segunda-feira, 23 de novembro de 2020

24 HORAS: 4º RELATO- JÚLIO

Júlio Soares é trabalhador nas searas do eterno. Irmão distinto e resoluto pelo seu senso de coragem, retidão e justiça, nos prima pela sua presença na exemplificação dos seus atos e ideais. Naquele tempo de 2003 Júlio se apresentava para nós como cigano. Homem bonito, louro, alto, olhos verdes quase chegando ao azul. Uma cor de pele morena, bronzeada. Um homem bonito em todos os sentidos e nessa beleza estava colocada uma grande força de sedução nos mais diversos campos e níveis.

(O vídeo encontra-se no final do texto) 

Trabalhei com Júlio em inúmeras festas ciganas nas quais ele conduzia o ritual no plano físico. Porém, ele não era o que na Umbanda chamam de meu cigano. Ele estava apenas de passagem para a chegada de um amigo, irmão, denominado Solano. Aqui é importante nos atermos um pouco mais.

Solano é um homem alto, mais de 1,80 de altura. Magro. Deve pesar na casa dos 77/74 kg, um tipo de corpo esbelto, longilíneo, similar a corredores de maratona. Olhos pretos. Naqueles tempos se vestia impreterivelmente de preto e era chamado por todos de El Bruxo! Os trajes em conjunto com o apelido e a forma de ser me eram suficientes para simplesmente ignorá-lo, mais do que ignorá-lo, discriminá-lo mesmo. Não gosto de bruxos, não tenho simpatia por esse universo e o achava muito ‘tirado’ mesmo nunca tendo a paciência e a humildade de conversar com ele. Esses meus preconceitos astrais são inúmeros, tive o mesmo com Luís Soares que se apresentava para mim de batina e eu me julgava no direito de não conversar com padres. Pois bem, Solano ficou na dele esperando. Com a paciência e a orientação de Oran, ele sabia que na hora certa haveria a nossa aproximação. Enquanto isso eu ia trabalhando com Júlio. E, esses trabalhos com Júlio mais do que processos de transmutação, de negociação de karmas que realizávamos em cada ritual, estávamos acertando as nossas diferenças sem que eu soubesse, ou desconfiasse.

Sei que em determinado momento, poucos anos após minha separação, Júlio disse que o nosso contrato tinha chegado ao fim, que aquele seria o último encontro que ele faria comigo. Chorei. Achei uma sacanagem, especialmente, porque Solano assumiria essa nova fase em diante. Eu não tinha ideia do que estava sendo realizado, do que estava acontecendo. Ano depois psicografando a mensagem de um músico alemão, eu tenho a certeza que reconheço a energia. Nesse reconhecimento se desvela toda uma explicação dele ter trabalhado comigo enquanto cigano. Falava ele que se apresentasse na forma dele de músico, eu não iria trabalhar com ele pelos mesmos motivos que fiz com Solano e Luís Soares. 

Trabalhar como uma entidade cigana lhe possibilitou reestabelecer os vínculos afetivos, de amizade, de respeito e, sobretudo confiança que eu havia perdido nele, e assim se deu. O inusitado de tudo isso é que ao recuperar a confiança nele, na vida, no Pai, na eternidade; eu recupero a confiança em mim. E é essa confiança que permite a aproximação e a atuação de Solano. Se com Júlio a gente realizava encontros, festas ciganas que trabalhavam esses aspectos que a gente nem imagina e sonha, com Solano a gente de fato trabalha com rituais e magia. Abrimos portais, conexões com tempos e espaços interdimensionais que há muitos estavam trancados. O retorno de Solano, a aproximação energética de seres como ele representa a decodificação, a abertura de estruturas cristalinas nas quais depositamos muitos conhecimentos e informações. Solano é um desses seres que possuem as senhas desses universos, desses encontros, porém a abertura é coletiva. Individual-coletiva. É um sistema de rede criptografada na qual a ativação de um libera o outro e assim sucessivamente. Milhares de seres que eu não conheço, que não encontrei fisicamente, tornaram possível o retorno e aparição de Solano e com ele a nossa responsabilidade e compromisso de liberar os campos cristalinos para os mais diversos processos de cura e transformação consciencial, em todos os planos e níveis.

Dentro do Cristal

Foi então dentro desse cenário que àquela altura me era invisível e impenetrável que Júlio nos contou das suas 24 horas e é para lá que nos deslocaremos.

Júlio como havia exposto acima é obreiro das searas eternas, tendo a sua frente espíritos devotados que primam pelo mesmo sentimento de justiça e retidão. A sua lida espiritual se faz em um educandário no qual buscam auxiliar os irmãos transviados das leis da vida a compreenderem o que nos regula. Eles estão lá não por ser melhores do que eles, mas por terem passado exatamente pelos mesmos dissabores, imposturas, enganos. Assim, ele e a equipe na qual faz parte regula leis e tarefas, práticas e vivências, meditações e posturas que conduziria os irmãos desditosos à reabilitação de sua consciência e da sua dignidade existencial.  

Denominar o trabalho dessa atividade é um tanto problemático, na falta por hora de uma ideia melhor a veremos a de um advogado (conhecedor das leis) e a de um professor (cumpridor das mesmas em si para exemplificar ao outro). Seria então um espirito que faz do sentimento de justiça a sua taça de realização. Algo perto da magistratura sem que se entenda que eles julgam. Não, eles não julgam, apenas acolhem e nesse acolhimento auxiliam cada um no seu processo reflexivo de encontrar em si mesmo (maiêutica) leis e regras claras para o seu próprio reestabelecimento. Esse grupo de trabalho influencia, inspira o mundo da justiça, da política, da economia e da arte. Hoje, anos depois, a identificação fica mais clara, eles estavam falando no que tange a magistratura de penas alternativas. No que se refere ao ensino, de uma educação focada na forma de aprendizagem do aluno. Eles estavam falando de uma perspectiva na qual se consiga mostrar para o individuo como ele se situa dentro do todo e como ele pode sentir-se acolhido por esse todo sem necessitar se anular ou violentar o outro. Sendo assim, o trabalho dele é o de ensinar as leis da vida. Coisa aparentemente óbvia em todos os seres espirituais, mas que, no entanto, no caso em questão ganha contornos diferenciados por lidar com irmãos que no gozo das atribuições materiais fizeram mal uso do poder.

Aqui é um recorte muito caro ao trabalho dele(s), lidar com pessoas desencarnadas e muitas ainda encarnadas que tem uma visão orgulhosa e vaidosa do poder. Seja artista, seja jurista, sejam empresários, sejam políticos, seja quem for que considera o poder um manejo, uma arma de manipulação para satisfação das suas ambições e desejos pessoais. Não, o poder é visto por eles como sendo um atributo de responsabilidade para ampliar a autonomia, a disciplina, a liberdade dos outros seres. Estar em um posto de comando é aprender a lidar com a estrutura interna de ambição, de desejo. É compreender a duplicidade desse atributo. De um lado há o poder pessoal e de outro há o poder da função. Em ambos se pede uma atenção para aprender a lidar e a tratar a si mesmo e os outros, por conseguinte, o mundo. Assim, se pudermos denominar, no que tange as lides desses trabalhadores do bem, diríamos e salientaríamos que eles ensinam as leis do poder espiritual (verdadeiro) e não do ilusório poder material.

No re-eduncandário: amor e justiça, Zelo e Perseverança, um recanto/repasso calmo e tranquilo. Longe de toda agitação e de toda ostentação ‘material’ é que se dá a reeducação dos amigos espirituais que fizeram mal uso do poder sobre a Terra. Seja o poder espiritual/religioso, material-financeiro-econômico; político-social; ou até mesmo carismático. No re-educandário lidamos e esbarramos com criaturas/seres que na Terra tiveram grande proeminência. Grandes políticos, juízes, bacharéis, acadêmicos, formadores de opinião que trabalham na reeducação de si mesmos. São irmãos queridos que imersos no mundo da bajulação, da vaidade e do interesse perderam o propósito maior de suas vidas que era o de servir ao próximo.

 

As 24 horas do nosso amigo é atribulada, cheia, tendo sempre, a todo instante, o servir ao próximo como lema e ideal. Elas se iniciam quando os amigos encarnados estão dormindo e são conduzidos ao re-educandário para ouvirem palestras, trocarem informações, fazerem ajustes, abrirem novos leques de possibilidades sem acusações, julgamentos. É uma prática espontânea de troca de experiência entre iguais. Essa é a parte constante, rotineira do trabalho, pois diariamente são conduzidos uma leva de seres até lá, ficando outra grande parte impedida de chegar devido as influências espirituais que sofrem na matéria. Essa é uma grande dificuldade, nos livrarmos das vibrações mais densas, mais pesadas que nos envolvem, especialmente, pessoas que são responsáveis diretamente e indiretamente por centenas, milhares de vidas. Júlio nos explica assim:

Imagine as vibrações que são enviadas para um chefe de Estado? Para um empresário? Para um juiz? Para um médico? Para um professor? Citando alguns exemplos. Por diversas vezes a carga de raiva, de ódio é tamanha que dificulta e impossibilita a nós mentores espirituais e obreiros da vida eterna influenciarmos. Cada vez mais, eles vão ficando suscetíveis às ideias perversas, desconectadas do alto. Há uma gama de seres que se alimentam do poder, ou melhor, da ilusão que ele garante. Esses seres impedem, impossibilitam, fecham as portas de acesso de percepção, de entendimento a searas mais altruístas, renovadas, esperançosas.

Talvez seja difícil imaginar as correntes magnéticas que chegam a um patrão que tenha 200 funcionários? Ou a um comunicador/formador de opinião visto ou lido por milhares de pessoas? A do presidente de uma grande corporação ou ainda o chefe de Estado de um país, de um bairro? Todos nós estamos inseridos em uma corrente inequívoca de atos-ações-pensamentos. A ação que tenho com uma pessoa influencia todo o sistema, tudo em volta. Se das minhas ações dependem milhares de seres direta ou indiretamente, essa corrente energética chega de forma muito mais forte e impactante quando conseguimos acionar um elo direto da corrente e é esse o nosso trabalho, retirar as pessoas do corpo, durante o seu processo de sono e lhes darmos inspiração para encontrar alternativas menos barbaras, violentas, possessivas e destrutivas contra terceiros. Nossa tentativa é a de ensejar em cada um que a humanidade é a nossa família e não apenas alguns. Libertar os seres do egoísmo é a nossa árdua tarefa e é somente se libertando do egoísmo, do egocentrismo, das identificações egoicas que começamos a fazer com que nosso trabalho surta efeito pessoal, social, coletivo, familiar.  

Basicamente é assim que ele nos explica e é através dessa corrente de unidade que se dá a 2ª parte do trabalho de Júlio e dos seus: a proteção dos seres. Eles seriam filtros da espiritualidade que equalizam as energias que nos são direcionadas. Exemplo: se toda insatisfação das pessoas chegarem até o prefeito, se toda insatisfação do trabalhador chegar diretamente ao patrão, ou vice-versa, estariam arruinados, destruídos. (E, diga-se de passagem, que energeticamente, moralmente é assim que muitos se encontram, apesar de apresentarem um ganho material elevado, essa é uma das ilusões que os amigos tentam lhes fazer enxergar). Tentam mostrar que o poder temporal é ilusório. A fortuna, a riqueza alimenta o corpo, seduz a alma, arrasta bajuladores, mas não preenche o sentimento de miséria interna que vai aumentando cada vez mais. Novamente, Júlio nos esclarece:

Conseguir aplacar esse sentimento de vazio interno é o sentido da nossa proteção, das nossas orientações, não apenas a eles como a todos os seres. Nós atuamos como ciganos tendo como compromisso essa orientação, essa negociação, essa clareza do que é passível de se ganhar, o que é justo que se ganhe, e o que é extorsão, roubo, miséria milionária que fica muito caro. Custa caro, porque não se pode apropriar da energia coletiva sem retribuir a cada um, ao todo, o que é de todos e não apenas de um.

Essa é uma engrenagem complexa para se explicar, mas ainda assim tentaremos. Para um Jesus reencarnar e se iluminar é fundamental muitos aportes luminosos, muitas bases de luz que lhe darão apoio e estrutura energética ainda que tantos nem o soubessem, porém é assim que funciona. Imaginem então que nos 40 dias no deserto Jesus descesse e resolvesse destronar Pilatos e conseguindo esse feito, ele ficasse de posse de toda riqueza, todo ouro, todo trabalho e suor do povo de Israel e Judá, quando ele desencarnasse, ele prestaria ou não contas? Prestaria contas, não por ter tido poder político, ter virado político, ter conseguido ouro, vinho e mirra. Prestaria, porque não compartilhou, não retribuiu com quem lhe dera sustentação. Diferentemente, quando o ser faz uso dessa energia de sustentação e deixa para todos um caminho no qual podemos atravessar em seguida, ele cumpre o compromisso. Ele possibilita que após dele milhares de outros seres se iluminem. A porta depois dele é aberta e a travessia é segura. O valor disso é incalculável e damos o nome de Graça. É essa graça o preço, o valor que buscamos em nossas ações e atitudes, pois é uma das únicas que retribui ao universo, a vida, o que ela nos dá- o dom de existir. Isso não se paga a não ser ofertando a outros a retribuição de se construir caminhos para todos, para outros, para sentirmos gratos e agraciados pela Vida.

Outro exemplo seria quando vocês veem o ancora do jornal feliz e sorridente diante da câmera, o telespectador pode não saber da importância do cameraman, da maquiadora, da equipe de produção, do jornalista de rua, de toda rede e cadeia que é necessária e fundamental para que se veja a cara e a voz dele; porém, ele tem que saber e reconhecer que é apenas o porta-voz de uma equipe. A parte visível dela. Um personagem superimportante, mas cujas regalias e privilégios precisam ser compartilhados e distribuídos com todos.

Assim sendo, esses amigos trabalham como filtros. Trabalham em um processo de sondagem no qual só passara aquilo que corresponde a um aprendizado karmico, programado e dentro do estabelecido pelo mais alto. Aprendizado este que a todo instante, eles só não podem decidir se será pelo amor ou pela dor, porém quando entram em nosso caminho dizem respeito a nossa malha, a nossa aprendizagem humana. Eles tentam nos incutir a necessidade do amor, de como podemos nos estruturar para aprendermos e ensinarmos de forma mais amorosa, tenra, terna, contudo a grande maioria começa a aprender quando está na iminência da perda material, da derrocada financeira, emocional, sexual. Somente aí começam a se atentar para o ensinamento do invisível, se dão abertura e passagem para a chegada de novas perspectivas, alternativas.  

O fato a ser registrado é que é difícil proteger o ímpio quando o justo clama por justiça. Sem fazer alarde e alarido, pois não é isso que se quer, mas pudesse ver e ter a consciência, cada patrão, da chaga moral incrustada no seu ser quando da fome ou necessidade que passa o filho do seu funcionário para financiarem a sua distração esdruxula, não praticariam tal insanidade. Pudesse ter a mesma consciência o político e de como lhes chega a dor e a energia do desamparo dos pequeninos, serviria de ‘graça’ para ter a ira aplacada e a justiça saciada. Pudesse ver e saber o que produz as mensagens proferidas pelo formador de opinião aos pequeninos se habilitaria a trazer para si as chagas que provocou em outras pessoas. Longe de ser castigo, resgaste, é compromisso de um entendimento que fica cada vez maior- estamos todos conectados, interconectados. Somos todos um e não podemos acreditar que se pode ser feliz sozinho, cercado por injustiça, que se pode achar rico materialmente sendo indiferente a fome, a miséria dos seus compatriotas, dos seus irmãos de humanidade. Assumir essa lógica de vergonha, de opressão, de dor e miséria é fardo que todos nós trazemos, porque fomos iludidos na crença de que o poder é concentrar, é juntar, é segurar nas mãos e ter o controle de se dar na hora que se quer e para quem se deseja. Mudanças consciências alcançadas devido a mudanças internas de cada um de nós tem permitido a Solano e outros seres interdimensionais liberarem informações, conhecimentos que foram bloqueados, obstruídos por seres que implementaram a escassez, a miséria, a fome, a opressão como forma de poder. Hoje quando falamos de poder estamos falando de recursos renováveis, de materiais recicláveis, de formas de energia limpa e não poluente, de modos de cooperação e de sustentabilidade na qual todos possam ganhar, todos possam lucrar, todos possam contribuir. Essa liberação é dentro-fora, interna-externa, subjetiva-objetiva. São nesses espaços intersubjetivos que novas mentalidades brotam, crescem, expandem, ganham frutos e mostram que há solução e ela não se faz na guerra, na luta, no controle, na perversidade. Ela se faz no amor, na solidariedade, não na caridade, na solidariedade, na fraternidade.

