segunda-feira, 23 de novembro de 2020

24 HORAS: 4º RELATO- JÚLIO

Júlio Soares é trabalhador nas searas do eterno. Irmão distinto e resoluto pelo seu senso de coragem, retidão e justiça, nos prima pela sua presença na exemplificação dos seus atos e ideais. Naquele tempo de 2003 Júlio se apresentava para nós como cigano. Homem bonito, louro, alto, olhos verdes quase chegando ao azul. Uma cor de pele morena, bronzeada. Um homem bonito em todos os sentidos e nessa beleza estava colocada uma grande força de sedução nos mais diversos campos e níveis.

(O vídeo encontra-se no final do texto) 

Trabalhei com Júlio em inúmeras festas ciganas nas quais ele conduzia o ritual no plano físico. Porém, ele não era o que na Umbanda chamam de meu cigano. Ele estava apenas de passagem para a chegada de um amigo, irmão, denominado Solano. Aqui é importante nos atermos um pouco mais.

Solano é um homem alto, mais de 1,80 de altura. Magro. Deve pesar na casa dos 77/74 kg, um tipo de corpo esbelto, longilíneo, similar a corredores de maratona. Olhos pretos. Naqueles tempos se vestia impreterivelmente de preto e era chamado por todos de El Bruxo! Os trajes em conjunto com o apelido e a forma de ser me eram suficientes para simplesmente ignorá-lo, mais do que ignorá-lo, discriminá-lo mesmo. Não gosto de bruxos, não tenho simpatia por esse universo e o achava muito ‘tirado’ mesmo nunca tendo a paciência e a humildade de conversar com ele. Esses meus preconceitos astrais são inúmeros, tive o mesmo com Luís Soares que se apresentava para mim de batina e eu me julgava no direito de não conversar com padres. Pois bem, Solano ficou na dele esperando. Com a paciência e a orientação de Oran, ele sabia que na hora certa haveria a nossa aproximação. Enquanto isso eu ia trabalhando com Júlio. E, esses trabalhos com Júlio mais do que processos de transmutação, de negociação de karmas que realizávamos em cada ritual, estávamos acertando as nossas diferenças sem que eu soubesse, ou desconfiasse.

Sei que em determinado momento, poucos anos após minha separação, Júlio disse que o nosso contrato tinha chegado ao fim, que aquele seria o último encontro que ele faria comigo. Chorei. Achei uma sacanagem, especialmente, porque Solano assumiria essa nova fase em diante. Eu não tinha ideia do que estava sendo realizado, do que estava acontecendo. Ano depois psicografando a mensagem de um músico alemão, eu tenho a certeza que reconheço a energia. Nesse reconhecimento se desvela toda uma explicação dele ter trabalhado comigo enquanto cigano. Falava ele que se apresentasse na forma dele de músico, eu não iria trabalhar com ele pelos mesmos motivos que fiz com Solano e Luís Soares. 

Trabalhar como uma entidade cigana lhe possibilitou reestabelecer os vínculos afetivos, de amizade, de respeito e, sobretudo confiança que eu havia perdido nele, e assim se deu. O inusitado de tudo isso é que ao recuperar a confiança nele, na vida, no Pai, na eternidade; eu recupero a confiança em mim. E é essa confiança que permite a aproximação e a atuação de Solano. Se com Júlio a gente realizava encontros, festas ciganas que trabalhavam esses aspectos que a gente nem imagina e sonha, com Solano a gente de fato trabalha com rituais e magia. Abrimos portais, conexões com tempos e espaços interdimensionais que há muitos estavam trancados. O retorno de Solano, a aproximação energética de seres como ele representa a decodificação, a abertura de estruturas cristalinas nas quais depositamos muitos conhecimentos e informações. Solano é um desses seres que possuem as senhas desses universos, desses encontros, porém a abertura é coletiva. Individual-coletiva. É um sistema de rede criptografada na qual a ativação de um libera o outro e assim sucessivamente. Milhares de seres que eu não conheço, que não encontrei fisicamente, tornaram possível o retorno e aparição de Solano e com ele a nossa responsabilidade e compromisso de liberar os campos cristalinos para os mais diversos processos de cura e transformação consciencial, em todos os planos e níveis.

Dentro do Cristal

Foi então dentro desse cenário que àquela altura me era invisível e impenetrável que Júlio nos contou das suas 24 horas e é para lá que nos deslocaremos.

Júlio como havia exposto acima é obreiro das searas eternas, tendo a sua frente espíritos devotados que primam pelo mesmo sentimento de justiça e retidão. A sua lida espiritual se faz em um educandário no qual buscam auxiliar os irmãos transviados das leis da vida a compreenderem o que nos regula. Eles estão lá não por ser melhores do que eles, mas por terem passado exatamente pelos mesmos dissabores, imposturas, enganos. Assim, ele e a equipe na qual faz parte regula leis e tarefas, práticas e vivências, meditações e posturas que conduziria os irmãos desditosos à reabilitação de sua consciência e da sua dignidade existencial.  

Denominar o trabalho dessa atividade é um tanto problemático, na falta por hora de uma ideia melhor a veremos a de um advogado (conhecedor das leis) e a de um professor (cumpridor das mesmas em si para exemplificar ao outro). Seria então um espirito que faz do sentimento de justiça a sua taça de realização. Algo perto da magistratura sem que se entenda que eles julgam. Não, eles não julgam, apenas acolhem e nesse acolhimento auxiliam cada um no seu processo reflexivo de encontrar em si mesmo (maiêutica) leis e regras claras para o seu próprio reestabelecimento. Esse grupo de trabalho influencia, inspira o mundo da justiça, da política, da economia e da arte. Hoje, anos depois, a identificação fica mais clara, eles estavam falando no que tange a magistratura de penas alternativas. No que se refere ao ensino, de uma educação focada na forma de aprendizagem do aluno. Eles estavam falando de uma perspectiva na qual se consiga mostrar para o individuo como ele se situa dentro do todo e como ele pode sentir-se acolhido por esse todo sem necessitar se anular ou violentar o outro. Sendo assim, o trabalho dele é o de ensinar as leis da vida. Coisa aparentemente óbvia em todos os seres espirituais, mas que, no entanto, no caso em questão ganha contornos diferenciados por lidar com irmãos que no gozo das atribuições materiais fizeram mal uso do poder.

Aqui é um recorte muito caro ao trabalho dele(s), lidar com pessoas desencarnadas e muitas ainda encarnadas que tem uma visão orgulhosa e vaidosa do poder. Seja artista, seja jurista, sejam empresários, sejam políticos, seja quem for que considera o poder um manejo, uma arma de manipulação para satisfação das suas ambições e desejos pessoais. Não, o poder é visto por eles como sendo um atributo de responsabilidade para ampliar a autonomia, a disciplina, a liberdade dos outros seres. Estar em um posto de comando é aprender a lidar com a estrutura interna de ambição, de desejo. É compreender a duplicidade desse atributo. De um lado há o poder pessoal e de outro há o poder da função. Em ambos se pede uma atenção para aprender a lidar e a tratar a si mesmo e os outros, por conseguinte, o mundo. Assim, se pudermos denominar, no que tange as lides desses trabalhadores do bem, diríamos e salientaríamos que eles ensinam as leis do poder espiritual (verdadeiro) e não do ilusório poder material.

No re-eduncandário: amor e justiça, Zelo e Perseverança, um recanto/repasso calmo e tranquilo. Longe de toda agitação e de toda ostentação ‘material’ é que se dá a reeducação dos amigos espirituais que fizeram mal uso do poder sobre a Terra. Seja o poder espiritual/religioso, material-financeiro-econômico; político-social; ou até mesmo carismático. No re-educandário lidamos e esbarramos com criaturas/seres que na Terra tiveram grande proeminência. Grandes políticos, juízes, bacharéis, acadêmicos, formadores de opinião que trabalham na reeducação de si mesmos. São irmãos queridos que imersos no mundo da bajulação, da vaidade e do interesse perderam o propósito maior de suas vidas que era o de servir ao próximo.

