terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

O BALDE: UMA METÁFORA PARA NOSSOS DRAMAS E TRANSFORMAÇÕES.




Começo com o poema de Gilberto Gil, denominado Metáfora:

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: lata
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: meta
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo, nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha a caber o incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: lata
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: meta
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo, nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha a caber o incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

 

A partir do poema fica mais tranquilo retornarmos os conteúdos do balde que cada um de nós colocamos.


O Balde é uma metáfora para muitas coisas. Serve de expressão a outras inúmeras: fulano chutou o balde! A vaca deu 20 litros de leite e um coice no balde. O balde por vezes dialoga com o saco cheio, algo que esgota a paciência e de repente transborda. 

Nós nos valemos de uma cena vivenciada por uma partilhante que num ritual de Consagração da Ayahuasca nos contava semanas depois, uma cena em que um cuidador passava para limpar o balde dela. Foi o suficiente para ela se agarrar ao balde e vivenciar uma situação altamente ilustrativa que nos serviu de mote para discutirmos algumas questões desse psíquico que transborda, que comunica. Nas reflexões que ela fazia, ela percebeu o se agarrar ao balde como sendo uma dificuldade de largar seus conteúdos, no caso, cuspe, vômitos.


Ela foi explorando como que precisamos de um balde para chamar de nosso e assim dramatizarmos, vitimizarmos, manipularmos,

chantagearmos os outros, a vida, a nós mesmos.

É nesse sentido que produzo o vídeo: qual é o seu drama? Qual é o seu balde?


No final, mas não por último deixo o link do vídeo para verem no canal do Youtube.



terça-feira, 26 de dezembro de 2023

2024: O EQUÍLIBRIO DINÂMICO

 

Gosto de dar nome para os anos e suas vibrações. Depois que os amigos me ajudaram a compreender 2024 acabei o denominando de EQUILÍBRIO DINÂMICO e neste post tentaremos mostrar o pq.

 

Como a maioria já sabe, 2024 é um ano 8. Número relacionado ao poder, a justiça, ao controle, a organização. Características que estarão no ar. Não obstante, o 8 de 2024 vem tanto da soma 2 + 2 + 4, quanto e especialmente e magicamente da soma 20 + 24 = 44/8.

O bonito desta somatória é tanto o espelhamento que adentramos a partir de dois mil e vinte 20 20, quanto desse espelhamento via número mestre 44. Entendam por espelhamento a ideia mesmo de um espelho na frente do outro e os desdobramentos mágicos, ilusórios, sobrepostos que essas imagens produzem.

É assim 2020 nos lança a um espelhamento que vai se desdobrando, mas que se mantem com outras variações. 2024 guarda, tacitamente, o espelhamento 44.

O espelhamento de 2020 acirra as dicotomias, as disputas, os contrastes tendo como mote enquadramentos, encaixotamentos em busca de certezas e estruturações (4). Há desejos de se compreender a base da realidade, mas quanto mais se busca essa fundamentação, mais espelhos, reflexos, ilusões são criadas e construídos.


 

Nesse ano universal 8 destaco a importância de compreender dois pontos opostos e complementares que acabam sendo respaldados e clarificados pelos trânsitos astrológicos e o orixá regente do ano.

A saber, em 2024 teremos a entrada permanente de Plutão em Aquário por 20 anos. Trânsito que esteve presente na humanidade nas revoluções francesa, americana, conjuração mineira e diversos outros processos de emancipação dos sujeitos a um grau e entendimento de liberdade, igualdade, fraternidade é direito universal e não privilégio de alguns. Esse trânsito dará o tom e reflete em muito o ponto de catalisação para entrada na era de Aquário. Os outros dois trânsitos são Júpiter em Touro e depois em Gêmeos e Júpiter em Peixes.

Elucidando um pouco mais:

A vibração 8 evoca controle, poder. Esse 8 de um lado vem desse 4 4 (espelhamento) nos trazendo em direção a base, a solidez, a estrutura, implicando em desejo de posse, manutenção, conservadorismo podendo chegar a reacionarismos. Estas características podem relacionar tanto a touro quanto com aspectos de Saturno.

No entanto, embora isso reflita características tácitas do 8, não podemos perder de vista a parte dinâmica, fluida, serpentina de se chegar e obter esse controle. Movimentos dinâmicos que relacionam com Plutão, Júpiter. Relaciona-se a capacidade de sacudir, expandir, retirar as pessoas, as coisas, as situações do repouso, da estagnação em certa medida até mesmo em acelerar, revolucionar a inércia. Em outros termos flertaremos entre aquilo que desejamos manter e as mudanças e transformações que realizaremos e/ou que serão realizadas a revelia da nossa vontade e querer.


Os trânsitos dialogam com a dinâmica de resistir e mudar, preservar x transformar, mas deixando claro e certo que Plutão em Aquário ira promover um novo entendimento e significado de coletivo, um novo entendimento de individuo e individualidade.

É na tensão indivíduo-coletivo e/ou coletivo x indivíduo que o entendimento via tradições primitivas pode auxiliar, demasiadamente. Nestas matrizes o indivíduo é a tribo, a aldeia. Os dois se misturam, se fundem, se com-fundem, se interrelacionam, mas são ao mesmo tempo 1 e todo(s). Esse entendimento para nós que nos valemos de uma estrutura mais cartesiana de eu/ego é muito difícil de compreender e dimensionar. Mas, todo o trânsito de Plutão em Aquário revela essa tentativa de transitarmos, de sairmos do eu e compreendermos o nós.

A entrada de Plutão em Aquário é um catalisador desse entendimento que temos sido preparados há milênios e a maioria de nós escolheu estar aqui nessa transição. Uma transição que acontecerá seja por via consciente, atenta, respeitosa, ou a despeito do nosso querer, da nossa vontade, dilacerando nosso pseudo controle e posses.

É nesse sentido que trazemos Obaluae e a dimensão espiritual desse entendimento.

Em parte, essa compreensão espiritual pode ser alcançada quando subimos algumas oitavas (2³), que acabam indicando a capacidade de acessarmos potenciais mais elevados e compreensões mais refinadas a partir do cotidiano mais ordinário.  

Obaluae como médico dos orixás, senhor da cura e das doenças simboliza essa vida-morte, essa doença-cura; esse imponderável diante do inusitado que quebra as tentativas de controle mediante o medo e a paralisia.

 

Finalizando, seja pelo viés numerológico, astrológico ou do candomblé há um EQUILIBRIO DINÂMICO que todos seremos convidados a exercer. O que me traz a imagem do aprender a andar de bicicleta. Nada dificulta mais o equilíbrio do que a imobilidade. Por mais insano que pareça, a melhor forma de se equilibrar é em movimento. E é esse o equilíbrio dinâmico. Nossos medos, nossas posses, nossos controles serão mexidos, aqueles que tentarem se agarrar a eles ficarão paralisados e consumidos. Nossa melhor alternativa é cada um ao seu ritmo, ao seu modo, no seu processo, pedalar.

Um Feliz 2024 a todos nós. 

Para consultas entre em contato:

e-mail: kelsenfilos@yahoo.com.br



quarta-feira, 31 de maio de 2023

COMO FICAR RICO OU MELHOR- QUAL É A SUA VIDA RICA?

 

  

O título não é bom. Na verdade, é bom para quem gosta dessa temática e aposta no non sense dessas práticas que são uma febre na internet. Numa busca rápida pela busca do trailer do documentário voltaram centenas de pessoas mostrando, ensinando, explicando como ficar ricas. 99,8% mostrando como ficar rico num entendimento precário, escasso, mesquinho, torpe, vil, isto é, reduzir a riqueza a ficar milionário.

A proposta do analista financeiro Ramit Sethi é diferente. Ele alarga o conceito de riqueza, ou melhor, ele ao singularizar o conceito de riqueza a expande, a universaliza, a amplia, a retira da miserabilidade com a qual ela é pensada, justamente, para concentrar renda, criando grupos seletos de colecionadores de dinheiro (Ferrez) e dos explorados.

Ramit nos ensina a valorizar nosso trabalho e a partir dele compreendermos a nossa saúde financeira. Na verdade, Ramit adentra um campo existencial, terapêutico que poucos se atrevem a olhar, a entrar, a debater seja como terapeuta, seja como partilhantes. Sem colocarmos atenção nesse campo nos permitirmos sermos movidos por instintos, desejos, que herdamos, recebemos, compramos, vivenciamos, mas que não nos são escolhas conscientes e atentas.

