com as desigualdades não se justificam para nós mesmos. Ou algo que somos quando não estamos enfurnados, aprisionados ao corpo.  


E é essa capacidade amorosa que dá a plenitude, que garante a felicidade. Se o amor é um doar-se para o outro, isto é, algo no qual o outro ocupa uma centralidade. A felicidade é um voltar-se para si. É o encontro consigo a partir da centralidade do outro. É nessa combinação que é impraticável desassociar interdimensionalidade de multidimensionalidade. Da mesma maneira que não se distingue amor de felicidade. Somos felizes na medida em que se ama e se ama na medida em que se é feliz. São energias proporcionais.


A felicidade então é um fazer por si mesmo. É uma auto-realização. Mas esta auto-realização se dá no encontro amoroso com o outro. É por intermédio do outro que nos fazemos seres felizes. É por intermédio do outro que nos auto-realizamos.


Percorrer o caminho da inter e da multidimensionalidade é caminhar pelo caminho do amor e da felicidade.



          




          

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Interdimensionalidade e Multidimensionalidade




Uma energia INTERDIMENSIONAL é aquela que colapsa a energia em direção a si mesma, provocando a sensação e a percepção de multi-temporalidade. Imagine um ponto entrando nele mesmo, sendo comprimido contra si mesmo, como um chupão. Esta força, supostamente, gera a nossa percepção de interdimensionalidade. Esta sensação pode ser representada quando a nossa mente traz imagem de locais, pessoas, produzindo os mesmos estados de quando lá estávamos, todavia não houve deslocamento espacial. Sendo que todo este fenômeno se deu no nosso tempo interno, subjetivo, mas não apenas. Não apenas, porque a partir disso há mudanças de humor, de hormônio, esses pensamentos, recordações, projeções alteram a fisiologia do organismo. Como por exemplo, a gente recorda de um momento feliz e traz esta felicidade para o seu agora, para o seu presente, para o seu ponto, seu centro, seu ser. Teoricamente, este ponto e este acesso não têm barreiras temporais. Posso lembrar tanto do que denominamos passado, quanto do que denominamos futuro.

Atualmente há muitas técnicas energéticas que tem auxiliado no acesso desta percepção interdimensional. As formas desse acesso podem ser mais ostensivas ou mais tácitas, mas todas abrem espaço para o universo interdimensional. As mais ostensivas são aquelas que alegam levar as pessoas às nossas camadas de DNA, nossas memórias akashicas e outras tantas coisas. As mais tácitas são aquelas em que há um trabalho terapêutico mais prolongado no qual desvela-se o eu da pessoa. No primeiro exemplo não é de todo esporádico o eu encontrar-se com outros seres e percebê-los como não-eu, isto é, um outro. Em algum lugar ele sabe que esse outro é ele, mas não é, pelo menos ele pensava ser, algumas vezes, uma entidade. No segundo exemplo é igualmente comum a pessoa avistar partes internas, imensos lugares dentro de si mesmo. E como tudo isso pode caber dentro de um ser? Como e que espaços são esses? Qual lugar eles ocupam e porque a maioria das pessoas não os acessam?

Assim, a interdimensionalidade é imanentemente e primordialmente, temporal. Ela se dá num tempo do não tempo. Ela acontece no agora e muitas vezes, independente da nossa consciência. Ela evidencia que nós vivemos tempos diferentes. Nós não podemos observar esta força invisível, mas ela é muito presente. O mais incrível é que nós vivenciamos tempos diferentes em nós mesmos. Temos aspectos que parecem estar no nosso futuro, no nosso adiante, temos outros, que parecem estar na Idade Média. Difícil encontrar uma pessoa que esteja situada plenamente no seu tempo. Insinuo que quando maior esta confusão interna, mais dificuldade de localização.


Já por MULTIDIMENSIONALIDADE, se voltarmos à imagem do ponto, compreenderemos este conceito como sendo a expulsão sistemática e rítmica desta energia de si mesmo, provocando a percepção de que há uma múltipla-realidade nos envolvendo e nos englobando. Enquanto a inter se dá para dentro, a multi se dá para fora, numa expansão infinita ocupando todo espaço vazio. A multidimensionalidade é eminentemente, espacial. Imagine uma cebola e suas inúmeras e infinitas cascas. Por mais fino ou mais grosso que a cortemos, sempre existirá outra camada. Todavia, o mais importante da analogia é pensarmos que todas elas co-existem ao mesmo tempo, uma sobreposta a outra. Todas as múltiplas camadas da casca de cebola compõem o cenário de uma cebola única.

A multidimensionalidade é um conceito similar, ele postula a possibilidade das existências múltiplas de vários eus, ao mesmo tempo, sem consciência um do outro até que um começa a chamar pelo outro e se con-fundirem. Até que um por intermédio de uma força unifica o tempo ao espaço, ou a interdimensionalidade a multidimensionalidade.  

Por sem consciência, implica dizer, que como a multidimensionalidade se dá no espaço, às vezes, não temos e não trazemos a percepção e a variável tempo, provocando tremendos e sérios transtornos, inclusive o da obsessão. De certa forma, creio que os problemas psíquicos pudessem ganhar esse arcabouço interpretativo. Ajudaria a vermos e compreendermos a esquizofrenia, o autismo com outras representações.

Numa dessas representações tentaríamos analisar o portador de esquizofrenia como alguém que sofreu um deslocamento interdimensional mais abrupto. De forma correlata poderíamos ver o portador do autismo como alguém que deslocou-se multidimensionalmente. E, ainda dentro dessa representação, sugerimos com maior fidedignidade, a possibilidades muito grande de que sejamos, muitas vezes, os nossos próprios obsessores. Há a possibilidade, não muito remota também de que sejamos os nossos mentores. Mas quem dá a confirmação disso somos nós, conosco e em nós mesmos.

Por tudo isso muito dos ensinamentos dos orientadores espiritualistas tentam nos incutir e nos ensinar a fazermos uso desta possibilidade multidimensional. Acreditamos que seja o uso desta modalidade de forma consciente que muitos grupos esotéricos têm denominado de 5ª dimensão. Ou seja, a possibilidade de percebermos que a realidade acontece e ocorre em vários níveis e em vários lugares independente de nossa ciência e consciência dos fenômenos. Estamos aqui diante do computador lendo essa mensagem, mas existiria um aspecto nosso que estaria (sem que tenhamos consciência) vivendo no século III, outro no X, outro no XXV todos ao mesmo tempo agora sem que um saiba ou desconfie do outro.

Poderia acontecer de algum deles saber que toda a linhagem tempo-espacial que tracejamos seja ilusória. Assim, o xamã sioux do século XVIII poderia ser acionado por um médico em sessão umbandista as 20:00 de 5ª feira no século XXI. Aqueles que estiverem presentes na gira veriam a transformação do médium. Alguns videntes perceberiam até o cocar, a pele vermelha, junto ao médico. E, possivelmente, apenas um alguém, vou chamá-lo de EU SUPERIOR saberia se tratar de um mesmo ser. Aparentemente vivenciando coisas distintas e separadas em tempos distintos e separados, mas entrelaçados e contactados, conectados por forças bem maiores.

Isto apenas para dizer que por mais que nos encaixemos dentro do plano cartesiano há uma parte nossa que escapa dele. E é a esta parte que muitas pessoas começam a acessar e a fazer uso. É uma nova forma  abordar a realidade.

Nossa questão é que não podemos separar energia e realidade de consciência, da mesma forma que não podemos separar interdimensionalidade de multidimensionalidade. Ambos os fenômenos são correlatos e geralmente simultâneos, variando a percepção do observador. Assim, no próximo post continuaremos o assunto, mas agora falando de AMOR E FELICIDADE.

domingo, 5 de maio de 2013

Pastor Feliciano



Pastor Silas Malafaia fez uma declaração dizendo que Jean Wyllys continuando seus ataques ao Pastor Feliciano os ajudariam muito nas próximas eleições e no fortalecimento dos fieis, por incrível que pareça, é fato. A exposição obtida por Feliciano foi imensa.

Eu não vou defender que o Estado é laico, porque isso é apenas no papel. O Estado é cristão com fortes tendências católicas. Orientações religiosas como o kardecismo, Umbanda, Candomblé, Budismo e outros não gozam da mesma benevolência e complacência do Estado. E tudo isso nos serve para mostrar que o religioso não esta distanciado do político, pelo contrário, a dita laicização do Estado é recente e não de toda observada; haja vista, os ateus, que pedem para tirar crucifixos e símbolos católicos das instituições publicas e estatais. Somos cristãos até mesmo quando não sabemos. E quem aponta isso é quem não é. Porque para aqueles que pertencem ao mesmo sistema de crença, independente se católico, pentecostal, protestante é o outro, o diferente. O não eu.

