Certa feita psicografando
os Músicos do Espaço, um deles nos pergunta algo como: “o que você acha que é
feito com a energia de um show de rock?”
Achei a pergunta linda e
instigante. Passei a ficar olhando toda congregação de pessoas com esse olhar,
para onde vai a energia de um clássico lotado? A energia de milhares de pessoas
contra o golpe? A energia de centenas de pessoas pedindo intervenção militar? A
energia do show de um artista famoso e de um cantor de churrascaria?
Para onde vai a energia de
duas pessoas transando, a de um padre celebrando uma missa, a de um médium
psicografando, a de um médico operando? A energia de uma mãe cozinhando e a de
um professor lecionando? Para onde essa energia vai?
Eu faço a pergunta: para
onde a energia vai? Porque a gente deseja que essa energia faça algum sentido. Desejamos
que tudo não seja em vão. Esperamos e espera-se que a vibração de amor, de
bondade, de beleza, de acolhimento não seja perdida no ralo profundo do
desamor, da indiferença.
Em momentos pesados e
densos como esses, em que muitos dos bons fraquejam e outros sucumbem. Momentos
nos quais a descrença e a desesperança reinam, a gente precisa de encontrar
alento, abraço, sopro divino e esse texto tenta ser um.
Esse texto é para você
que passou a última semana, o último mês, o último ano, a última vida querendo
que passasse de pressa, mais rápido, o quanto antes. O peso da mão da criança
arqueou o sonho, quase iludiu o buscador. A noite se fez mais profunda e
demorada, mas o sol vai nascer. E com ele todos nós. Hoje é dia de descanso.
Amanhã voltamos à celebração.
A música já está mais
audível. Podem voltar a cantar e a dançar. O novo homem habita entre nós,
dentro de nós; ele nascerá junto com o Sol.
Feche os seus olhos por um
segundo, respire fundo, sentindo seu corpo presente nesse agora e depois volte
a ler.
Vai, faça. Só vai demorar
20 segundos. É o suficiente.
Agora pense a energia eletromagnética,
ou bioenergética como labaredas de fogo. Labaredas que podem ser esticadas como
fibras óticas e percorrer distâncias infinitas levando e transportando milhares
de bits de informação.
Imagine que a
energia tenha ou ganhe vida própria, animação. A partir do nosso uso, da nossa
intenção ela vai se desenvolvendo, se espalhando, ficando cada vez mais
autônoma. Vai criando vida, movimentando espaço, fabricando tempos, construindo
lugares, seres. A energia sai da animação e passa a se movimentar por si mesma.
A concentração de várias pessoas, a intenção de milhares de pessoas, a vibração
uníssona embora não consciente de cada um de nós, co-cria um espaço, um lugar,
um tempo, uma dimensionalidade.
Em outros termos, alguém aí
tem consciência do que produzimos, do que fazemos, como fazemos com nossa
energia?
Provavelmente, não. Todavia
ela se movimenta incessantemente para outros lugares, alimenta outras pessoas,
chega a lugares que não vamos, a pessoas que não conhecemos. Recebemos também
esse fluxo. Estamos imersos nesse mar, amar de ir e vir.
Muitas vezes o professor
não sabe o que aconteceu com o conhecimento que ele transmitiu. O terapeuta não
sabe o que ocorreu com a acolhida que teve de um partilhante. O médico não sabe
o que se deu da receita que ele passou. A cozinheira não sabe do sabor na vida
que deixou nas pessoas. O lixeiro não sabe da limpeza mental, emocional que
promoveu na vida do outro. Não nos atentamos para essas pequenas coisas. Mas, a
energia vai criando vida, vai espargindo, vai semeando em todos os níveis, em
todos os lugares, em todas as camadas e dimensões.
Pudéssemos ver a viagem de
um simples raio de sol, compreenderíamos a singeleza de um sorriso. Aquele raio
de sol que vem atravessando o espaço, os prismas, em níveis e campos que ele
não sabe e nem sonha, atinge uma gota de orvalho.
Gota que também não sabe que
fecunda e transporta luz e informação em sua composição natural. A gota alcança
a rosa, que ignora a própria beleza, a inteira singeleza. Acha-se igual a todas
as outras naquele roseiral. Mas, seu perfume exala poesia que atrai abelhas e
beija-flores.
E, o perfumador do ar, no seu voo, transporta para outro lugar, não
apenas um pólen; ele leva o raio de luz + a gota de orvalho + a beleza da rosa
+ a elegância suave do seu voo. E tudo isso pode ser capturado numa fotografia,
ou num poema de Cartola, ou na entrega da flor para pessoa amada. Tudo começou
simultaneamente num raio de luz que já era mão apaixonada que colhe rosa para
amada.
Por aqui vemos quadro a quadro, mas há lugares que vemos
tudo-junto-ao-mesmo-tempo-agora.
Ficamos tentados a
acreditar que são os grandes feitos, as grandes realizações que valem a pena.
Ser famoso, tornar-se celebridade, ser famosinho. Acreditamos que o destino de
todos é ser sol, ser oceano, mas o Sol e o Oceano nos dizem: sou a somatória de
todas as partes. Sou cada fio de luz. Sou cada vela acesa. Cada conhecimento
compartilhado.
Já o Oceano conta: sou cada suor pingado. Cada lágrima
derramada. Sou cada abraço dado e por se dar. Eu sou cada pessoa abrigada, acolhida.
Eu não me findo no mar, nem no amar.
Queremos ser Todo sem aceitarmos
as nossas partes. Queremos ser Todo ignorando e excluindo a maioria das partes.
E nessa tentativa de ser Sol, Oceano, o “Estado Sou Eu” há um grande dispêndio
de energia, há muita dor e ranger de dentes. Quando ao que tudo indica, pela
ótica energética, as coisas são bem mais simples. Bem mais fáceis. Basta cada
filete de luz saber que é Sol em totalidade e que cada gota de água é oceano em
profundidade. Basta, bastar. Basta aceitar. Basta caber sem desejo eterno de
ser mais, querer mais, buscar mais, desejar mais, comprar mais... ++++++ até a
multiplicação egoiga da solidão. Do eu solitário, sozinho, que não reconhece
nem nos reflexos da luz, nem na superfície da água, nada além da própria
imagem.
Então, mulheres lindas.
Amadas amigas. Queridxs que tive o prazer de abraçar, de ouvir, de ser
escutado. As vezes a ação cósmica é somente respirar e possibilitar que os
filhos tragam os seus netos. As vezes não tem nenhum mundo para ser mudado, só
o nosso roseiral. As vezes nem um roseiral só nosso eu Rosa. As vezes, nem
rosa, apenas uma pétala. Mas, em cada parte o contentar-se com o Todo. A
certeza de que os que mudam o mundo, ou as pétalas, ou a si mesmos, compõem a
mesma dança e a mesma música da UNIDADE.
Assim, talvez, vocês não
ficarão milionárias, nem serão famosas, não terão o sucesso do que se estipulou
como Suce$$o. Talvez, compreenderão que sua energia, em consonância com outras,
auxiliou a sermos diferentes, melhores. Auxiliaram no aprendizado do Planeta e
na renovação de todo Planeta. Auxiliaram na fecundação e crescimento de uma
biodiversidade, de uma pluralidade de ideias, conceitos, seres, espécies que
germinam novas formas de vida, novas forma de convivência, novas formas e
arranjos sistêmicos, complexos, entrelaçados nos quais toda a vida cabe.
Toda
gota é raio de luz. É Sol e oceano integrado. Essa fauna está entre nós.
Isso parece pouco, mas é
formidável. Dar condições para que Gaia fomente, acolha, respire, polinize,
geste e venha a parir e a sustentar um novo tipo de vida.
Assim, retomamos a
pergunta: PARA ONDE VAI A ENERGIA?
E a resposta que nos dou,
não como consolo, mas como observação, é que essa energia planta o infinito,
semeia uma Nova Terra, co-cria uma nova realidade. Essa energia vai para a
co-criação de um novo modelo de planeta. Vai para a sustentação energética de
uma nova diversidade social, política, sexual, existencial.
Essa energia acolhe os
aflitos, ajuda os desalentados. Essa energia é similar aquele homem que nos
fala Martin Buber: “aquele que primeiro plantou uma árvore cujas sombras não
assentaria, foi o primeiro a esperar o Messias.” Nós somos os semeadores do que
virá e esse por vir já se faz presente e habita entre nós, no meio de nós,
conosco.
Então, respondendo até onde
posso observar, a energia tem ido para tudo o que vive, germina tudo o que
deseja ser feliz e consegue alcançar a felicidade num princípio de cooperação
sistêmica e integrada.
A energia vai e tem feito
um novo desenho em nosso solo, em nossos ambientes, em nossas paisagens
interiores e externas. A energia vai para partes nossas que há muito não íamos
e agora também cultivamos com muita alegria e sabedoria.
Semeadores da Luz, a
energia vai para onde ela saiu e retorna para lugares que ela nunca esteve. A
energia fica com quem a direciona cada vez mais fundo e com espectros mais
amplos. A energia se condensa em ser. Eu Sou! Nós Somos! Tudo é um!
Bem vindo! As dores do
parto passarão.
Não se desesperem! Os
campos estão floridos. O sol está acolhedor e a noite bela, repleta de novas
estrelas, de novas luzes que não víamos antes. Agora vemos tudo melhor. Tudo
mais claro.
Muito belo.
ResponderExcluirBom que leu meu caro!!
ExcluirAbraço para você.