Salve a todos,
Todos sabem, algumas pessoas sabem da
minha paixão pela loucura. Eu não sei explicar o motivo, a razão, eu
simplesmente gosto, amo e me apaixono por quem consegue pensar de forma
diferente, por quem consegue inverter e subverter a ordem, o dito, o curso e o
discurso do mundo. No fundo acho que gosto dos loucos, porque cada um deles é
uma parte de mim. Mês passado e retrasado fiquei escrevendo sobre a loucura.
Semana passada, estreitando um diálogo com uma alma irmã a minha, retomei a
interação com a loucura.
Mas a razão desse escrito é que
encontrei um blog fantástico falando da esquizofrenia. Descobri é uma forma de
dizer que uma amiga me indicou o blog e que passo para vcs.
I
Na história da ciência nos chamamos, ou
classifica-se alguns autores de: a) internalistas; b) externalistas; c) construtivistas.
Os internalistas seriam aqueles que
fazem a ciência mesmo, estão nos seus laboratórios construindo não apenas
artefatos tecnológicos, como teorias. Eles são de forma geral cientistas que
defendem o fazer científico.
Os externalistas seriam aqueles que
refletem sobre o resultado da ciência feita pelos internalistas. Tentam mostrar
e desvelar as conseqüências da ciência no dia-a-dia das pessoas, assim como a
posição “ingênua” dos internalistas.
Os construtivistas pensam a ciência
como uma construção, uma interação que se dá entre internalistas e
externalistas, mas sem tantas demarcações precisas e rígidas como ambas
arvoram.
Uso essa classificação para situar minha
briga com psiquiatras, antropólogos, psicólogos: é de que eles são
"externalistas", isto é, eles falam da doença mental de fora dela. Eles falam de outras culturas, sem pertencer a elas. Psicólogos, psiquiatras não sabem o que acontece dentro da mente, ou melhor, sabem, mas não sabem.
Sabem como os médicos sabem do infarto, mas nunca tiveram um, ou do cálculo
renal, ou da miopia. É um outro saber. É um saber sem sentir, é um saber teórico, mas que fica faltando a vivência. De modo que pode-se
saber muito mais, no entanto, sabe-se menos e não deveriam ter a prepotência e arrogância
de invalidar outros discursos.
O estranho então é que se na ciência o discurso dos externalistas é ignorado quase que completamente pelos internalistas; ignorado no sentido de eles não alterarem o fazer e o refletir dele devido ao que foi dito, interpretado, não dito. No que tange a saúde de forma geral, e especialmente a saúde mental, os externalistas- médicos, psicólogos, psiquiatras- interditam, desqualificam e invalidam o discurso dos internalistas. Os esquizofrênicos, são completamente ignorados , desqualificados.
E é nessa especificidade que quero mencionar o blog do rapaz. O blog dele é super interessante, porque ele é um internalista falando do seu processo por um mecanismo que é compartilhado pelos externalistas- a linguagem. Ele utiliza a gramática médica, psicológica para falar daquilo que ele capta, sente, vê, percebe. Ele mais do que narrar, quase que nos coloca dentro do espaço mental dos portadores de esquizofrenia. É um belo endereço para que a gente consiga compreender melhor o que eles sentem, como percebem, o que entendem dos seus processos e como ele é difícil e doloroso. Além do que nos fornece a contribuição de inspirar e ensejar outros de seguirem o mesmo caminho, isto é, de começarem a dar voz as suas vozes e minimizar a fala de terceiros acerca dos seus estados mentais primários, internos, subjetivos. É uma tendencia a ser seguida e especialmente, seguida por outros portadores.
O estranho então é que se na ciência o discurso dos externalistas é ignorado quase que completamente pelos internalistas; ignorado no sentido de eles não alterarem o fazer e o refletir dele devido ao que foi dito, interpretado, não dito. No que tange a saúde de forma geral, e especialmente a saúde mental, os externalistas- médicos, psicólogos, psiquiatras- interditam, desqualificam e invalidam o discurso dos internalistas. Os esquizofrênicos, são completamente ignorados , desqualificados.
E é nessa especificidade que quero mencionar o blog do rapaz. O blog dele é super interessante, porque ele é um internalista falando do seu processo por um mecanismo que é compartilhado pelos externalistas- a linguagem. Ele utiliza a gramática médica, psicológica para falar daquilo que ele capta, sente, vê, percebe. Ele mais do que narrar, quase que nos coloca dentro do espaço mental dos portadores de esquizofrenia. É um belo endereço para que a gente consiga compreender melhor o que eles sentem, como percebem, o que entendem dos seus processos e como ele é difícil e doloroso. Além do que nos fornece a contribuição de inspirar e ensejar outros de seguirem o mesmo caminho, isto é, de começarem a dar voz as suas vozes e minimizar a fala de terceiros acerca dos seus estados mentais primários, internos, subjetivos. É uma tendencia a ser seguida e especialmente, seguida por outros portadores.
Dêem uma olhada no blog do rapaz. Abraços
em todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário