domingo, 17 de março de 2019

SEXUALIDADE E ESPIRITUALIDADE EM 4 POSIÇÕES: 4a


Quarta Posição: de 4 como animais.

Chegamos na 4ª e última posição desse post. 

Temos um lado biológico, cerebral, que é instintivo, animal. Isso não é ruim, ou feio. É apenas assim. A feiura começa quando negamos esse lado. Quando queremos encobrir nossos desejos. As consequências disso foram levemente expostas nas três posições anteriores. É a partir do entendimento desse nosso lado, que podemos avançar para um caminho neural, fisiológico, que não reduza a energia amorosa a genitalidade. Creio que ela não deixara de ser sexual, mas não será aprisionada na genitalidade, reduzindo todo ato amoroso a penetração física. O sexo é isso, mas é mais do que isso. 

Essa nossa trindade cerebral, raramente opera junta. Pelo contrário, ela é relativamente desconectada. 
Uma vez vi uma moça sentido tesão ao conversar com um Preto-Velho. Aquilo me chamou muita atenção e fui conversar com Pai Jeremias. Ele me contava de como o carinho, a ternura, a acolhida são interpretados como genitais. É como se nos faltassem aparelhagem psíquica para processar esses dados e informações de energias mais ternas. Deixando claro: ternura, carinho, amorosidade é altamente sexual. Mas, esse sexual não é genital. A do Preto-velho eu posso dizer. É outro nível de relação que algumas pessoas não conseguem acessar. E na falta desse acesso as reações são as mais diversas, indo do tesão à intolerância, à agressão, os vários tipos de violência. Um misto de atração e repulsão inconscientizados. 

Esse nosso aparelho perceptivo ainda não está refinado, elaborado, sequer formado. Na maioria de nós faltam chaves para um desenvolvimento proximal que nos assente em condições de se permitir acolhido sem que saiamos transando. Nada contra a transa, mas é que professores, terapeutas, lideres religiosos não deveriam misturar essa energia que proporcionamos, com tesão. Tesão que é altamente importante, significativo também. 



Em uma aproximação rasteira que farei, a psicanálise chama esse processo de transferência e apresenta como profilaxia terapêutica estabelecer um afastamento do paciente. Uma distância para que essa transferência não deixe de acontecer, mas acontecendo não vire contratransferência e outros tipos de envolvimento. É uma tática válida. No entanto, parece que esse mesmo ato coloca o amor, o afeto num estado e estágio de contaminação no qual não podemos nos aproximar. Coloca as relações num nível de separatividade que aos meus olhos ajuda pouco nesse quesito. Seres humanos se afetam e precisamos lidar com isso. Prefiro apostar no reconhecimento do lugar que se resolve adotar. O lugar do professor, o lugar do terapeuta, o lugar do líder religioso. São lugares nos quais há adoração, idolatria. Cabe aos professores, líderes religiosos, terapeutas saberem que são sim fonte desse amor, mas que no caso, ele não é genital. É altamente sexual. É profundamente sexual. Não requer ser genital. Talvez entre algumas pessoas seja algo impossível não ser, mas isso será feito sem abuso. Será feito de forma consentida, consensual, responsável, atenta. E é belíssimo quando acontece. Tenho amigos professores que se casaram com alunas deles. Temos casos de padres que se casou com uma paroquiana. Temos casos de terapeutas que interromperam as sessões e foram viver uma relação.

Em cada um desses casos houve uma mudança de lugar. Um movimento sutil, lento, por vezes desgastantes. É bonito, especialmente, porque eles tendem a ser únicos. É diferente do líder religioso que transa com as fieis casadas, solteiras. Mulheres que vão até ele em momento de carência. Outras até em momento de safadeza que muitas vezes é de carência também e ele abusa dessa situação.

É diferente do professor que tem entre as suas alunas, muitas vezes menores de idade, um harém a sua disposição. Essa energia é completamente diferente. 

Diferente do terapeuta que se apaixona e consuma o ato dessa paixão a cada cinco, dez, vinte pacientes. Como se ele alimentasse mais das carências das pessoas do que da possibilidade de ajuda sem mistura. Nesses casos há o abuso. Há o uso de um lugar de privilégio para acessar as carências, fantasias, desejos dos outros. Isso é triste. Não é amoroso. Ou melhor, é uma forma de amor diminuída. Poderia ser melhor explorada por ambos, para ambos.

