PÂNICO
A palavra tem origem grega e
relaciona-se ao deus grego Pã de onde deriva a palavra pânico, o termo pânico,
o programa pânico e as síndromes do pânico. Empregos do conceito, atualmente,
muito em voga, o que acaba nos remetendo a um segundo significado do termo Pã,
que se associa a tudo e a todos (panteísmo, pandemônio, pan-sexualismo, etc...)
De todo modo, Pã era representado na mitologia com orelhas, chifres e pernas de
bode. Dizem que era tão feio, que causava pavor e temor nos viajantes que
atravessavam a floresta durante a noite. Fala-se outras tantas coisas dele, mas
estas para mim são as importantes para refletir sobre um fenômeno
contemporâneo, associado e atrelado a juventude: o escárnio como forma de
humor.
I
Estes programas de “humor” começaram na minha adolescência. Eram
programas de rádio, creio que da própria jovem Pan, que fizeram sucesso entre
os meus contemporâneos por distratarem ao vivo e em rede nacional os seus
ouvintes. Aquilo era um fenômeno diferente, já que, se poderia ler uma relação
tácita de sadomasoquismo entre apresentadores e ouvintes. Naquela época era
curioso os ouvintes ligarem para serem distratados, era um acontecimento muito
diferente e muito fora do padrão do que fora o rádio até então. Anos depois
apareceria a Tiazinha que praticava tortura em rede nacional e havia fila de
espera e de fetiche para ser torturado pela moça de chicote, bota, roupa de
couro preta grudado ao corpo. O que se iniciou como um programa de rádio se
multiplicou e toda rádio que se preze, atualmente, parece ter um programa como
esse: no qual o destrato ao outro é fonte de riso para quem apresenta, para
quem escuta e para quem recebe.
II
O
meu ponto de tensão é que há anos tenho observado e acompanhado uma forma muito
diferente de fazer graça, de ser engraçado dentro das salas de aula. É uma
forma que espezinha, humilha, achincalha. É um humor que desfaz e reduz o
outro, inferioriza o outro. Em sala de aula os professores tem passado por
isso. São expostos no youtube, nas redes sociais, assim como alunos espezinham
os próprios colegas de uma forma tão deselegante, tão desrespeitosa, que fico
me perguntando: éramos assim? E não éramos. Óbvio que o humor sempre riu do
ridículo, do grotesco, mas de forma geral, eram os humoristas que se colocavam
nessa condição de inferioridade. O riso era da plateia, do público e não do
comediante. Este durante a cena não se dava bem, pelo contrário. Costinha (que
nunca gostei) fazia troça da sua voz, da sua opção sexual. Não me recordo,
talvez exceção ao Didi, de comediante que satirizava aqueles que lhe aplaudiam.
Não havia esse tapa na boca de quem te beija, esse escarro na mão de quem lhe
aplaude. Essa é uma forma de humor nova cuja uma vertente segue a Tv
Pirata-Casseta e Planeta-CQC; e outra vertente dá em Pegadinha do Malandro,
Pânico na Tv e outras atrocidades que ignoro, esqueço ou desconheço.
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