 

As 24 horas do nosso amigo é atribulada, cheia, tendo sempre, a todo instante, o servir ao próximo como lema e ideal. Elas se iniciam quando os amigos encarnados estão dormindo e são conduzidos ao re-educandário para ouvirem palestras, trocarem informações, fazerem ajustes, abrirem novos leques de possibilidades sem acusações, julgamentos. É uma prática espontânea de troca de experiência entre iguais. Essa é a parte constante, rotineira do trabalho, pois diariamente são conduzidos uma leva de seres até lá, ficando outra grande parte impedida de chegar devido as influências espirituais que sofrem na matéria. Essa é uma grande dificuldade, nos livrarmos das vibrações mais densas, mais pesadas que nos envolvem, especialmente, pessoas que são responsáveis diretamente e indiretamente por centenas, milhares de vidas. Júlio nos explica assim:

Imagine as vibrações que são enviadas para um chefe de Estado? Para um empresário? Para um juiz? Para um médico? Para um professor? Citando alguns exemplos. Por diversas vezes a carga de raiva, de ódio é tamanha que dificulta e impossibilita a nós mentores espirituais e obreiros da vida eterna influenciarmos. Cada vez mais, eles vão ficando suscetíveis às ideias perversas, desconectadas do alto. Há uma gama de seres que se alimentam do poder, ou melhor, da ilusão que ele garante. Esses seres impedem, impossibilitam, fecham as portas de acesso de percepção, de entendimento a searas mais altruístas, renovadas, esperançosas.

Talvez seja difícil imaginar as correntes magnéticas que chegam a um patrão que tenha 200 funcionários? Ou a um comunicador/formador de opinião visto ou lido por milhares de pessoas? A do presidente de uma grande corporação ou ainda o chefe de Estado de um país, de um bairro? Todos nós estamos inseridos em uma corrente inequívoca de atos-ações-pensamentos. A ação que tenho com uma pessoa influencia todo o sistema, tudo em volta. Se das minhas ações dependem milhares de seres direta ou indiretamente, essa corrente energética chega de forma muito mais forte e impactante quando conseguimos acionar um elo direto da corrente e é esse o nosso trabalho, retirar as pessoas do corpo, durante o seu processo de sono e lhes darmos inspiração para encontrar alternativas menos barbaras, violentas, possessivas e destrutivas contra terceiros. Nossa tentativa é a de ensejar em cada um que a humanidade é a nossa família e não apenas alguns. Libertar os seres do egoísmo é a nossa árdua tarefa e é somente se libertando do egoísmo, do egocentrismo, das identificações egoicas que começamos a fazer com que nosso trabalho surta efeito pessoal, social, coletivo, familiar.  

Basicamente é assim que ele nos explica e é através dessa corrente de unidade que se dá a 2ª parte do trabalho de Júlio e dos seus: a proteção dos seres. Eles seriam filtros da espiritualidade que equalizam as energias que nos são direcionadas. Exemplo: se toda insatisfação das pessoas chegarem até o prefeito, se toda insatisfação do trabalhador chegar diretamente ao patrão, ou vice-versa, estariam arruinados, destruídos. (E, diga-se de passagem, que energeticamente, moralmente é assim que muitos se encontram, apesar de apresentarem um ganho material elevado, essa é uma das ilusões que os amigos tentam lhes fazer enxergar). Tentam mostrar que o poder temporal é ilusório. A fortuna, a riqueza alimenta o corpo, seduz a alma, arrasta bajuladores, mas não preenche o sentimento de miséria interna que vai aumentando cada vez mais. Novamente, Júlio nos esclarece:

Conseguir aplacar esse sentimento de vazio interno é o sentido da nossa proteção, das nossas orientações, não apenas a eles como a todos os seres. Nós atuamos como ciganos tendo como compromisso essa orientação, essa negociação, essa clareza do que é passível de se ganhar, o que é justo que se ganhe, e o que é extorsão, roubo, miséria milionária que fica muito caro. Custa caro, porque não se pode apropriar da energia coletiva sem retribuir a cada um, ao todo, o que é de todos e não apenas de um.

Essa é uma engrenagem complexa para se explicar, mas ainda assim tentaremos. Para um Jesus reencarnar e se iluminar é fundamental muitos aportes luminosos, muitas bases de luz que lhe darão apoio e estrutura energética ainda que tantos nem o soubessem, porém é assim que funciona. Imaginem então que nos 40 dias no deserto Jesus descesse e resolvesse destronar Pilatos e conseguindo esse feito, ele ficasse de posse de toda riqueza, todo ouro, todo trabalho e suor do povo de Israel e Judá, quando ele desencarnasse, ele prestaria ou não contas? Prestaria contas, não por ter tido poder político, ter virado político, ter conseguido ouro, vinho e mirra. Prestaria, porque não compartilhou, não retribuiu com quem lhe dera sustentação. Diferentemente, quando o ser faz uso dessa energia de sustentação e deixa para todos um caminho no qual podemos atravessar em seguida, ele cumpre o compromisso. Ele possibilita que após dele milhares de outros seres se iluminem. A porta depois dele é aberta e a travessia é segura. O valor disso é incalculável e damos o nome de Graça. É essa graça o preço, o valor que buscamos em nossas ações e atitudes, pois é uma das únicas que retribui ao universo, a vida, o que ela nos dá- o dom de existir. Isso não se paga a não ser ofertando a outros a retribuição de se construir caminhos para todos, para outros, para sentirmos gratos e agraciados pela Vida.

Outro exemplo seria quando vocês veem o ancora do jornal feliz e sorridente diante da câmera, o telespectador pode não saber da importância do cameraman, da maquiadora, da equipe de produção, do jornalista de rua, de toda rede e cadeia que é necessária e fundamental para que se veja a cara e a voz dele; porém, ele tem que saber e reconhecer que é apenas o porta-voz de uma equipe. A parte visível dela. Um personagem superimportante, mas cujas regalias e privilégios precisam ser compartilhados e distribuídos com todos.

Assim sendo, esses amigos trabalham como filtros. Trabalham em um processo de sondagem no qual só passara aquilo que corresponde a um aprendizado karmico, programado e dentro do estabelecido pelo mais alto. Aprendizado este que a todo instante, eles só não podem decidir se será pelo amor ou pela dor, porém quando entram em nosso caminho dizem respeito a nossa malha, a nossa aprendizagem humana. Eles tentam nos incutir a necessidade do amor, de como podemos nos estruturar para aprendermos e ensinarmos de forma mais amorosa, tenra, terna, contudo a grande maioria começa a aprender quando está na iminência da perda material, da derrocada financeira, emocional, sexual. Somente aí começam a se atentar para o ensinamento do invisível, se dão abertura e passagem para a chegada de novas perspectivas, alternativas.  

O fato a ser registrado é que é difícil proteger o ímpio quando o justo clama por justiça. Sem fazer alarde e alarido, pois não é isso que se quer, mas pudesse ver e ter a consciência, cada patrão, da chaga moral incrustada no seu ser quando da fome ou necessidade que passa o filho do seu funcionário para financiarem a sua distração esdruxula, não praticariam tal insanidade. Pudesse ter a mesma consciência o político e de como lhes chega a dor e a energia do desamparo dos pequeninos, serviria de ‘graça’ para ter a ira aplacada e a justiça saciada. Pudesse ver e saber o que produz as mensagens proferidas pelo formador de opinião aos pequeninos se habilitaria a trazer para si as chagas que provocou em outras pessoas. Longe de ser castigo, resgaste, é compromisso de um entendimento que fica cada vez maior- estamos todos conectados, interconectados. Somos todos um e não podemos acreditar que se pode ser feliz sozinho, cercado por injustiça, que se pode achar rico materialmente sendo indiferente a fome, a miséria dos seus compatriotas, dos seus irmãos de humanidade. Assumir essa lógica de vergonha, de opressão, de dor e miséria é fardo que todos nós trazemos, porque fomos iludidos na crença de que o poder é concentrar, é juntar, é segurar nas mãos e ter o controle de se dar na hora que se quer e para quem se deseja. Mudanças consciências alcançadas devido a mudanças internas de cada um de nós tem permitido a Solano e outros seres interdimensionais liberarem informações, conhecimentos que foram bloqueados, obstruídos por seres que implementaram a escassez, a miséria, a fome, a opressão como forma de poder. Hoje quando falamos de poder estamos falando de recursos renováveis, de materiais recicláveis, de formas de energia limpa e não poluente, de modos de cooperação e de sustentabilidade na qual todos possam ganhar, todos possam lucrar, todos possam contribuir. Essa liberação é dentro-fora, interna-externa, subjetiva-objetiva. São nesses espaços intersubjetivos que novas mentalidades brotam, crescem, expandem, ganham frutos e mostram que há solução e ela não se faz na guerra, na luta, no controle, na perversidade. Ela se faz no amor, na solidariedade, não na caridade, na solidariedade, na fraternidade.

Adicionar legenda
A caridade é ainda um último ensejo de que estou dando algo que é meu para alguém que não é tão bom quanto eu. A solidariedade trás a premissa de que estou compartilhando algo que é nosso. Um recurso coletivo que repasso uma parte e estou aberto a receber outra. A caridade é vertical, ainda que não se queira, vem de cima para baixo e essa verticalização permeia e sustenta a dinâmica de oprimido-opressor. A solidariedade horizontaliza a prática. Estou lhe ajudando porque você e eu somos iguais, somos irmãos, somos um. Não tenho culpa, ou receio do que você é, nem vergonha do que eu sou. Somos e podemos ser ainda melhores se ampliarmos nossa rede de solidariedade para todos os níveis e setores. Compartilhando amor, informação, conhecimento, ativando as estruturas cristalinas e conscienciais. E tal prática é difícil, pois preferimos sempre a dor ao amor.

No entanto, aqui se inicia a outra atividade àqueles que tomaram consciência da sua função e responsabilidade planetária e sistêmica. É a criação e elaboração de alternativas a prática desditosas do poder. As empresas juniores seriam uma ilustração para os ideais por eles praticados. Ideias que vão desde a alternativa renovada para lidar com um problema de três pessoas até o de toda população planetária, assim vejamos:

A proliferação do 3º setor é uma das propostas geridas a muito por esses seres. A ideia de um banco para crédito popular o é também. A ideia da educação como alicerce e alavanca de transformação, idem. Em todos esses pontos e outros há a primazia de que não haveria mudança de cima para baixo como sonhou as utopias de esquerda e de direita. A realização da transformação do homem não viria de um modelo econômico-social-político seja ele de esquerda capitalista ou de direita comunista. A mudança só se realizaria individualmente, mediante gestões alternativas de mudanças locais, em sua distribuição de poder. Ou mais substancialmente, no entendimento do que é poder e como se faz o exercício disso. Poder para todos. Dividido para que cada um assuma a sua cota de responsabilidade e faça uso coletivo desse acesso. A descentralização do poder amplia o surgimento de novos caminhos, novas lideranças, novas situações. Cotas de acesso e representação de poder para todos auxiliam no desenvolvimento de alternativas ainda não pensadas, não situadas, não elaboradas, não colocadas em prática devido às obstruções materialistas, egoicas que postula e compreende o poder como conquista individual. 

Isso só se torna viável quando os que detêm materialmente iniciam um processo de divisão através da distribuição de atividades e responsabilidades. O empresário cria uma creche para os filhos dos funcionários. Essa prática corriqueira viabiliza um padrão vibratório-energético satisfatório para o crescimento moral, social e espiritual do mesmo. Assim como, movimenta uma energia capaz de transformar outros setores e lugares. É a prática dessa mudança estrutural, material que são o foco das ações do re-educandário. Ensinar-nos a lidarmos melhor com o poder, seja ele sexual, financeiro-econômico. E nessa parte trazemos Júlio para falar conosco:

Já não atuo mais como Júlio, os tempos são outros. Eu aproveito o ensejo para falar então desses novos tempos, como eles se deram na dinâmica física e material de vocês e como eles se deram extra fisicamente e interdimensionalmente conosco aqui fora desse campo material denso que se encontram.

Era ainda o ano de 1997, dez anos da Convergência Harmônica que abriu as portas para vários acessos. Quando a gente fala de portais, vocês automaticamente visualizam campos luminosos no céu, poucos se dão conta de que um portal solar só se abre quando corações, mentes, chacras sexuais foram abertos interna e pessoalmente. Seja individualmente, seja por casal, seja por coletividades. São esses mecanismos de junção, de atuação, de confraternização que abrem os portais e nos permitem passar.

Foi assim que eu chego até você. Estávamos separados por anos luz de orgulho e vaidade. O amor que tínhamos um pelo outro não conseguia espaço para a desilusão que nos causamos, a frustração que nos causamos. Em outros tempos o destino atrativo para esse mote de energia era eu renascer como seu filho, ou encontra-lo como amigo para resgatarmos esse amor. Porém, eu você e milhares de outros podemos contar com uma alternativa que estava se abrindo naquela época de forma sistemática, mas pioneira, o trabalho interdimensional. Eu iria assumir as característica de uma antiga vida, para seguir um roteiro criado por Oran afim de conseguirmos reativar nosso amor e confiança. Eu seria de novo um cigano, um andarilho, um criador de cavalos, nascido na Andaluzia, em terras espanholas e nisso eu resgataria todo um lado de magia, de sedução, de erotismo, de atração. Juntos iriamos construir etapas, níveis, situações das mais diferentes e inusitadas, como fases de um jogo que iria permitindo e dando novos acessos a novas fases e entendimentos (portais) no seu sentido mais pleno. Portais seriam e são fases e etapas de um jogo que não tinha, não existia, não estava preparada antes de terminarmos a anterior. Assim, ela era apenas uma possibilidade remota, muitas vezes nem vislumbrada, imaginada, porém fomos re-aprendendo a movimentar esse universo cristalino, a abrir conexões internas, externas, inter e multidimensionais. Fomos conseguindo vislumbrar o universo como cascas de cebolas, como seres dentro de seres formando uma estrutura conectiva que se comunica das mais diversas formas e com linguagens que começamos a entender. Cada trabalhador da luz, no seu espaço, com as suas habilidades co-criou e co-cria esses recursos e essas dinâmicas luminosas.  

Nesse trabalho, você abriu as portas do seu universo para mim e pude estar diante de um dos mais belos mundos que vi. Um mundo não apenas mental, um mundo que você construiu, erigiu com muito amor, dedicação, sofrimento, sublimação. Um mundo no qual eu fazia parte, eu era parte, eu me encontrava e pude dar colorido, sentido a ele e consequentemente ao meu. Quando nessas reconstruções nós superamos o século XX já não era mais possível continuar como sendo Júlio, eu precisava me valer do personagem que fora, mas agora não mais apegado a vaidade da boina, da imagem. Não mais amargurado por ver a esposa, a amada, se apaixonando por um jovem talento. Agora maduro para compreender que não posso controlar as vontades, os desejos e os quereres de outros, tampouco devo controlar os meus.

Nesse cenário, eu não me despeço de Júlio eu o integro. Trabalhando como entidade, eu pude realizar a integração de muitas vidas, de muitos aspectos e era a sua hora de realizar o mesmo, a integração de quem é você. Para isso, Solano é parte essencial. Ele é a porta interdimensional que permite vasculhar caminhos, rumos, estradas desabilitadas. Ele é a representação de milhares de seres que segundo os relatos históricos, materiais, desapareceram, sumiram sem deixar vestígios. Esses seres mudaram de estado vibracional. Como ele lhe disse e você não acreditou e ainda não acredita, ele foi morar dentro de um CRISTAL. Sim, nos cristais há seres consciências que demarcam espaços, portais, caminhos, informações, conhecimentos que eles vendo os riscos que correriam, os aprisionou. Combinaram entre si que esses conhecimentos só seriam liberados coletivamente, quando a humanidade alcançasse um nível de maturidade espiritual que permitisse a circulação dessas informações de novo.

Solano, o Brujo trás isso para você e é compromisso seu com o planeta devolver isso para todos. Auxiliar a cada um acessar a malha cristalina e retirar o acesso consciencial que lhe é próprio. São mediante esses nadis gigantescos que os espaciais caminham, se mostram, aportam. É por intermédio desses portais internos que entidades e médiuns vão se alinhando produzindo um novo tipo de relação e intercambio.

Pois bem, eu relato o restante desse processo no Sensibilidade Consciencial. Lá explico o que nós músicos do espaço temos feito e como que esses trabalhos no re-eduncandário nos mostrou que em sua maioria éramos músicos e produzíamos uma regência, uma cadência nesses encontros por vezes complexos, perigosos, pesados, densos. Como o de discutir energia alternativa no Oriente Médio, propor novas fontes e recursos energéticos nessas e outras localidades. E isso foi fundamental para estarmos aqui, para termos a liberdade de falarmos de integração consciencial. Para podermos falar de terapia, para podermos abrir um espaço que é na verdade um laboratório para colocarmos em prática ideias pilotos que vamos estudando no plano astral e necessita de implementação no físico.