E aqui retorno a figura do pretos-velhos. Muitas mulheres ativam a energia de tesão a partir da energia do cuidado e da proteção. Quando elas identificam essa energia de cuidado, elas se abrem para a recepção desse carinho, afeto. Porém a maioria das pessoas que estão aos pés de uma entidade, não estão vendo a entidade. Estão vendo o médium. A energia de cuidado, de carinho parte do médium, tem acolhida no médium, mas é gerada na entidade. Estão visualizando o peteco? A pessoa é acolhida pela energia da entidade, mas sente tesão é pelo médium. Este capta as impressões enviadas e ao invés de fazer o corte, acaba por aprofundar, alimentar o rasgo. De repente, virou essa meleca que são as casas espirituais. Todo mundo transa com todo mundo, seja fisicamente, ou não. Essa energia é enviada como amor pelas entidades, mentores espirituais e transformada, inúmeras vezes, em ciúme, disputa, querelas, intrigas, porque não damos conta nem de assumirmos nossos desejos, nem de construirmos caminhos para alargarmos esse potencial amoroso para esferas esplendorosas. Estamos falando de cura emocional, sexual, mental, física. Cura em todos os corpos e em muitos níveis. 
Mas, para conseguirmos isso, precisamos lidar com a energia sexual. Precisamos aceitar o amor. Precisamos perceber que nos afetamos e independe de dizermos, falarmos essa energia circula, afeta, altera, modifica as relações. Produz simpatia, gera antipatias. Quanto mais clareza e consciência colocarmos nesse mecanismo mais segurança alcançaremos. Seja para potencializarmos nossas ações luminosas, seja para minimizar a força dos amigos que tentam prejudicar os trabalhos de luz. E eles alcançam esse intento, justamente, por mascararmos, tentamos esconder essa energia, esse desejo. 

Do medo de lidarmos com nossas sombras individuais, coletivas, alimentamos as trevas. Damos a ele acesso a energia amorosa, mediante a negligencia da energia sexual. Nos separamos de nós mesmos ao distinguirmos o sexo do amor. A energia sexual da amorosa. Nesse hiato muitos seres se alimentam. Muita perversidade é gerada. Muita coisa nefasta é produzida. Alimenta-se um sistema que com um mínimo de informação (luz) altera-se todo o ecossistema dessas relações e estamos falando desde aquelas que são da esfera psíquica-astral, até as que são de ordem social. 

É aceitando nosso lado instintivo que potencializamos os mecanismos emocionais, fisiológicos de lidarmos com a ternura, a sutileza, a amorosidade. É buscando essas formas amorosas que vamos alimentando em nós uma expressividade criativa mais benevolente. O sexo nos humaniza e nos diviniza, na medida em que nos faz humanos. 







domingo, 3 de março de 2019

SEXUALIDADE E ESPIRITUALIDADE EM 4 POSIÇÕES: 3a posição

Terceira Posição: ménage à trois.




Há quase vinte anos trabalhei numa trilogia: Penas Redentoras. Pena enquanto alusão ao tinteiro dos artistas. Pena enquanto infração as leis penais. Pena enquanto processos reencarnatórios nos quais a pessoa perdia uma oportunidade, maioria médiuns.

O primeiro rendeu uma psicografia com os artistas, A Procura da Poesia. O segundo, Drogas: o outro lado, que falava do tráfico de ectoplasma. O terceiro sobre religiosos, médiuns, que em sua maioria deixaram a oportunidade de auxilio passar e alguns artistas que se ‘culpavam’ pelas mensagens que deixaram. Eu aprendi muito com cada incursão que realizávamos desdobrados e tem uma cena que nunca esqueci.




Estávamos num prostibulo que reputo ser a zona boemia de Bh. Acompanhávamos tanto um rapaz com um alto grau de sensibilidade quanto uma moça que se prostituia e no astral era especialista em recolher sêmem e vender, na verdade dar para o seu cafetão. Um mago negro cabuloso que sabia como poucos realizar e operar trabalhos de goécia. A coleta do material começava de uma forma pouco higiênica. Eu a vi retirando diversas camisinhas da cesta de lixo e praticamente pendurando num varal. Após o liquido escorrer, ela os colocava em frascos similares aos de exame de urina. Abre outro cenário e adentramos um complexo genético. Todo mundo de jaleco branco Microscópios eletrônicos, uma aparelhagem ultra moderna. Lá eles destilavam esses espermas coletados. Ao final eles eram colocados em frascos de perfume, similar ao francês. Frascos de vidros belíssimos. E comercializados como essências. O interessante desse lugar era a limpeza, a clareza, a polidez, a finesse de todos os envolvidos. As pessoas procuravam por esses serviços sem saberem ou se darem conta que estavam em um complexo umbralino de alta tecnologia. Ali eram produzidos obsessões complexas, subjugações e fascinações com um aparato tecnológico que a pessoa não tinha a menor ideia de que estava sendo obsedada. Médiuns, lideres religiosos, artistas tinham certeza de que estavam conectados com seres puros, porque em certa medida, até luz, eles eram capazes de simular. Por pouco tempo, mas o necessário para iludir, ludibriar. O que esses lugares nos ensinam é que precisamos adentrar a vibração. Todo o restante é capaz de ser manipulado, fabricado. 

