Este é um texto cuja reflexão mental, eu tenho feito comigo desde 2008, intensificou em 2012, a observei mais a fundo em 2013 e quase a publiquei nessa data, quando vi Ana Maria Braga postando o comentando o vídeo acima, mas não saiu.
A indignação da menina, eu captei e utilizo para pensar
num universo no qual os lugares são dados pelo nascimento. Em verdade, já
derrubamos muitas castas, mas a de gênero ainda escraviza.
Simone de Beauvoir nos dizia
no século XX, que não se nasce homem, não se nasce mulher, torna-se homem e
torna-se mulher. Mas, volto a insistir, evoluímos demais, mas ainda o tornar-se
mulher tem um peso diferente, tal qual ser negro, tal qual se assumir
homossexual. Mas, a razão dessa escrita não é social e sim psíquica. O que
desejo observar é outro movimento, outra dinâmica, que tem em comum com a
primeira, a falta cromática em nossas vidas.
Michael divulgou o seu Cd
Black Whaite antes de Obama se fazer realidade. Mas, entre negros e brancos há
de ter outras tonalidades mais respeitosas fora da discriminação e do
preconceito. Entre o céu e o inferno deve haver outras variações cromáticas com
espaços menos dramáticos e opulentos. E aí penso no movimento Gay cujo
significado é alegre e cuja bandeira é o ARCO IRIS. Mais do que nunca uma
variação cromática entre a normalíssima relação homem-mulher. Eles nos mostram
que pode haver a relação mulher-mulher; homem-homem; trans-homem; trans-mulher.
E essas relações longe de serem confinadas ao se fazer homem culpado, chateado,
revoltado, pode se fazer e ser HUMANO na alegria. É possível encontrar fora do
armário uma coloração social mais tolerante, amável, benfazeja, ainda que o
Senhor dos Exércitos, machão e machista, sexista e preconceituoso raivoso e
feroz se morda e morda a todos por isso.
Creio ser oportuno, no
melhor exemplo de Jesus, ensinar ao Senhor dos Exércitos, que não há mais
inimigos para se subjugar e matar. Creio ser oportuno, no melhor sentido de
Paulo, que se Jesus é judeu, Cristo é de todos, até dos gentios. E é Cristo que
é motivo de amor, adoração, respeito e devoção. É em Cristo que seguimos os
ensinamentos de Jesus e abraça-se o judeu, o gentio, o ímpio, a viúva, o pobre,
o preto, o homossexual, o racista, o homofóbico, o macumbeiro, o budista, o
candomblecista. E, se um deles não for parte do corpo de Cristo então nenhum de
nós pode ser com ele e nele. Mas, como salientava, o motivo da minha escrita
não é o de mostrar que há em Jesus outras variedades tonais, cromáticas e sim
outra percepção.
Uma percepção que diz
respeito a dinâmica que batizei de pink e black. Pink relacionado a uma energia
de ternura, meiguice, altamente sensível, empática. Essas meninas pinks são
dóceis, quase frágeis, delicadas, espirituosas, talentosas, ingênuas, no
sentido de não darem a maldade que damos ao corpo, ao toque, ao afeto. Algumas
delas que estão entrando na adolescência tiveram na infância as Meninas
Superpoderosas e a Hello Kitty como ídolas. Havia nelas e junto delas e nos
locais pelos quais elas frequentavam esse espalhar de doçura, amorosidade.
Assim, como há/havia nesses ícones uma energia que lhes dava uma
correspondência muito estreita e fina. Como que esses ícones irradiassem um
padrão de ternura similar.
Eu não preciso dizer que
essas pessoas sofrem. São abusadas, não apenas fisicamente, mas emocionalmente,
porque de modo geral temos dificuldade de lidar com pessoas tão sensíveis, tão
dóceis, tão boas sem esperar algo em troca, sem abusar para conseguir algo em
troca. Sem violentar para conseguir algo.
As gradações então são imensas. No início elas são pinks, depois pulam para o Black, quase sempre sem gradação cromática. Há um desgostar do pink como se ele fosse uma ofensa, como se fosse necessário negar esse lado meigo e terno, facilmente confundido como bobo e tolo, fácil de enganar e manipular. Nesse movimento, elas partem para o Black os tornando uma identificação e vi em mulheres adultas (e estou chamando assim mulheres acima dos 35 anos) em sítios adultos relacionados a pratica BDSM. Muitas submissas tem essa energia pink que parecem encontrar vazão nas praticas BDSM.
As gradações então são imensas. No início elas são pinks, depois pulam para o Black, quase sempre sem gradação cromática. Há um desgostar do pink como se ele fosse uma ofensa, como se fosse necessário negar esse lado meigo e terno, facilmente confundido como bobo e tolo, fácil de enganar e manipular. Nesse movimento, elas partem para o Black os tornando uma identificação e vi em mulheres adultas (e estou chamando assim mulheres acima dos 35 anos) em sítios adultos relacionados a pratica BDSM. Muitas submissas tem essa energia pink que parecem encontrar vazão nas praticas BDSM.
Mas, retornando ao Black.
Em determinado momento, lá no final da infância, inicio da adolescência,
próximo a puberdade, elas se retraem ainda mais. Elas se fecham no mundo delas
e quando saem, vem vestidas de preto, ouvindo Rock, querendo encontrar na vida
uma forma de proteção, ou encontrando no black uma forma de proteção. Mas, é
tudo pose. Uma camada de proteção que envolve o lado pink. Uma camada protetora
que impede os abusos, sejam de que ordem for. Uma tentativa, por vezes
frustrada de não sofrer tanto, não doer tanto, estar num mundo em que a
intolerância, o desrespeito é a base das relações.
Fico imaginando quantas
pessoas acabam se identificando depois com essa tonalidade black por não ter se encontrado, não ter tido espaço para expressar outras tonalidades. Expressão
que passa pelo ser, pelo sentir e então pela sexualidade. Não na genitalidade em
si que apavora quase todo mundo, mas pela sexualidade no sentido de prazer, amor,
liberdade de ser aquilo que se é. Como a menina que deseja brincar não só de
bonecas e isso não representar que ela seja lésbica. Como a menina que quer
brincar só de boneca rosa e gosta de transar tanto com meninos que jogaram
futebol, quanto com meninas que nunca entenderam porque não podem urinar em pé.
Liberdade para poder jogar futebol americano, mas ter a preferencia libidinal
por homens. Enfim... acredito que o nosso tornar-se homem e mulher pode ser
mais cromático, tolerante, amoroso, respeitoso.
Construirmos um mundo e
relações nas quais deve existir uma tonalidade cromática para que essas pessoas
possam manifestar sua doçura, sua ternura, sem necessitar de uma roupagem e por
vez de um comportamento tão agressivo, que esconda a elas mesmas. Pessoas tão
esplêndidas e maravilhosas. Acredito que haja outras tonalidades para serem
utilizadas, a dourada, a violeta, a azul, a verde. Tons que nem as deixem
expostas demais a selvageria do mundo e que também não as coloque presas em si
mesmas e ao que elas são em essência. Acredito em uma educação que ensine isso
e desconfio de qualquer outra que ensine o contrário. Acredito numa educação que liberta.
À mais linda do Mundo, Minha Dádiva. Que na sua busca, ela nunca perca a si mesma. Um bj na alma que me acaricia e me faz melhor.
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