Posto isso parece que o problema parece ser mais político do que religioso, embora a capilaridade do mesmo desvie para questões de fé, de hábito e de crença. A discussão é sobre representatividade política e legitimidade social, midiática, vejamos.
  
Pastor Feliciano disse em público o que grande parte dos seus pares de Congregação dizem no púlpito, no altar. As interpretações homofóbicas, racistas, sexistas desses lideres religiosos são retirados ipsis litteris do livro sagrado. Sendo que cada congregação faz uma hermenêutica mais ou menos radical.



Os evangélicos um dia foram minoria em nosso país. Foram discriminados, não que ainda não sejam, mas é que hoje mudaram de lado, de posição, de lugar. Não são mais aqueles para os quais se apontam os dedos, pelo contrário, hoje, eles apontam os dedos em especial dois: o indicador para acusar e o dedão para no melhor estilo romano de Nero, Caligula, DiocleciANO dar o veredito.

Esse novo lugar dos evangélicos no Brasil é pré-ocupação da Igreja católica há trinta anos e dizem muitos que a escolha de um papa latino-americano dialoga com uma tentativa de minimizar a expansão dessas ‘seitas’. Dentro desse cenário, não podemos perder de vista que foi a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) que conseguiu ensinar o caminho por uma representatividade efetiva, isto é, sair do campo estritamente religioso e ir para o front político. Não é outra também os motivos atuais de rupturas entre diversos pastores e congregações. Poucos têm observado a politização da religião em nosso país. Mas a maioria despertou quando estava e está se tentando realizar a ‘religiolização’ da política.  

Nada mais justo em uma sociedade democrática do que eleger aqueles que nos representa. E também nada mais bíblico, já que em toda a sua história o poder temporal sempre esteve atrelado ao poder espiritual. Profetas eram alçados a reis. O líder religioso é um líder político. O discurso católico esvaziou essa dinâmica, mas ela é tão regra, que Jesus para os judeus não é o Messias. O Mashiach é um líder político, mais do que um líder religioso. Essas coisas não se distinguem na história do povo eleito de Deus.

Mas a questão que tudo isso suscita é: o que nosotros temos a ver com isso? Quais são os limites dessa representatividade? Até que ponto minhas crenças e convicções devem ser espargidas para toda sociedade? Essas demarcações não são claras, nem límpidas, nem transparentes. Essas demarcações são quase que inexistentes. Temos como hábito segregar, excluir, silenciar essas discussões e seus interlocutores.

A comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM) tem como princípio guardar o lugar dessas discussões. Ela tem como base constitucional representar essas vozes que não são escutadas por outros meios e mecanismos. Ela tem como princípio dar cara e voz a um grupo segregado da sociedade. Pode-se e deve-se discutir quais os limites de atuação dessas vozes e rostos, no entanto, não se pode esvaziá-la por intermédio de um discurso contrário. Difícil o jogo democrático.

Estou defendendo que por mais absurdo e extemporâneo que seja um brasileiro do século XXI carregar debaixo do braço e utilizar como norma de comportamento regras de um povo do deserto de mais de cinco mil anos. Acho anacrônico alguém utilizar as bases de outra sociedade e de outro tempo para orientar as suas. Mas, isso pode ser aceito até o momento no qual se busca justificar as desigualdades e a discriminação, seja a negros, mulheres, homossexuais.

Pastor Feliciano, Silas Malafaia, a cantora do Calipso, todos os fieis, tem todo o direito de acreditarem nisso, mas não podem ainda que por instrumentos democráticos adentrar a CDHM. É o mesmo que aceitar Jean Wyllys- negro, homossexual, candomblecista como pastor da Assembléia de Deus. São violências desnecessárias e contraproducentes.

No Twitter e no face rodou muitas frases, escolho essa para findar:
"Meu nome é JESUS, judeu, andei com uma prostituta, amei meu traidor, fui morto pela intolerância religiosa e Marco Feliciano não me representa."

Precisamos de dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.