Mas, a questão era: esperma comercializado por quem? Estamos falando de obsessões, manipulações altamente sofisticadas e não rastreáveis. A pessoa pode ir no centro, na igreja, a vida dela está dando tudo errado e não se chega/chegava a raiz do problema, porque o trabalho realizado tem esse requinte, sofisticação e consentimento que a pessoa não se dava conta. Com uma gota do esperma da pessoa não é preciso colocar um obsessor na cola dela, consegue-se prejudica-la e pessoas afins apenas através dessa gota. Toda aquela conversão que presenciamos e realizamos em reuniões de desobsessão ou em sessão de descarrego dos amigos evangélicos por tantas vezes compõem o cenário de ludibriação desses seres. Ou seja, dependendo do nível da manipulação, nem arranhamos os caras. Nós ficamos focados, ficávamos focados numa 'ritualistica' cujos efeitos e praticidade não eram eficazes, ainda que víssemos conversões de alguns espíritos ao final da reunião. 


Os implantes, os chips que hoje são rastreáveis àquela época não eram. O grau de sofisticação dos magos negros com uma tecnologia umbralina alterou muito os trabalhos de desobsessão, cura e libertação. Porque diante de um implante a oração ajuda a alterar a frequência dos chips, mas é só a pessoa dormir que eles reativam. A técnica de mapear, alterar, se fez e faz necessária. Hoje já se lida com mais facilidade com esses recursos. A apometria rastreia e inutiliza grande parte desses comandos obsessivos. Mas, ainda assim, há muitas casas que tem muita resistência a acompanhar a evolução e estratégia dos amigos umbralinos, cada vez mais amparados por seres de outros orbes, a se atentar para esses relatos que parecem de ficção, mas existem.  

Pois bem, eu estou lá no prostibulo sem entender nada, quando eu vejo os dois numa posição sexual que lembrava a régua e o compasso da maçonaria. Lembrava não, era. Aquela visão abriu todas as cenas, todos os processos da relação sexual pra mim. Mais do que posições o sexo era a movimentação de estruturas, seres, formas, mundos, universos que nem sonhamos. Era fabuloso. Maravilhoso. O ato sexual é sublime. Sagrado. É uma oração a dois, em movimento. Comunhão. 




Nenhum apelo moral de que a moça era puta, de que o sexo era pago. Nada disso tinha a ver. Nada, tirando a intenção de o ato sexual era dado e como esse fluxo seria utilizado mais tarde. Especificando, o rapaz sensível tinha sua energia controlada, a partir do viés sexual. A manipulação não estava no ato, mesmo porque ele é praticamente impossível de se manipular. Claro que a prostitua simulou o gozo. Obvio que ela fingiu um prazer maior do que ela estava tendo. Não é isso que estou dizendo que é a prova de manipulação. O que não é manipulável são os ‘portais’, os acessos, os mundos que são abertos nessas interações. É necessária uma cumplicidade muito forte, muito especial, para que dois ou mais consigam direcionar essa energia para uma entrada especifica. O que deve se tornar maçante, enfadonho. O gostoso do ato sexual é por vezes ser remetido a lugares que nunca esteve, lugares que somente aquela parceira especifica te conduz. Espaços que tendem a virar construções coletivas. No ato sexual se semeia tudo isso. E reduzi-lo a genitalidade é limitador. É muito mais amplo do que isso. Vejamos se consigo explicitar mais.

Fisicamente, genitalmente sabemos como o sexo acontece. Aqui estamos tentando falar de onde penetramos a parceira e somos acolhidos por ela. Estamos falando de espaços mentais, emocionais que acessamos e damos acesso através de nós, por meio de nós. Estes espaços existem mesmo como um lugar, como um tempo. E nesses lugares de sonhos, desejos, medos, encantos, fantasias, imaginação trocamos sentimentos, aspirações, intencionalidades. Em 99% isso é silencioso, infelizmente, inconscientizados. De modo geral, observamos apenas dois corpos fazendo sexo, no entanto, internamente, lugares são abertos, paisagens são plantadas. Eu gosto da imagem do jardim. E vale o nome de Éden para nos auxiliar na imaginação. Um casal constrói esse jardim juntos. Há pontos neles que são compartilhados, há outros que não. Mas, é uma tolice achar que o jardim tem só um dono. Esse jardim pode ser a entrada de uma escola, de uma nave, de um laboratório, de um bosque, cada coletivo constrói uma parte do mesmo jardim. Muitas pessoas fazem parte dessa plantação coletiva. Essas pessoas nos atraem, nos mobilizam, nos encantam. Assim como nós as mobilizamos, as atraímos e as encantamos. Fisicamente, se a pessoa não estiver aparelhada a expressar toda essa criatividade, toda essa energia pelo toque, pelo olhar, pela fala, por práticas esportivas, culturais, lazer. Ela tende a reduzir tudo a genitalidade. Ela vai acreditar que essa atração é uma demanda estritamente genital. Pode ser. Muitas vezes é, mas não deveria ser reduzida a isso. Uma criança tende a ser atraída para o jardim, tende a ficar e sentir-se curiosa para com o jardineiro. Essa criança pode adentrar esse espaço sem ser penetrada genitalmente. Ela pode ser apenas acolhida nesse espaço simbólico. O abusador genitaliza toda atração. O tempo inteiro, ele concretiza o simbólico, consequentemente profana o divino. Ele é um estuprador porque ele virou um pênis, geralmente, impotente as investidas do amor, da caricia, do toque consentido, consensual. Ele precisa da força, da violência, do controle. Sem isso ele não tem prazer e é esse prazer inconscientizado, que os umbralinos se alimentam. Eles se alimentam do medo, da raiva, do ódio, do receio, da culpa, da vergonha. Eles se alimentam de profanar a energia criativa, sexual, amorosa em algo tido como sujo, profano. Como se o desejo não fosse espiritual. Como se o amor não fosse material. Nessa divisão, eles dominam, subjugam, manipulam, pervertem. 


Deveríamos colocar mais atenção na energia sexual. Ela nos move, nos mobiliza, nos direciona, nos orienta, em alguns até determina. Nossa inconsciência, nossa desatenção faz com que algumas pessoas direcionem essa força em nós e por nós. Precisamos aprender. Deveríamos ensinar, conversar, falar. Mas, isso seria o fim das religiões. As religiões ocupam seu lugar de destaque por direcionar e controlar essa força pela manipulação, pela culpa, pela vergonha. Liberar a energia sexual é lidar com um potencial criador, divino. E isso assusta, aterroriza, porque no estado primitivo que nos encontramos o único uso que conseguimos pensar para a energia sexual é transar. E a transa é reduzida a penetração. 


Como não conseguimos lidar com isso, quando vemos esse divino nas crianças, nas mulheres nós as ferimos. Os abusadores identificam o transbordar dessa energia. Muitos deles também tiveram e foram abusados, contaminados, intoxicados com essa redução. Todo nosso processo de recalque, de culpa, de medo, de raiva, de autoritarismo vem da repressão, da ignorância de como utilizar a energia sexual, que é uma energia vital. Reich a denominou de orgônio. Está em tudo, como o prana, o axe, o chi. Podemos coletar isso nas mais diversas vibrações, mas em resumo, estamos falando de coletar, harmonizar e distribuir esse fluido por outras vias que não se restrinja ou se limite a genitalidade. E, chegando a ela deveria re-produzir todo o caminho de volta a integração amorosa. Essa engrenagem fisiológica falta a maioria de nós. Em algum ponto o sexo perde a dimensão de amor. O amor ganha a dimensão de culpa, vergonha. Não carecia ser assim. 

E agora podemos finalizar esse post. A energia sexual é a energia do amor. É energia de criação. Há nela muita comunhão e alegria. Pena que a reduzimos a medo, culpa e vergonha. Isso assinala o nosso medo de amar, de ser amado, de se permitir amar e de se deixar ser amado. Confundimos essa energia com tesão genital. Muitas vezes é uma pena. Uma redução barata, no próximo e último post, finalizaremos falando um pouco mais disso.