Espaço utilizado como amparo e reflexão da Holos Consultoria Fiholosofica/Spaço Iluminar. Este espaço se torna o lugar no qual discorremos sobre as implicações, as atividades e os serviços prestados por nós. De forma que buscamos dar uma visão unificada, integrada dos acontecimentos da existência, colorindo-os com uma visão artística, cientifica, desportista, filosófica, denominada pelos gregos de Tecnhé. Contemplando a nossa visão holística e holográfica, isto é, φholosofica.
Gosto da astrologia. O estudo dos céus nos
desvela significados ocultos, profundos. Meu coração olhou para as estrelas e
viu nelas uma configuração bem similar a medieval. Há muito tenho visto e
acompanhado o movimento desse céu em nossas ações, pensamentos, reflexões. Ao
mesmo tempo em que se abre um céu com muitas possibilidades, outras
configurações se desenham fechando e obstruindo mais avanços. Essa obstrução
não é outra coisa senão o medo.
Sim, é o medo do novo, o medo do progresso, o
medo dos avanços, o medo do diferente, das diferenças que travam o fluxo do
novo. É claro que todos nós tememos o novo, embora o esperamos. É claro que
falamos em ressurreição, mas tememos a morte.
E essas contradições intimas dá
força para grupos que gostam da permanência, da imobilidade, da estratificação,
seja ela social, econômica, espiritual. Diante de avanços, mínimos que sejam,
eles se mobilizam com exércitos para criar dificuldades.
O que dizer a eles? A nós? Direi que o amor
sempre nos conduz para paisagens mais belas e melhores. Direi que deixar-se
conduzir pela luz do amor é melhor do que direcionar caminhos estando no escuro
e reinando nas trevas. E isso é o barato das conjecturas, os seres escuros,
movendo-se nas sombras, acreditam que estão levando as situações, os seres,
para onde eles desejam, mas quando a gente acende a luz, percebemos que fomos
para onde o amor já tinha nos chamado. Os indivíduos, os povos, os grupos, as
nações não conseguem alterar esse movimento, alterar esse fluxo. A luz é uma
constante, um encontro marcado. Não fugimos disso, sendo assim deposita o seu
medo nos pés do seu terapeuta, da sua esposa, do seu marido, do seu Deus. Tire
o seu medo das sombras e permita-se dar um passo.
Não, seu filho não vai virar homossexual por
verem dois homens casados civilmente. Não, você não vai dar todas as suas
propriedades porque abraçou um sem teto ou sem terra. Não, você não vai perder
sua riqueza caso os comunistas permaneçam no poder. Não, não iremos
embranquecer o movimento negro caso um louro sente-se conosco. Não, não iremos
virar coxinha caso tomemos Coca Cola com nossos filhos. Não, não iremos ser
pelegos casos compreendamos a dificuldade de gerar e manter empregos do patrão.
Não, não iremos deixar de ser quem somos caso escutemos, olhemos e abracemos o
outro, o inferno (Sartre), o diferente de nós; o não eu. Mas, sim, podemos ser
melhores.
E, a melhor forma de sermos melhores é na
democracia. Na abertura de possibilidades, de ideias, de diversidade, do dissenso
e do consenso. Não temos salvação fora da democracia e do jogo democrático e é tirano
todos aqueles que brincaram no jogo e quando perdem e por perderem propõem o
fim do jogo, apelando para novas regras. Golpistas, não passarão.
Dia 17/3/2016 recebi e
repassei uma convocação para mentalizarmos e pedirmos oração ao nosso país.
Estava e está um momento tão denso, tão complicado, que entrei na vibração
marcada às 21:00 horas.
