sexta-feira, 1 de julho de 2022

SEXUALIDADE: a repressão até pelos algoritmos do face.

 

O tema Sexualidade é um tema tabu até para os algoritmos do facebook, que acharam indevido promover a publicação. Enquanto por um lado tememos pensar, discutir, falar, ouvir sobre sexualidade, pelos outros lados avolumam-se as agressões sexuais contra crianças, mulheres, gays, trans. Num desses lados, alarga-se as discriminações de raça, sociais, a xenofobia e tantas outras. Ainda no mesmo bloco prolifera-se a indústria do sexo nos seus mais diversos apelos. Absolutamente nada contra o sexo, mas é que uma parte volumosa da indústria que ela movimenta, espelha a lógica da exploração que vivenciamos. Essa exploração que permite a sexualização predatória dos corpos, mas acha ‘obsceno’ o termo sexualidade. Acha tranquilo entregar dados de cada um de nós para que nos vendam e novamente, meio que complicado falar de um curso de sexualidade criadora- caminho para o sagrado.

Ainda não falamos de sexualidade no seu sentido mais amplo, mas não saímos das condições mais destrutivas, por vezes bestiais, das explorações em todos os níveis. Percebam que sexualidade aqui é um entendimento que permeia a esfera orgânica, fisiológica, passeia pela cultural, mas busca um alcance que dialoga com tudo isso e engloba tudo isso. Sem medos, receios, moralidades que se coloca a priori sobre o tema. Em definitivo, creio não os ter, alias tenho dois- a pedofilia e a zoofilia. Não consigo conceber a troca sem o amplo entendimento das partes. E aqui falo de entendimento e não de puro consentimento. A criança pode consentir, mas não tem o mesmo entendimento daquelx que a submete. E, o prazer de um é tudo aquilo no qual estamos nos opondo. O prazer enquanto alegria, plenitude, gozo, realização é mutuo, conjunto, compartilhado e nesse alcance não ouso classificar, rotular, proibir, julgar, nada; no máximo, prazerosamente, por vezes, discordar, concordar.


Freud no século XIX/XX nos deu esse presente de alargarmos nossa compreensão biológica do sexo para  um ‘novo campo’. Seus seguidores, discípulos, seguindo e rompendo esses novos campos abriram outras portas e chaves de entendimento (Wilhen Reich, Gustav Jung) ainda mais amplas. Porém, estamos aqui no século XXI com dificuldade em falar de sexualidade. Reduzindo tudo a genitalidade. Sexualizando a infância, genitalizando as mulheres, pervertendo a trans e a homossexualidade, discriminando negrxs e todos os diferentes e diferenças que não comportamos. E, por mais que desejamos isolar os fatos, eles estão imbricados a nossa forma de olhar e compreender as coisas. As nossas resistências ora ao corpo que experimenta e se sacia, ora a mente que fantasia e se culpa, ora a alma que vivencia. O desejo (gosto de chamar o desejo de Desir(e). Pronunciado da forma mais francesa possível). Pois bem, o desejo, o prazer, a alegria, o amor. A vida sem culpa, sem sofrimento nos é ainda um tabu. É quase insuportável. Já atendi umas seis, sete pessoas que foram me procurar, porque a vida delas estava boa. Trabalhando, amando, sendo felizes. Uma estava a meses em insônia. Outra a um passo da depressão. Tudo que lhes ensinaram é que a felicidade é uma impossibilidade. Algo tem que está dando errado. Alguma coisa não pode estar boa. É o mantra das religiões. A felicidade é um lá. Nunca um agora. A genitalidade do sexo que é um agora, ainda que gere plenitude, amorosidade, liberdade é depois do ato ressignificado como culpa.

É obviamente tenso mudar. É complicado alteramos nossas formas de ver o mundo. Repetimos e REPRODUZIMOS paradigmas (modelos de percepção e entendimento). E fico daqui pensando sobre esses saltos, esses movimentos, esses deslocamentos que vamos fazendo individualmente, familiarmente, nacionalmente, coletivamente. Ainda que sejamos machos e fêmeas (paradigma animal) nós demos um passo e construímos cultura (homens e mulheres). Mas, poderia haver um outro modelo? E quando falamos desse modelo, não estou falando de ideologia de gênero, ou na transformação do seu filho em homossexual, ou a doutrinação das criancinhas que tem apavorado tanto um grupo de seres. Acreditem ou não, isso está sendo feito, inúmeras vezes, repetidamente, nos abusos de todas as ordens que elas são submetidas. Que também fomos submetidos, que nossos pais também foram submetidos. Abusamos das crianças de forma cruel e absurda. Não tão absurda assim se começarmos a pensar a sexualidade e decalcarmos que a exploração é a lógica que faz essas coisas girarem, perpetuarem, permanecerem, continuarem. O sofrimento, a culpa, a dor, alimenta muitos seres, especialmente aqueles que transformaram o cristianismo em martírio.

 


Precisamos falar de sexualidade. Uma sexualidade que seja sinônimo de amor e um amor que seja expressão de liberdade e autonomia. Insisto nessa perspectiva, porque o homem e mulher que matam, também amam, mas podemos amar melhor. Podemos compreender o amor em outras formas, gêneros, corpos, laços. Podemos aprender a amar. O termo FAZER AMOR sempre me intrigou, afinal o que é isso: a fábrica do Poema? Sexo parnasiano? Rsrs. Mas, saindo da genitalidade que sempre nos puxa, acredito que seja possível aprender a amar. Nossas escolas deveriam ensinar apenas isso: LIÇÃO 1- AMOR. LIÇÃO 2: amar; LIÇÃO 3- amando. LIÇÃO 4-expressões do amor. LIÇÃO 5- não prostitua o verbo amar. As lições seriam infinitas. Tipo roda da sansara que nos lança em direção ao karma. 

E um dia desses, estava eu bem debaixo da roda, quando ela me disse: vcs não cansam de repetir? E eu meio que a xingando por ela está me tirando de uma pequena pausa que tive entre um loop infinito e outro, respondi resmungando:

- Mas, a lição é sua. Eu faço e vc ordena que eu repita. Vc é a malvada.

Ela começou a gargalhar. Ria de mim, de nós, da vida. As suas risadas junto com aquela roda transformaram-se na barriga de Buda. Quando fixava a atenção na barriga do iluminado, ela se mescla e se transforma numa flauta-ponte sonora de Krishna por onde atravessa Jesus dizendo:

- o sentido não está na repetição e sim na descoberta, na epifania de que a lição não é castigo e sim aprimoramento da nossa capacidade amorosa.

De repente, deixei de ser aluno repetente, daqueles abandonados e largados para ser aluno aplicado. Aprender, conhecer voltou a ser importante e a ignorância não era mais uma escada que precisava carregar comigo para todo canto a espera de subir degraus. Não estávamos sendo castigados. O karma não era uma exploração vingativa e sim uma possibilidade efusiva de aprimorarmos. Com muitos de nós podendo dizer a qualquer momento: "está pronto! Acho que dessa vez fiz bem!" 

Não tem nenhum deus para julgar, para culpar, para exigir compensação e sofrimento, a não ser, a nossa consciência que não compreendeu as regras do jogo, que acredita que o equilibrio se dá na dor, quando ela tem milhares de outras formas, faces e maneiras- leves e suaves como a mão de uma criança, diria o poeta. 


A proximidade desses entendimentos é o que estamos chamando de sexualidade e é nessa pegada que observarmos sexualidade enquanto energia, tratando-a como energÉTICA. Uma atenção ao nosso fazer.  Uma atenção as nossas criações e reproduções. Uma atenção as nossas relações- conosco, com o outro, com o mundo. É a tônica do CURSO/ENCONTRO que estamos promovendo com inicio nessa 2ª feira dia 4/7/2022 às 20:00 horas. Interssadxs façam sinal, porque embora seja no formato virtual, a energia movimentada requer um grupo mais reduzido.

 

Afinal, o que vc está criando? O que vc está reproduzindo? Em qual camada/modelo você está vivenciando suas relações (consigo, com o outro, com o mundo) animal- macho e fêmea? Se sua esposa, companheira ganhar mais do que você, tu separa? Se teu marido, namorado, olhar para outra, você o castra? Está vivenciando na camada  homem x mulher. É possível um outro nível de percepção e entendimento? Masculino e feminino. Yang-yin? Notem que não há uma forma certa, única. Há intercessões, interações, assimilações, mudanças. Uma pessoa nos provoca uma ternura que não sabemos explicar, outra uma confiança que não sabemos definir, outra um desejo que é quase impossível controlar. As vezes, uma só pessoa integra tudo isso. Outras tantas vezes, isso fica esparso, solto. Não tem um jeito certo e a ideia é nos atentarmos ao nosso jeito: o que você expressa? 

A revelia da nossa vontade estamos sendo convidados e intimados planetariamente a uma transformação. Cada vez mais chegam pessoas ao mundo quebrando nossos paradigmas, nossas formas de ver e compreender as coisas. Quebram nossos modelos de entendimento e o que fazer com esses seres cuja expressividade/sexualidade é muito diferente da nossa? E como em nós vamos encontrar caminhos para a aceitação na nossa própria forma de ser? 

São coisas parecidas, não exatamente iguais, que queremos prosear, conversar, trocar, mediante uma parte expositiva na qual exponho perspectivas. Outro momento no qual via visualização meditativa adentramos esses espaços internos e um terceiro momento no qual trocamos. 

Convite aberto para quem quiser participar dos nossos encontros (serão 4. Às 2as feiras das 20:00 às 22:00 horas). Maiores informações no email: 

kelsenfilos@yahoo.com.br