domingo, 24 de janeiro de 2016

A ÓRBITA CARDÍACA

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Navegamos..... Como diz o poeta em O Homem; As Viagens: “o homem, bicho da terra tão pequeno/ chateia-se na terra...”

Navegamos por caminhos inauditos. Caminhos que nem sempre sabemos o nome. Nosso coração, centro de nossa finita galáxia, por vezes explode, implode- super novas surgem. Outras vezes entra em colapso, buracos negros a espera de um caminho de minhoca que nos leva a uma jornada nunca antes imaginada.

Cada vez mais buscamos compreender o horizonte do longínquo, do distante, daquilo que em física denomina-se o mundo macrocósmico das grandes velocidades e dos grandes eventos. Buscamos compreender o universo macro no qual a percepção do tempo como relativo é massivo e a gravidade é força que curva o espaço. Essas observações nos ajuda na criação de novas possibilidades para o nosso cotidiano, mas e se fizéssemos como nos chama o poeta, como nos convida os monges- observássemos a nós mesmos? Se pudéssemos fazer uma comparação entre o sol e o coração?  



É isso que levantarei como hipótese quanto a observação que fiz de alguns corpos emocionais e mentais. Nessas observações evidenciou-se um campo magnético muito similar e análogo ao cósmico. Claro que quando falamos do macrocósmico estamos pensando em distâncias e tamanhos astronômicos e quando falamos do micro estamos falando de distância e tamanhos genéticos, celulares. Em comum eles têm a invisibilidade a olhos nus, mas não gera ceticismo acerca da sua existência. Outro ponto que salientaremos como comum é que o homem é uma das intercessões entre esses dois universos. O homem percorre e adentra o universo do invisível, dos campos vibracionais que não "vemos", não "pegamos, mas podemos sentir. E é nessa perspectiva que convidamos cada um a ler o texto.  



II

Coloquemos o coração como o centro do nosso universo interior. Ao seu redor gravitam como planetas, asteroides, estrelas, nossas afecções e objetos. Cada um coloca mais próximo ou mais longe de sua órbita aquilo que da valor e sentido. Alguns bem perto, como se fosse um satélite natural do nosso ser. Outros mais distantes como o ex planeta Plutão. Alguns ainda similar a estrelas-gêmeas daquelas cuja órbita é simétrica a outra.




Mas, independente do sistema solar há uma capacidade nossa e em nós de re-arranjar esses espaços, de configurar esse sistema. Nós temos um ser interno que se mostra o ‘controlador’ de nossas afecções, sentimentos e objetos, sendo capaz de aproximar uns e distanciar outros. Haveria em nós, por exemplo, uma capacidade de trazer uma nova pessoa para mais perto do nosso coração e quase que ao mesmo tempo, por força de repulsão, deslocar um outro ser para outro campo gravitacional. Nós rearranjamos nossos espaços internos sem muita consciência de como isso se mostra complexo. 


III

Aqui a química com suas camadas e espectros nos apresentaria uma imagem mais apropriada. Sabe aquele momento no qual um elétron é excitado e salta para outra camada? E depois quando perde a excitação volta ao seu estado anterior? 

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Com o emocional seria algo similar. Num momento de excitação, ele saltaria para níveis mais elevados e depois retorna, no entanto, diferentemente do elétron, nunca será o mesmo. Nessa excitação, ele se faz outro, se torna diferente. 

E isso me fez cogitar: se não haveria movimentos anômalos em nosso sistema? Não poderia também ter pessoas que tivessem um sistema diferente, como por exemplo: que só funciona quando tem dois satélites bem perto do coração, isto é, um(a) amante. Ou, outros que funcionam apenas estando sozinhos e solitários? E, ainda outros nos quais nem sonhamos e imaginamos? Ou seja, o coração terra que ninguém pisa teria milhares de desenhos, de possibilidades.
No entanto, o que de fato salta aos olhos é quando a excitação é provocada pela entrada de um outro sistema na órbita cardíaca dos seres. Esse momento no qual embora com toda preparação sempre há a criação de anomalias, surge impactos. 