Quem está no consultório tem recebido cada vez mais pessoas com compulsão por compras. E quem lida nos atendimentos energéticos e espirituais sabe como as dívidas, a questão financeira, econômica é o motivo da busca de mais de 80% dos homens.

Muitas mulheres sentem a relação no emocional e muitos homens no financeiro. Uma das intercessões de mundo dos casais é o sexual. Enquanto muitas mulheres desenvolvem a compulsão por compras para saciar uma falta amorosa, um problema na relação, maioria dos homens desenvolvem a impotência quando o financeiro é afetado.

No sexual os casais encontram um termômetro, um parâmetro de avaliação de como as coisas estão entre ambos: quente, frio, próximo, distante? Íntimo?

Interliguei todos esses campos, porque ele é casa de Esú. Os Esus na Umbanda lidam, trabalham, movimentam, justamente esse tema do maldito, do tabu, do não observado, falado, comentado: sexo, dinheiro para ficar nos dois.

Os pastores evangélicos da antiga também adentravam essa temática, hj os pastores se voltam também, mas numa roupagem à teologia da prosperidade que é o anti-Jesus. De modo geral, poucos toca o tema, ninguém fala do assunto. Como transamos, o que fazemos, o que gostamos, essa casa do prazer é um segredo que muitas vezes fica restrito a própria intimidade ou a confissão. Fala-se disso a padres, a entidades, as vezes para alguns terapeutas. No mais reina o silêncio.

O documentário é muito ilustrativo. Quando consegui superar meus preconceitos e cliquei no vídeo, logo de cara aparecia um casal no qual o cara tinha deixado o emprego para ficar tomando conta das filhas. A mulher era a chefa da casa e controlava o dinheiro nos mesmos moldes dos chefões e o cara trazia nas suas falas as queixas que ouvimos nas mulheres: o não reconhecimento do trabalho doméstico, a dependência econômica, o sacrifício de ter aberto mão da carreira. 

A esposa que faz 4 dígitos por mês, trabalha fora enquanto o marido, engenheiro fica em casa cuidando das crianças e reclama da forma com que é tratado por ela. Aquilo subverte toda concepção tradicional elaborada. Estampa-se de forma clara e definitiva como o poder econômico oprime. Mas, não é essa análise que me interessa. O maravilhoso é ela dizer que mesmo ele sendo o pai de dois filhos dela, ela o amar, ela NÃO CONFIA NELE no quesito dinheiro.

 


Isso me fez ver a série e indicar para muitas partilhantes. Assista e vamos prosear em seguida. 

E ver as dinâmicas dos casais nesse enriquecimento é muito interessante. Observar a dinâmica com o dinheiro dos solteiros é sensacional. E o documentário nos proporciona uma visão clara, direta, intimista, subjetiva, de que não estamos falando só de dinheiro. Os gastos, as compras, a poupança, a forma de lidar com o dinheiro reflete mais do que aparece. 

Indo em direção ao outro casal, a esposa explana a mesma queixa, a mesma desconfiança, no caso de terem uma conta conjunta. 

A medida que o documentário vai desenvolvendo vamos vendo as feridas de cada um. Como que a forma com a qual fomos criados define a maneira com que vemos e lidamos com o dinheiro.

A moça que faz 4 dígitos e não confia no marido explica como é ser filha de mãe solteira, as exigências feitas por ela e a gravação implícita de que ela não pode CONFIAR nos homens. Essa gravação ecoa na relação dela. A autonomia financeira que ela desenvolve é ao mesmo tempo uma couraça, uma proteção para não depender de ninguém, de nenhum homem.  

O outro marido, cuja esposa descarta completamente a conta conjunta, explica que foi criado numa família pobre. Via os colegas tendo tênis, calças jeans e outros e ele não podia. Hoje, ele gasta todo o dinheiro com isso, jogos de videogame e outros produtos que ele compra sem saber o motivo.

O documentário é muito mais do que análise financeira. A análise financeira é uma porta de acesso a saúde econômica. Uma saúde que é vislumbrada a partir de duas perguntas lindas:  

primeira- qual é a sua vida rica? 

segunda- qual é a sua psicologia do dinheiro? 


A primeira quebra essa visão capenga, universal, grotesca de que e na qual ser rico é ter um milhão de dólares. Pode ser, mas há pessoas que tem dez milhões e são pobres, miseráveis.

Então, qual é o seu modelo de riqueza? Singularizar essa pergunta é o diferencial de Ramit que o torna um best-seller.

Enquanto casal, qual é o nosso modelo de riqueza? O que é ser rico para nós? Responder essa pergunta, dialogar com essas questões nos aproxima da nossa vida rica. Na verdade, nos aproxima daquilo que nos mobiliza a trabalhar. 

A segunda agudiza a primeira. E me levou a entrada muito profunda, que me trouxe a associação com Esú. Eles sempre nos falam, nos mostram, nos apontam essa dinâmica, mas perceber o quanto o dinheiro está incrustado e em diálogo com a nossa forma de ver o mundo, de pensar o mundo, em especial, com a nossa fragilidade tocou pontos mais fortes.

O documentário vale a pena ser visto.



sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MANIFESTO PELA DEMOCRACIA.

 

O Manifesto nasce de uma supervisão na qual a pessoa estava muito incomodada, a ponto de pensar em terminar a Filosofia Clínica.

A pessoa tinha visto, lido, manifestações de várias entidades terapêuticas- psicanalistas, gestaltistas, junguianos, reichianos, terapeutas holísticos e sentia falta de um pronunciamento nosso.

Expliquei que a FC não é partidária. Não temos ainda coletivamente uma consolidação estatutária para referendar um apoio, porque há FilCl com as mais diversas orientações e é nosso dever acolher as pessoas. No entanto, INDIVIDUALMENTE, muitos colegas se manifestam e passei nomes a ela.

Foi então que surgiu a ideia de reunirmos esses indivíduos que tem como intercessão a FC e fazermos um manifesto COLETIVO. Não o coletivo em nome de uma instituição, em nome da FC. Mas, como expressão nossa, do nosso lugar e das nossas representações.

Segue o documento:

NÓS Filósofos(as) Clínicos(as), especialistas e estudantes de Filosofia Clínica, viemos tornar público nosso apoio à Frente Ampla Democrática explicitada na figura do candidato à presidência da República Luís Inácio LULA da Silva. O apoio à candidatura de Lula, para nós, visa a restauração do Estado Democrático de Direito e a valorização da vida humana em todas as suas dimensões físicas, econômicas, psíquicas, mentais, sociais e espirituais. Preservando a pluralidade de pensamento e a singularidade existencial dos seres.


Subscrevem esse documento:

Ana Rita de Calazans Perine/RS

Ana Cauduro/SP

Angelo Ricardo de Almeida Guarnieri/SP

Barbara Martins/SP

Aparecida Carmem de Oliveira/MG

Andrea Boari/MG

Bernadete Rabelo/CE

Bob dos Anjos/SP

Carlos Eduardo S. Nascimento/GO

Cláudio Fernandes/SP

Denise Bueno da Fonseca/DF

Dilma Maria Pinto Fonseca/MG

Dora Regina Seben de Siqueira/RS

Élcio Joél Pastorio/RS

Elizabeth Matos dos Santos/SE

Everson Taco/SP

Francisca Rodrigues Carvalho/CE

Gabriel Oliveira/SP

Gláucia Tittanegro/SP

Iêda Batista de Jesus/BA

José Roberto Duarte Moraes/MG

Josue/SC

Julice Monte Blanco/RS

Kelsen Santos/MG

Lenita de Almeida/MS

Luciano Ribeiro/RS

Luiz Karol/RJ

Luiz Cezar/MG

Márcia de Paula/SP

Maria Bernadette Rabelo/CE

Marta Batalini/MG

Márcio José/SP

Nerjana Zorzetti/GO

Paula Prizo/RJ

Paulo Roberto Grandisolli/SP

Regina Célia Medeiros/MG

Rochelle Garcia/CE

Sedinei Lemes/SC

Sueli Calvet/SP

Taís Fiscina de Oliveira/SE

Tiago Thiago/MG

Valéria Sayão/RJ

Veronica Ferreira de Souza/CE


Se você sentiu contemplado(a) com esse manifesto e queira participar envie seu nome para o Zap (31)982262211.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

ELEIÇÃO É GUERRA? VALE TUDO NO AMOR E NA GUERRA? HÁ LIMITES?

 

Dia 20/10/22 pelo final da manhã, eu vi em muitos canais, a dita retratação de um desviado, de um falso profeta, de um canalha. Tudo muito estranho. Estive meses atrás falando sobre o Background e como se faz, claramente, visível a percepção de uma coisa que está dizendo outra.

O fundo preto, a cara de deboche, as frases negativas ecoadas como reverberando uma mentira. Pensei comigo e não postei para os grupos: “ele não está fazendo retratação e sim propagação”.

 

A noite chega e os meios de comunicação trazem a notícia de que o infame não recebeu nenhuma intimação. Não estamos falando de uma pessoa cujas inverdades chegam no máximo a trinta pessoas. Estamos falando de um mercador que transforma o altar da casa do Pai em palanque, ora de show, ora político, invariavelmente de comércio e IDOLATRIA.

 

Isso me faz pensar: até onde podemos ir para vencer e ganhar? Há limites em nossa sede por vitória? Quando lutamos em nome de um time, um partido, um clube, uma família, uma divindade (Deus, Alá, Oxalá, Buda) podemos agir fazendo o que queremos? Do jeito que acharmos melhor?

Claramente que não. Nem nos esportes individuais essa prerrogativa é válida. Nos coletivos há um time, uma equipe, há uma elaboração conjunta. Na família, na sociedade, na Igreja, Terreiro, Templo menos ainda. Nesses espaços religiosos a vontade individual é claramente renunciada para que a vontade divina se faça. “Não mais a minha vontade, mas que a sua seja feita!” Esse ato de entrega, de renúncia, de submissão é o sentido da graça, da fé, da vida religiosa. Quando adentro esse caminho e percorro essa jornada morro para o mundo e renasço para uma nova vida. Esses são preceitos crísticos encontrados em todos os ritos de passagem religioso.

Destaco e reforço isso para deixar claro que estou horrorizado, estupefato com o que vejo, leio, escuto. Há limites! Limites que sempre nos forçam a preservar a honra, a dignidade, a integridade, seja nossa, do outro e da divindade que dizemos servir. (Lucas capítulo 22 versículos 42). 

Igualmente, óbvio, que em uma disputa, ninguém quer perder, cada equipe, jogador, faz de tudo para vencer. De tudo? 

Há uma máxima que dizia que no amor e na guerra vale tudo! Vale mesmo? Pode um atleta em nome da conquista desprezar as regras do jogo? Pode um fiel em nome de Deus violar os princípios básicos de Jesus, Alá, Buda, Olorum? Pode o soldado em nome da pátria vilipendiar a pessoa humana? Absolutamente, não. 

Disputas tem regras. Guerras tem regras. No Vale Tudo, hoje UFC, passou-se a ter regras. Isso é o básico da civilidade para lidar com nossos impulsos animais. Impulsos necessários, essenciais. No entanto, eles precisam ser regulados entre os jogadores. Regulação que pede um aviso prévio ao adversário, por exemplo, que doravante, ele será tratado como inimigo. Guerras precisam ser formalmente declaradas para dar condições básicas e mínimas do oponente se defender. Defender-se valendo-se de todas as armas e meios? Novamente, acreditamos que não. O amante não tem direito a matar, violar, abusar por amor. A guerra e o amor exigem respectivamente compartilhamento e consentimento, isto é, declaração. Precisa-se declarar as intenções.  

Diante disso me pergunto: tiveram a gentileza de declarar guerra, guerra santa, guerra civil a não evangélicos, a evangélicos que votam em Lula, a parte que discorda, politicamente da deles? 

O homem não pode por instinto, matar outro, por um celular. O homem por instinto não pode estuprar, ou assediar simplesmente, porque deseja. Tem regras que precisam ser claramente compartilhadas. O outro, ainda que adversário, inimigo precisa ser comunicado.

 

É este nível de violência que estamos vivenciando. Pessoas que querem participar do jogo, cujo objetivo não é vencer, derrotar o adversário e sim transformá-lo em inimigo. Eles carregam uma crença tácita e espúria de que jogos sem oponentes, sem adversários são melhores. Quando é reconhecidamente sabido que jogos sem igualdade de condições para os jogadores é quebra de regra. É invalidação do próprio jogo. Destruir, metralhar, executar, eliminar adversário não é democrático, republicano, cristão. É fascismo. É intolerância religiosa. É desumanidade. É barbárie.

Presos judeus, por serem judeus. 

 

Quando um pastor simula, divulga, propaga uma falsa intimação judicial do Supremo Tribunal Eleitoral, esse jogo não é mais divino, nem legal, nem constitucional. Espera-se que o adversário não tenha honra, palavra, mas nunca que essa quebra venha daqueles que pseudamente falam em nome de Deus.

André Valadão chafurda a Igreja da Lagoinha na lama. É um canalha, idolatra, sempre de homens. Ele já pode usar a carteirinha de canalha como diria Nélson Rodrigues. É, definitivamente, um Palhares.

 

 


 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

SEXUALIDADE: a repressão até pelos algoritmos do face.

 

O tema Sexualidade é um tema tabu até para os algoritmos do facebook, que acharam indevido promover a publicação. Enquanto por um lado tememos pensar, discutir, falar, ouvir sobre sexualidade, pelos outros lados avolumam-se as agressões sexuais contra crianças, mulheres, gays, trans. Num desses lados, alarga-se as discriminações de raça, sociais, a xenofobia e tantas outras. Ainda no mesmo bloco prolifera-se a indústria do sexo nos seus mais diversos apelos. Absolutamente nada contra o sexo, mas é que uma parte volumosa da indústria que ela movimenta, espelha a lógica da exploração que vivenciamos. Essa exploração que permite a sexualização predatória dos corpos, mas acha ‘obsceno’ o termo sexualidade. Acha tranquilo entregar dados de cada um de nós para que nos vendam e novamente, meio que complicado falar de um curso de sexualidade criadora- caminho para o sagrado.

Ainda não falamos de sexualidade no seu sentido mais amplo, mas não saímos das condições mais destrutivas, por vezes bestiais, das explorações em todos os níveis. Percebam que sexualidade aqui é um entendimento que permeia a esfera orgânica, fisiológica, passeia pela cultural, mas busca um alcance que dialoga com tudo isso e engloba tudo isso. Sem medos, receios, moralidades que se coloca a priori sobre o tema. Em definitivo, creio não os ter, alias tenho dois- a pedofilia e a zoofilia. Não consigo conceber a troca sem o amplo entendimento das partes. E aqui falo de entendimento e não de puro consentimento. A criança pode consentir, mas não tem o mesmo entendimento daquelx que a submete. E, o prazer de um é tudo aquilo no qual estamos nos opondo. O prazer enquanto alegria, plenitude, gozo, realização é mutuo, conjunto, compartilhado e nesse alcance não ouso classificar, rotular, proibir, julgar, nada; no máximo, prazerosamente, por vezes, discordar, concordar.


Freud no século XIX/XX nos deu esse presente de alargarmos nossa compreensão biológica do sexo para  um ‘novo campo’. Seus seguidores, discípulos, seguindo e rompendo esses novos campos abriram outras portas e chaves de entendimento (Wilhen Reich, Gustav Jung) ainda mais amplas. Porém, estamos aqui no século XXI com dificuldade em falar de sexualidade. Reduzindo tudo a genitalidade. Sexualizando a infância, genitalizando as mulheres, pervertendo a trans e a homossexualidade, discriminando negrxs e todos os diferentes e diferenças que não comportamos. E, por mais que desejamos isolar os fatos, eles estão imbricados a nossa forma de olhar e compreender as coisas. As nossas resistências ora ao corpo que experimenta e se sacia, ora a mente que fantasia e se culpa, ora a alma que vivencia. O desejo (gosto de chamar o desejo de Desir(e). Pronunciado da forma mais francesa possível). Pois bem, o desejo, o prazer, a alegria, o amor. A vida sem culpa, sem sofrimento nos é ainda um tabu. É quase insuportável. Já atendi umas seis, sete pessoas que foram me procurar, porque a vida delas estava boa. Trabalhando, amando, sendo felizes. Uma estava a meses em insônia. Outra a um passo da depressão. Tudo que lhes ensinaram é que a felicidade é uma impossibilidade. Algo tem que está dando errado. Alguma coisa não pode estar boa. É o mantra das religiões. A felicidade é um lá. Nunca um agora. A genitalidade do sexo que é um agora, ainda que gere plenitude, amorosidade, liberdade é depois do ato ressignificado como culpa.

É obviamente tenso mudar. É complicado alteramos nossas formas de ver o mundo. Repetimos e REPRODUZIMOS paradigmas (modelos de percepção e entendimento). E fico daqui pensando sobre esses saltos, esses movimentos, esses deslocamentos que vamos fazendo individualmente, familiarmente, nacionalmente, coletivamente. Ainda que sejamos machos e fêmeas (paradigma animal) nós demos um passo e construímos cultura (homens e mulheres). Mas, poderia haver um outro modelo? E quando falamos desse modelo, não estou falando de ideologia de gênero, ou na transformação do seu filho em homossexual, ou a doutrinação das criancinhas que tem apavorado tanto um grupo de seres. Acreditem ou não, isso está sendo feito, inúmeras vezes, repetidamente, nos abusos de todas as ordens que elas são submetidas. Que também fomos submetidos, que nossos pais também foram submetidos. Abusamos das crianças de forma cruel e absurda. Não tão absurda assim se começarmos a pensar a sexualidade e decalcarmos que a exploração é a lógica que faz essas coisas girarem, perpetuarem, permanecerem, continuarem. O sofrimento, a culpa, a dor, alimenta muitos seres, especialmente aqueles que transformaram o cristianismo em martírio.

 


Precisamos falar de sexualidade. Uma sexualidade que seja sinônimo de amor e um amor que seja expressão de liberdade e autonomia. Insisto nessa perspectiva, porque o homem e mulher que matam, também amam, mas podemos amar melhor. Podemos compreender o amor em outras formas, gêneros, corpos, laços. Podemos aprender a amar. O termo FAZER AMOR sempre me intrigou, afinal o que é isso: a fábrica do Poema? Sexo parnasiano? Rsrs. Mas, saindo da genitalidade que sempre nos puxa, acredito que seja possível aprender a amar. Nossas escolas deveriam ensinar apenas isso: LIÇÃO 1- AMOR. LIÇÃO 2: amar; LIÇÃO 3- amando. LIÇÃO 4-expressões do amor. LIÇÃO 5- não prostitua o verbo amar. As lições seriam infinitas. Tipo roda da sansara que nos lança em direção ao karma. 

E um dia desses, estava eu bem debaixo da roda, quando ela me disse: vcs não cansam de repetir? E eu meio que a xingando por ela está me tirando de uma pequena pausa que tive entre um loop infinito e outro, respondi resmungando:

- Mas, a lição é sua. Eu faço e vc ordena que eu repita. Vc é a malvada.

Ela começou a gargalhar. Ria de mim, de nós, da vida. As suas risadas junto com aquela roda transformaram-se na barriga de Buda. Quando fixava a atenção na barriga do iluminado, ela se mescla e se transforma numa flauta-ponte sonora de Krishna por onde atravessa Jesus dizendo:

- o sentido não está na repetição e sim na descoberta, na epifania de que a lição não é castigo e sim aprimoramento da nossa capacidade amorosa.

De repente, deixei de ser aluno repetente, daqueles abandonados e largados para ser aluno aplicado. Aprender, conhecer voltou a ser importante e a ignorância não era mais uma escada que precisava carregar comigo para todo canto a espera de subir degraus. Não estávamos sendo castigados. O karma não era uma exploração vingativa e sim uma possibilidade efusiva de aprimorarmos. Com muitos de nós podendo dizer a qualquer momento: "está pronto! Acho que dessa vez fiz bem!" 

Não tem nenhum deus para julgar, para culpar, para exigir compensação e sofrimento, a não ser, a nossa consciência que não compreendeu as regras do jogo, que acredita que o equilibrio se dá na dor, quando ela tem milhares de outras formas, faces e maneiras- leves e suaves como a mão de uma criança, diria o poeta. 


A proximidade desses entendimentos é o que estamos chamando de sexualidade e é nessa pegada que observarmos sexualidade enquanto energia, tratando-a como energÉTICA. Uma atenção ao nosso fazer.  Uma atenção as nossas criações e reproduções. Uma atenção as nossas relações- conosco, com o outro, com o mundo. É a tônica do CURSO/ENCONTRO que estamos promovendo com inicio nessa 2ª feira dia 4/7/2022 às 20:00 horas. Interssadxs façam sinal, porque embora seja no formato virtual, a energia movimentada requer um grupo mais reduzido.

 

Afinal, o que vc está criando? O que vc está reproduzindo? Em qual camada/modelo você está vivenciando suas relações (consigo, com o outro, com o mundo) animal- macho e fêmea? Se sua esposa, companheira ganhar mais do que você, tu separa? Se teu marido, namorado, olhar para outra, você o castra? Está vivenciando na camada  homem x mulher. É possível um outro nível de percepção e entendimento? Masculino e feminino. Yang-yin? Notem que não há uma forma certa, única. Há intercessões, interações, assimilações, mudanças. Uma pessoa nos provoca uma ternura que não sabemos explicar, outra uma confiança que não sabemos definir, outra um desejo que é quase impossível controlar. As vezes, uma só pessoa integra tudo isso. Outras tantas vezes, isso fica esparso, solto. Não tem um jeito certo e a ideia é nos atentarmos ao nosso jeito: o que você expressa? 

A revelia da nossa vontade estamos sendo convidados e intimados planetariamente a uma transformação. Cada vez mais chegam pessoas ao mundo quebrando nossos paradigmas, nossas formas de ver e compreender as coisas. Quebram nossos modelos de entendimento e o que fazer com esses seres cuja expressividade/sexualidade é muito diferente da nossa? E como em nós vamos encontrar caminhos para a aceitação na nossa própria forma de ser? 

São coisas parecidas, não exatamente iguais, que queremos prosear, conversar, trocar, mediante uma parte expositiva na qual exponho perspectivas. Outro momento no qual via visualização meditativa adentramos esses espaços internos e um terceiro momento no qual trocamos. 

Convite aberto para quem quiser participar dos nossos encontros (serão 4. Às 2as feiras das 20:00 às 22:00 horas). Maiores informações no email: 

kelsenfilos@yahoo.com.br


domingo, 26 de junho de 2022

CURSO/ENCONTRO- SEXUALIDADE SAGRADA.

 

Olá vc! Deixando o vídeo. 


Tenho recebido muitas queixas de buscadoras, amigas, partilhantes. Mais do que queixas e desabafos são mesmo situações de tensão, de angústia, de medo, de paralisia, de dor. Escuto, pontuo, quando da; intercedo. Mas a situação não é só individual. Ela tem componentes coletivos que vai do familiar ao social, do econômico ao espiritual.

 

Como não posso auxiliar em todos os componentes, me centrei, naquela em que tenho mais a contribuir- a energETICA. Esse é um campo e uma área que além de dialogar com todas as outras, ajuda colocarmos atenção nos pontos cruciais e toca-los.

 

É nesse sentido, que estou passando para te convidar para vir fazer parte de nossos ENCONTROS/CURSO em que vamos, por 4 semanas (4, 11, 25/7 e 1/8 às 20:00 até às 22:00) trabalhar nosso processo de Criação-reprodução. Afinal, o que nós criamos? Colocamos atenção nesse processo? O que isso tem a ver com sexualidade? E, pq nunca nos falaram? A castração, repressão, banalização dessa força é imensa.

 

Se vc está passando por esses momentos de angústia. Se a temática te interessou.  INSCREVA-SE! Link abaixo e maiores detalhes no zap: 31 982262211

 https://pag.ae/7YoSVUqNJ

Ps: desconto no PIX.

 

Caso não seja para vc, mas conhece alguém que se interessaria, por favor, compartilhe.

 

Meu nome é Kelsen. Educador Consciencial. Formado em Filosofia. Medium. Filósofo Clínico. Escritor.