sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

TERCEIRO INCLUÍDO: amor em três perspectivas.

Terceiro excluído é um termo da lógica. Nela apregoamos o sentido de igualdade, o de diferença e o terceiro excluído. O da igualdade seria A = A. O da diferença seria: A ≠ B. Dentro dessa lógica binária o terceiro é automaticamente excluído. Na nossa lógica formal sabemos pouco o que fazer com o terceiro. A dialética hegeliana chegará mais tarde.
Numerologicamente, o 3 é o número do equilíbrio. Alguns vêem até mesmo harmonia. Mas, o três é antes de tudo o número da busca. Três sempre são dois contra um (1+2), o que força a um equilíbrio, mas nunca a uma estabilidade, que será encontrada no 4.

Nas relações amorosas pensamos sempre na dualidade (2) e a chegada de um terceiro altera a relação, a direciona para outro patamar. Provoca uma instabilidade, por vezes insegurança, que ou se efetiva uma construção mais sólida (4) ou se rompe retomando as individualidades, 1 e 1.

É elegante observar e perceber o que as individualidades vão construindo ao longo de sua jornada, (1) se encontra com o outro (1), ou o outro (1) se encontra com um (1) e efetivam  o casal (2). Essa relação para se consolidar e se efetivar se faz ora por identificação, ora por distinção, mas vai se efetivando algo que ao final não é nem mais e nem o outro- é a relação (3).

Essa relação é colocada em choque quando aparece, se aproxima, um elemento x que não estava, inicialmente, na equação e que naturalmente provoca um desconforto, uma instabilidade, inicialmente, em um dos parceiros, que acaba culminando na relação (3). Isso denota ou a solidificação, estruturação dos envolvidos (4), ou a desconstrução do processo e um novo recomeço (1) e (1).  

Se substituirmos os algarismos e darmos nomes estaremos diante de muitos, senão todos os relacionamentos. Troquemos o (1) por João, o outro por Maria (2) e o elemento x por Fê (que pode ser de Fernando ou Fernanda). Os casais vivenciam essas tensões, essas instabilidades, essas buscas por construções e solidificações mais estáveis, ou não. Há inúmeros casais que se equilibram, justamente, na instabilidade do surgimento de um terceiro, uma terceira, na transa com esses terceiros sejam juntos ou separados. As construções de João e Maria se dão das formas mais diversas e singulares possíveis e não vem ao caso e nem ao mérito, especialmente, quando acordadas entre os dois.

Bem, minha questão, como quero colocar é que toda essa lógica se estrutura em uma racionalidade que afirma que o que denominamos ser humano é marcado pela capacidade de pensar, de raciocinar. Nessa primazia estamos falando de uma racionalidade lógica, binária, dual produtora do mundo e da linguagem capaz de nos diferenciar dos animais, capaz de nos colocar no cume do patamar evolutivo. Todavia, há tempos que vemos no horizonte outra conceituação, uma outra etapa para o humano, relacionado a capacidade de amar. Sabemos que a razão, ou a racionalidade é capaz de produções celestiais e produções bestiais. Sobre as celestiais podemos falar do invento humano, que em diálogo com a natureza, lhe transcende, mas permanece humano, mesmo buscando o celestial. Acerca das bestiais podemos falar do que os frankfurtianos chamaram de racionalidade instrumental, isto é, uma propensão a transformar tudo em objeto, inclusive, e, principalmente, outros humanos.

Assim, temos essa racionalidade celestial, que chamaremos no melhor exemplo de Hanna e Habermas de DIALÓGICA, porque a sua função é o entendimento, é o respeito. E temos essa outra racionalidade INSTRUMENTAL cuja funcionalidade é a conquista, o poder, o mando. Nós humanos vivenciamos essas duas formas de linguagem, de racionalidade, de estar e ser no mundo. Trocamos uma pela outra, quando não nos esquecemos completamente da existência de uma outra racionalidade, ainda para nós nova, que começamos a tatear agora. Sendo que nessa perspectiva que caminhamos o que nos faria humanos não seria apenas a racionalidade, mas também a nossa capacidade amorosa. Nessa direção poderíamos falar de uma integração que seria algo como: “pensar com o coração e sentir com a mente”. É preciso deixar claro que esse não é um movimento suave, fácil. Pelo contrário é um movimento que tem travado a maioria de nós, porque quando a gente conseguiu dominar uma ferramenta que conquistou o mundo e ainda o conquista somos convidados a experimentar uma nova forma de ver as coisas, falar das coisas, percebê-las e interagir com elas. É frustrante.


Mas, o ponto que desejo tocar é que na lógica amorosa não há terceiro excluído. Precisamos começar a compreender que o amor açambarca os amantes e os amados. Longe de defender aqui a orgia, a poligamia, a poliandria, os relacionamentos abertos, mas longe também de condená-los. Cada João, cada Maria deve equilibrar a sua relação (3) e consolidar o seu relacionamento (4) de tal forma que o amor não seja encarado com culpa, vergonha, medo. O amor não merece essa pecha. Não precisa carregar a partir das nossas escolhas a raiva, o fracasso, a derrota, a maldição, elas podem estar envoltas na ternura, na candura, na aceitação, na compreensão e na felicidade, pares e companheiros muito mais afeitos ao amor do que os primeiros.

E é aqui que falo dos parceiros visíveis. Escrevi sobre os parceiros invisíveis num post anterior.


Era uma dinâmica de um atendimento que tinha realizado. João ama Maria, mas por diversos motivos, por inúmeras razões, João pisou na bola, não uma, duas, três vezes. João pisou na bola de tal forma que as marcas foram profundas, profundas ao ponto de atingir aspectos energéticos, entidades espirituais que impediram Maria de retornar para João.

Maria queria, estava dividida, balançada, mas uma amiga invisível de Maria colocou no caminho dela Fê. E Fê não queria ser pedra de tropeço no caminho dos dois. Não queria ser entrave no caminho dos dois. Ao mesmo tempo, o retorno de Maria era um movimento que ela achava logicamente possível, mas a questão já não estava no terreno da lógica. Estava em um ponto, em um local que sem ela reconhecer o tanto que foi magoada, traída, envergonhada, toda a tentativa dela seria algo como esparadrapo sobre fratura exposta. Ela poderia se enganar passando mertiolate, afirmando estar cuidando, dizendo que estava querendo, mas o que há de mais profundo nela, negaria e a afastaria dessa experiência novamente.

Bem, esse é um lado, porque do outro há o arrependimento sincero, verdadeiro de João. Ele quer voltar, ele deseja o retorno. No entanto, o tempo dele passou. Não por ter ido embora, passou, porque o que ele poderia fazer, ele já tinha feito. Agora, ele estava sob a dependência da vontade dela, do tempo dela. O tempo dos dois havia sido desfeito e precisava ser reconstruído. Mas, com base em que? Confiando como? Como se aposta de novo em quem te feriu tão profundamente? Mas, o novo não pode promover a mesma decepção? Como escolher?

O que observei na dinâmica e da dinâmica, sem ousar interferir um segundo. Apenas tentando expor o mais fidedignamente a situação para todos os envolvidos é que o único que não pode perder é o amor.
João ama Maria. Pisou na bola, mas o ama. Maria ama João, foi pisada, mas ama. Maria ama Fê. E Fê e João não precisam se odiar, não tem que se matar, nem brigar. Perceba o nível de tensão disso. Porque é claro que João tem que lutar por Maria. É obvio que Fê tem que defender a relação. Mas, nenhum dos envolvidos precisa excluir o outro. Nenhum deles precisa tirar o amor fora, especialmente, o recheando de ódio e vingança.

Luis Soares nos contava da necessidade e importância dos dois que se assumem juntos, que escolhem ficar juntos abraçar esse terceiro, acolher esse terceiro. Reconhecer a importância do amor, do afeto, da lealdade dele não apenas para com a mulher que eles amam, mas para com a vida, para com o todo. Isso ajuda a todos nós a crescermos, expandirmos, evoluirmos. E, claro que dói, mas essa dor pode ser acolhida, respeitada, compreendida e transmutada.


A maioria deve estar pensando e dizendo: nunca!! Não tem como. Não tem jeito!!! E eu digo que tem. Há inúmeros casais vivenciando isso de forma mais fraterna, mais amorosa. Compreendendo que o amor não acaba, não morre, mas a paixão por vezes apaga, a confiança as vezes se finda. A convivência se faz insuportável como disse certa feita uma partilhante. Mas, nada disso retira o amor, apaga a história.

Na outra ponta da mesma corda, do mesmo barco há aquele que ficou só, que ficou, momentaneamente, sem par. E esse precisa agradecer tudo o que foi. Se construir para vivenciar uma relação que será melhor do que a anterior. Melhor, porque crescemos, maduramos, e a próxima relação se tivermos aprendido com as nossas falhas, os nossos equívocos, os nossos erros, estaremos mais presente, mais atento para olhar o outro e a relação. E as relações nos ensinam. Elas começam justamente do ponto no qual paramos na anterior. E daí para frente caminhamos até o surgimento de mais um(a) Fê na relação.

De modo que, na perspectiva de nossa racionalidade instrumental sempre teremos três perspectivas que se excluem, já que a que deve prevalecer é a pessoal/individual em detrimento das demais. Os portadores dessa racionalidade sofrem, doem. Sofrem e doem uma dor muito mais forte do que a separação, porque desejam um controle, um lugar que essa racionalidade não alcança e por não alcançar se angustia e sofre.

Há outra perspectiva, a dialógica, que vê tudo isso como amor. E aí ninguém perdeu por amar e todos ganham por estar amando. É uma perspectiva que nos aproxima da integração e da percepção de que nada aconteceu fora do espectro do amor. Até mesmo as palavras rudes, as lágrimas doces, os apertos de mão aflitos, os beijos mordidos, os olhares superficiais. Foi o amor que demos conta de manifestar, foi o amor que demos conta de ser. E o amor tem uma dinâmica plural, sexual, que se dá apenas no encaixe, no encontro com o outro. O amor busca o outro. O amor é um sair de si mesmo e se colocar em direção ao outro, ao mundo. Nosso fazer, nosso ser são expressões amorosas. Bem, nesse horizonte, não há culpados, traídos, traidores. Há entrega, entendimento, aceitação e as formas com que escolhemos manifestar o amor em nossas vidas. Mais do que nunca, mais do que em qualquer outra época e tempo temos chances de escrevermos amor sem drama, sem tragédia, sem dor. podemos começar a rimar amor a felicidade, a prazer, a alegria, a abundancia. Podemos libertar a nossa manifestação amorosa da angustia, da culpa, da vergonha, da derrota, do drama, da falta, do vazio. Amor pode ser manifestação do nosso ser em potência, na plenitude de tudo o que ele pode nos legar.

Amor pode ser mais encontro que espera

Mais luz do que trevas
Mais calor do que agonia
Mais ternura do que inveja.

Amor pode ser mais ato do que fala
Mais expressão da gente do que fera.
Amor é um ser, um atributo, que podemos nos fazer, nos tornar.
Ou deixá-lo se aproximar como fez o poeta:





Creio que pode ser vivido sem sofrer. Vivamos o amor,  escolhendo, sem excluir.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Charlie: liberdade e liberdade de expressão

Os acontecimentos na França retomam a eterna discussão sobre liberdade. E é estranho como uma palavra vai ganhando significados diferentes ao longo do tempo.

Na revolução de 1789 liberdade era uma conquista que assegurava a individualidade dos seres, assegurava, inclusive, esse ser não ser tratado como objeto, como coisa, como escravo. O ideal de liberdade era garantir que todos fossem tratados iguais.

Por anos quando se brigava por liberdade, brigava-se por esse direito inalienável de ser pessoa. Brigava-se, defendia-se o direito de se expressar. Para muitos sempre foi uma liberdade burguesa. Eu não me enveredo por esse caminho, prefiro observar que as liberdades, no que elas têm de “vontade de potência”, entraram em choque após o fim da 2ª guerra mundial. Vontade de potência é um conceito do filósofo alemão Nietzsche. Um conceito que foi extremamente deturpado pelos nazistas, mas que em suma diz respeito a um tipo de vontade, que se afirma, inclusive, em detrimento do outro.



Mas, o registro é para salientar que ali (pós 45) o conceito de liberdade foi alterado e muitos não perceberam. Evidenciou-se que a liberdade não pode ser um livre expressar, um livre fazer, vimos que nesse sentido, nessa direção alguns indivíduos, ou grupos podem submeter milhares a condição de coisa, objeto, por terem, gozarem, exercerem de um quantum maior de potência. Essa liberdade associada a um fazer, a uma desmedida que só poderia ser dada, sentida, mensurada por dentro e nunca por fora, entrou em colapso.

A partir desse colapso temos novas concepções de liberdade e vou pensar nas de Sartre, um francês que talvez não fosse Charlie e Levinas que sem dúvida é Charlie; ou não?!!

A liberdade para Sartre, diante do cinismo irresponsável dos acusados de crime contra a humanidade, passou a ser sinônimo de RESPONSABILIDADE e engajamento. Liberdade é escolha. Não de situações absolutas, claras, mas situações cotidianas, na sua maioria simples, tal como, publicar ou não uma charge? Veja, que a discussão não é sobre fazê-la ou não, mas sim, publicá-la. Sartre nos chamava atenção para como que nessas pequenas escolhas, escolhemos o mundo. E como que somos responsáveis por isso, como que ao escolhermos, escolhemos a humanidade inteira. De tal modo, que não me eximo, por estar seguindo ordens, ou por ser professor, ou por ser cartunista, ou por ser artista; sou ser no mundo e arco pelas minhas atitudes não para mim mesmo, mas para humanidade.


Levinas diante do mesmo cinismo, viu a imoralidade, viu a falta de uma eticidade por aqueles que praticaram as inumeráveis atrocidades. No entanto, na sua leitura do nazismo, historicamente, eles deram cor, forma, tom, a uma racionalidade que sempre foi brutal, sempre foi imperialista, sempre foi dominadora, o nazismo a maximiza. Ao final dessa racionalidade a constatação dele, de Hanna e alguns outros é de que nunca existiu outra liberdade se não a do EU, a da IDENTINDADE, a dos iguais. A liberdade sempre esteve assegurada aos mais fortes, aos mais poderosos, àqueles que nasceram assim e impunham essa concepção aos outros.

Levinas, junto com tantos outros, nos desvelaram O OUTRO. O outro nunca tinha existido na história do pensamento ocidental. O outro nunca fora respeitado. O outro sempre foi subjugado. O outro nunca teve LIBERDADE. Durante todo o tempo fizemos a expressividade do EU, da IDENTIDADE, dos iguais. E o EU sempre foi: homem-adulto-hetero-branco-letrado-rico. As mulheres, as crianças, os homossexuais, os negros, asiáticos, indígenas; analfabetos, assalariados sempre foram OUTROS. Isto é, nunca foram. Para alguns... nunca serão.

Assim, quando falamos de liberdade no século XXI não estamos mais debatendo sobre o direito a igualdade de todos. Isso é conquista, embora não respeitada, de todo ser humano que nasce desde 1948 com a Declaração dos Direitos dos Homens. Estamos debatendo sobre o respeito às diferenças, de alguns, de poucos. Se há um que se mostra diferente no meio da totalidade, esse um precisa ser RESPEITADO. E diante da representatividade desse um, não há liberdade de expressão que se justifique.

Não há mais espaço para a discussão de liberdade que finalize com a frase: “os incomodados que se retirem!!!” Não!! São os incomodados que demarcam os limites da nossa expressividade. Porque a liberdade, desde o pós guerra não pode mais ser tratada como sendo um direito inalienável de um grupo, um segmento, sobre o outro. Liberdade precisa ser compreendida como respeito às diferenças, ao não igual, ao OUTRO. Mas e o humor? E a liberdade de se fazer graça? Temos que aprender a rir de outras coisas.

Historiadores comentam que foi comum entre os conquistadores espanhóis apostarem ao verem uma mulher grávida de muitos meses, se a ‘cria’ era macho ou fêmea. Para garantirem a aposta, abriam a barriga da mulher, tiravam o bebê de dentro. Ah!! E entre muitas risadas e gracejos.

Temos que aprender a rir de outras coisas.

Mas, finalizando, talvez Sartre condenasse as charges de Charlie, por ver nelas um aspecto opressor, gratuito, injustificado, por vezes. Já Levinas, talvez apoiasse Charlie, não por ser judeu, mas por tentar assegurar ao cartunista o direito de ele ser o OUTRO. Talvez, se desse o contrário, Sartre apoiasse o cartunista e Levinas o condenasse.

Fato é que nunca saberemos qual seria a posição de um ou outro. E é nesse limiar que Bourdieu nos fala de violência simbólica. A liberdade que estamos apregoando, saindo as ruas com camisa, botons é a que legitima o direito do mais forte, seja por ser mais culto, seja por ser mais rico, seja por deter os mecanismos de reprodução seriada, de oprimir, silenciar, escorraçar o OUTRO, por ele ser diferente.

Trazendo a questão para os chargistas, é um equivoco chamar de liberdade de expressão uma charge que ofende, agride- isso é violência, tão selvagem, tão primitiva, quanto metralhar outro ser humano. Mas, o que não quero deixar escapar é que um artista pintar uma tela e fazer a exposição dessa pintura é liberdade de expressão e precisamos assegurá-la, mesmo e ainda que contra outros segmentos. Um poeta, escritor expressar seu universo é liberdade de expressão e a mesma garantia deve ser dada.

