sexta-feira, 6 de maio de 2011

Rezando por Bobby


"A história verdadeira de Mary Griffith, uma ativista de direitos homossexuais cujo filho cometeu suicídio por intolerância religiosa". Uma sinopse critica do filme pode ser encontrada aqui nesse link:

Rezando por Bobby é um belo filme, porque retrata uma história real e trágica. E eu não sei até que ponto podemos retirar o caráter de tragicidade da descoberta sexual de milhares de jovens, das mais variadas orientações sexuais. Estou falando de estupro, de pedofilia, de primeiras vezes ruins. Estou falando dos milhares de crimes cometidos contra os homossexuais. Estou falando de mulheres que nunca atingiram o orgasmo no ato sexual e nunca gozaram, nem se tocando, porque isso é encarado como pecado. Estou falando de como no ocidente sexo nunca esteve atrelado a amor. E nunca houve entre nós amor sem culpa e sexo sem culpados. Desculpem-me, mas nos casamentos de contos de fada, o príncipe não transa com a princesa. Nos contos de fada, novelas da Globo, filmes de Hollywood não há espaço para a vida de casado, para os conflitos das relações amorosas e de como eles ensejam e incutem na vida sexual. Assim, nessas retratações acredita-se que o amor sem o sexo resolve tudo. 

O filme me chama atenção também pela falta de espaço para eles serem escutados. E quando digo eles, quero estender também a todos os adolescentes, jovens, eles não são ouvidos. Essas angústias mais profundas acerca do amor não são ditas, faladas, debatidas. Porque o amor é uma angústia. A possibilidade de não ser correspondido em seu afeto é uma dor de morte, um impulso terrível que te compele em direção ao outro. E se este outro, simplesmente por capricho dos deuses, não for flechado pelo cupido, a dor dilacera. O poeta já dizia: “Esta vida é uma faca de dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais”. E se isso é doloroso, angustiante para amores permitidos, o que não se sofre quando o amor não é permitido? E quem permite o amor? A Igreja? O Supremo Tribunal Federal? Tem sentido isso? De modo que se é terrível a carga pesada, doentia, que se coloca sobre as questões sexuais em nossa sociedade. E se isso é naturalmente trágico para todas as orientações sexuais, entre os homossexuais, transexuais, creio que essa carga deva chegar às raias do suicídio como se deu com Bobby. 

E suicida-se devido a forte pressão e desamor das religiões que oferecem cura para os desejos. Enquanto a Igreja está apodrecida e abarrotada de padres homossexuais, alguns pedófilos, as igrejas protestantes cheias de pastores que amam suas fieis casadas, de líderes espiritistas e espiritualistas que fazem ares de bom moço, enquanto se envolvem em corrupção de menores e outros; a sana se faz em torno dos homossexuais. Com archotes e livros sagrados nas mãos sobem no púlpito para pregar o desamor em nome de Deus. E a minha pergunta é: o Deus de Deuteronômio serve a alguém, se não a um extremista radical? A visão atribuída a Kardec, do século XIX, acerca da homossexualidade serve a alguém se não aos mesmos inquisidores reencarnados? 

A sociedade civil, laica, o Estado Democrático de Direito brasileiro, aguarda e espera que o Supremo Tribunal Federal garanta o direito a cidadania aos seus filhos e irmãos. Que lhes sejam assegurados legalmente o direito inalienável de amarem, se unirem e manifestarem esse amor e suas atividades sexuais com quem desejar, simplesmente não cabe ao Estado regular sobre isso e é uma vergonha que o tenha. Que aqueles que querem impor seu ponto de vista religioso, preconceituoso sobre a sociedade, que percebam estarmos no século XXI, ou que mudem para o Paquistão, para o sul dos EUA, para o Afeganistão, os Talibãs, a Ku Klux Klan, e os xiitas sempre precisam de mais homens bombas, de mentes raivosas e odiosas contra todas as diferenças e diferentes. 

Bjs em todos



2 comentários:

  1. Excelente reflexão a partir do filme..e o filme é tradução de histórias e rostos reais

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