segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Manifesto do Arco-Iris



Boa noite, vejam vocês que esse é um assunto complexo, importante. É um assunto que precisamos tocar, precisamos mexer, precisamos discutir, mas tendo como foco e entendimento não meramente a questão da homossexualidade, mas a questão da sexualidade e da manifestação amorosa.

Enquanto estivermos por aqui falando, nosso pano de fundo, nosso rasgar de véus é tocar a liberdade amorosa e a capacidade de amar. É disso que estaremos falando. É sobre isso que estaremos conversando. Como é que podemos enquanto sujeitos, enquanto grupos, aprofundarmos nossa capacidade amorosa, nossa demonstração de afeto, nossa sensibilidade.Vamos lá.

Os gays reencarnam com uma função de equilibrar uma balança energética que se encontrava completamente descompensada e desarranjada. Os gays reencarnam para auxiliar nesse processo de reequilíbrio planetário e isso não é uma tarefa fácil. De forma geral o planeta vivenciou duas polaridades a masculina e a feminina, o esquerdo e o direito, o certo e o errado, o branco e o preto, o feio e o bonito; duas polaridades que tem como meta o equilíbrio. Como se fosse dois pratos de uma balança. Acontece que de uns dois mil anos para cá foi havendo um desrespeito e uma anulação do feminino. O feminino estava prestes de ser extirpado do planeta. O feminino não tinha espaço nem entre as mulheres. Era uma energia que foi sendo deslocada, separada, apartada até quase chegar à extinção. Tudo o que se relacionava ao feminino não prestava, não era bom, não era útil, não era necessário. Os reflexos disso passam desde o êxodo rural- a terra não presta, bonita é a cidade- até o infanticídio de meninas na China e na Índia, ou as castrações do clitóris em tribos africanas.

Nesse momento, estamos pensando no final da década de 50, justamente quando o mundo discute quais rumos e caminhos vamos dar ao planeta. Logo após a explosão de duas bombas nucleares, símbolos fálicos da potencia do masculino, do poder de destruição e morte do feminino, fica claro e notório que é fundamental novos ajustes energéticos, novo equilíbrio dentro dessa dinâmica de polaridades e aí precisa-se de fazer uso de uma matriz energética, de pessoas equilibradas energeticamente que possam construir o neutro. Há o positivo, há o negativo e há a necessidade do neutro. Há o preto, há o branco e entre um e outro uma infinitude de matizes, de colorações. É dentro desse espectro, da necessidade de novas colorações, de novas representações que surge o manifesto do Arco-Iris. Um ícone belamente ilustrado e representado pela bandeira do movimento gay. De forma que o neutro possibilita uma nova equalização e harmonização energética. E é isto que os homossexuais tem feito e realizado junto ao planeta. Percebam vocês, que estamos falando de equalização energética, porque a física, de forma geral, a quantidade e a permanência de mulheres é maior do que a de homens. Mas, o ponto a ser frisado é a construção de uma interface energética.

E os homossexuais tem permitido a cada um dos habitantes do planeta reequilibrarem suas próprias dinâmicas energéticas, assim como as dinâmicas energéticas do próprio planeta. Em suma, concebemos isso como a retomada do feminino. Tanto no que tange as mulheres, quanto no que tange aos homens, nós estamos falando de um novo circuito energético em que essa busca por uma inteireza não se de exclusivamente fora, ela se realize dentro. Realize-se com cada um se percebendo inteiro e se compondo como ser inteiro. Nós voltaremos a falar disso, porque é fundamental para o entendimento da energia.

No entanto, antes de prosseguirmos como este tema, temos que colocar que o movimento gay tem uma relação histórica com o movimento pentecostal/carismatico. São movimentos da década de 60 que reinvindicam e que ancoram uma nova matriz energética, cada um segundo sua leitura. Mas ambos dizendo e inferindo que esse modelo de um Deus patriarcal, produziu e gerou um modelo de civilização muito belicosa, muito raivosa, muito irada. Tudo se dá e se resolve com a faca no dente. Aí esse povo começa a fala do retorno de Maria, que é a volta do feminino, que é o retorno do feminino sagrado e nas novenas, nos terços, nas missas isso vai sendo recuperado. As mulheres que não podiam ocupar o altar voltam a ter um papel importante enquanto missionárias, porque elas se abrem para a descida e a recepção do espírito santo. Simultaneamente, temos os gays saindo do armário, mas este sair do armário dialoga estreitamente com o significado do termo gay = alegre.

A missão e o compromisso planetário deles é o de devolver um modelo de sexualidade sem culpa. Uma sexualidade alegre. Uma sexualidade bonita. Uma sexualidade saudável. Uma sexualidade prazerosa. Os gays abrem no planeta para uma energia trancada, amordaçada, eles possibilitam novas formas de amor, novas formas de amar. Na manifestação de afeto e sexual deles, eles levam e carregam toda a pecha planetária, toda uma raiva e um desconforto planetário com a própria sexualidade. Quando vemos dois gays se relacionando dirigimos para eles toda uma carga de culpa, de vergonha. Como se disséssemos: “eu aqui fazendo sexo para reprodução e estes dois sentindo um prazer no ato sexual que nos é negado, que nos é proibido”. Mas a reflexão seguinte é mais ou menos assim: “ se eles podem, porque eu não?”

E nessa resposta abre-se os grilhões que prendem e soterram a humanidade, a sexualidade. Libera uma energia reprimida, retesada, que pode circular sem culpa, sem medo, sem castigo. Outras perguntas surgem: por que o sexo não pode ser alegre, sem culpa? Por que o sexo tem que trazer junto de si a força do pecado original? Os irmãos homossexuais auxiliam não apenas a neutralizar essa tendência demasiadamente masculina, ao ponto de mulheres ficarem anos sem usar saia, um vestido, se pintarem, sem olhar para lua. Há um sem numero de mulher que não menstruam, acham a menstruação o pior dos males, o pior dos mundos. Ficam sem andar num jardim, sem cultuar o verde. Deveríamos falar do movimento ecológico, mas fica para outra oportunidade.

O fato é que quando se pensa e se instrui o sexo como reprodução é porque estamos falando da força mais poderosa que se tem em níveis materiais, que é a força do sexo. Nada é similar a isso. Nada se compara em beleza a dois corpos, dois seres que se unindo são capazes de dar vida a um outro ser. Esta é uma marca do planeta terra, é uma dádiva divina dada ao planeta. É uma marca tão forte que produz e gera os karmas, as ligações e os grilhões que nos mantém acorrentados. No entanto, é preciso observar que outras culturas deram outras concepções ao sexo. Perceberam e entenderam o sexo não meramente como procriação, mas como mecanismo de prazer e de transcendência. Muitos povos, muitas culturas ensinavam a transcendência mediante o sexo. E sexo praticado com mais de duas pessoas, nas mais diversas posições. Tudo dependendo do que se gostaria de ser criado, de ser gerado. Esta forma de ver o sexo não lhe institui culpa, não lhe deu o peso de pecado, pelo contrário, lhe garantiu a visão de sagrado. Um sagrado que era observado na mulher, na companheira, no seu ventre, nos seus seios, nos seus quadris. Como extensão na própria terra, na colheita, na lua. E a relação com a reprodução era imanente, ao semear a terra, ela gera frutos, mais abundantes do que plantados inicialmente. Ao unir-se a mulher geramos frutos, seres, filhos, mais belos do que fomos. Quero registrar que ao rememorar isso não falo do matriarcado, mas de uma fase na qual homens e mulheres compreendiam a sua função e a sua integração para a harmonia do todo.

Tudo isso os levando a compreender que a energia sexual é uma energia sagrada. E é esta energia que os homossexuais a ancoram de novo. Eles, em sua grande maioria, vindo das altas esferas energéticas, abrem um potencial que esteve fechado por milênios, o do sexo como prazer, o do sexo como energia criativa. E mais importante do que isso, eles facultam a cada habitante do planeta a possibilidade de amar mais e de amar melhor. A possibilidade de expressarmos mais amor, de darmos mais amor.

Recordo, que eu nunca abracei meu pai. O contato físico que tive e tinha com meu pai era de lhe dar um beijo nas mãos em sinal de deferência e respeito. Estamos aí há pouco dias dessa data e hoje os pais podem abraçar seus filhos, beijar seus filhos e confundidos como um casal homossexual ser agredidos.

É isto que não podemos aceitar. A intransigência, a violência, a truculência às manifestações amorosas. Todo amor é isento de pecado. A frase é forte, mas vou repetir: todo amor é isento de pecado. As pessoas têm o direito de amarem e de expressarem esse amor a forma que melhor lhe aprouver. Isso tem de ser garantido. Não podemos discriminar pessoas por elas amarem pessoas do mesmo sexo, ou do sexo oposto. Isso é arbitrário, é escandaloso. As pessoas não deveriam ficar escandalizadas com formas diferentes de amar e sim com as forças seculares de ódio, de perseguição, de discriminação.

Já finalizo. Queria apenas dizer que o escândalo é esse. O pecado, a hamartia como denominavam os gregos é perdermos o foco do amor. E é enquanto amor que faço a reflexão final. O fato de o pai amar o filho, a filha não implica em ir para cama com eles. O fato dos amigos se amarem não implica em transar com eles. Vejam bem que até pode, não há nenhum impeditivo a não ser a consciência. Todavia, não é isso que ressaltamos. E longe de ver isso como libertinagem, o que percebemos é a dificuldade que temos de compreender o amor de estranhos como não sendo sexual. As pessoas querem fazer sexo com preto-velho. Elas não entendem que aquela candura, que aquela doçura pode ser sentida, experimentada, ela é erótica, mas ela não é sexual no sentido genital do termo. As pessoas são ainda muito genitais o que acaba fazendo com que o homem ao sentir essa amorosidade, sentir o seu feminino se revelando, ele acreditar que tenha que bater e matar um homossexual ou transar com outro homem. São possibilidades, são formas de manifestação, a última espúria que revela esse temor e uma vontade latente. Da mesma forma, quando essa energia de empoderamento feminino vai ganhando corpo, algumas mulheres acreditam que tem que sair na pancada com o namorado, o marido, ou entregar-se a outra mulher. E quero enfatizar que não necessariamente, nada obstrui o que dá ares de libertinagem, mas nada impossibilita o que assegura novas marcas de liberdade.

O ponto central é que a expansão da liberdade sexual representa e significa o empoderamento dos indivíduos. Os seres assumindo a responsabilidade pelo próprio prazer sem que este seja redistribuído pelo sistema construídos: família, Estado, Igrejas/Religiões. Os seres estão acessando seu prazer na fonte deles e esta fonte é amorosa, é prazerosa, é abundante e é infinita. É também inesgotável e aberta, sem cercas. Novas formas de captar e regular a energia sexual em si mesmo, possibilita novas formas e relações econômicas, de governo, sociais e familiares. O movimento dos quadris, o movimento dos ombros desestruturam velhos sistemas e antigos regimes. E os amigos homossexuais trazendo o neutro, garantindo formas de amar, asseguram a cada um novas possibilidades amorosas, tanto no que tange a genitalidade, quanto no que a transcende.

É isso, agradeço a paciência e a presença de todos. 
Luis Soares por Kélsen A. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Software livre: tecnologia espiritual



Software livre é o nome que se dá a um desenvolvimento tecnológico, informacional que se faz de forma aberta. Por aberto entenda-se que cada um pode quebrá-lo, utilizá-lo do seu jeito, melhorá-lo e liberar de novo para que ele seja novamente quebrado, re-utilizado, melhorado. Numa forma profícua e incessante.
Eu olho para a ideologia do software livre e me encanto, porque vejo nela os paradigmas de uma nova consciência, de uma nova forma de fazer e pensar o mundo, o conhecimento, a transmissão do mesmo. Mas, eu quero utilizar essa metáfora para pensar os sistemas e técnicas espirituais.
Décadas atrás em contato com Somater, um amigo sideral, eu falei para ele: “todo mundo ganha informação de ponta, tecnologia de ponta, você não me passa nada, não me dá uma informação de ponta que pode ser aplicada”. Aí ele me falou da ativação dos cristais, me falou da técnica de harmonização com rosas, mais recentemente me apontou à Magnificência Cristalina e me esclareceu que isso para eles é que era tecnologia. Tecnologia não era apenas ferramentas para alteração do mundo físico, pelo contrario, a tecnologia que mais necessitávamos era o que dizia respeito ao aprimoramento de energias internas. Ele me mostrou algumas cenas, pensei, calei, gostei.
Rememoro as técnicas passadas para pensar: quanto elas valem? Quanto se deve cobrar por ela para que outros tenham acesso? Devo patenteá-las? Posso e devo impedir que outros dêem novos usos e novas formas, inclusive melhores e mais refinadas as que eu intui? O meio termo é o melhor e este seria- a pessoa faz o curso, aprende a técnica, faz o uso que achar melhor e lhe convir. Aproveita a técnica inteira, ou apenas uma parte da mesma. Isso é livre, aberto, ou podemos restringir e nomear como ilícitas tais modalidades de pratica?
Creio que caminhamos e construímos uma nova forma de consciência. Dentro desse novo molde não podemos reputar como sendo errôneo, ou desonesto ganhar dinheiro com técnicas canalizadas sabe-se lá da onde. Todavia, dentro de um paradigma maior de ciência e de consciência não podemos limitar ou restringir as ações dos outros os condicionando a uma técnica. O software deve ser aberto, tem que ser livre. Pelo menos enquanto modelo de uma nova consciência.