Já a industria cultural de reprodução em massa, não é liberdade de expressão é massacre simbólico. É covardia. Publicar quase que semanalmente, por décadas charges e representações de algo que milhares sentiram-se constrangidos, ofendidos, magoados, desrespeitados, não pode ser visto como liberdade de expressão. É aos meus olhos similar a indiana que diariamente ia a delegacia reclamar de maus tratos, de espancamento por parte do marido, e nenhuma ação é tomada, nenhuma medida é realizada. Até que ela degola e corta o pênis do opressor, aí ela é presa e chamada de violenta.  

Precisamos reconhecer que a violência simbólica é criminosa. Os cartunistas podem se expressar, porque tem um mecanismo de reprodução que assegura e lhes garante, no melhor exemplo de Goebells todas as cretinices que lhes são possíveis. E para tirar isso desse enfeite e colocar sobre o prisma do mercado, o atentado tirou a vida e feriu dezenas de seres humanos, assim como multiplicou exponencialmente a tiragem do folhetim. Num humor tão estúpido quanto o deles poder-se-ia criar charges nas quais se pensaria em possíveis alvos entre eles.

Enfim... se a questão fosse de liberdade de expressão garantir-se-ia o direito da comunidade muçulmana fazer charges dos chargistas no seu ambiente de trabalho e com suas tintas. Isso não é assegurado. Asseguraria aos muçulmanos e outros grupos, espaço para responderem as provocações.

Isso não é liberdade de expressão é vontade de potência no seu grau mais fascista, mas diga-se de passagem, essa é a égide da indústria cultural, não é uma especificidade de Charlie e seu grupo.





quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015: o ano MÁGICO.


Numerologicamente, cada ano apresenta uma vibração. A partir dessa vibração pensa-se e realizam-se previsões do ano, por exemplo, 2015 é um ano 8. O oito na numerologia assinala poder, integração, dinheiro, harmonia, mas também assinala autoritarismo, corrupção, prepotência, arrogância, desperdícios, ambição desmedida. É o universo vibracional.

Como gosto de dar um nome para cada ano, 2015 vou chamá-lo de ano MÁGICO. E quem dá essa magia é o 8. O oito no seu movimento serpentino, representando o movimento da serpente, mais precisamente, de como ela é representada pelos hindus na subida do prana pelos nadis e a sua descida, retornando ao mesmo ponto inicial. (Compreenderão melhor, se lentamente, desenharem o oito e nesse desenhar utilizarem a respiração: inspirar enquanto fazem o movimento de subida, expirar quando fazem o da descida. Os números precisam ser grafados para a vibração ser compreendida em sutilidades que não são dadas apenas pela abstração).


Por esse movimento de início e finalização, único entre os algarismos é que reputo o 8 é o número da integração. Uma integração que se dá, especialmente, em três níveis, veremos quais daqui a pouco. 
Nessa direção o 8 é 2³. O cubo é na concepção platônica os limites da matéria. 
O 2 representa a dualidade, o oposto, o outro, o não eu. Essa reprodução expandida nos direciona para o transcendente. O octaedro, que ao ser girado nos remete ao infinito. 
Em parte, por ter a vibração de dualidade do 2 inserida no 8, que muitos numerólogos vêem no 8 violência, autoritarismo e apostam nessa tendência para 2015. É que os embates, as dualidades mais dispares de fato encontram-se mascaradas nesse número-vibração.


Ainda associada a esta vibração temos a limitação imposta pelo 4/2+2 que simboliza o quadrado, ou mais precisamente, o tetraedro. Enquanto quadrado, estamos falando da energia de ordenação, firmeza e limitação, enfim, estruturação da matéria. Já enquanto tetraedro, estamos falando da primeira busca de transcendência. 
De modo que pode-se ver na duplicidade do 4 + 4 a estruturação solidificada para a representação do 8, que no seu nível mais básico como estávamos falando representa a integração, quanto no seu aspecto mais mágico, (o 8 deitado), simboliza o infinito.