 UM UNIVERSO DE DOIS.



Nesses movimentos, algumas vezes mudamos a orbita de alguns objetos e seres.

Assim como que por vezes, dois corações se aproximam, criam uma dinâmica sideral altamente significativa até se fundirem em um e virarem três. Dá para ouvir a pulsação atravessada, o coração disparado, a boca secando, as mãos suando? Dá para imaginar o inimaginável que somente os poetas sabem dizer e os loucos uivar para lua? Dá para visualizar essa dinâmica? De quando a nossa órbita fica anômala, porque outra pessoa e ser a altera por completo. Esteja a pessoa perto ou longe, ela bagunça a nossa normalidade, desalinha nosso ser, nossa órbita até que as duas conseguem uma aproximação, um entendimento, uma coesão e passam a ter uma órbita regular, pelo menos, compreensível aos nossos peitos? Ou outras vezes, nunca se encontra solução para essa anomalia. E dois corações mesmo que próximos caminham sozinhos ou preenchidos por outros. E outras vezes, essas órbitas nunca encontram ajuste, harmonia, ou melhor, a harmonia delas é a anomalia. 

Essa parece ser a dinâmica da paixão, do amor, de dois universos se encontrando, se criando, começando um movimento de atração e repulsão, de aproximação e distanciamento. É um novo mundo que se cria e novo mundo que se forma, que se desfaz. Isso explicaria tanta loucura, tanto desatino, porque simplesmente, a gravitação cardíaca nos tira do eixo, do plumo. As órbitas de cada ser buscam uma harmonização que nunca é fácil ou tranquila, por melhor que seja o encaixe.


IV

Mas, de todas as anomalias conhecidas, nenhuma ilustra tanto e tão bem o que estamos querendo dizer quanto a gravidez.


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Nada pulsa e altera mais a órbita de um ser, especialmente, da mulher, do que um filho. Nietzsche nos diz isso ao afirmar que a mulher para o homem é um fim, mas a mulher para o homem é um meio, o seu objetivo é o filho.


O nascimento desse ser dentro de si mesma, célula meiótica nossa e de outra, que se divide, se divide, divide-se ao meio, ao quarto, a uma nova metade, a um oitavo, ao seu dobro, ao seu quadruplo, divide-se para se fazer inteiro, único. E nessa unicidade, um cordão umbilical une dois que são um, mesmo depois do corte desse cordão. Mesmo tendo sido impelido para fora, se faz satélite natural. É uma lua que gravita no cerne de cada uma delas. É mais do que isso é um ser que gravita fora, mas cuja estrutura se dá por meio de um controle remoto interno, instalado no amago do coração. É a base de comando do invisível que permeia o micro e o macrocósmico. Observar as mães decifra alguns mistérios do universo como, por exemplo a ação à distância.  


Parece que essa ação se dá pelo amor incondicional que os filhos ativam nelas. Provocando uma renúncia alegre, suave em que se encontra plenitude e sentido em viver essa outra rota, esse outro sistema. 


Essa parece ser a melhor ilustração para explicar a paixão, o amor. Só que no que se refere ao filho essa paixão nasce de dentro, é algo intrínseco. Já na paixão é algo externo, é algo cuja gestação parece que começa pelo parto, até ser acolhido nos braços. 

De toda forma, a órbita cardíaca tem uma sinfonia tão celestial quanto a que Kepler ouviu. Escutar essa nossa voz do coração, a melodia e harmonia do nosso corpo emocional é uma forma da gente se conectar com os diversos satélites, planetas, asteroides, cometas que se aproximam da nossa órbita, da nossa vida, da nossa existência. 


É abrir-se para novas sintonias, sinfonias, criações. É quando podemos unir o micro ao macrocosmo.