Vários sites de notícias
trazem a informação de uma pesquisa realizada pela Forbes, cujas intenções, metodologia,
financiador não estão disponibilizadas. A pesquisa trata dos cinco pastores
mais ricos do Brasil. Não fica claro se a renda refere-se a patrimônio individual
ou se institucional. Independente disso, os números suscitam muitas questões e
a principal delas é a relação entre fé e negócios.
Sempre tivemos uma relação equivocada
com a fé. Poucos viram ou entenderam que historicamente o avanço da fé, seja
ela qual for, só é efetiva se vier acompanhada de um avanço econômico. As cruzadas,
os Jihads são exemplos disso. Embora tivessem milhares envolvidos por amor,
cinco ou dez estavam envolvidos por dinheiro e eles conduziram as relações. De todo
modo, nunca foi explicito a exploração da fé como um grande negócio.
Quero deixar claro, que a relação fé e
negócios não é exclusividade de uma orientação religiosa e nosso país de
moralidade católica isso é sempre complicado. Haja vista a campanha de
desmoralização que o “movimento espírita” promoveu e promove contra os
Gasparettos, que a igreja faz com os padres que ganham com a venda de livros e
músicas. Assim, de início, eu gostaria de promover a censura e repudiar o fato
deles movimentarem tanta grana; mas não vou. Minha questão não é essa e sim
outra, já que não tenho nada contra as igrejas ganharem dinheiro. Não tenho
nada contra as pessoas ganharem dinheiro, mas é que esse mercado é inusitado. Afinal,
quando se compra um produto sabe-se bem pelo que esta se pagando. Esse produto
é material, palpável, você leva para casa, consome pelo caminho, devolve caso
não goste. Quando se paga por uma peça de teatro, um filme, um espetáculo isso é
mais imaterial, mas ainda temos alguma coisa que garante a relação de
reciprocidade, sabe-se pelo que se pagou. Na fé isso é complexo. Pagamos pelo
que? Recebemos o que? Ofertamos o que? Que troca é essa? Como estipula preço
nessa negociação?
Eu já tive o hábito de ouvir Edir
Macedo, pastor JJ Soares. Eles começam a falar e é difícil trocar de canal. Eles
pela fala conseguem mudar a vida de muitas pessoas. como se avalia e ‘monetariza’
isso? Valdemiro Santiago libera ectoplasma até pela televisão. É um dos grandes
médiuns de cura que já vi trabalhando. Mas, então, qual o preço disso? Se for
para colocar preço numa vida resgatada, quanto se paga? Como transformar isso
em produto?
Esse limiar é tenso, denso, difícil,
complexo. Quero por um lado objetar a visão romântica, esdrúxula, covarde
daqueles que postulam o “daí de graça o que recebeste de graça.” Que dinheiro é
sujo e coisas do gênero. Esses nos seus discursos e nas suas práticas não
conseguem retirar as pessoas da sua condição de submissão e miserabilidade. Repetem
um discurso que por trás de uma aparente caridade, esconde a perpetuação da miséria,
da pobreza, da fome. Essa moral escrava deveria desaparecer.
Nesse aspecto, o discurso evangélico é
aos meus olhos mais benéficos do que o discurso católico. Assim como aos meus
olhos o discurso da nova energia é mais benéfico do que o dos espiritistas. Esses
novos discursos fazem a paz entre a fé e a prosperidade, entre o religioso e a
riqueza. E o que reputo mais importante nesse discurso é a filosofia da abundância,
da prosperidade. Nesse discurso as pessoas passam a compreender que são
responsáveis pelas suas ações e atitudes e conseguem aceitar o fato de que uma
casa espiritual tem custos. E aqui esbarramos em muitos imaginários.
O dinheiro é bom. É importante. Permite
a cada um comprar aquilo que deseja. Retirou a sociedade da dimensão do
escambo. Em todos os seguimentos aceitamos isso, menos no da fé. Achamos que a fé
(por mais descrentes que somos) tem como dever marcar o lugar de um idílio no
qual as relações de troca são feitas de maneira diferente. Não aceitamos que a
fé funcione como mercado.
Estamos acompanhando há no mínimo duas décadas
uma transformação da fé.Sociologicamente, antropologicamente, nada mais natural
se nos basearmos no modelo econômico que escolhemos viver. Há muito é sabido,
até no reino mineral, que o mercado da fé é altamente lucrativo, sendo que Jesus
é o produto mais rentável do ocidente. E nossa questão é: religião é um comércio?
Jesus é um produto?
Para isso, categoricamente afirmo que
não. Mas, então o que incomoda? Incomoda esse capital angariado não ser redistribuído.
Ou se é não ser ainda mais. Incomoda o fato de esse dinheiro ser apenas de um e
para um e não o capital de uma egrégora, a disposição de todos, porque é fruto
do suor de todos. Porque dessa forma avançamos muito pouco, isto é, embora o
discurso seja de prosperidade, a prática é ainda de miséria. A idéia é ainda de
que tudo é para apenas um e não para outros mais. Isso esta longe de ser uma Eclésia,
que dentro de uma perspectiva mercadológica poderia ser encarada como uma empresa
S.A. No entanto, nos moldes assinalados, é uma empresa predatória, cujo
trabalho é de todos, mas a lucratividade apenas de um.
Abaixo a reportagem reproduzida pelo Yahoo.
5. Estevam Hernandes
Filho e sua esposa Sonia: Os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em
Cristo, Apóstolo Estevam Hernandes Filho e sua esposa, Bispa Sonia,
supervisionam mais de mil igrejas no Brasil e no exterior, incluindo a Flórida.
Juntos, o casal tem um patrimônio líquido estimado pelo site em US$ 65 milhões
dólares, ou R$ 130 milhões. A publicação ainda lembra que em 2010, o astro do
futebol brasileiro, Kaká, que era amigo do casal e membro da igreja, deixou a
instituição, alegando que sua liderança fazia mal uso do dinheiro. Segundo
informações, Kaká teria doado mais de R$ 2 milhões para a igreja quando era
membro. (Foto: Divulgação)menos
4. RR Soares: Segundo
o site, Romildo Ribeiro Soares, ou RR Soares, é o mais ativo em multimídia
entre os pregadores evangélicos. O religioso é compositor, cantor e
televangelista. Como fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, Soares
é um dos rostos mais conhecidos na televisão brasileira. Com isso, sua fortuna
estimada pela Forbes, é de US$ 125 milhões, ou R$ 250 milhões. (Foto:
Divulgação)
3. Silas Malafaia:
Líder da Assembléia de Deus, maior igreja pentecostal do Brasil. O pastor está
constantemente envolvido em escândalos relacionados à comunidade gay. “Ele é
defensor de uma lei que poderia classificar o homossexualismo como uma doença e
é uma figura proeminente no Twitter, onde tem mais de 440 mil seguidores”,
disse a publicação. A Forbes estima que sua fortuna esteja em US$ 150 milhões,
ou R$ 300 milhões. O site também afirmou que Malafaia lançou uma campanha
chamada “O Clube de Um Milhão de Almas”, que pretende levantar R$ 1 bilhão para
sua igreja, a fim de criar uma rede de televisão global, que seria transmitida
em 137 países. “Os interessados em contribuir com a campanha podem doar
quantias a partir de R$ 1 mil, valor que pode ser pago em prestações. Em troca,
os doadores receberão um livro”. (Foto: Divulgação)
2. Valdemiro
Santiago: Após ter sido expulso da Igreja Universal do Reino de Deus, por algum
desentendimento com Macedo, Santiago fundou sua própria igreja, chamada Igreja
Mundial do Poder de Deus, que tem mais de 900 mil seguidores e 4 mil templos.
Segundo estimativa da Forbes, seu patrimônio líquido é de US$ 220 milhões, ou
aproximadamente R$ 440 milhões. (Foto: Divulgação)
1. Edir Macedo: O
fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, que também tem templos nos
Estados Unidos, é de longe o pastor mais rico no Brasil, com um patrimônio
líquido estimado pela Forbes de US$ 950 milhões, ou cerca de R$ 1,9 bilhão.
Macedo é escritor evangélico e já vendeu mais de 10 milhões de livros, todos
ligado à religião. Seu grande investimento, porém, foi realizado na década de
80, quando adiquiriu o controle da emissora de televisão Rede Record,
atualmente a segunda maior emissora do Brasil. Seus outros bens, segundo a
Forbes, seria o jornal Folha Universal, o canal de notícias Record News,
empresas do ramo musical, entre outros. (Foto: Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário