quarta-feira, 23 de março de 2016

FORA DA DEMOCRACIA NÃO HÁ SALVAÇÃO!

Gosto da astrologia. O estudo dos céus nos desvela significados ocultos, profundos. Meu coração olhou para as estrelas e viu nelas uma configuração bem similar a medieval. Há muito tenho visto e acompanhado o movimento desse céu em nossas ações, pensamentos, reflexões. Ao mesmo tempo em que se abre um céu com muitas possibilidades, outras configurações se desenham fechando e obstruindo mais avanços. Essa obstrução não é outra coisa senão o medo.

Sim, é o medo do novo, o medo do progresso, o medo dos avanços, o medo do diferente, das diferenças que travam o fluxo do novo. É claro que todos nós tememos o novo, embora o esperamos. É claro que falamos em ressurreição, mas tememos a morte. 

E essas contradições intimas dá força para grupos que gostam da permanência, da imobilidade, da estratificação, seja ela social, econômica, espiritual. Diante de avanços, mínimos que sejam, eles se mobilizam com exércitos para criar dificuldades.

O que dizer a eles? A nós? Direi que o amor sempre nos conduz para paisagens mais belas e melhores. Direi que deixar-se conduzir pela luz do amor é melhor do que direcionar caminhos estando no escuro e reinando nas trevas. E isso é o barato das conjecturas, os seres escuros, movendo-se nas sombras, acreditam que estão levando as situações, os seres, para onde eles desejam, mas quando a gente acende a luz, percebemos que fomos para onde o amor já tinha nos chamado. Os indivíduos, os povos, os grupos, as nações não conseguem alterar esse movimento, alterar esse fluxo. A luz é uma constante, um encontro marcado. Não fugimos disso, sendo assim deposita o seu medo nos pés do seu terapeuta, da sua esposa, do seu marido, do seu Deus. Tire o seu medo das sombras e permita-se dar um passo.


Não, seu filho não vai virar homossexual por verem dois homens casados civilmente. Não, você não vai dar todas as suas propriedades porque abraçou um sem teto ou sem terra. Não, você não vai perder sua riqueza caso os comunistas permaneçam no poder. Não, não iremos embranquecer o movimento negro caso um louro sente-se conosco. Não, não iremos virar coxinha caso tomemos Coca Cola com nossos filhos. Não, não iremos ser pelegos casos compreendamos a dificuldade de gerar e manter empregos do patrão. Não, não iremos deixar de ser quem somos caso escutemos, olhemos e abracemos o outro, o inferno (Sartre), o diferente de nós; o não eu. Mas, sim, podemos ser melhores.


E, a melhor forma de sermos melhores é na democracia. Na abertura de possibilidades, de ideias, de diversidade, do dissenso e do consenso. Não temos salvação fora da democracia e do jogo democrático e é tirano todos aqueles que brincaram no jogo e quando perdem e por perderem propõem o fim do jogo, apelando para novas regras. Golpistas, não passarão. 



domingo, 20 de março de 2016

OBSESSÕES COMPLEXAS E COLETIVAS: discutindo política espiritual.


Dia 17/3/2016 recebi e repassei uma convocação para mentalizarmos e pedirmos oração ao nosso país. Estava e está um momento tão denso, tão complicado, que entrei na vibração marcada às 21:00 horas.

O que eu vi me deixou apreensivo, em verdade, já estava apreensivo, apenas fiquei mais. E, durante todo o tempo que via algumas imagens que eu não sei INTERPRETAR, eu ficava pensando: minha alma vira à esquerda, caminha à esquerda, é quase gauche, como fazer? Explico a pergunta e dúvida, a questão. Não há neutralidade, nem jornalística, nem opinativa, nem judicial, nem mediúnica. Nessa esfera, como nas outras, a gente aumenta a nossa passividade, dá condições do ser que comunica se expressar o mais claro possível, isto é, mais ele. No entanto, ele fala por nosso intermédio, utiliza desde os nossos arcabouços cognitivos, afetivos até de nossa corporeidade. Ainda quando não há o mínimo contato, tudo se faz por telepatia, é ainda o meu filtro, o meu arcabouço, que vai dar voz, imagem ao recebido. Isto tem que ficar claro, para que não acreditem completamente que a mensagem do pastor, do médium, do jornalista, do juiz, favorável ou não, é isenta e neutra. Os demarcadores da isenção e da neutralidade são outros, por isso a defesa da democracia, por isso a defesa da República, por isso a defesa da divisão dos três poderes, para que nossas subjetividades mais intimas, pessoais, singulares e por tudo isso, acertadas, tenha outro filtro. A da republica é a CONSTITUIÇÃO. A dos religiosos cristãos é JESUS. Daí acreditar que ele defende a pátria, a família e a propriedade é um avanço subjetivo, coletivo. Mas, podemos defender, alardear, tomando o cuidado de não acreditar que estamos a mando do Sr Jesus Cristo. Já vimos as cruzadas, já vimos a idade média, nós sabemos como isso acaba, ou o que essa convicção sem desconfiar da própria convicção gera e produz. Não podemos cair nisso em pleno século XXI

I

Falava com uma amada-amiga de como uma grande parte de espiritistas e espiritualistas estavam desde a 1ª eleição de Lula soltando fogo pelas redes sociais. Como que cada um deles em sua maioria se transformavam, se alteravam, ou se mostravam radicais, intransigentes ao governo petista. E, eu sempre fico querendo compreender, fico querendo saber o que eles sabem que eu não sei? O que eles veem que eu não estou vendo?

Assim, antes de escrever sobre esses fatos eu fui procurar dois expoentes que eu gosto demais, tenho imensa simpatia e admiração por tudo que são e representam: Marilusa Moreira Vasconcelos e Robson Pinheiro. Vi que o Robson tem até psicografia de Tancredo de agosto de 2015 e um pronunciamento mais recente no qual ele se posiciona belamente. Tá, não tão belamente assim! rsrsrs. Mas, belamente, no sentido de marcar posição, de ir às ruas, de chamar o povo às ruas e também por captar o mesmo que eu captei, só que eu não me atrevo a dar nomes, INTERPRETAR como ele fez.

https://www.youtube.com/watch?v=3F9WjsFqgRM



E não me atrevo por qual motivo? Porque aprendi com o tempo a não personificar energia. Nada do que ele diz é irreal, mas as considerações que ele realiza vão até onde ele alcança. Isso é com todos nós. “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo.” Assim, falo apenas da minha aldeia, sem pretensão de que esse discurso seja geral e universal. E, desconfio, embora acredite, que muitos conseguem ter essa visão mais universal. Uma observação:

a distância entre a minha percepção mediúnica e sensitiva e a do Robson é daqui a Saturno e a distância entre a minha e a da Marilusa é daqui a Alfa Centauros. Não tem comparação no que se refere a capacidade, experiência, serviço prestado e qualquer outras que desejarem. Eles estão muito, mas muito a frente.  Então, porque eu vou discutir? rsrs

Porque eu sou da filosofia. Porque eu quero aprender. Porque eu acho que é fundamental trocarmos. Porque é importante deixar claro que não há neutralidade. Seria fabuloso sermos capazes de colocar o mundo entre parênteses (époche) e darmos um despacho- seja jurídico, jornalístico, mediúnico. Não somos. A mensagem que passa por nós leva um pouco da gente. Não há neutralidade. O juiz que declara voto a Aécio, que acusa um partido de petralha, por mais que ele deseje a neutralidade, ele está enviesado; o inverso é reciproco. E, como cada um de nós tem uma intencionalidade o que nos salva e nos redime é a transparência e o se pautar por um norte claro, no caso do judiciário a Constituição e os códigos da lei. No caso de nós médiuns a desconfiança que mesmo sendo a declaração de uma entidade, de um terceiro, ela passa por nós e fisicamente, espelha a nossa concepção, seja por sintonia, seja por vibração.

Sendo claro, eu tenho dúvidas, muitas dúvidas se eu ao receber uma mensagem do ACM não vou dar a ele uma guinada à esquerda, ou pior, vou fazer com que ele se envergonhe e assuma culpas de ações que ele não sente. O inverso é reciproco. Meu amigo Tancredo a quem tenho imensa estima não diz nenhuma mentira em sua análise, mas eu não ouso colocar rosto naquilo que ele diz, embora na mensagem tenha. E, das últimas vezes que tive notícia de Tancredo, isso faz mais de duas décadas, ele estava preocupado com seu neto. Não sei se a preocupação diminuiu, ou aumentou. Sei que o menino Aécio sempre nos preocupou. A mim de uma orientação mais a esquerda. A mim que compreende os desígnios do alto em dar a possibilidade da reencarnação em grupos adversários para a evolução de todos, individual e coletiva. Aclarando, até onde eu sei, Aécio não fez parte da luta no século XVIII pelos ideais de liberdade, igualdade, fraternidade; pelo contrário, lutou com unhas e dentes, extremamente afiados, contra nós. Mas, renasce no seio de uma família tradicional, de uma família na qual há ligações karmica e quiçá genéticas com os inconfidentes. Tancredo fora um inconfidente e tem nosso apreço e respeito. Mais do que isso, Tancredo organiza, auxilia no processo de transição de dois governos, o que dá o golpe, o que faz a abertura. A posição de Tancredo, a sua mensagem é emblemática por tudo isso, mas especialmente, por ser um grande politico e um grande articulador.

Onde quero chegar? Nas imagens que eu vi e nas representações que fiz e não sei sua correspondência com a realidade dos fatos. Nesses momentos os fatos são importantes para que cada um chegue a uma conclusão.

II



É fato que é um momento denso, complicado do nosso país e não precisa ser sensitivo, médium para perceber. O clima está pesado, sente-se nas ruas, nos olhares, nas mídias sociais, nas conversas entre irmãos.

No Brasil nós não ‘conhecemos’ esse clima. Essa tensão e apreensão no ar. Como diz o artista: “o silêncio que antecede o esporro!” Não conhecemos entre aspas, porque aqueles que saíram das senzalas e habitam as favelas sempre sentiram esse clima no ar. Para uma parcela da população do nosso país a única coisa nova é que agora o escarnio e o insulto é publico. Destila-se o ódio aos negros, aos pobres pelas mídias sociais, sem nenhuma reserva. Mas, o homossexual sempre sentiu esse clima, nós negros sentimos esse clima, os pobres fora de seu espaço natural, sentem esse clima. Quando a policia se aproxima, sentimos esse clima, quando tem que se procurar o posto de saúde, sabe-se desse clima e ele é tão denso, tão hostil, tão pesado, que a arte, o esporte é uma forma com que os caras a transmutam. A outra é pela violência, pelo sangue, pela morte. Mas, de modo geral, esse ódio nunca veio a superfície, somos cordiais.

III


Eu via nuvens negras, pesadas, sem forma, mas opressoras, opressivas. Elas não faziam nada a não ser movimentarem-se e a medida que movimentam afetam, transtornam, desesperam, enlouquecem. O que ganham com isso?

A gente fala da era de aquário e achamos que a era dourada irá e iria acontecer como um passe de mágica. Não, há resistência, há luta, há uma última tentativa de resistência. Eu acredito até que esse seja o último hálito do mal. Não que vai acabar a maldade, mas é que algumas forças estão sendo retiradas, conduzidas para outros orbes, mas o estrago que eles vem causando é imenso. Sabe ato de desesperado que tenta levar o máximo de pessoas consigo? Pareceu-me muito isso.

A visão de muitos colegas sensitivos e médiuns é a de que há uma obsessão complexa sobre o nosso PAÍS e que Lula, Dilma, os petistas de modo geral representam e simbolizam essa nuvem que descrevo, que eles são alvo e canal dessas forças. Eu como médium, filósofo tenho que discutir essa interpretação. Será mesmo? Posso estar enganado? Por que essas interpretações diante de um governo de ‘esquerda’?

Sendo claro, eu poderia ver nessa nuvem Aécio, Alckimim, Serra, Richa, Cunha, Bolsanaro e tantos outros. Mas, energeticamente, aprendi numa psicografia sobre drogas, que não posso. Ou melhor, pode-se, mas é ingenuidade, muitas vezes, um olhar apressado, ansioso, buscando um fechamento para algo que irá se definir daqui a pouco. 

Na psicografia sobre drogas compreendi que o tráfico não é de coca, ou de maconha, o tráfico é de ectoplasma. É pelo uso do ectoplasma que se dá toda forma de manipulação, dominação, subjugação, livramento e cura em nosso planeta. Os grandes manipuladores desencarnados e que se recusaram outra reencarnação (chato mesmo) estão sendo convidados a se retirarem do planeta, mas antes eles deixaram um bafo, que é como vejo essa nuvem. E esse bafo nos chegou. Essa nuvem tem caminhado pelo mundo, pelo menos foi a imagem que eles me mostraram. Ela não estaciona aqui, ela caminha, segue, do Iraque, Irã, Coreia, India, Siria, Paquistão, Serra Leoa, Africa do Sul, Venezuela, França, Bélgica, Inglaterra, Portugal, Espanha, Alemanha, Eua. Não há país incólume a essa baforada e não há tranquilidade enquanto ela passa. O que me chama atenção é o que fica e como ficamos depois que essa energia passa.

Agora, ela está no Brasil e precisamos compreender a lógica que ela atua.

Primeiro, ela não é exclusividade nossa;
Segundo, ela não deve ser personificada;
Terceiro, ela não cede e nem perde.

Na psicografia sobre as drogas, fiquei espantado quando num desdobramento, eu via que ‘os caras’ que no astral negociavam a chacina eram os mesmos que comandavam também do astral pastores a ‘queimar’ espíritos no altar. Essas forças estavam em todos os lugares. Na morte do repórter assassinado, eles estavam na negociação de captura de ectoplasma pela TV. Eles não perdem, não cedem e atuam no poder. 

Numa outra imagem que me fora mostrada meses atrás acerca da mineração, esses seres apareciam debaixo da terra. Na hora me veio o titulo do Eduardo Galeano: “ As veias abertas da América Latina.” E me reportou à África e os mesmos minérios que ao invés de gerar riqueza para todos, gera miséria em massa, um empobrecimento em todos os níveis. Eles sugam tudo. Falo disso no link abaixo

O Mar de Lama

No momento, nós estamos imersos nessa onda de tensão. Podemos acreditar que tem um lado certo composto de pessoas idôneas e outro lado oposto, errado, composto de pessoas demonizadas.

O que consigo compreender e captar é que a espiritualidade que conduz todo o processo em nome de um bem maior, espera que nos posicionemos, que enfrentemos os desmandos, os descasos, as arbitrariedades. Sinto que o desejo é o de não tolerarmos mais essa energia entre nós. O que é muito, mas muito diferente de atacar pessoas por vestirem camisa vermelha, ou agredirem outras por estar de camisa verde-amarela.

Em suma, o que percebo é que a questão não é a tomada de lado, se é de esquerda, ou se da direita, a questão é se nossos ideais são coletivos ou individuais? São democráticos e com isso republicano, ou são autocráticos e pretendem ferir o jogo republicano? Assim, a questão não é a disputa, mas como ela é realizada, em nome do que e de quem ela é feita. Nesse panorama o melhor é tentar ficar imóvel, irradiar luz para termos clareza. O melhor seria não engrossar as vozes do caos, do ódio, da balburdia, por mais que você acredite que é o correto, que está do lado certo.


Todas as vezes que entramos na raiva, no ódio ( e está difícil não ter e sentir) são essas nuvens que ganham. Eles ganham com nosso ódio, eles ganham com nossa raiva, eles ganham com nosso desamor. O que os alimenta é essa energia de tensão, de medo, de desconfiança, de insegurança. E aqueles que estão nos conduzindo nessa direção, são aqueles que estão influenciados por essas forças. E, não importa o partido. 

No cenário do Estado Democrático de Direito, opositor sai dessa condição, se tornando uma liderança, construindo ano a ano, ação por ação, condições de ter a confiança dos eleitores. Na democracia perder por um ou por dez milhões implica na aceitação da vontade da maioria e a construção para conquistar o voto que faltou, ou que faltaram. Não cabe a vaidade, não cabe o orgulho. A situação não pode ser alterada pelo poder econômico de uns, ou pelo acesso jurídico de outros. Na busca pela integridade, a mudança se faz integralmente de forma integra. 

De modo que, lutemos, mas sem ódio, ou melhor, nos posicionemos desconfiando que podemos estar enganados. 






quarta-feira, 9 de março de 2016

OLX: DESAPEGA!!! DESAPEGA!!!


A propaganda, claramente, nos fala do desapego, embora de forma comercial. Ela se torna emblemática para pensarmos e analisarmos algumas situações referentes ao apego, tanto na sua esfera material, quanto na sua esfera espiritual. O que de forma alguma nos impede de pensarmos e refletirmos: a que e ao que estamos apegados? Na maioria das vezes não sabemos, não percebemos e só nos damos conta em situações limites. Situações nos quais privados desse algo constatamos o tanto que estávamos apegados, desde uma pessoa, passando por circunstâncias até chegarmos às coisas. Estamos presos, apegados a algo ou alguém.

Friso isso, porque espiritualistas falam muito do apEGO e do desa-pEGO. Estamos entendendo, o apEGO como aquilo que se associa ao ego e o desapEGO como aquilo com o que o ego não mais se associa. Mais do que uma associação o apego é uma identificação. E como nos identificamos atualmente. Temos tantas identificações que identificar-se tem sido um problema. De todo modo, vale o exame de consciência: você está apegado a que? A quem? Se morresse amanhã ficaria preso a alguma coisa? Alguém te prenderia? E aqui exploramos duas possibilidades do apego.



Recordo-me que na década de 1990, eu respondi a essa pergunta eu era mais solto, não tinha nenhum entrave existencial que me fizesse pedir por mais dois minutos caso a morte me chamasse. Hoje, tenho filhos, tenho ações não feitas, tenho amores não concluídos. Hoje estou apegado, mas é isso um mal como alardeiam os espiritualistas? Provavelmente, não. Para mim e muitas pessoas que conheço e atendo, esses apegos nos deram ancora, nos deram chão, nos deram Terra e incorporação. Sem eles estaríamos vagando por aí. Muitos veem e interpretam isso como sendo condição necessária para o desenvolvimento e a prática espiritual, o que não deixa de ser uma verdade. Mas, não posso deixar de frisar e salientar como que o se atentar para o relacionamento, para o matrimônio, para com os filhos, remete a mesma compenetração e profundidade da vida celibatária, monástica, dedicada ao outro. Quero dizer que embora esses dois caminhos sejam apresentados como antagônicos, há possibilidades cada vez maiores de seres que os integram, os unificam e caminham pelos dois ao mesmo tempo, que percorre um só, ou ambos.


Na vida de modo geral não é nada diferente. Nos apegamos, nos agarramos a pequenas coisas que se nos tiram- agredimos, ficamos ofendidos, magoados, chateados. A maioria de nós tem dificuldade de deixar uma pessoa passar na nossa frente ao entrar no ônibus e quando nos sentamos... aquilo não é mais uma cadeira, é um trono. Nós nos apegamos à cadeira de bus. Eu fico curioso com tudo isso, como que ao alugarmos um quarto no hotel, no primeiro dia tudo é estranho, no segundo, terceiro dia, nos apegamos. Somos capturados pelo pronome possessivo MEU. Você poderia pedir para limparem MEU QUARTO! Você pode me chamar no MEU QUARTO! Vamos embora no dia seguinte, mas tomamos posse. Fazemos o mesmo movimento com casa alugada, com carro, com bichos, com outro ser humano. A medida que o pronome vai sendo usado com desenvoltura, mais o apego cresce, se avoluma em nós. Mais prendemos e vamos ficando presos.
De modo que desapegar não é fácil e não é atoa que é a grande lição do budismo e da maioria dos ensinamentos espirituais. Nas reuniões espirituais o que observamos são os apegos, são eles que nos prendem. Não importa aqui se é o de álcool, de drogas, de sexo, de carne, de ciúme, amor, ódio e vingança. É o apEGO que nos aprisiona, nos retém, nos paralisa, nos inviabiliza, porque todo apEGO é repleto de medo, de ansiedade e por vezes de angustia.

Longe da proposta do abandono e da renuncia do ego o que reputo salutar é praticarmos a arte do desapEGO todos os dias, ou melhor, todo mês, no mínimo uma vez por ano para que ele não se solidifique muito. Para que a gente não se ache demais, demasiadamente. Quanto mais seres, objetos temos sob nossa captura, maior a sensação do Ego de comando, de domínio, de potência, de arrogância, enfim, de ilusão. O dar, o compartilhar, o renunciar auxilia na diminuição desse estado. 

A arte OLX, isto é, de desapegar-se das coisas, dos outros, de nós mesmos vai nos auxiliando a consolidar um espaço de liberdade e autonomia aos seres a nossa volta. No que se refere aos objetos, a medida que nos desapegamos vamos ficando mais livres, mais conscientes, aquele espaço antes reservado a ansiedade, a angustia, a dor e ao sofrimento vai sendo preenchido por algo mais leve, mais tênue, mais substancial. Uma outra substância vai crescendo e nos coabitando, vamos ficando mais plenos de nós mesmos ao não estarmos apEGOdos, identificados a outras coisas que são e não são eus.   


domingo, 24 de janeiro de 2016

A ÓRBITA CARDÍACA

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Navegamos..... Como diz o poeta em O Homem; As Viagens: “o homem, bicho da terra tão pequeno/ chateia-se na terra...”

Navegamos por caminhos inauditos. Caminhos que nem sempre sabemos o nome. Nosso coração, centro de nossa finita galáxia, por vezes explode, implode- super novas surgem. Outras vezes entra em colapso, buracos negros a espera de um caminho de minhoca que nos leva a uma jornada nunca antes imaginada.

Cada vez mais buscamos compreender o horizonte do longínquo, do distante, daquilo que em física denomina-se o mundo macrocósmico das grandes velocidades e dos grandes eventos. Buscamos compreender o universo macro no qual a percepção do tempo como relativo é massivo e a gravidade é força que curva o espaço. Essas observações nos ajuda na criação de novas possibilidades para o nosso cotidiano, mas e se fizéssemos como nos chama o poeta, como nos convida os monges- observássemos a nós mesmos? Se pudéssemos fazer uma comparação entre o sol e o coração?  



É isso que levantarei como hipótese quanto a observação que fiz de alguns corpos emocionais e mentais. Nessas observações evidenciou-se um campo magnético muito similar e análogo ao cósmico. Claro que quando falamos do macrocósmico estamos pensando em distâncias e tamanhos astronômicos e quando falamos do micro estamos falando de distância e tamanhos genéticos, celulares. Em comum eles têm a invisibilidade a olhos nus, mas não gera ceticismo acerca da sua existência. Outro ponto que salientaremos como comum é que o homem é uma das intercessões entre esses dois universos. O homem percorre e adentra o universo do invisível, dos campos vibracionais que não "vemos", não "pegamos, mas podemos sentir. E é nessa perspectiva que convidamos cada um a ler o texto.  



II

Coloquemos o coração como o centro do nosso universo interior. Ao seu redor gravitam como planetas, asteroides, estrelas, nossas afecções e objetos. Cada um coloca mais próximo ou mais longe de sua órbita aquilo que da valor e sentido. Alguns bem perto, como se fosse um satélite natural do nosso ser. Outros mais distantes como o ex planeta Plutão. Alguns ainda similar a estrelas-gêmeas daquelas cuja órbita é simétrica a outra.




Mas, independente do sistema solar há uma capacidade nossa e em nós de re-arranjar esses espaços, de configurar esse sistema. Nós temos um ser interno que se mostra o ‘controlador’ de nossas afecções, sentimentos e objetos, sendo capaz de aproximar uns e distanciar outros. Haveria em nós, por exemplo, uma capacidade de trazer uma nova pessoa para mais perto do nosso coração e quase que ao mesmo tempo, por força de repulsão, deslocar um outro ser para outro campo gravitacional. Nós rearranjamos nossos espaços internos sem muita consciência de como isso se mostra complexo. 


III

Aqui a química com suas camadas e espectros nos apresentaria uma imagem mais apropriada. Sabe aquele momento no qual um elétron é excitado e salta para outra camada? E depois quando perde a excitação volta ao seu estado anterior? 

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Com o emocional seria algo similar. Num momento de excitação, ele saltaria para níveis mais elevados e depois retorna, no entanto, diferentemente do elétron, nunca será o mesmo. Nessa excitação, ele se faz outro, se torna diferente. 

E isso me fez cogitar: se não haveria movimentos anômalos em nosso sistema? Não poderia também ter pessoas que tivessem um sistema diferente, como por exemplo: que só funciona quando tem dois satélites bem perto do coração, isto é, um(a) amante. Ou, outros que funcionam apenas estando sozinhos e solitários? E, ainda outros nos quais nem sonhamos e imaginamos? Ou seja, o coração terra que ninguém pisa teria milhares de desenhos, de possibilidades.
No entanto, o que de fato salta aos olhos é quando a excitação é provocada pela entrada de um outro sistema na órbita cardíaca dos seres. Esse momento no qual embora com toda preparação sempre há a criação de anomalias, surge impactos. 


 UM UNIVERSO DE DOIS.



Nesses movimentos, algumas vezes mudamos a orbita de alguns objetos e seres.

Assim como que por vezes, dois corações se aproximam, criam uma dinâmica sideral altamente significativa até se fundirem em um e virarem três. Dá para ouvir a pulsação atravessada, o coração disparado, a boca secando, as mãos suando? Dá para imaginar o inimaginável que somente os poetas sabem dizer e os loucos uivar para lua? Dá para visualizar essa dinâmica? De quando a nossa órbita fica anômala, porque outra pessoa e ser a altera por completo. Esteja a pessoa perto ou longe, ela bagunça a nossa normalidade, desalinha nosso ser, nossa órbita até que as duas conseguem uma aproximação, um entendimento, uma coesão e passam a ter uma órbita regular, pelo menos, compreensível aos nossos peitos? Ou outras vezes, nunca se encontra solução para essa anomalia. E dois corações mesmo que próximos caminham sozinhos ou preenchidos por outros. E outras vezes, essas órbitas nunca encontram ajuste, harmonia, ou melhor, a harmonia delas é a anomalia. 

Essa parece ser a dinâmica da paixão, do amor, de dois universos se encontrando, se criando, começando um movimento de atração e repulsão, de aproximação e distanciamento. É um novo mundo que se cria e novo mundo que se forma, que se desfaz. Isso explicaria tanta loucura, tanto desatino, porque simplesmente, a gravitação cardíaca nos tira do eixo, do plumo. As órbitas de cada ser buscam uma harmonização que nunca é fácil ou tranquila, por melhor que seja o encaixe.


IV

Mas, de todas as anomalias conhecidas, nenhuma ilustra tanto e tão bem o que estamos querendo dizer quanto a gravidez.


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Nada pulsa e altera mais a órbita de um ser, especialmente, da mulher, do que um filho. Nietzsche nos diz isso ao afirmar que a mulher para o homem é um fim, mas a mulher para o homem é um meio, o seu objetivo é o filho.


O nascimento desse ser dentro de si mesma, célula meiótica nossa e de outra, que se divide, se divide, divide-se ao meio, ao quarto, a uma nova metade, a um oitavo, ao seu dobro, ao seu quadruplo, divide-se para se fazer inteiro, único. E nessa unicidade, um cordão umbilical une dois que são um, mesmo depois do corte desse cordão. Mesmo tendo sido impelido para fora, se faz satélite natural. É uma lua que gravita no cerne de cada uma delas. É mais do que isso é um ser que gravita fora, mas cuja estrutura se dá por meio de um controle remoto interno, instalado no amago do coração. É a base de comando do invisível que permeia o micro e o macrocósmico. Observar as mães decifra alguns mistérios do universo como, por exemplo a ação à distância.  


Parece que essa ação se dá pelo amor incondicional que os filhos ativam nelas. Provocando uma renúncia alegre, suave em que se encontra plenitude e sentido em viver essa outra rota, esse outro sistema. 


Essa parece ser a melhor ilustração para explicar a paixão, o amor. Só que no que se refere ao filho essa paixão nasce de dentro, é algo intrínseco. Já na paixão é algo externo, é algo cuja gestação parece que começa pelo parto, até ser acolhido nos braços. 

De toda forma, a órbita cardíaca tem uma sinfonia tão celestial quanto a que Kepler ouviu. Escutar essa nossa voz do coração, a melodia e harmonia do nosso corpo emocional é uma forma da gente se conectar com os diversos satélites, planetas, asteroides, cometas que se aproximam da nossa órbita, da nossa vida, da nossa existência. 


É abrir-se para novas sintonias, sinfonias, criações. É quando podemos unir o micro ao macrocosmo.