Afinal o que é isso? Tem quase duas décadas que a literatura exotérica tem trazido essas classificações. Eles têm falado de seres interdimensionais e aspectos multidimensionais. Recentemente, três meses atrás, um amigo me perguntou quais seriam as diferenças entre uma e outra. Recordei que eu havia feito uma explicação em uma apostila que criei para o curso Leitura Energética e resolvi retomar o tema em alguns pontos que me surgiram mais recentemente a partir dos atendimentos clínicos.
Os
atendimentos permitem um olhar mais apurado e detalhado sobre os fenômenos que
se desdobram. Fenômenos que visualizava e visualizamos nas reuniões
espiritistas, espiritualistas ganham maiores contornos e profundidade nos
atendimentos. O repouso, o olhar, a interlocução com o partilhante se faz mais
precisos. A orientação teórica por parte dos Universitários (como eu chamo os
mentores, amparadores, dê o nome que desejar) se faz opcional. Nas reuniões
espirituais a presença deles é uma constante e marcante. Já nos atendimentos se
a presença é constante a manifestação, o esclarecimento é opcional.
Mas
vamos ao que interessa. O ser são muitos. Uma pessoa são milhares, centenas.
Cada vez mais me impressiono com as riquezas que trazemos em nosso ser. Como se
acessa esses outros eus? Como localizamos esses outros eus em nós? Como que
sendo tão diferentes, nós conseguimos denominar todos eles de eu?
Esse
conceito de identidade, de primeira pessoa, merece um post a parte. Creio que
parte significativa do nosso entendimento sobre a psique vem desse conceito
cristalizado de que existe um eu compacto, sólido, robusto, tal qual um ponto.
No
entanto, entrando nos labirintos do eu, avistamos e adentramos inúmeros
recintos. Alguns dão passagem para a personalidade da pessoa, isto é, algumas,
ela já viu no espelho e reconhece como sendo aspecto de si mesmo. Outras
passagens estão sem articulação com a persona dela, ela não consegue reconhecer
como sendo ela mesma.
O
interessante dessas passagens é que elas são acessos internos, privados do
próprio ser da pessoa. Acessos que espacialmente e temporalmente não deveriam
estar conjugados. Sendo mais claro: como que uma moça nascida no século XX pode
ser uma cigana romena do século XIX? Como que esta mesma pessoa pode ser ao
mesmo tempo uma egípcia de quatro mil anos antes de Cristo? E como todas elas
podem ser agora?
Outra
questão que se abre constantemente são o que na filosofia clinica denomina-se
estrutura de pensamento (EP). Como é que uma mulher, do século XXI, negra,
pobre, pensa, sofre e não consegue romper com uma EP que a colocam como
sexista, machista e racista? E, após uma Leitura Energética, a moça já não é
tão moça assim, ela é homem, escravocrata, grande proprietário de terras. Em
outros momentos, ela é nórdica, alemã, casada com ao que parece um oficial
nazista. Mas, por que ela não desatrela essa EP que tanto a prejudica
atualmente?
Todas
essas paisagens encontram-se na pessoa. Ela abre e fecha essas portas muitas
vezes sem consciência, mas e se tivéssemos? Se fossemos capazes de localizar
que alguns princípios que nos norteiam eram úteis milênios atrás, séculos
passados, até mesmo décadas anteriores, mas hoje não tem a mesma valia devido à
mudança de circunstancias?
Sim,
de certa forma, defendo a nossa atualização no tempo-espaço. Sermos capazes de
ler e de nos situar onde e quando estamos. Defendo ainda, de forma mais
resoluta, que sejamos capazes de encontrar o nosso centro interno e junto a ele
conseguirmos ter claramente quais são os nossos princípios norteadores. Quais
são os princípios que nortearão nossa conduta, nossa ação, nosso agir no mundo?
Se
isso costuma ser extremamente individual, dois princípios que se correlacionam
são universais- AMOR E FELICIDADE. Os amigos espirituais, os relatos dos
partilhantes mostram que seremos cobrados e temos que dar conta da nossa
felicidade. E a única pergunta que se responde, no sentido de prestarmos conta
é: você amou?
Esta é
uma pergunta única. Quem já teve momentos no qual a recebeu, compreenderá imediatamente
o que estou falando. Por que esta pergunta nos silencia, nos deixa mudo. E nos
cala tão fundo, porque a falta de amor, a falta de amar não tem justificativa.
Nada justifica o não amor. Nossas desculpas pela falta de tempo, pela falta de
recursos não justifica. A tentativa de apontar os problemas como sendo culpa do
governo, da sociedade capitalista, da humanidade, de Deus; também não
tranqüiliza e nos dá satisfação, alivio. Nada, absolutamente nada justifica o
não amor. Simplesmente porque é muito simples amar. Simplesmente, porque no
momento no qual deixamos o corpo e voltamos a existir como energia as
distinções e separações da matéria desaparecem. Eu e outro, meu e seu, irmão e
filho, tudo isso some. Passa a existir uma sensação, mais do que uma sensação,
uma compreensão de unidade. Somos todos um. Todos e tudo que existe nesse
planeta azul é de responsabilidade sua. E isso pesa mais do que a mão de uma
criança, muito embora, ninguém esteja te julgando. É que simplesmente nossa
racionalização e justificativa para com as desigualdades não se justificam para
nós mesmos. Ou algo que somos quando não estamos enfurnados, aprisionados ao
corpo.
E é
essa capacidade amorosa que dá a plenitude, que garante a felicidade. Se o amor
é um doar-se para o outro, isto é, algo no qual o outro ocupa uma centralidade.
A felicidade é um voltar-se para si. É o encontro consigo a partir da
centralidade do outro. É nessa combinação que é impraticável desassociar
interdimensionalidade de multidimensionalidade. Da mesma maneira que não se
distingue amor de felicidade. Somos felizes na medida em que se ama e se ama na
medida em que se é feliz. São energias proporcionais.
A
felicidade então é um fazer por si mesmo. É uma auto-realização. Mas esta
auto-realização se dá no encontro amoroso com o outro. É por intermédio do
outro que nos fazemos seres felizes. É por intermédio do outro que nos
auto-realizamos.
Percorrer
o caminho da inter e da multidimensionalidade é caminhar pelo caminho do amor e
da felicidade.
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