O que eu vi me deixou
apreensivo, em verdade, já estava apreensivo, apenas fiquei mais. E, durante
todo o tempo que via algumas imagens que eu não sei INTERPRETAR, eu ficava
pensando: minha alma vira à esquerda, caminha à esquerda, é quase gauche, como
fazer? Explico a pergunta e dúvida, a questão. Não há neutralidade, nem jornalística,
nem opinativa, nem judicial, nem mediúnica. Nessa esfera, como nas outras, a
gente aumenta a nossa passividade, dá condições do ser que comunica se
expressar o mais claro possível, isto é, mais ele. No entanto, ele fala por
nosso intermédio, utiliza desde os nossos arcabouços cognitivos, afetivos até
de nossa corporeidade. Ainda quando não há o mínimo contato, tudo se faz por
telepatia, é ainda o meu filtro, o meu arcabouço, que vai dar voz, imagem ao
recebido. Isto tem que ficar claro, para que não acreditem completamente que a
mensagem do pastor, do médium, do jornalista, do juiz, favorável ou não, é
isenta e neutra. Os demarcadores da isenção e da neutralidade são outros, por
isso a defesa da democracia, por isso a defesa da República, por isso a defesa
da divisão dos três poderes, para que nossas subjetividades mais intimas,
pessoais, singulares e por tudo isso, acertadas, tenha outro filtro. A da
republica é a CONSTITUIÇÃO. A dos religiosos cristãos é JESUS. Daí acreditar
que ele defende a pátria, a família e a propriedade é um avanço subjetivo,
coletivo. Mas, podemos defender, alardear, tomando o cuidado de não acreditar
que estamos a mando do Sr Jesus Cristo. Já vimos as cruzadas, já vimos a idade
média, nós sabemos como isso acaba, ou o que essa convicção sem desconfiar da própria
convicção gera e produz. Não podemos cair nisso em pleno século XXI
I
Falava com uma
amada-amiga de como uma grande parte de espiritistas e espiritualistas estavam
desde a 1ª eleição de Lula soltando fogo pelas redes sociais. Como que cada um
deles em sua maioria se transformavam, se alteravam, ou se mostravam radicais,
intransigentes ao governo petista. E, eu sempre fico querendo compreender, fico
querendo saber o que eles sabem que eu não sei? O que eles veem que eu não
estou vendo?
Assim, antes de escrever
sobre esses fatos eu fui procurar dois expoentes que eu gosto demais, tenho
imensa simpatia e admiração por tudo que são e representam: Marilusa Moreira
Vasconcelos e Robson Pinheiro. Vi que o Robson tem até psicografia de Tancredo
de agosto de 2015 e um pronunciamento mais recente no qual ele se posiciona
belamente. Tá, não tão belamente assim! rsrsrs. Mas, belamente, no sentido de
marcar posição, de ir às ruas, de chamar o povo às ruas e também por captar o
mesmo que eu captei, só que eu não me atrevo a dar nomes, INTERPRETAR como ele
fez. https://www.youtube.com/watch?v=3F9WjsFqgRM
E não me atrevo por qual
motivo? Porque aprendi com o tempo a não personificar energia. Nada do que ele
diz é irreal, mas as considerações que ele realiza vão até onde ele alcança.
Isso é com todos nós. “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu
mundo.” Assim, falo apenas da minha aldeia, sem pretensão de que esse discurso
seja geral e universal. E, desconfio, embora acredite, que muitos conseguem ter
essa visão mais universal. Uma observação:
a distância entre a minha
percepção mediúnica e sensitiva e a do Robson é daqui a Saturno e a distância
entre a minha e a da Marilusa é daqui a Alfa Centauros. Não tem comparação no
que se refere a capacidade, experiência, serviço prestado e qualquer outras que
desejarem. Eles estão muito, mas muito a frente. Então, porque eu vou discutir? rsrs
Porque eu sou da
filosofia. Porque eu quero aprender. Porque eu acho que é fundamental
trocarmos. Porque é importante deixar claro que não há neutralidade. Seria
fabuloso sermos capazes de colocar o mundo entre parênteses (époche) e darmos
um despacho- seja jurídico, jornalístico, mediúnico. Não somos. A mensagem que
passa por nós leva um pouco da gente. Não há neutralidade. O juiz que declara
voto a Aécio, que acusa um partido de petralha, por mais que ele deseje a
neutralidade, ele está enviesado; o inverso é reciproco. E, como cada um de nós
tem uma intencionalidade o que nos salva e nos redime é a transparência e o se
pautar por um norte claro, no caso do judiciário a Constituição e os códigos da
lei. No caso de nós médiuns a desconfiança que mesmo sendo a declaração de uma
entidade, de um terceiro, ela passa por nós e fisicamente, espelha a nossa
concepção, seja por sintonia, seja por vibração.
Sendo claro, eu tenho
dúvidas, muitas dúvidas se eu ao receber uma mensagem do ACM não vou dar a ele
uma guinada à esquerda, ou pior, vou fazer com que ele se envergonhe e assuma
culpas de ações que ele não sente. O inverso é reciproco. Meu amigo Tancredo a
quem tenho imensa estima não diz nenhuma mentira em sua análise, mas eu não
ouso colocar rosto naquilo que ele diz, embora na mensagem tenha. E, das
últimas vezes que tive notícia de Tancredo, isso faz mais de duas décadas, ele
estava preocupado com seu neto. Não sei se a preocupação diminuiu, ou aumentou.
Sei que o menino Aécio sempre nos preocupou. A mim de uma orientação mais a
esquerda. A mim que compreende os desígnios do alto em dar a possibilidade da
reencarnação em grupos adversários para a evolução de todos, individual e coletiva.
Aclarando, até onde eu sei, Aécio não fez parte da luta no século XVIII pelos ideais
de liberdade, igualdade, fraternidade; pelo contrário, lutou com unhas e
dentes, extremamente afiados, contra nós. Mas, renasce no seio de uma família tradicional,
de uma família na qual há ligações karmica e quiçá genéticas com os
inconfidentes. Tancredo fora um inconfidente e tem nosso apreço e respeito.
Mais do que isso, Tancredo organiza, auxilia no processo de transição de dois
governos, o que dá o golpe, o que faz a abertura. A posição de Tancredo, a sua
mensagem é emblemática por tudo isso, mas especialmente, por ser um grande
politico e um grande articulador.
Onde quero chegar? Nas
imagens que eu vi e nas representações que fiz e não sei sua correspondência com
a realidade dos fatos. Nesses momentos os fatos são importantes para que cada
um chegue a uma conclusão.
II
É fato que é um momento
denso, complicado do nosso país e não precisa ser sensitivo, médium para
perceber. O clima está pesado, sente-se nas ruas, nos olhares, nas mídias
sociais, nas conversas entre irmãos.
No Brasil nós não ‘conhecemos’
esse clima. Essa tensão e apreensão no ar. Como diz o artista: “o silêncio que
antecede o esporro!” Não conhecemos entre aspas, porque aqueles que saíram das
senzalas e habitam as favelas sempre sentiram esse clima no ar. Para uma
parcela da população do nosso país a única coisa nova é que agora o escarnio e
o insulto é publico. Destila-se o ódio aos negros, aos pobres pelas mídias sociais,
sem nenhuma reserva. Mas, o homossexual sempre sentiu esse clima, nós negros
sentimos esse clima, os pobres fora de seu espaço natural, sentem esse clima.
Quando a policia se aproxima, sentimos esse clima, quando tem que se procurar o
posto de saúde, sabe-se desse clima e ele é tão denso, tão hostil, tão pesado,
que a arte, o esporte é uma forma com que os caras a transmutam. A outra é pela
violência, pelo sangue, pela morte. Mas, de modo geral, esse ódio nunca veio a superfície,
somos cordiais.
III
Eu via nuvens negras,
pesadas, sem forma, mas opressoras, opressivas. Elas não faziam nada a não ser
movimentarem-se e a medida que movimentam afetam, transtornam, desesperam,
enlouquecem. O que ganham com isso?
A gente fala da era de
aquário e achamos que a era dourada irá e iria acontecer como um passe de
mágica. Não, há resistência, há luta, há uma última tentativa de resistência. Eu
acredito até que esse seja o último hálito do mal. Não que vai acabar a
maldade, mas é que algumas forças estão sendo retiradas, conduzidas para outros
orbes, mas o estrago que eles vem causando é imenso. Sabe ato de desesperado
que tenta levar o máximo de pessoas consigo? Pareceu-me muito isso.
A visão de muitos colegas
sensitivos e médiuns é a de que há uma obsessão complexa sobre o nosso PAÍS e
que Lula, Dilma, os petistas de modo geral representam e simbolizam essa nuvem
que descrevo, que eles são alvo e canal dessas forças. Eu como médium, filósofo
tenho que discutir essa interpretação. Será mesmo? Posso estar enganado? Por
que essas interpretações diante de um governo de ‘esquerda’?
Sendo claro, eu poderia
ver nessa nuvem Aécio, Alckimim, Serra, Richa, Cunha, Bolsanaro e tantos
outros. Mas, energeticamente, aprendi numa psicografia sobre drogas, que não
posso. Ou melhor, pode-se, mas é ingenuidade, muitas vezes, um olhar apressado, ansioso, buscando um fechamento para algo que irá se definir daqui a pouco.
Na psicografia sobre drogas
compreendi que o tráfico não é de coca, ou de maconha, o tráfico é de
ectoplasma. É pelo uso do ectoplasma que se dá toda forma de manipulação,
dominação, subjugação, livramento e cura em nosso planeta. Os grandes
manipuladores desencarnados e que se recusaram outra reencarnação (chato mesmo)
estão sendo convidados a se retirarem do planeta, mas antes eles deixaram um
bafo, que é como vejo essa nuvem. E esse bafo nos chegou. Essa nuvem tem
caminhado pelo mundo, pelo menos foi a imagem que eles me mostraram. Ela não
estaciona aqui, ela caminha, segue, do Iraque, Irã, Coreia, India, Siria,
Paquistão, Serra Leoa, Africa do Sul, Venezuela, França, Bélgica, Inglaterra,
Portugal, Espanha, Alemanha, Eua. Não há país incólume a essa baforada e não há
tranquilidade enquanto ela passa. O que me chama atenção é o que fica e como
ficamos depois que essa energia passa.
Agora, ela está no Brasil
e precisamos compreender a lógica que ela atua.
Primeiro, ela não é
exclusividade nossa;
Segundo, ela não deve ser
personificada;
Terceiro, ela não cede e
nem perde.
Na psicografia sobre as
drogas, fiquei espantado quando num desdobramento, eu via que ‘os caras’ que no
astral negociavam a chacina eram os mesmos que comandavam também do astral pastores
a ‘queimar’ espíritos no altar. Essas forças estavam em todos os lugares. Na
morte do repórter assassinado, eles estavam na negociação de captura de
ectoplasma pela TV. Eles não perdem, não cedem e atuam no poder.
Numa outra imagem que me
fora mostrada meses atrás acerca da mineração, esses seres apareciam debaixo da
terra. Na hora me veio o titulo do Eduardo Galeano: “ As veias abertas da América
Latina.” E me reportou à África e os mesmos minérios que ao invés de gerar
riqueza para todos, gera miséria em massa, um empobrecimento em todos os níveis.
Eles sugam tudo. Falo disso no link abaixo O Mar de Lama
No momento, nós estamos
imersos nessa onda de tensão. Podemos acreditar que tem um lado certo composto
de pessoas idôneas e outro lado oposto, errado, composto de pessoas
demonizadas.
O que consigo compreender
e captar é que a espiritualidade que conduz todo o processo em nome de um bem
maior, espera que nos posicionemos, que enfrentemos os desmandos, os descasos,
as arbitrariedades. Sinto que o desejo é o de não
tolerarmos mais essa energia entre nós. O que é muito, mas muito diferente de
atacar pessoas por vestirem camisa vermelha, ou agredirem outras por estar de
camisa verde-amarela.
Em suma, o que percebo é
que a questão não é a tomada de lado, se é de esquerda, ou se da direita, a
questão é se nossos ideais são coletivos ou individuais? São democráticos e com
isso republicano, ou são autocráticos e pretendem ferir o jogo republicano?
Assim, a questão não é a disputa, mas como ela é realizada, em nome do que e de
quem ela é feita. Nesse panorama o melhor é tentar ficar imóvel, irradiar luz
para termos clareza. O melhor seria não engrossar as vozes do caos, do ódio, da
balburdia, por mais que você acredite que é o correto, que está do lado certo.
Todas as vezes que
entramos na raiva, no ódio ( e está difícil não ter e sentir) são essas nuvens
que ganham. Eles ganham com nosso ódio, eles ganham com nossa raiva, eles
ganham com nosso desamor. O que os alimenta é essa energia de tensão, de medo,
de desconfiança, de insegurança. E aqueles que estão nos conduzindo nessa
direção, são aqueles que estão influenciados por essas forças. E, não importa o
partido.
No cenário do Estado Democrático de Direito, opositor sai dessa
condição, se tornando uma liderança, construindo ano a ano, ação por ação,
condições de ter a confiança dos eleitores. Na democracia perder por um ou por
dez milhões implica na aceitação da vontade da maioria e a construção para
conquistar o voto que faltou, ou que faltaram. Não cabe a vaidade, não cabe o
orgulho. A situação não pode ser alterada pelo poder econômico de uns, ou pelo acesso jurídico de outros. Na busca pela integridade, a mudança se faz integralmente de forma integra.
De modo que, lutemos, mas sem ódio, ou melhor, nos posicionemos desconfiando que podemos estar enganados.
A propaganda, claramente,
nos fala do desapego, embora de forma comercial. Ela se torna emblemática para
pensarmos e analisarmos algumas situações referentes ao apego, tanto na sua
esfera material, quanto na sua esfera espiritual. O que de forma alguma nos
impede de pensarmos e refletirmos: a que e ao que estamos apegados? Na maioria
das vezes não sabemos, não percebemos e só nos damos conta em situações
limites. Situações nos quais privados desse algo constatamos o tanto que
estávamos apegados, desde uma pessoa, passando por circunstâncias até chegarmos
às coisas. Estamos presos, apegados a algo ou alguém.
Friso isso, porque espiritualistas
falam muito do apEGO e do desa-pEGO. Estamos entendendo, o apEGO como aquilo
que se associa ao ego e o desapEGO como aquilo com o que o ego não mais se
associa. Mais do que uma associação o apego é uma identificação. E como nos
identificamos atualmente. Temos tantas identificações que identificar-se tem sido
um problema. De todo modo, vale o exame de consciência: você está apegado a
que? A quem? Se morresse amanhã ficaria preso a alguma coisa? Alguém te
prenderia? E aqui exploramos duas possibilidades do apego.
Recordo-me que na década
de 1990, eu respondi a essa pergunta eu era mais solto, não tinha nenhum
entrave existencial que me fizesse pedir por mais dois minutos caso a morte me
chamasse. Hoje, tenho filhos, tenho ações não feitas, tenho amores não
concluídos. Hoje estou apegado, mas é isso um mal como alardeiam os
espiritualistas? Provavelmente, não. Para mim e muitas pessoas que conheço e
atendo, esses apegos nos deram ancora, nos deram chão, nos deram Terra e
incorporação. Sem eles estaríamos vagando por aí. Muitos veem e interpretam
isso como sendo condição necessária para o desenvolvimento e a prática
espiritual, o que não deixa de ser uma verdade. Mas, não posso deixar de frisar
e salientar como que o se atentar para o relacionamento, para o matrimônio,
para com os filhos, remete a mesma compenetração e profundidade da vida
celibatária, monástica, dedicada ao outro. Quero dizer que embora esses dois
caminhos sejam apresentados como antagônicos, há possibilidades cada vez
maiores de seres que os integram, os unificam e caminham pelos dois ao mesmo tempo,
que percorre um só, ou ambos.
Na vida de modo geral não
é nada diferente. Nos apegamos, nos agarramos a pequenas coisas que se nos
tiram- agredimos, ficamos ofendidos, magoados, chateados. A maioria de nós tem
dificuldade de deixar uma pessoa passar na nossa frente ao entrar no ônibus e
quando nos sentamos... aquilo não é mais uma cadeira, é um trono. Nós nos
apegamos à cadeira de bus. Eu fico curioso com tudo isso, como que ao alugarmos
um quarto no hotel, no primeiro dia tudo é estranho, no segundo, terceiro dia,
nos apegamos. Somos capturados pelo pronome possessivo MEU. Você poderia pedir
para limparem MEU QUARTO! Você pode me chamar no MEU QUARTO! Vamos embora no
dia seguinte, mas tomamos posse. Fazemos o mesmo movimento com casa alugada,
com carro, com bichos, com outro ser humano. A medida que o pronome vai sendo
usado com desenvoltura, mais o apego cresce, se avoluma em nós. Mais prendemos
e vamos ficando presos.
De modo que desapegar não
é fácil e não é atoa que é a grande lição do budismo e da maioria dos
ensinamentos espirituais. Nas reuniões espirituais o que observamos são os
apegos, são eles que nos prendem. Não importa aqui se é o de álcool, de drogas,
de sexo, de carne, de ciúme, amor, ódio e vingança. É o apEGO que nos
aprisiona, nos retém, nos paralisa, nos inviabiliza, porque todo apEGO é
repleto de medo, de ansiedade e por vezes de angustia.
Longe da proposta do
abandono e da renuncia do ego o que reputo salutar é praticarmos a arte do
desapEGO todos os dias, ou melhor, todo mês, no mínimo uma vez por ano para que
ele não se solidifique muito. Para que a gente não se ache demais,
demasiadamente. Quanto mais seres, objetos temos sob nossa captura, maior a
sensação do Ego de comando, de domínio, de potência, de arrogância, enfim, de ilusão.
O dar, o compartilhar, o renunciar auxilia na diminuição desse estado.
A arte OLX, isto é, de
desapegar-se das coisas, dos outros, de nós mesmos vai nos auxiliando a
consolidar um espaço de liberdade e autonomia aos seres a nossa volta. No que
se refere aos objetos, a medida que nos desapegamos vamos ficando mais livres,
mais conscientes, aquele espaço antes reservado a ansiedade, a angustia, a dor
e ao sofrimento vai sendo preenchido por algo mais leve, mais tênue, mais
substancial. Uma outra substância vai crescendo e nos coabitando, vamos ficando
mais plenos de nós mesmos ao não estarmos apEGOdos, identificados a outras
coisas que são e não são eus.
Navegamos..... Como diz o poeta em O Homem; As Viagens: “o homem, bicho da terra tão pequeno/ chateia-se na terra...”
Navegamos por caminhos
inauditos. Caminhos que nem sempre sabemos o nome. Nosso coração, centro de
nossa finita galáxia, por vezes explode, implode- super novas surgem. Outras vezes entra
em colapso, buracos negros a espera de um caminho de minhoca que nos leva a uma
jornada nunca antes imaginada. Cada vez mais buscamos compreender o horizonte do longínquo, do distante,
daquilo que em física denomina-se o mundo macrocósmico das grandes velocidades
e dos grandes eventos. Buscamos compreender o universo macro no qual a
percepção do tempo como relativo é massivo e a gravidade é força que curva o
espaço. Essas observações nos ajuda na criação de novas possibilidades para o
nosso cotidiano, mas e se fizéssemos como nos chama o poeta, como nos convida
os monges- observássemos a nós mesmos? Se pudéssemos fazer uma comparação entre
o sol e o coração?
É isso que levantarei como hipótese quanto a observação que fiz de
alguns corpos emocionais e mentais. Nessas observações evidenciou-se um
campo magnético muito similar e análogo ao cósmico. Claro que quando falamos do
macrocósmico estamos pensando em distâncias e tamanhos astronômicos e quando
falamos do micro estamos falando de distância e tamanhos genéticos, celulares.
Em comum eles têm a invisibilidade a olhos nus, mas não gera ceticismo acerca
da sua existência. Outro ponto que salientaremos como comum é que o homem
é uma das intercessões entre esses dois universos. O homem percorre e adentra o
universo do invisível, dos campos vibracionais que não "vemos", não
"pegamos, mas podemos sentir. E é nessa perspectiva que convidamos cada um
a ler o texto.
II Coloquemos o coração como
o centro do nosso universo interior. Ao seu redor gravitam como planetas, asteroides,
estrelas, nossas afecções e objetos. Cada um coloca mais próximo ou mais longe de sua
órbita aquilo que da valor e sentido. Alguns bem perto, como se fosse um satélite natural do nosso ser. Outros mais distantes como o ex planeta Plutão. Alguns ainda similar a estrelas-gêmeas
daquelas cuja órbita é simétrica a outra.
Mas,
independente do sistema solar há uma capacidade nossa e em nós de re-arranjar
esses espaços, de configurar esse sistema. Nós temos um ser interno que se
mostra o ‘controlador’ de nossas afecções, sentimentos e objetos, sendo capaz
de aproximar uns e distanciar outros. Haveria em nós, por exemplo, uma
capacidade de trazer uma nova pessoa para mais perto do nosso coração e quase
que ao mesmo tempo, por força de repulsão, deslocar um outro ser para outro
campo gravitacional. Nós rearranjamos nossos espaços internos sem muita
consciência de como isso se mostra complexo.
III
Aqui a
química com suas camadas e espectros nos apresentaria uma imagem mais
apropriada. Sabe aquele momento no qual um elétron é excitado e salta para
outra camada? E depois quando perde a excitação volta ao seu estado
anterior?
Com o emocional seria algo similar. Num momento de excitação, ele
saltaria para níveis mais elevados e depois retorna, no entanto, diferentemente
do elétron, nunca será o mesmo. Nessa excitação, ele se faz outro, se torna
diferente.
E isso
me fez cogitar: se não haveria movimentos anômalos em nosso sistema? Não
poderia também ter pessoas que tivessem um sistema diferente, como por exemplo:
que só funciona quando tem dois satélites bem perto do coração, isto é, um(a)
amante. Ou, outros que funcionam apenas estando sozinhos e solitários? E, ainda
outros nos quais nem sonhamos e imaginamos? Ou seja, o coração terra que
ninguém pisa teria milhares de desenhos, de possibilidades.
No
entanto, o que de fato salta aos olhos é quando a excitação é provocada pela
entrada de um outro sistema na órbita cardíaca dos seres. Esse momento no qual
embora com toda preparação sempre há a criação de anomalias, surge
impactos.
UM
UNIVERSO DE DOIS.
Nesses
movimentos, algumas vezes mudamos a orbita de alguns objetos e seres.
Assim
como que por vezes, dois corações se aproximam, criam uma dinâmica sideral
altamente significativa até se fundirem em um e virarem três. Dá para
ouvir a pulsação atravessada, o coração disparado, a boca secando, as mãos
suando? Dá para imaginar o inimaginável que somente os poetas sabem dizer e os
loucos uivar para lua? Dá para visualizar essa dinâmica? De quando a nossa
órbita fica anômala, porque outra pessoa e ser a altera por completo. Esteja a
pessoa perto ou longe, ela bagunça a nossa normalidade, desalinha nosso ser,
nossa órbita até que as duas conseguem uma aproximação, um entendimento, uma
coesão e passam a ter uma órbita regular, pelo menos, compreensível aos nossos
peitos? Ou outras vezes, nunca se encontra solução para essa anomalia. E dois
corações mesmo que próximos caminham sozinhos ou preenchidos por outros. E
outras vezes, essas órbitas nunca encontram ajuste, harmonia, ou melhor, a
harmonia delas é a anomalia.
Essa
parece ser a dinâmica da paixão, do amor, de dois universos se encontrando, se
criando, começando um movimento de atração e repulsão, de aproximação e
distanciamento. É um novo mundo que se cria e novo mundo que se forma, que se
desfaz. Isso explicaria tanta loucura, tanto desatino, porque simplesmente, a
gravitação cardíaca nos tira do eixo, do plumo. As órbitas de cada ser buscam
uma harmonização que nunca é fácil ou tranquila, por melhor que seja o encaixe.
IV
Mas, de todas as
anomalias conhecidas, nenhuma ilustra tanto e tão bem o que estamos querendo
dizer quanto a gravidez.
Nada pulsa e altera mais
a órbita de um ser, especialmente, da mulher, do que um filho. Nietzsche nos diz isso ao afirmar que a
mulher para o homem é um fim, mas a mulher para o homem é um meio, o seu
objetivo é o filho.
O
nascimento desse ser dentro de si mesma, célula meiótica nossa e de outra, que
se divide, se divide, divide-se ao meio, ao quarto, a uma nova metade, a um
oitavo, ao seu dobro, ao seu quadruplo, divide-se para se fazer inteiro, único.
E nessa unicidade, um cordão umbilical une dois que são um, mesmo depois do
corte desse cordão. Mesmo tendo sido impelido para fora, se faz satélite
natural. É uma lua que gravita no cerne de cada uma delas. É mais do que isso é
um ser que gravita fora, mas cuja estrutura se dá por meio de um controle
remoto interno, instalado no amago do coração. É a base de comando do invisível
que permeia o micro e o macrocósmico. Observar as mães decifra alguns mistérios
do universo como, por exemplo a ação à distância.
Parece que essa ação se dá pelo amor incondicional que os filhos ativam nelas. Provocando uma
renúncia alegre, suave em que se encontra plenitude e sentido em viver essa
outra rota, esse outro sistema.
Essa parece ser a melhor ilustração para explicar a paixão, o amor. Só que no que se refere ao filho essa paixão nasce de dentro, é algo intrínseco. Já na paixão é algo externo, é algo cuja gestação parece que começa pelo parto, até ser acolhido nos braços.
De toda forma, a órbita cardíaca tem uma
sinfonia tão celestial quanto a que Kepler ouviu. Escutar essa nossa voz do
coração, a melodia e harmonia do nosso corpo emocional é uma forma da gente se
conectar com os diversos satélites, planetas, asteroides, cometas que se
aproximam da nossa órbita, da nossa vida, da nossa existência.
É abrir-se para novas sintonias,
sinfonias, criações. É quando podemos unir o micro ao macrocosmo.