De modo que um ano 8 é um ano sempre de oportunidades. É um ano no qual tudo é possível, especialmente, os impossíveis. Para tanto cada um deve lidar com os desdobramentos dessa vibração. Primeiramente, lidando com as dualidades internas que podem ser muitas, creio que cada qual vai lidar com as suas, mas ao que tudo indica, elas tem relação com (2015):

Primeiro: o outro, as parcerias, os adversários, o oposto; simbolizado pelo (2);

Segundo: com a própria individualidade, consigo mesmo, diante dos outros; simbolizado pelo (1);

Terceiro: com a difícil integração Eu-Tu, eu-Si mesmo, diante da minha liberdade, ou liberdades e as responsabilidades e compromissos que advêm das minhas escolhas, assinaladas pelo (5);

Quem chegou até aqui deve estar se perguntando e o 0? 
O zero é o que amplifica, amplia, expande essa energia ao infinito. O zero é o que assegura magia não apenas desse ano de 2015, como o de todos os anos desde 2000. O zero é a caixa de surpresa do Universo, nunca sabemos o que vai sair de dentro dela. O que sabemos é que pelos ciclos e regras universais nunca se colhe aquilo que não se plantou, independente do tempo e do espaço.

Todos esses campos estarão ativos e quem conseguir a partir disso construir uma estrutura, isto é, construir o (4) material, aparentemente, consegue se associar a estrutura que está sendo criada no invisível de lá pra cá (0). É como se o universo estivesse dizendo: se forem capazes de construir a sua parte da ponte, atravessarão para um lado inenarrável. É a magia do ano 8. A possibilidade de transgredir o tempo, de integrar espaços, temporalidades equidistantes, separadas, erráticas. É loucura, mas isso é muito possível nesse 2015. Em verdade, essas transposições tempo-espaciais irão acontecer, o ganho é sermos capazes de integrar os aspectos positivos e não os negativos. 


Parte dessa integração pode ser compreendida como a busca pela 4ª 'perna' da mesa do Mago no Tarot de Marselha. Para quem não é simpatizante dessas ‘loucuras’, o Mago, primeiro arcano do tarot está em pé atrás de uma mesa que só tem três pés. O quarto pé, que nos é invisível estrutura toda as suas habilidades. 
O ano de 2015 não é diferente. Assim, temos que encontrar a quarta perna da mesa do Mago no Tarot de Marselha. E é nesse encontro que se abre o infinito, ou o 8 deitado.

O infinito é essa possibilidade de travessia. Esse loop (0) que podemos dar caso organizemos essas questões em nós (o outro, nós mesmos, nossa liberdade e o respeito as outras liberdades). Esse tende a ser o compasso de 2015 um ano muito aberto às grandes obras, aos grandes feitos, as realizações. Um ano marcado por conflitos, dificuldades, mas essa é a parte emblemática, já que por de trás dessa vibração há um enorme potencial a ser alcançado e atingido. 2015 é o ano mágico, porque poderemos sair quebrando os espelhos, atacando os outros, ou poderemos perceber, compreender de onde vem essa nosso conflito e tentar uma harmonização. 


Dirigentes, pais, lideres, em todas as instâncias, precisarão estar mais centrados para saberem canalizar e conduzir os atritos dos grupos, famílias, comunidades.

Pessoas que têm em si a diplomacia, a capacidade de organização, equilíbrio terão maior destaque esse ano. Pessoas  com tendência a ambição precisarão de se policiarem um pouco mais para não desrespeitarem a individualidade e a liberdade de outros. Irritação, stress, estará na ordem do dia. Enfim, as habilidades e competências para esse ano são diplomacia, conciliação, equilíbrio, organização. Quem no seu ambiente de trabalho, familiar, conseguir combinar melhor essas ferramentas terá um reconhecimento maior. 
Mas, essas habilidades não são importantes todos os anos?

Nem sempre. No ano sete (2014) as habilidades mais reconhecidas foram a do estudo, da aplicação, da dedicação, da observação, do silenciar-se. Esse ano é quase o oposto, a energia chama para um fazer, um agir, um falar, um mostrar. 2014 foi uma energia de assimilação, de interiorização. 2015 é uma energia de devolução, de exteriorização. Esta pode ser realizada com essa volúpia, ansiedade inicial, mas ainda não é o melhor ponto. O melhor ponto parece ser a de ter todo o caráter de urgência que se pede, aliado a leitura do todo que demanda. Sabe, pronto socorro, urgência? Todos estão com dor, todos tem que ser socorridos, mas há prioridades. Quem conseguir compreender isso no seu meio, conseguir dar o apoio e a assistência necessária a cada qual.... vai estar vibrando na sintonia fina de 2015 e as possibilidades são infinitas.

Soma-se a tudo isso a singularidade de cada um. O ano pessoal de cada um, e as vibrações de cada um. 
De todo modo, espera-se um 2015 repleto de conquistas, tanto internas, quanto externas.



Referências: