Muitos não gostam do nome
e já sentem aversão ao ouvi-lo. Outros já querem dar ao nome (mediunidade) uma
concepção religiosa, que sabemos todos, ou deveríamos presumir, que escapa.
Diante disso: como lidar com a mediunidade sem recorrer a um apelo religioso,
ou a uma concepção materialista? Como evitar os extremos e os opostos? Mais importante
como lidar com as habilidades que possuímos, independente do nome, sem nos
machucar e nos prejudicarmos?
São a estas perguntas que
queremos responder. Não conceitualmente, mas auxiliando as pessoas que
vivenciam essas dores, conflitos, dúvidas, suspeitas, medos, lidarem tanto com
o fenômeno, quanto e principalmente consigo mesmas.
A tarefa não é fácil,
mesmo porque, envolve perdermos nossos preconceitos, sejam pro religião, seja
contra religião. A grande questão é que o fenômeno mediúnico não é uma
especificidade kardecista, umbandista, candomblecista. Não é também destinado a
um segmento específico da população. Em outras palavras, ela independe de sexo,
idade, religião, escolaridade, etnia, preferência sexual, condição moral, grau
de adiantamento estético, ético e quaisquer outras coisas. A mediunidade esta
em todos os lugares e entre todas as pessoas. Como é sabido é um fenômeno universal
na maior amplitude do termo.
O meu ponto então é:
porque uns lidam bem com esse fenômeno e outros não? Por que uns são felizes
com ele e outros não? Por que uns tem a vida resolvida com isso e outros não?
Por que uns se prendem a dogmas, religiões, doutrinas e outros não?
A resposta direta seria
porque cada um é um e somos todos diferentes, singulares. Isso é um fato, mas
precisamos tentar chegar mais perto, olhar de mais perto, mais próximo. E nesse
olhar o que observo é o uso que cada sujeito dá.
O que tenho observado é
que a mediunidade, isto é, essa habilidade, seja de ver, ouvir, falar, intuir,
perceber, comunicar com outras dimensões, seres faz parte de uma estrutura
psíquica maior. A mediunidade não é um apêndice da aparelhagem psíquica. Ela esta
inserida dentro de uma totalidade que não definimos claramente. Dentro dessa
estrutura complexa é um equivoco acreditar que fingir não ver, não ouvir, não perceber
pode contribuir para que o fenômeno desapareça. Não pode. Aliás, pode, mas tal auto-engano provoca diversas outras situações nas quais não compreendemos os
efeitos colaterais.
Por essa ótica não é que
a mediunidade seja um castigo, uma maldição como muitos querem; não é. Mas é
como um sujeito abrindo mão dos óculos seja de miopia ou de astigmatismo e
depois reclamando que não está vendo direito, que a cabeça tem doído muito, que
os olhos lacrimejam, demasiadamente. Alguns efeitos apresentam correlação
direta, outros bem indiretamente com esses fenômenos psíquicos não são nada
diferentes.
E esse é o diferencial,
pelo menos parece ser. Pessoas que desenvolveram e fazem uso dessas suas
habilidades independente se pro ou contra religião, são felizes, se realizam. É
como se ao fazerem uso dessa peça existencial todas as outras engrenagens da
vida seriam ativadas, estariam correlacionadas. Diferente disso são as pessoas
que não aceitam essas habilidades delas como sendo natural. Elas ignoram,
trancam, escondem, maldizem essas habilidades e nessa repressão essa força
psíquica se volta contra elas mesmas. Não é castigo. É uma retenção de uma
força que precisa sair por algum lugar.
A grande questão que os
amigos espirituais, especialmente os artistas me colocam e devolvo é: como
ensinar as pessoas a fazerem uso dessas habilidades sem recorrer ao religioso?
E tento mostrar que é naturalizando essa visão. É salientando que essa
faculdade não é nada demais, mas é importante. Mostrando que a pessoa não pode
se realizar, se integrar, se a parte mais importante da engrenagem, ela não usa
por medo, por preconceito. Isto é, precisamos ensinar as pessoas a realizarem
novos e outros usos das próprias habilidades que lhes são imanentes. Se tenho
um óculos sobre medida, porque não o uso? Por que fico reclamando de dor de
cabeça, da luz solar, do lacrimejar?
A relação de que o fenômeno
mediúnico não pode ser pensado exclusivamente sobre a perspectiva religiosa vem
na lida com os artistas. Afinal, o que distingue o mediúnico do intuitivo. O
que é inspiração e o que é arte? O que é do artista e o que é soprado? Quando é
performance do ator ou quando é incorporação? Quando enxergar um caminho que
ninguém vislumbrou é vidência ou é tino empresarial? Quando apostar em uma
cotação é feeling para os negócios ou ajuda espiritual? Os exemplos são
milhares e não param. E o mais importante nos exemplos, como queremos salientar
é o uso. É como nos predispomos a fazer uso das nossas habilidades e
ferramentas.
Aqueles que acreditam em
si, que se empoderam fazem uso da sua habilidade e se realizam. Aqueles que a
temem, que a escondem, se definham. E dentro dessa imanência, podemos
desenvolver a via de mão dupla, da integração entre o céu e a terra. O vidente
pode aprender com o empresário arrojado e este com o vidente. Um pode dar
materialidade ao seu dom e o outro transcendência a sua habilidade. Nessa
confluência teríamos seres humanos melhores, seres humanos mais integrados,
conectados.
É essa tentativa que
faremos no curso que desenvolveremos no mês de abril, quiçá maio: MEDIUNIDADE
SEM MEDO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário