A
idéia inicial era falar de sexo, sexualidade, magnetismo e espiritualidade.
Fiquei duas semanas tentando, escrevi algumas coisas, mas agora, pai Jeremias
pintou por aqui e disse: “fala do amor. Dá o titulo de orgasmo.” E é por aqui
que eu inicio. O amor é o elo entre sexo, sexualidade, magnetismo,
espiritualidade e o orgasmo é onde desemboca o amor. O amor é facilmente
confundido, afinal poucos de nós estamos sem nenhuma barreira, obstáculos,
amarras para que a energia amorosa seja recebida por nós e transmitida por nós
sem passar por influencias. As influencias e obstáculos são as nossas crenças,
as nossas dores, nossos pensamentos, nossas emoções. De forma que amor/orgasmo
são divididos aqui a titulo de organização.
Queremos
falar do orgasmo, porque ele é um sentimento pleno de prazer, no qual o corpo
se abre para dançar com o espírito. O orgasmo representa uma unidade entre
corpo e alma, um trabalho conjunto e harmônico que resulta na satisfação de
ambos. Ele mostra que o corpo é importante, o corpo é necessário, não pode ser
abandonado. No entanto, ele salienta também que só o corpo não basta, “erótica
é a alma.” E se a alma não estiver presente o orgasmo também não acontece.
Perceba então que queremos distinguir o gozo do orgasmo. O gozo é mecânico, é
solitário. As mãos podem fazer com que o corpo ou a alma gozem. O orgasmo
requer o outro. O outro é o parceiro (a) que te coloca em contato com o divino.
O outro é aquele que mediante o atrito te auxilia na “renuncia”, no esquecimento de
si mesmo. Alcança-se o orgasmo com a ajuda e a colaboração do outro. O
igualmente belo do orgasmo é que se chega a ele renunciando a si mesmo. E ao
chegar ao estado orgástico sabe-se bem que aquele é um momento individual, mas
ligado a tudo, integrado ao universo. Ao adentrar esse estado, as pessoas
voltam revigoradas, voltam modificadas, voltam diferentes de como foram.
O sexo
é assim uma ligação, uma chave com o divino. A busca pelo sexo é na sua
essência a busca por um encontro com a divindade. Por mais egoísta que seja
esta busca, o encontro com o orgasmo requer o reconhecimento do outro e aqui se
desvela a face do amor. O amor tem muitas faces, muitas moradas e a maneira
como cada um lida com o sexo, a forma com que cada um lida com a vida
(sexualidade) dialoga como cada corpo sustenta o amor, como cada aparato
cognitivo-afetivo registra o amor e comporta o amor. Não importa o que façamos,
como façamos, no fundo e sempre estamos expressando como amamos.
É
difícil para algumas pessoas compreenderem que a energia que um preto-velho
transmite, assim como outras entidades é amorosa, mas não é sexual, ou melhor,
por mais que a energia seja orgástica, (pelo menos remete a um cheiro de
divindade, de aconchego, de candura, repouso e doçura, que o ato sexual
direciona no momento do orgasmo), isso não implica na mecânica do ato para se
ter essa sensação. É igualmente difícil para lideres religiosos (padres,
pastores, médiuns, gurus outros) compreenderem que no entorno deles há uma
forte energia magnética, atrativa, o que não implica em transar com todos (as)
paroquianas, fieis, assistência, chelas. Isso é muito sexual, mas não implica
exclusivamente em sexo. Compreender e manifestar essa energia pelo prisma
sexual é apenas uma das milhares de forma de manifestação e compreensão. Talvez
esta compreensão seja até a mais primária e elementar delas. O que pode
dificultar a absorção e a compreensão desse nível energético em um forma
diferenciada.
O
ponto é que a energia amorosa é uma energia sexual. Da mesma forma que essa
mesma energia amorosa é orgástica. De forma geral, chegamos ao orgasmo mediante
o sexo, daí a dificuldade de um sem número de pessoas acreditarem que a energia
amorosa não implica exclusivamente em sexo/transa; que manifestações amorosas
entre professores e alunos, padres e paroquianos, pastores e fies, médiuns e
assistência, gurus e chelas não quer dizer que eles estejam transando, tendo
caso. Da mesma maneira que os núcleos espirituais nos quais essa energia
amorosa começa a gravitar não implica em orgia, em suruba, na festa da uva.
Tudo isso parece que a nossa primeira reação ao sentir, captar essa energia
amorosa é entendê-la como sexual. Pode até ser, mas é similar a estar diante de
uma grande obra e não sair do nível básico de leitura.
As
faces do amor são muitas. E a nossa busca é por um fazer cada vez mais amoroso
em todos os momentos da vida e não apenas no ato sexual. O encontro com o
prazer, com o orgasmo é algo que não necessita ficar delimitado e restrito a
atritagem do sexo. Pelo contrário, quando mais se aumenta a nossa sensação de
beleza, de plenitude, mais orgásticos vamos ficando. Mais integrado vamos
ficando. Menos maldosos acerca da sexualidade e das relações de carinho vamos
sendo.
Bjs em
todos.
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