Adicionar legenda
A caridade é ainda um último ensejo de que estou dando algo que é meu para alguém que não é tão bom quanto eu. A solidariedade trás a premissa de que estou compartilhando algo que é nosso. Um recurso coletivo que repasso uma parte e estou aberto a receber outra. A caridade é vertical, ainda que não se queira, vem de cima para baixo e essa verticalização permeia e sustenta a dinâmica de oprimido-opressor. A solidariedade horizontaliza a prática. Estou lhe ajudando porque você e eu somos iguais, somos irmãos, somos um. Não tenho culpa, ou receio do que você é, nem vergonha do que eu sou. Somos e podemos ser ainda melhores se ampliarmos nossa rede de solidariedade para todos os níveis e setores. Compartilhando amor, informação, conhecimento, ativando as estruturas cristalinas e conscienciais. E tal prática é difícil, pois preferimos sempre a dor ao amor.

No entanto, aqui se inicia a outra atividade àqueles que tomaram consciência da sua função e responsabilidade planetária e sistêmica. É a criação e elaboração de alternativas a prática desditosas do poder. As empresas juniores seriam uma ilustração para os ideais por eles praticados. Ideias que vão desde a alternativa renovada para lidar com um problema de três pessoas até o de toda população planetária, assim vejamos:

A proliferação do 3º setor é uma das propostas geridas a muito por esses seres. A ideia de um banco para crédito popular o é também. A ideia da educação como alicerce e alavanca de transformação, idem. Em todos esses pontos e outros há a primazia de que não haveria mudança de cima para baixo como sonhou as utopias de esquerda e de direita. A realização da transformação do homem não viria de um modelo econômico-social-político seja ele de esquerda capitalista ou de direita comunista. A mudança só se realizaria individualmente, mediante gestões alternativas de mudanças locais, em sua distribuição de poder. Ou mais substancialmente, no entendimento do que é poder e como se faz o exercício disso. Poder para todos. Dividido para que cada um assuma a sua cota de responsabilidade e faça uso coletivo desse acesso. A descentralização do poder amplia o surgimento de novos caminhos, novas lideranças, novas situações. Cotas de acesso e representação de poder para todos auxiliam no desenvolvimento de alternativas ainda não pensadas, não situadas, não elaboradas, não colocadas em prática devido às obstruções materialistas, egoicas que postula e compreende o poder como conquista individual. 

Isso só se torna viável quando os que detêm materialmente iniciam um processo de divisão através da distribuição de atividades e responsabilidades. O empresário cria uma creche para os filhos dos funcionários. Essa prática corriqueira viabiliza um padrão vibratório-energético satisfatório para o crescimento moral, social e espiritual do mesmo. Assim como, movimenta uma energia capaz de transformar outros setores e lugares. É a prática dessa mudança estrutural, material que são o foco das ações do re-educandário. Ensinar-nos a lidarmos melhor com o poder, seja ele sexual, financeiro-econômico. E nessa parte trazemos Júlio para falar conosco:

Já não atuo mais como Júlio, os tempos são outros. Eu aproveito o ensejo para falar então desses novos tempos, como eles se deram na dinâmica física e material de vocês e como eles se deram extra fisicamente e interdimensionalmente conosco aqui fora desse campo material denso que se encontram.

Era ainda o ano de 1997, dez anos da Convergência Harmônica que abriu as portas para vários acessos. Quando a gente fala de portais, vocês automaticamente visualizam campos luminosos no céu, poucos se dão conta de que um portal solar só se abre quando corações, mentes, chacras sexuais foram abertos interna e pessoalmente. Seja individualmente, seja por casal, seja por coletividades. São esses mecanismos de junção, de atuação, de confraternização que abrem os portais e nos permitem passar.

Foi assim que eu chego até você. Estávamos separados por anos luz de orgulho e vaidade. O amor que tínhamos um pelo outro não conseguia espaço para a desilusão que nos causamos, a frustração que nos causamos. Em outros tempos o destino atrativo para esse mote de energia era eu renascer como seu filho, ou encontra-lo como amigo para resgatarmos esse amor. Porém, eu você e milhares de outros podemos contar com uma alternativa que estava se abrindo naquela época de forma sistemática, mas pioneira, o trabalho interdimensional. Eu iria assumir as característica de uma antiga vida, para seguir um roteiro criado por Oran afim de conseguirmos reativar nosso amor e confiança. Eu seria de novo um cigano, um andarilho, um criador de cavalos, nascido na Andaluzia, em terras espanholas e nisso eu resgataria todo um lado de magia, de sedução, de erotismo, de atração. Juntos iriamos construir etapas, níveis, situações das mais diferentes e inusitadas, como fases de um jogo que iria permitindo e dando novos acessos a novas fases e entendimentos (portais) no seu sentido mais pleno. Portais seriam e são fases e etapas de um jogo que não tinha, não existia, não estava preparada antes de terminarmos a anterior. Assim, ela era apenas uma possibilidade remota, muitas vezes nem vislumbrada, imaginada, porém fomos re-aprendendo a movimentar esse universo cristalino, a abrir conexões internas, externas, inter e multidimensionais. Fomos conseguindo vislumbrar o universo como cascas de cebolas, como seres dentro de seres formando uma estrutura conectiva que se comunica das mais diversas formas e com linguagens que começamos a entender. Cada trabalhador da luz, no seu espaço, com as suas habilidades co-criou e co-cria esses recursos e essas dinâmicas luminosas.  

Nesse trabalho, você abriu as portas do seu universo para mim e pude estar diante de um dos mais belos mundos que vi. Um mundo não apenas mental, um mundo que você construiu, erigiu com muito amor, dedicação, sofrimento, sublimação. Um mundo no qual eu fazia parte, eu era parte, eu me encontrava e pude dar colorido, sentido a ele e consequentemente ao meu. Quando nessas reconstruções nós superamos o século XX já não era mais possível continuar como sendo Júlio, eu precisava me valer do personagem que fora, mas agora não mais apegado a vaidade da boina, da imagem. Não mais amargurado por ver a esposa, a amada, se apaixonando por um jovem talento. Agora maduro para compreender que não posso controlar as vontades, os desejos e os quereres de outros, tampouco devo controlar os meus.

Nesse cenário, eu não me despeço de Júlio eu o integro. Trabalhando como entidade, eu pude realizar a integração de muitas vidas, de muitos aspectos e era a sua hora de realizar o mesmo, a integração de quem é você. Para isso, Solano é parte essencial. Ele é a porta interdimensional que permite vasculhar caminhos, rumos, estradas desabilitadas. Ele é a representação de milhares de seres que segundo os relatos históricos, materiais, desapareceram, sumiram sem deixar vestígios. Esses seres mudaram de estado vibracional. Como ele lhe disse e você não acreditou e ainda não acredita, ele foi morar dentro de um CRISTAL. Sim, nos cristais há seres consciências que demarcam espaços, portais, caminhos, informações, conhecimentos que eles vendo os riscos que correriam, os aprisionou. Combinaram entre si que esses conhecimentos só seriam liberados coletivamente, quando a humanidade alcançasse um nível de maturidade espiritual que permitisse a circulação dessas informações de novo.

Solano, o Brujo trás isso para você e é compromisso seu com o planeta devolver isso para todos. Auxiliar a cada um acessar a malha cristalina e retirar o acesso consciencial que lhe é próprio. São mediante esses nadis gigantescos que os espaciais caminham, se mostram, aportam. É por intermédio desses portais internos que entidades e médiuns vão se alinhando produzindo um novo tipo de relação e intercambio.

Pois bem, eu relato o restante desse processo no Sensibilidade Consciencial. Lá explico o que nós músicos do espaço temos feito e como que esses trabalhos no re-eduncandário nos mostrou que em sua maioria éramos músicos e produzíamos uma regência, uma cadência nesses encontros por vezes complexos, perigosos, pesados, densos. Como o de discutir energia alternativa no Oriente Médio, propor novas fontes e recursos energéticos nessas e outras localidades. E isso foi fundamental para estarmos aqui, para termos a liberdade de falarmos de integração consciencial. Para podermos falar de terapia, para podermos abrir um espaço que é na verdade um laboratório para colocarmos em prática ideias pilotos que vamos estudando no plano astral e necessita de implementação no físico.

A implementação é a parte que lhe cabe, assim como a supervisão, os ajustes dessas e outras medidas que vamos fazendo em conjunto. As 24 horas então de Júlio adentram universos variados, especialmente os nossos. Não desassociamos o tempo de nosso mundo subjetivo. E duas décadas depois de trabalho podemos falar com muita segurança que uma nova forma de trabalho, uma nova concepção e abordagem terapêutica, social, está apenas começando. Vocês estão no horizonte dessa nova criação. Um mundo no qual as distinções entre eu e outro, aqui e lá, dento e fora se perdem e se integram, se interpenetram.

Minhas 24 horas mudaram significativamente. Antes era imprescindível que eu estivesse lá, hoje eu sintonizo o lá dentro de mim e atuo, estou. É uma nova forma de escalonar o tempo e vivenciar os espaços. É uma nova maneira de situar no espaço e compreender o tempo. Mas, essa conversa já está registrada e atualizada.

 Segue o vídeo. 

 


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

24 HORAS: 3° RELATO- RICARDINHO

 

Ricardinho é meu moleque anjo. A segunda entidade que tive a honra de incorporar. Deveria assinalar como sendo a primeira, porque ele abriu as portas para recepção de tantas outras. Por anos acreditei que ele e Paulinha seriam os meus filhos nessa vida, mas não, Victhor e Yasmin já estavam antes na fila. Ricardo foi meu filho em Machu Pichu, naqueles momentos finais da história do nosso povo. Foi meu irmão em vários outros momentos, em que travamos várias e inúmeras batalhas pelo conhecimento. É um amigo, um irmão de alma que caminhamos juntos diversas vezes. Em Machu Pichu, ele também fora morto, viu nossa família ser dizimada, nosso povo ser quase extinto. 

O fato é que sem a presença de Paulinha e Ricardinho, próximos de mim, gravitando minh’alma, eu não teria condições psíquicas de ser pai. Os acontecimentos traumáticos que vivenciei com eles em vidas anteriores me marcaram muito e a desconfiança na vida, a dor da perda, que me atormentaram foi apaziguada com a presença e a força deles.

Paulinha já lhes deu o relato dela, Ricardinho deve falar mais abaixo. 

https://universofiholosofico.blogspot.com/2020/10/24-horas-2-relato-paulinha.html

O ponto é que esse medo de ter filho, essa negação em ser pai nunca foi algo racional, algo claro. E aqui dá para ilustrar como é esse trabalho dos erês. Basicamente, a cada incorporação, a cada desdobramento, a cada percepção de que estava perto, eu fui aproximando de outras crianças. Cada criança que vejo vendendo balas vejo Ricardinho. Esse garoto carioca, assassinado aos nove anos, juntamente com a mãe e mais duas irmãs, ambas mais velhas do que ele. Eu fui ficando mais tolerante com a infância. Para mim ela não tinha nenhum sentido. Reputava e de certa forma ainda reputo, um desproposito nascer zerado, num corpo no qual não se tem nenhum controle, que nem falar consegue. Num corpo desse o melhor a fazer é dormir e acordar com 12, 13 anos, foi mais ou menos o que eu fiz. Eles foram me ajudando a ter mais compreensão, tolerância, respeito, admiração e foi na trilha desse desenvolvimento que tive dois filhos, nenhum planejado. Não alcancei esse nível, mas todos vieram com esse sentido que me proporciona paz, cura, reestabelecimento.

Vamos ouvi-lo.

Meu nome é Ricardinho, eu sou da turma da Paulinha. Eu nasci, cresci e desencarnei no RJ, sou carioca da gema, do morro de Dona Marta. Minha família foi chacinada, palavra doida, eu a aprendi esses dias. Você deve estar pensando que foi ontem ou no mês passado, ou há dois anos. Na verdade foi a 40 anos atrás, hoje, 2017, cinquenta anos atrás.

E, tudo mudou. Algumas coisas para melhor, outras para pior. Para descrever as mudanças temos que falar de política e esse tem sido um assunto complicado nos últimos tempos nos quais tudo está dividido entre petralhas e tucanos, mortadelas e coxinhas. Eu desencarnei no Rio de Janeiro devido uma divida de jogo do meu pai. Foi talvez uma das primeiras e únicas chacinas da história do Rio naqueles tempos. A vida tinha um valor, que nem a falta de palavra de um homem, colocava em risco de morte a vida dos seus familiares, a própria sim, mas dos familiares não. Meu pai não se emendava, já tínhamos perdido salário, casa. Minha mãe teve que se prostituir para pagar divida de jogo e nada dava jeito, até a chacina de nossa família. Nessas desventuras, eu desencarnei sem ter comido um pedaço de pão. Não apenas devido às desventuras de meu pai, a passividade de minha mãe, como que no morro faltava materialidade. O morro tinha charme, carisma, malandragem, tinha delicias, solidariedade, companheirismo, mas não tinha pão. O básico faltava: água, luz, esgoto, arroz e feijão compunham a solidariedade do morro. Hoje o morro tem materialidade, talvez e alguns tenham apenas isso, faltando a solidariedade, a compaixão, o valor à vida.

Na década de 1950 a paisagem astral do morro era a de um idílio. Quando se subia o morro chegava-se de certo próximo ao paraíso, tamanha a tranquilidade, a paz de espirito, a serenidade encontrada naquele espaço. Hoje o cenário da maioria dos morros é de desterro. O que era espaço de esperança hoje é de preocupação e desespero para a maioria. Há um clima de terror, de guerra, de ódio. Aquela energia de amor, de bondade, que aquecia o asfalto, hoje se inverteu e a energia de paranoia, hostilidade, que domina o asfalto subiu. São cenários diferentes, de outras realidades, que pode ser acompanhada pela arte, pelo samba, pagode, rap, pelo funk. O morro hoje é mais materializado, tem de tudo, absolutamente de tudo. O morro foi transformado num centro operacional e com ele toda a loucura de uma vida voltada apenas para satisfação material. Eles mataram o charme do morro. Construíram aterros e condomínios fechados tentando apreender, encapsular esse estado de ânimo que era peculiar em nossos dias. Estou falando de uma vibração amena, suave, gostosa, tolerante, amorosa, respeitosa. O morro era brando, não cobiçávamos nada do asfalto, nem o pão que nos faltava. Não desejávamos nada da vida do asfalto, nem o estudo. Nossas pipas, nossas brincadeiras, nossas atividades supriam nossos corações e essa energia era redistribuída para toda cidade. Com o passar dos anos a ostentação foi aumentando. O ser foi sendo humilhado e a revolta por ter quebrou a mansidão da alma. Aos poucos todos foram ficando contaminados por uma vida vazia, sem esperança, ambiciosa de mais ilusões, vazia de nobres sentimentos e belas esperanças como exalávamos antigamente. O preço dessa transformação é a perda de sentido, de referência, de valores que as drogas, o tráfico, a violência expressam tão bem. Hoje no morro encontra-se de tudo e todos podem ter tudo, até a coisa mais cara do morro: sonhos fora da matéria. Sim, o estado de confinamento e tensão em alguns morros é tão recrudescido que parte da população não consegue desprender-se mais do que alguns metros do próprio corpo. O astral ficou tão intoxicado pelas práticas ambiciosas e desprovidas de valores que grande parte dos moradores vive em estado de sítio. Não conseguem se transportar oniricamente para fora dessa realidade, alimentando essa rede de tensão, estres, pressão que acomete toda a cidade.

Morei no RJ na década de 50. A violência na periferia é sintomática desde muito. A razão material de a minha família ter passado por isso foi divida de jogo do meu pai. É a mesma razão hoje em dia, em qualquer periferia do Brasil ou do mundo. Esse é o trabalho que faço o de mapeamento de zonas de conflito, as causas, as origens e as razões delas acontecerem individualmente e socialmente. Nós chegamos à conclusão de que a violência é uma doença ocasionada pela falta. Falta de comida, de bebida, de lazer, mas, sobretudo de perspectiva. Perante a permanência dessa falta o ser humano volta a ser animal, bicho, mas isso é assunto para as descobertas sociológicas que já começam a despontar para esse caminho. Só falei disso para salientar a necessidade de entenderem que a grande mudança se dá e se opera pela informação, pelo conhecimento. O espiritismo tem a proposta de intercambiar os dois mundos. As religiões, as seitas, os grupos religiosos infestam as periferias, no entanto, são poucos, os que proporcionam transcendência aos seus fieis. São poucos os centros religiosos, independente da denominação, que proporciona informação aos seus fieis para adquirirem autonomia, serem capazes de pensar, agir, pensar por si mesmos escudados pelo evangelho. A rede já esta pronta, nós a atiramos ao mar, alguns encarnados também, não temam puxá-la como Simão. Pescais homens como cristo nos legou discípulos, apóstolos, do conhecereis a verdade e essa vos libertara.

É tudo estranho, porque na década de 1950 nos morros tinham às vezes uma igreja católica e algumas casas de candomblé. Vivia-se uma forte espiritualidade. Hoje se tem mais igrejas do que casas, mas Jesus é mais um produto material. Jesus é o que promete materialidade e não transcendência. Jesus é um produto a ser consumido como cocaína, maconha, drogas, uísque, cerveja, tv a cabo e conexão wireless. Tirando algumas balas perdidas, alguns corpos no chão, materialmente, poucos lugares são melhores de morar do que o morro. No entanto, a atmosfera de apaziguamento, de frescor, de ternura tem dissipado, sumido. A materialização da renda proporcionou uma perda dos valores que sempre fez do morro um cantinho mais perto do céu. A lógica das drogas que seduz e arrasta milhares de seres, seja para sua venda, seja para o seu consumo, hipnotiza e ilude quanto ao verdadeiro sentido da existência, que longe de ser, morrer sem comer pão, não deve ser a de achar que a vida de outro irmão vale menos do que o de um celular. Hoje os jovens tem pão, as crianças têm pão e bolsa famílias para acalentar e matar a fome precisamos criar sonhos além da matéria, precisamos ensejar de novo que Cristo não é mercadoria, não está à venda, não se pode comprar, não se barganha, não se negocia. A partir disso temos o ideal- bens materiais e espirituais lado a lado. Condições e oportunidade de cada um ser aquilo que é. Condições de cada um ofertar ao outro e ao mundo o que se é.

As análises conjecturais tanto das sociedades quando dos grupos sociais é um mote de predileção da minha alma. Dentro disso ainda, o meu recorte é a violência. Tenho estudado sobre a violência há séculos nos seus mais diversos nuances e a violência do século XXI tem um requinte de barbaridade que imobiliza a ação, o fazer, o agir das vitimas; elas sentem-se culpadas de agirem de forma violenta e essa lógica é a violência perfeita. Mahatma Gandhi talvez não fosse possível hoje e Hitler com sua campanha de marketing dominaria, conquistaria o mundo sem precisar guerrear. Seria um pop star, ou um CEO capaz dos atos mais bárbaros, sanguinário, legitimados pela lógica nefasta do capital.

São análises e discussões como essas e outras que realizamos ao longo das minhas 24 horas. Em 2003 elas tinham como aporte, o acompanhamento das reuniões publicas e de estudo realizadas por você e seu grupo ao longo da semana; a preparação da supervisão para ampliarmos nossa conexão; meus trabalhos fora da imagem de criança que é mapear zonas de conflito, zonas de guerra e compreender formas alternativas e não violentas de superação, nem sempre possíveis. O homem é um ser violento e os níveis de violência que tem sido realizado ao longo das décadas, acabam por mostrar que a única forma de se provar humano é sendo violento. Uma violência que como destacamos tem recebido requintes cada vez mais sutis, mas não retira, ou reduz a arbitrariedade, a redução do outro a condição de objeto, a esterilização do sangue, da dor e do sofrimento. Enfim, é uma violência que aprendeu escamotear a morte, a dor, o grotesco, os aspectos que refreiam os instintos mais primitivos e perversos de todos os humanos. Encontrou-se uma forma moderna, contemporânea de ser perverso, diabólico, malvado, ruim e ser premiado, louvado. Isso nos lança diante do contrassenso e da contradição performativa mais emblemática, a saber, diante das violências simbólicas cometidas nos mais diversos níveis contra os seres, o revidar físico é a única instância de uma prova de humanidade. Se antes, a violência era o retorno à barbárie, nesse agora que nos encontramos, no qual a barbárie se faz sob o pretexto de uma humanidade Botox, plastificada, esticada, pacifica. Por trás dessa passividade impede-se o outro a ter acesso as suas necessidades básicas e fundamentais como o direito a água, a comida, a medicação natural. O revidar é ato humano, pelo menos é como temos observado. Já que o ápice dessa violência é criar a esterilização da resistência. O ápice dessa violência é ler e estigmatizar como terroristas pessoas que lutam e reivindicam direitos legítimos de grupos.

Por favor, não estamos defendendo radicais, extremistas, fundamentalistas islâmicos, cuja essência vibracional é idêntica dos radicais, extremistas do capital. Estamos falando de grupos organizados que compreendendo a lógica exploratória de alguns radicais capitalistas se opõem a eles pelo direito à moradia, aos bens e recursos naturais e são assassinados, envenenados, desacreditados, para que a lógica permaneça. Uma lógica de miséria, de exploração, de descrença e desterro. A lógica que está nos morros com o tráfico, que está em milhares das igrejas pentecostais com os pastores, que está em muitos cultos de matriz africana com os falsos pais e mães de santo. Essa lógica não é violenta, ela é a violência. Ela é a exploração em todos os níveis. Em todos os pontos que ela se encontra, ele deseja a exploração, a escravidão, a submissão, a penúria, a entrega de tudo, especialmente, daquilo que não se tem. Cria-se uma lógica de ambição que é oposta a da prosperidade. Fabrica-se uma perspectiva de falta, de escassez em detrimento da partilha e da solidariedade. Busca-se e difunde-se o enriquecimento de um, seja moral, ético, financeiro, material, em detrimento a miséria de centenas. A lógica do dizimo representa bem essa arquitetura maldita, violenta, diabólica de milhares darem o seu 10% para que uns poucos usufruam do suor coletivo de todos. Já imaginaram quais transformações sociais, econômicas poderiam ser realizadas se na administração desse fundo fosse novamente redistribuído para todos em forma de viagens, conhecimentos, informações e outros? Se o representante não fosse ladrão e sim um representante de Jesus? Mas, o apelo deles é iguais as do tráfico, que por sua vez é igual a dos grandes conglomerados. Eles servem a Mamon e sendo assim, cultuam o seu deus, escravizam os desavisados, seduzem os esperançosos, iludem os desafortunados e calam, compram, matam, envenenam e intoxicam aqueles que deveriam e devem ser a voz do alto. De forma que fico nesses núcleos observando, estudando os três motes de violência:


Primeira a simbólica organizada e planejada por alguns poucos capazes das mais diversas e sofisticadas formas de manipulação mediante estratégias midiáticas que vão desde mensagens subliminares em filmes, revistas, sites, até mesmo a transferência de propagandas, discursos e capital para alimentar a visão distorcida de perversa de poucos;



Segunda a violência no seu substrato físico, sangrento, sanguinário, que é a que vos chega pela mídia, sem mostrar o que se esconde por detrás desse Botox, dessa plástica social de se esticar o tecido social e escolher os pontos nos quais ele se rasga;



Terceira e servem como intercessão entre esses dois planos e é o que temos estudado e desenvolvido desde 2015 é o substrato sexual, as dimensões de prazer, controle, sexualidade que regulam as duas esferas e as duas práticas.

Fomos percebendo que os casos da violência, os casos de conflito, não são estritamente dinâmicos de grupos, há neles caracteres intersubjetivos que apontam para esse lugar complexo e vasto que é a psique humana. Perceber a violência dentro desse cenário interno amplia e nos permite mapear onde será e o que motivará determinados setores, grupos, a agredirem outros segmentos. Retornando ao nosso país e a análise nesse viés que destacamos acima no qual se vislumbra a divisão entre coxinhas e pão com mortadela. Nunca há ódio, nunca há violência se os espaços mentais, psíquicos, sociais não se cruzarem. Enquanto o conquistador espanhol sabe que o Inca é um ser inferior, não há violência, nem massacre, nem genocídio. Esse começa quando desponta na psique um sentimento de inferioridade. Diante dessa percepção aquela sensação de medo do estranho, do desconhecido, aflora impressões diversas que vão se complexificando quanto maior for o medo. No caso do Brasil temos a matriz indígena, africana e enquanto elas guardaram espaços internos, enquanto negros e índios sabiam o seu lugar, não havia violência. Havia a cordialidade. Quando um desses representantes chega a presidência do país há uma identificação negativa. Há uma luta interna, imensa, sangrenta, que custa se acomodar nos espaços mentais das pessoas. Como aceitar um nordestino, retirante, sem curso superior, ser presidente da nação? O conflito é interno e isso dará o start para desencadear uma sucessão de fatos, de acontecimentos, de raiva, de ódio, que estavam ‘pacificamente’ apaziguados, porém aflorou, despertou e estamos vendo as manifestações de ódio, de raiva, de intolerância dos dois lados. O homem cordial brasileiro é ódio puro.

Mapear esses conflitos, essas violências é o que tenho realizado. Trocamos essas informações com sociólogos, cientistas políticos, que fazem análise de conjecturas com essa precisão. A maioria ainda sem interligar os eixos, cada um sob um enfoque, mas estão chegando uma geração que não vai desassociar a violência física como resposta as demandas simbólicas, que por sua vez abrem as camadas para o universo intersubjetivo das pessoas. Juro que vocês entenderão isso, porque as ações de provocação (simbólicas) são realizadas sabendo quais os tipos de seres (psiquicamente) irão se opuser e com isso serem mapeados para os mais diversos fins. Isso já está sendo feito por organizações que cooptam lideranças antes de elas se saberem lideres.

Muitos de nós temos nascido para enfrentar esses e outros conflitos de frente. Os lugares físicos que eu mais me atenho são o tráfico no Rio de Janeiro e a contaminação disso na sociedade. A construção coletiva e social dessa lógica criminosa eu venho estudando a partir de um comando da capital paulista. Já a manifestação brutal dessa violência, estudo vendo os carteis mexicanos. As sutilezas das articulações simbólicas na criação de pontos de tensão, de conflitos e práticas mercantilistas de solução, Wal Street e Genebra. O Estado Islâmico são perversões dessa lógica, é o caos dentro de um controle que não se tem. Um efeito colateral inesperado, imprevisível, mas que longe de ser uma resistência funciona na mesma lógica, a mesmíssima lógica do capital. Querem o controle, buscam o poder. Os trabalhos suaves, sutis, impactantes têm sido feito com as programações de software aberto, com as programações em rede de uma inteligência coletiva em bases solidária e participativa. As transformações impactantes têm sido despontadas com o capital verde, o entendimento da natureza como parceira, o que implica uma lógica primitiva, ioruba, banto, xamanica de parceria e respeito à natureza no seu sentido mais profundo. Passam também com trabalhos bioenergéticos que vão ancorando novas formas e uso dos recursos minerais, novas formas de energia. A revolução está acontecendo e não implica no fim do dinheiro, que é um sistema de troca mais evoluído que se pode ter, permite que cada um obtenha e adquira o que desejar. Então o problema não é o dinheiro, ou a riqueza, ou a prosperidade, o problema é o uso mesquinho, tacanho, criminoso que tem sido perpetrado e ensinado às pessoas. Compreender que há novas formas de se ganhar dinheiro e uma nova forma de usá-lo distribui-lo é como combatemos a violência no seu estado mais germinativo- a ambição.

Basicamente é isso que tenho realizado e realizo ao longo das minhas 24 horas, que como disse, Paulinha tem dormido apenas 6, 4 horas. As outras 18/20 horas temos nos dedicado a elaborar formas e alternativas de nos melhorarmos socialmente.  

Ricardinho 17/8/2017

 


Finalizando, quero registrar que não tinha consciência disso. Sabia que era através de Ricardinho que as intuições dos livros e muitos trabalhos me chegam: Penas Redentoras é um exemplo. Muitas das escolas que vim a lecionar, foi ele que as ‘atraiu’ e ele é sem dúvida a entidade mais frequente em minha sala de aula na interação com os alunos. Aprendemos juntos, embora não faça isso conscientemente.