A implementação é a parte que lhe cabe, assim como a supervisão, os ajustes dessas e outras medidas que vamos fazendo em conjunto. As 24 horas então de Júlio adentram universos variados, especialmente os nossos. Não desassociamos o tempo de nosso mundo subjetivo. E duas décadas depois de trabalho podemos falar com muita segurança que uma nova forma de trabalho, uma nova concepção e abordagem terapêutica, social, está apenas começando. Vocês estão no horizonte dessa nova criação. Um mundo no qual as distinções entre eu e outro, aqui e lá, dento e fora se perdem e se integram, se interpenetram.

Minhas 24 horas mudaram significativamente. Antes era imprescindível que eu estivesse lá, hoje eu sintonizo o lá dentro de mim e atuo, estou. É uma nova forma de escalonar o tempo e vivenciar os espaços. É uma nova maneira de situar no espaço e compreender o tempo. Mas, essa conversa já está registrada e atualizada.

 Segue o vídeo. 

 


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

24 HORAS: 3° RELATO- RICARDINHO

 

Ricardinho é meu moleque anjo. A segunda entidade que tive a honra de incorporar. Deveria assinalar como sendo a primeira, porque ele abriu as portas para recepção de tantas outras. Por anos acreditei que ele e Paulinha seriam os meus filhos nessa vida, mas não, Victhor e Yasmin já estavam antes na fila. Ricardo foi meu filho em Machu Pichu, naqueles momentos finais da história do nosso povo. Foi meu irmão em vários outros momentos, em que travamos várias e inúmeras batalhas pelo conhecimento. É um amigo, um irmão de alma que caminhamos juntos diversas vezes. Em Machu Pichu, ele também fora morto, viu nossa família ser dizimada, nosso povo ser quase extinto. 

O fato é que sem a presença de Paulinha e Ricardinho, próximos de mim, gravitando minh’alma, eu não teria condições psíquicas de ser pai. Os acontecimentos traumáticos que vivenciei com eles em vidas anteriores me marcaram muito e a desconfiança na vida, a dor da perda, que me atormentaram foi apaziguada com a presença e a força deles.

Paulinha já lhes deu o relato dela, Ricardinho deve falar mais abaixo. 

https://universofiholosofico.blogspot.com/2020/10/24-horas-2-relato-paulinha.html

O ponto é que esse medo de ter filho, essa negação em ser pai nunca foi algo racional, algo claro. E aqui dá para ilustrar como é esse trabalho dos erês. Basicamente, a cada incorporação, a cada desdobramento, a cada percepção de que estava perto, eu fui aproximando de outras crianças. Cada criança que vejo vendendo balas vejo Ricardinho. Esse garoto carioca, assassinado aos nove anos, juntamente com a mãe e mais duas irmãs, ambas mais velhas do que ele. Eu fui ficando mais tolerante com a infância. Para mim ela não tinha nenhum sentido. Reputava e de certa forma ainda reputo, um desproposito nascer zerado, num corpo no qual não se tem nenhum controle, que nem falar consegue. Num corpo desse o melhor a fazer é dormir e acordar com 12, 13 anos, foi mais ou menos o que eu fiz. Eles foram me ajudando a ter mais compreensão, tolerância, respeito, admiração e foi na trilha desse desenvolvimento que tive dois filhos, nenhum planejado. Não alcancei esse nível, mas todos vieram com esse sentido que me proporciona paz, cura, reestabelecimento.

Vamos ouvi-lo.

Meu nome é Ricardinho, eu sou da turma da Paulinha. Eu nasci, cresci e desencarnei no RJ, sou carioca da gema, do morro de Dona Marta. Minha família foi chacinada, palavra doida, eu a aprendi esses dias. Você deve estar pensando que foi ontem ou no mês passado, ou há dois anos. Na verdade foi a 40 anos atrás, hoje, 2017, cinquenta anos atrás.

E, tudo mudou. Algumas coisas para melhor, outras para pior. Para descrever as mudanças temos que falar de política e esse tem sido um assunto complicado nos últimos tempos nos quais tudo está dividido entre petralhas e tucanos, mortadelas e coxinhas. Eu desencarnei no Rio de Janeiro devido uma divida de jogo do meu pai. Foi talvez uma das primeiras e únicas chacinas da história do Rio naqueles tempos. A vida tinha um valor, que nem a falta de palavra de um homem, colocava em risco de morte a vida dos seus familiares, a própria sim, mas dos familiares não. Meu pai não se emendava, já tínhamos perdido salário, casa. Minha mãe teve que se prostituir para pagar divida de jogo e nada dava jeito, até a chacina de nossa família. Nessas desventuras, eu desencarnei sem ter comido um pedaço de pão. Não apenas devido às desventuras de meu pai, a passividade de minha mãe, como que no morro faltava materialidade. O morro tinha charme, carisma, malandragem, tinha delicias, solidariedade, companheirismo, mas não tinha pão. O básico faltava: água, luz, esgoto, arroz e feijão compunham a solidariedade do morro. Hoje o morro tem materialidade, talvez e alguns tenham apenas isso, faltando a solidariedade, a compaixão, o valor à vida.

Na década de 1950 a paisagem astral do morro era a de um idílio. Quando se subia o morro chegava-se de certo próximo ao paraíso, tamanha a tranquilidade, a paz de espirito, a serenidade encontrada naquele espaço. Hoje o cenário da maioria dos morros é de desterro. O que era espaço de esperança hoje é de preocupação e desespero para a maioria. Há um clima de terror, de guerra, de ódio. Aquela energia de amor, de bondade, que aquecia o asfalto, hoje se inverteu e a energia de paranoia, hostilidade, que domina o asfalto subiu. São cenários diferentes, de outras realidades, que pode ser acompanhada pela arte, pelo samba, pagode, rap, pelo funk. O morro hoje é mais materializado, tem de tudo, absolutamente de tudo. O morro foi transformado num centro operacional e com ele toda a loucura de uma vida voltada apenas para satisfação material. Eles mataram o charme do morro. Construíram aterros e condomínios fechados tentando apreender, encapsular esse estado de ânimo que era peculiar em nossos dias. Estou falando de uma vibração amena, suave, gostosa, tolerante, amorosa, respeitosa. O morro era brando, não cobiçávamos nada do asfalto, nem o pão que nos faltava. Não desejávamos nada da vida do asfalto, nem o estudo. Nossas pipas, nossas brincadeiras, nossas atividades supriam nossos corações e essa energia era redistribuída para toda cidade. Com o passar dos anos a ostentação foi aumentando. O ser foi sendo humilhado e a revolta por ter quebrou a mansidão da alma. Aos poucos todos foram ficando contaminados por uma vida vazia, sem esperança, ambiciosa de mais ilusões, vazia de nobres sentimentos e belas esperanças como exalávamos antigamente. O preço dessa transformação é a perda de sentido, de referência, de valores que as drogas, o tráfico, a violência expressam tão bem. Hoje no morro encontra-se de tudo e todos podem ter tudo, até a coisa mais cara do morro: sonhos fora da matéria. Sim, o estado de confinamento e tensão em alguns morros é tão recrudescido que parte da população não consegue desprender-se mais do que alguns metros do próprio corpo. O astral ficou tão intoxicado pelas práticas ambiciosas e desprovidas de valores que grande parte dos moradores vive em estado de sítio. Não conseguem se transportar oniricamente para fora dessa realidade, alimentando essa rede de tensão, estres, pressão que acomete toda a cidade.

Morei no RJ na década de 50. A violência na periferia é sintomática desde muito. A razão material de a minha família ter passado por isso foi divida de jogo do meu pai. É a mesma razão hoje em dia, em qualquer periferia do Brasil ou do mundo. Esse é o trabalho que faço o de mapeamento de zonas de conflito, as causas, as origens e as razões delas acontecerem individualmente e socialmente. Nós chegamos à conclusão de que a violência é uma doença ocasionada pela falta. Falta de comida, de bebida, de lazer, mas, sobretudo de perspectiva. Perante a permanência dessa falta o ser humano volta a ser animal, bicho, mas isso é assunto para as descobertas sociológicas que já começam a despontar para esse caminho. Só falei disso para salientar a necessidade de entenderem que a grande mudança se dá e se opera pela informação, pelo conhecimento. O espiritismo tem a proposta de intercambiar os dois mundos. As religiões, as seitas, os grupos religiosos infestam as periferias, no entanto, são poucos, os que proporcionam transcendência aos seus fieis. São poucos os centros religiosos, independente da denominação, que proporciona informação aos seus fieis para adquirirem autonomia, serem capazes de pensar, agir, pensar por si mesmos escudados pelo evangelho. A rede já esta pronta, nós a atiramos ao mar, alguns encarnados também, não temam puxá-la como Simão. Pescais homens como cristo nos legou discípulos, apóstolos, do conhecereis a verdade e essa vos libertara.

É tudo estranho, porque na década de 1950 nos morros tinham às vezes uma igreja católica e algumas casas de candomblé. Vivia-se uma forte espiritualidade. Hoje se tem mais igrejas do que casas, mas Jesus é mais um produto material. Jesus é o que promete materialidade e não transcendência. Jesus é um produto a ser consumido como cocaína, maconha, drogas, uísque, cerveja, tv a cabo e conexão wireless. Tirando algumas balas perdidas, alguns corpos no chão, materialmente, poucos lugares são melhores de morar do que o morro. No entanto, a atmosfera de apaziguamento, de frescor, de ternura tem dissipado, sumido. A materialização da renda proporcionou uma perda dos valores que sempre fez do morro um cantinho mais perto do céu. A lógica das drogas que seduz e arrasta milhares de seres, seja para sua venda, seja para o seu consumo, hipnotiza e ilude quanto ao verdadeiro sentido da existência, que longe de ser, morrer sem comer pão, não deve ser a de achar que a vida de outro irmão vale menos do que o de um celular. Hoje os jovens tem pão, as crianças têm pão e bolsa famílias para acalentar e matar a fome precisamos criar sonhos além da matéria, precisamos ensejar de novo que Cristo não é mercadoria, não está à venda, não se pode comprar, não se barganha, não se negocia. A partir disso temos o ideal- bens materiais e espirituais lado a lado. Condições e oportunidade de cada um ser aquilo que é. Condições de cada um ofertar ao outro e ao mundo o que se é.

As análises conjecturais tanto das sociedades quando dos grupos sociais é um mote de predileção da minha alma. Dentro disso ainda, o meu recorte é a violência. Tenho estudado sobre a violência há séculos nos seus mais diversos nuances e a violência do século XXI tem um requinte de barbaridade que imobiliza a ação, o fazer, o agir das vitimas; elas sentem-se culpadas de agirem de forma violenta e essa lógica é a violência perfeita. Mahatma Gandhi talvez não fosse possível hoje e Hitler com sua campanha de marketing dominaria, conquistaria o mundo sem precisar guerrear. Seria um pop star, ou um CEO capaz dos atos mais bárbaros, sanguinário, legitimados pela lógica nefasta do capital.

São análises e discussões como essas e outras que realizamos ao longo das minhas 24 horas. Em 2003 elas tinham como aporte, o acompanhamento das reuniões publicas e de estudo realizadas por você e seu grupo ao longo da semana; a preparação da supervisão para ampliarmos nossa conexão; meus trabalhos fora da imagem de criança que é mapear zonas de conflito, zonas de guerra e compreender formas alternativas e não violentas de superação, nem sempre possíveis. O homem é um ser violento e os níveis de violência que tem sido realizado ao longo das décadas, acabam por mostrar que a única forma de se provar humano é sendo violento. Uma violência que como destacamos tem recebido requintes cada vez mais sutis, mas não retira, ou reduz a arbitrariedade, a redução do outro a condição de objeto, a esterilização do sangue, da dor e do sofrimento. Enfim, é uma violência que aprendeu escamotear a morte, a dor, o grotesco, os aspectos que refreiam os instintos mais primitivos e perversos de todos os humanos. Encontrou-se uma forma moderna, contemporânea de ser perverso, diabólico, malvado, ruim e ser premiado, louvado. Isso nos lança diante do contrassenso e da contradição performativa mais emblemática, a saber, diante das violências simbólicas cometidas nos mais diversos níveis contra os seres, o revidar físico é a única instância de uma prova de humanidade. Se antes, a violência era o retorno à barbárie, nesse agora que nos encontramos, no qual a barbárie se faz sob o pretexto de uma humanidade Botox, plastificada, esticada, pacifica. Por trás dessa passividade impede-se o outro a ter acesso as suas necessidades básicas e fundamentais como o direito a água, a comida, a medicação natural. O revidar é ato humano, pelo menos é como temos observado. Já que o ápice dessa violência é criar a esterilização da resistência. O ápice dessa violência é ler e estigmatizar como terroristas pessoas que lutam e reivindicam direitos legítimos de grupos.

Por favor, não estamos defendendo radicais, extremistas, fundamentalistas islâmicos, cuja essência vibracional é idêntica dos radicais, extremistas do capital. Estamos falando de grupos organizados que compreendendo a lógica exploratória de alguns radicais capitalistas se opõem a eles pelo direito à moradia, aos bens e recursos naturais e são assassinados, envenenados, desacreditados, para que a lógica permaneça. Uma lógica de miséria, de exploração, de descrença e desterro. A lógica que está nos morros com o tráfico, que está em milhares das igrejas pentecostais com os pastores, que está em muitos cultos de matriz africana com os falsos pais e mães de santo. Essa lógica não é violenta, ela é a violência. Ela é a exploração em todos os níveis. Em todos os pontos que ela se encontra, ele deseja a exploração, a escravidão, a submissão, a penúria, a entrega de tudo, especialmente, daquilo que não se tem. Cria-se uma lógica de ambição que é oposta a da prosperidade. Fabrica-se uma perspectiva de falta, de escassez em detrimento da partilha e da solidariedade. Busca-se e difunde-se o enriquecimento de um, seja moral, ético, financeiro, material, em detrimento a miséria de centenas. A lógica do dizimo representa bem essa arquitetura maldita, violenta, diabólica de milhares darem o seu 10% para que uns poucos usufruam do suor coletivo de todos. Já imaginaram quais transformações sociais, econômicas poderiam ser realizadas se na administração desse fundo fosse novamente redistribuído para todos em forma de viagens, conhecimentos, informações e outros? Se o representante não fosse ladrão e sim um representante de Jesus? Mas, o apelo deles é iguais as do tráfico, que por sua vez é igual a dos grandes conglomerados. Eles servem a Mamon e sendo assim, cultuam o seu deus, escravizam os desavisados, seduzem os esperançosos, iludem os desafortunados e calam, compram, matam, envenenam e intoxicam aqueles que deveriam e devem ser a voz do alto. De forma que fico nesses núcleos observando, estudando os três motes de violência:


Primeira a simbólica organizada e planejada por alguns poucos capazes das mais diversas e sofisticadas formas de manipulação mediante estratégias midiáticas que vão desde mensagens subliminares em filmes, revistas, sites, até mesmo a transferência de propagandas, discursos e capital para alimentar a visão distorcida de perversa de poucos;



Segunda a violência no seu substrato físico, sangrento, sanguinário, que é a que vos chega pela mídia, sem mostrar o que se esconde por detrás desse Botox, dessa plástica social de se esticar o tecido social e escolher os pontos nos quais ele se rasga;



Terceira e servem como intercessão entre esses dois planos e é o que temos estudado e desenvolvido desde 2015 é o substrato sexual, as dimensões de prazer, controle, sexualidade que regulam as duas esferas e as duas práticas.

Fomos percebendo que os casos da violência, os casos de conflito, não são estritamente dinâmicos de grupos, há neles caracteres intersubjetivos que apontam para esse lugar complexo e vasto que é a psique humana. Perceber a violência dentro desse cenário interno amplia e nos permite mapear onde será e o que motivará determinados setores, grupos, a agredirem outros segmentos. Retornando ao nosso país e a análise nesse viés que destacamos acima no qual se vislumbra a divisão entre coxinhas e pão com mortadela. Nunca há ódio, nunca há violência se os espaços mentais, psíquicos, sociais não se cruzarem. Enquanto o conquistador espanhol sabe que o Inca é um ser inferior, não há violência, nem massacre, nem genocídio. Esse começa quando desponta na psique um sentimento de inferioridade. Diante dessa percepção aquela sensação de medo do estranho, do desconhecido, aflora impressões diversas que vão se complexificando quanto maior for o medo. No caso do Brasil temos a matriz indígena, africana e enquanto elas guardaram espaços internos, enquanto negros e índios sabiam o seu lugar, não havia violência. Havia a cordialidade. Quando um desses representantes chega a presidência do país há uma identificação negativa. Há uma luta interna, imensa, sangrenta, que custa se acomodar nos espaços mentais das pessoas. Como aceitar um nordestino, retirante, sem curso superior, ser presidente da nação? O conflito é interno e isso dará o start para desencadear uma sucessão de fatos, de acontecimentos, de raiva, de ódio, que estavam ‘pacificamente’ apaziguados, porém aflorou, despertou e estamos vendo as manifestações de ódio, de raiva, de intolerância dos dois lados. O homem cordial brasileiro é ódio puro.

Mapear esses conflitos, essas violências é o que tenho realizado. Trocamos essas informações com sociólogos, cientistas políticos, que fazem análise de conjecturas com essa precisão. A maioria ainda sem interligar os eixos, cada um sob um enfoque, mas estão chegando uma geração que não vai desassociar a violência física como resposta as demandas simbólicas, que por sua vez abrem as camadas para o universo intersubjetivo das pessoas. Juro que vocês entenderão isso, porque as ações de provocação (simbólicas) são realizadas sabendo quais os tipos de seres (psiquicamente) irão se opuser e com isso serem mapeados para os mais diversos fins. Isso já está sendo feito por organizações que cooptam lideranças antes de elas se saberem lideres.

Muitos de nós temos nascido para enfrentar esses e outros conflitos de frente. Os lugares físicos que eu mais me atenho são o tráfico no Rio de Janeiro e a contaminação disso na sociedade. A construção coletiva e social dessa lógica criminosa eu venho estudando a partir de um comando da capital paulista. Já a manifestação brutal dessa violência, estudo vendo os carteis mexicanos. As sutilezas das articulações simbólicas na criação de pontos de tensão, de conflitos e práticas mercantilistas de solução, Wal Street e Genebra. O Estado Islâmico são perversões dessa lógica, é o caos dentro de um controle que não se tem. Um efeito colateral inesperado, imprevisível, mas que longe de ser uma resistência funciona na mesma lógica, a mesmíssima lógica do capital. Querem o controle, buscam o poder. Os trabalhos suaves, sutis, impactantes têm sido feito com as programações de software aberto, com as programações em rede de uma inteligência coletiva em bases solidária e participativa. As transformações impactantes têm sido despontadas com o capital verde, o entendimento da natureza como parceira, o que implica uma lógica primitiva, ioruba, banto, xamanica de parceria e respeito à natureza no seu sentido mais profundo. Passam também com trabalhos bioenergéticos que vão ancorando novas formas e uso dos recursos minerais, novas formas de energia. A revolução está acontecendo e não implica no fim do dinheiro, que é um sistema de troca mais evoluído que se pode ter, permite que cada um obtenha e adquira o que desejar. Então o problema não é o dinheiro, ou a riqueza, ou a prosperidade, o problema é o uso mesquinho, tacanho, criminoso que tem sido perpetrado e ensinado às pessoas. Compreender que há novas formas de se ganhar dinheiro e uma nova forma de usá-lo distribui-lo é como combatemos a violência no seu estado mais germinativo- a ambição.

Basicamente é isso que tenho realizado e realizo ao longo das minhas 24 horas, que como disse, Paulinha tem dormido apenas 6, 4 horas. As outras 18/20 horas temos nos dedicado a elaborar formas e alternativas de nos melhorarmos socialmente.  

Ricardinho 17/8/2017

 


Finalizando, quero registrar que não tinha consciência disso. Sabia que era através de Ricardinho que as intuições dos livros e muitos trabalhos me chegam: Penas Redentoras é um exemplo. Muitas das escolas que vim a lecionar, foi ele que as ‘atraiu’ e ele é sem dúvida a entidade mais frequente em minha sala de aula na interação com os alunos. Aprendemos juntos, embora não faça isso conscientemente.  

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

24 HORAS: 2º RELATO- PAULINHA

 

             Este relato compõe parte do livro 24 horas. O link para a parte comentada encontra-se quase no final do texto. 


Paulinha é uma entidade que trabalha com minha ex-esposa. Ela se apresenta como uma menina de 3 anos de idade. A forma que ela utiliza é a de quando fora cigana e morreu de caxumba. Nessa ocasião, eu fora pai dela e mesmo conhecendo naquela vida muitos desagrados, dores, sofrimento, a perda dessa menina, a perda de uma filha nessa idade foi uma dor que me acompanhou até essa vida. O meu receio em ter filhos, o meu temor e receio do que aconteceriam com os meus filhos aos três anos de idade me atormentaram por várias noites e dias. Reencontrar Paulinha, assim como Ricardinho me permitiu curar essas feridas imensas e profundas, mediante brincadeiras, doces e risadas e a partir daqui posso falar mais do trabalho dos êres.

Erês são seres espirituais que tem a função de alegrar, ou de nos mostrar a alegria e a simplicidade das coisas. São em geral espíritos complexos, detentores de grandes conhecimentos que trabalham como crianças tanto para ensinarem de forma mais simples, quanto para se curarem da vaidade, do orgulho que algumas vezes pode ter lhes acometido. Em sua grande maioria são seres que transportam os ensinamentos do mestre Jesus “se não tornares criancinhas não conhecereis o reino dos céus. ” Ou seja, eles são entidades que utilizam a forma de crianças para repassarem seu saber, seu conhecimento. É ruim descortinar essas coisas, mas se faz importante. No geral, em quase a sua totalidade, esses seres que se apresentam como crianças, falando embolado, às vezes com dificuldade de se fazerem respeitados e escutados são autoridades, profundo conhecedores de alguns assuntos, temas; seriam o que denominamos de especialistas e algumas vezes gênios. Porém, por arrogância, vaidade, prepotência escolhem e são preparados para trabalharem como erês. Isto é, descer do pedestal da presunção e vir a ser motivo de riso, leveza, graça, diversão para nós seres encarnados. Como contraponto é de bom tom nós conseguirmos ver além da aparência, conseguirmos ver e enxergar a verdade, o conhecimento que eles transportam para além da caracterização que se apresentam.



Essa transformação espiritual é um processo complexo, pois ele pode se dar de duas formas (pelo menos assim a percebo). PRIMEIRA: no caso de Paulinha faz uso de uma forma que já fora dela em tempos anteriores, precisando, no entanto, apenas plasmar essa forma pensamento. SEGUNDA: o ser tem em si os atributos de criança- “inocência”, espontaneidade, humildade. Assim, a aproximação dos humanos desencadeia essa forma que de outro jeito não os compreenderíamos. Em uma ou em outra, esta inscrita o amor incondicional ao saber e ao progresso dos seres.

Vamos ouvi-la.

Eu sou Paulinha, tenho três anos de idade. Eu trabalhei com a tia Simone e o tio Kelsinho numa casa espiritualista que eles e outros amigos criaram. Como todo erê meu trabalho era alegrar o coração dos médiuns e puxar outros erês para a gente trabalhar juntos. Quanto mais erês juntos, quanto mais passagem os médiuns conseguirem dar para nós, melhor a qualidade da reunião e o fortalecimento do grupo. Falo isso tio, porque não é todo mundo que consegue incorporar erê. Muitos médiuns sentem vergonha de serem vistos como infantis, fazendo brincadeiras bobas. Aí eles acabam impedindo a nossa manifestação. Ou seja, o orgulho deles não deixa a gente vir e o orgulho deles bloqueia tudo de bom que a gente transporta para as pessoas e para as reuniões que a gente frequenta. Estou falando que a coisa mais importante que nós erês transportamos é a capacidade de liberar a incorporação para as outras entidades. Nós somos enviados na frente para dar abertura espiritual e energética para chegarem outras entidades e trazerem novos conhecimentos; porém esse conhecimento só consegue chegar se o médium se esvaziar de um monte de bobagens que ele tem na cabeça e no coração. É esse o nosso trabalho levar simplicidade, descontração para tudo na vida da pessoa ficar mais leve e mais suave.

Eu na sua reunião trabalho assim e à medida que os médiuns e as pessoas da assistência vão amadurecendo, vão nos respeitando, a gente vai crescendo e liberando outras informações e conhecimentos que os tios grandes nos deixam falar.

O meu trabalho nas 24 horas da Terra é variado, algumas vezes estou na forma de erê auxiliando as pessoas nos mais diversos centros e lugares. Outras vezes estou em nossa colônia estudando e preparando atividades para realizarmos com os nossos médiuns e alguns outros núcleos no plano físico e no plano astral. Em outro momento, eu estou trabalhando como adulta no que se refere às engenharias sociais de emancipação das mulheres. Vou contar um pouco de cada um desses lugares, se bem que as do centro eu já falei. O conteúdo emocional, psíquico que a gente trabalha junto aos médiuns e a assistência é o que vai aumentando a nossa afinidade e intimidade. Quanto mais o médium se abre e se deixa guiar pelo erê melhor fica a relação deles e com as outras entidades. Nós somos tipo um portal, uma porta aberta que depois que se passa por nós são criadas condições para diversas outras entidades passarem e chegarem.

Muitas vezes, vocês são levados para as nossas colônias, nossa casa. Lá na ‘escola’ a gente fica brincando com vocês, soltando a criança de vocês para que o medo, a vergonha, a culpa, o receio, o julgamento vá diminuindo. Vocês são conduzidos até lá para se soltarem, se permitirem e se relacionarem melhor conosco e com as outras entidades que supervisionam essa dinâmica. Vocês acreditam que o trabalho é só receber, transmutar e ir embora, mas temos toda uma etapa de preparação, de supervisão, de esclarecimento para que a gente aprimore e melhore nosso atendimento, nossa convivência, nossa observação. Tio, eu estou falando que quando o médium incorpora uma entidade, ela faz um diagnostico muito preciso de como está o médium e de como está a comunidade que ele assiste. Todas as entidades fazem isso, mas cada uma delas trabalha num nível diferente de vibração e frequência. Os Exus trabalham a ambição, o desejo, nós eres trabalhamos a desinibição e a confiança, os ciganos a confiança e a atração. Cada entidade consegue lidar com um chacra, com um corpo sutil realizando um diagnostico, um desbloqueio, uma limpeza. E, depois que realizamos isso temos que preparar como que podemos ajudar nosso médium descontrair mais, se desinibir mais. Por isso que vocês são convidados a ir a nossa colônia conversar com a gente, discutir com a gente. Foi indo nessas conversas, foi fazendo a engenharia reversa, que você e outros médiuns nos deram à possibilidade de ampliar ainda mais nossos estudos, porém não são todos os médiuns que querem trabalhar o autoconhecimento. Eles gostam de falar da vida dos outros, de ficar decifrando os problemas dos outros, porém fogem dessas autoanálises. Eles ‘atrasam’ a eles, a nós e a assistência, porque se ele estudasse, se nos ouvisse e estudasse, em breve, ele aprenderia a captar a nossa energia também e a falar de nós;  de como a gente estava, onde aconteceu uma trava, que assunto que ficamos mais a vontade, que assunto nós ficamos com mais vergonha. Foi fazendo isso que você captou que a gente tinha mais informações do que fornecíamos e falávamos de muitas coisas nas quais as pessoas não ligavam, não davam importância, por achar que éramos somente crianças, somos sim, mas também temos conhecimento e autoconhecimento. Os dois são importantes, mas nem sempre andam juntos. Por isso que é importante testar as entidades não no seu conhecimento, tem um monte de obsessor que sabem muito. O diferencial da luz é o autoconhecimento. É a capacidade que vamos aperfeiçoando de olharmos para dentro da gente mesmo. Isso só se aprende fazendo, se testando, se autoconhecendo e se auto avaliando. 

Quando eu trabalho como adulta, eu continuo na minha linha da ciência, na busca de novas fontes renováveis de energia, assim como na capacitação das mulheres. Nós trabalhamos desde antes de 2003, com maior visibilidade agora, com fontes e construções de energia que empoderem as mulheres, criem renda e poder de sustentação às mulheres. A estrutura é a mesma do processo energético que utilizamos e tentamos efetivar ferramentas, inspiração para criação na Terra. O principio é o da autonomia regulada, subordinada. Tudo tem um funcionamento impar, porém interconectado com todo o resto. As células do corpo funcionam sozinhas, mas estão interconectadas com todo um sistema vivo. O corpo humano funciona sozinho, mas está em interação com toda uma família, uma comunidade, um país. Nós trazemos essa concepção de interligação, de autonomia interdependente para fortalecer os vínculos, as relações, as cooperativas e as ONGS. Movimentos individuais e plurais que aprimoram a rede de sustentabilidade sem oprimir, sem excluir, sem destruir, buscando a preservação e a integração.

Essa dinâmica se faz mais plausível com o fortalecimento da consciência feminina. Com o empoderamento mediante instrução, direção, conhecimento e autoconhecimento, emancipação da força da mulher. Libertar as mulheres da opressão e do julgo social, político, econômico é o mote do nosso trabalho, que se volta e se aperfeiçoa, essencialmente, no Oriente Médio e na Índia de maneira embrionária e piloto. Sendo estendida para todo o resto do planeta, por vias dessas conexões que o trabalho mediúnico possibilita.

Quando estou incorporada na tia Simone, estou repassando a ela todos os recursos, toda a energia dessa outra mulher na África. O trabalho mediúnico consegue unir várias mulheres de diferentes culturas, etnias, situação social, cada uma recebe resíduos da outra e pode aplicar em si mesma, na sua assistência, na sua comunidade esses recursos de superação, integração. Porém a maior parte dos médiuns se limita a incorporar a entidade sem compreender que esse incorporar pode ser um baixar cada uma dessas potencialidades, desses recursos, dessas ideias, dessas práticas, desses contatos. É parte do que quando estão encarnados chamam de incorporação. Na verdade, em muitos casos, são substratos de contatos energéticos realizados e que vão sendo sedimentados até que se precipite em atos, fatos, falas, ideias.  

Isso era como estávamos em 2003, hoje em 2017 a gente tem conseguido resultados ainda mais rápidos, porque já estamos conseguindo acessar muitas das meninas, das mulheres que estavam fazendo o trabalho nesse plano e renasceram com uma energia mais equilibrada, calibrada para essa nova fase do planeta. Uma fase que percebe a Terra como Gaia, que abriga a força do feminino e o poder do feminino em uma relação harmônica com o masculino. Uma polaridade mais equilibrada. Eu estou preparando a minha encarnação para os próximos anos. Da minha equipe sou uma das últimas que se encontram ainda desencarnadas. Nosso proposito é colocar essa tecnologia que estruturamos aqui no plano astral para rodar no plano material. Material que está bem mais sutilizado e refinado, então é mais suave e menos dispendioso para as meninas aplicarem esses recursos. Para vocês a batalha contra o assédio, a opressão, o feminicidio, os trabalhos de reciclagem, a onda azul e tantos outros trabalhos de biotecnologia, de nanotecnologia são coisas separadas e distintas. Para nós, eles estão interligados. Somente encorajando cada mulher, somente despertando em cada uma delas a beleza sagrada que elas são portadoras é que conseguiremos um equilíbrio entre os opostos e a gestação sustentável de uma nova Terra, na qual homens e mulheres, masculino e feminino se entrelaçam e se complementem num grau de diversidade mais espelhado e afeito com uma visão profunda da natureza.  .

Bem, minhas 24 horas são essas. Em 2003 eu dormia 6 horas por dia, dentro dessa concepção de tempo de vocês. Hoje, dormimos 2 horas. À medida que suavizamos e o tempo suaviza conseguimos nos recompor e reestabelecermos mais rápido, circularmos mais rápido e, sobretudo renascermos e ficarmos mais tempo encarnada e com um grau de consciência mais apurado.  

Um beijo, pai.

10/8/2017

 

Essa foi Paulinha. Um ser que ao longo das vidas foi se tornando para mim, uma amiga, uma irmã, uma confidente. Batalhadora, rompeu céus e terras para assegurar o direito das mulheres se instruírem em plena Alemanha do século XIX. Lá ela fora um educadora com ideais feministas, bem a frente do seu tempo que auxiliou na emancipação e autonomia de muitas mulheres. Como ela mencionou, ela e os seus trabalham no Oriente Médio tentando viabilizar um outro recurso natural menos poluente que o petróleo e que minimize a ganância dos homens. Está trabalhando na reciclagem, renovação, depuração dos lixos tóxicos, atômicos e materiais não renováveis. Está junto aos seus propondo alternativas energéticas para o século XXI. São milhares de seres como eles que precisam se fazer ouvir por pessoas capacitadas para colocar os avanços tecnológicos na mesma ordem dos espirituais. Sem nos esquecermos de que a tecnologia espiritual é o amor incondicional por tudo e por todos, sem julgamento por tudo e todos.



Quero finalizar lançando luz a uma prática muito comum aos médiuns da Umbanda e que na visão kardecista causa espécie, chegando mesmo a ser tida como primitiva e contrária aos processos evolutivos que é entidades se alimentarem, beberem, fumarem e outros. Há aqui uma distinção a ser feita, a saber, a diferença entre uma entidade que faz uso desses recursos para limpeza e transmutação e seres que não conseguiram se desgrudar da matéria e sendo viciados se valem desse expediente para se locupletarem. São coisas bem distintas e o autoconhecimento auxilia a perceber e a compreender a diferença entre um e outro tipo de uso. 



O fato de comerem doce, de se “alimentarem” é de fato um processo complexo da fisiologia humana. Estendendo essa fisiologia para uma percepção espiritual, quando eles estão comendo doce, bebendo refrigerante, eles estão realizando a transmutação do ambiente através do corpo fisiológico do médium (temporariamente modificado). O açúcar se transforma em energia, as moléculas do açúcar passam a desempenhar a função não de monossacarídeo e aminoácidos desoxirribonucleico, como aumentam a circulação sanguínea e a absorção calórica do médium; primordialmente, permitido a estruturação e a transformação de sentimentos, pensamentos e condutas. Essa não é uma particularidade dos erês, pelo contrário, todas as entidades que trabalham com a supervisão, orientação e permissão do alto agem assim. A particularidade deles refere-se ao açúcar. A explicação científica para algo corriqueiro e natural na espiritualidade seria que tudo é vibração: pensamento, sentimento, ações. Por um dispositivo metabólico, fisiológico que me falta clareza para descrevê-lo, a espiritualidade consegue condensar essas vibrações tornando-as “palpáveis”. Enquanto as entidades estão lá, aparentemente, se divertindo, esclarecendo, se embriagando, empanturrando de doces, fumando cigarro ou cachimbo, um processo de adensamento energético está sendo realizado. Cada sorriso, cada lágrima, cada pensamento de tristeza, de vingança, cada sentimento negativo vai ganhando uma condensação que à medida que a entidade come, traga, bebe, ela vai juntando, varrendo, acumulando aquilo e gerando um campo metabólico no médium para transmutar essa energia.

O médium atuaria como um catalisador dessa energia, transportando-a a partir de si mesmo. A imagem que passam para isso seria percebermos o entupimento das veias coronárias por excesso de gordura (colesterol). Os pensamentos, sentimentos da assistência, da reunião, dos frequentadores encarnados e desencarnados vai produzindo essa ‘gordura’. A remoção dessa passa por um filtro/raio laser, mediante o desentupimento da artéria e o reestabelecimento da mesma. Uma intenção concentrada, focada, dirigida sob determinado ponto com o intuito claro de desbloquear esses pensamentos, sentimentos que congestionam a vida daqueles indivíduos, grupos.

De maneira que, nos torna possível vislumbrarmos o excesso de gordura, como pensamentos/emoções deletérios do nosso ser que entopem nossas vias de comunicabilidade. O laser seria um instrumento utilizado por um operador inteligente para a desobstrução das cargas vasculares. No caso dos erês isso se dá fazendo uso do doce e do açúcar. Processo simples para a espiritualidade, mas cuja explicação tira a simplicidade com que operam e transmutam sentimentos pesados, densos, conflituosos em alegria, ternura, confiança, esperança.


 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

1º RELATO- TRANCA-RUA.


Esse é o vídeo do relato em nosso canal no Youtube. 
INSCREVA-SE. 
Abaixo o texto para ser lido na sua integra. 





Não podemos correr, esconder, ou largar a nossa sombra, sob pena de perdermos nossa luz.

Domingo, madrugada de segunda-feira. Feriado Nacional (21/4/2003). Estou ao lado de Tranca-Rua. É assim que se chama e se declara esse irmão de caminhada que se apresenta aos olhos dos videntes como um ser alto, pele negra, queimaduras no corpo que cada vez mais vai voltando ao normal, assim como algumas cicatrizes. Pernas cambotas, pés e mãos que cristalizam como fossem garras. Olhar penetrante e impactante de quem conhece todos os desejos e reconhece o gosto de cada um deles. Noutrora, ele carregava muitos cadeados junto ao seu corpo, hoje possui uma única chave, um símbolo que carrega na altura do peito representando o poder e a força de abrir e fechar caminhos. Abrir e fechar caminhos, entrar e sair são os movimentos basilares e essenciais dos Exus. Eles lidam com as energias das repressões, dos tabus, do escondido, do confinado, do não dito, do não pensado, do não expresso. Lidam com a energia sexual no seu estado mais primário. Lidam com a energia do querer, do possuir, do conquistar, do desejar no seu estado mais básico. Nossos medos, nossas fantasias, nossos recalques, nossas privações tudo isso alimenta Exu, tudo isso lhe proporciona o banquete de ser quem ele é, nos ajuda a limpar, escamotear, uma parte nossa que envergonhamos, lutamos para não ter e fazemos de tudo para esconder. Reprimir essa energia cria e ocasiona os mais diversos graus de transtornos, mas isso é outro assunto[1].

É usualmente comum visualizarmos Tranca-rua e outros EXUS com o corpo retorcido, rosto transfigurado, pernas tortas, dedos em formato de patas, pelos espessos ao longo do corpo, dente em formas de presas, cadeados ao longo do pescoço e na cintura. Olhos avermelhados como chamas de fogo e ira. Um aspecto impactante para atemorizar, espantar, causar medo e pavor, numa representação bem perto de uma Carranca, de uma Gárgula, com a distinção que é bastante comum encontrar com o mesmo Tranca-Rua numa forma menos animalizada, vestindo-se de roupas de centurião, saia curta, sandálias trançadas até a altura dos joelhos, dorso nu, mostrando várias cicatrizes. Rosto pesado, colossal, denso, com um olhar penetrante, impactante. Um ser que faz uso dos seus conhecimentos de magia, feitiçaria, encantos e especialmente militar para proteger, inibir, desestabilizar os inimigos daqueles que ele foi escalado para proteger, defender com a própria vida. O aspecto animalesco é uma roupagem utilizada por ele e outros para trabalhar e prestar socorro nos vales das sombras, das drogas, do tráfico, da violência e da morte. Um trabalho extremamente pesado e desgastante e que sempre temos que prestar esclarecimento.

Respondem sob a alcunha de exu um sem número de seres, dos mais diversos, nos mais variados níveis. Sendo assim é preciso distinguir os Exus, dos exus. Quando estivermos falando de Tranca-Rua, um Exu estamos falando de seres que não são orixás (ESÚ), e sim de seres que se aproximam e se identificam dessa forma-força arquetípica se prestando aos mesmos atributos de mensageiros, comunicadores, brincalhões, obstinados, protetores. É comum vermos e lidarmos com vários Exus que modificam sua roupagem de acordo com o ambiente em que se encontram. Tranca-rua nas casas espiritistas apresenta-se com características humanas normais como descrevemos e é o protetor espiritual, defensor, guardião de nossa casa e algumas outras. Nessas atividades, ele pode ser chamado ou reconhecido como centurião Arnaldo, ou como coronel Xisto, porém é o mesmo amigo, irmão, que ao descer no lodo, caracteriza-se com outras feições. Em cada uma dessas casas e lugares, Tranca-rua auxilia e coordena na parte da defesa e proteção dos médiuns, dos visitantes, do ambiente, dos que chegam, dos que pretendem chegar, assim como a negociação das dívidas com outros seres.

 


Na madrugada de domingo, ele e outros vieram me chamar para iniciarmos nossos trabalhos. Ao sair do corpo fomos levados a uma região do Umbral, na Crosta Terrestre, local de muito lodo, muita escuridão e um sentimento no ar de medo, desassossego, sendo necessário muito equilíbrio interior para não se deixar afetar pelas cenas dantescas e pelos seres dantescos que por lá passeiam e habitam. A moralidade dos trabalhadores da luz tende a considerar esses lugares e seus habitantes como irmãos necessitados, espíritos endividados e coisas do gênero, o que de fato são. O inusitado é ouvir Tranca-rua e outros nos esclarecer que o lugar que eles habitam, a energia que eles usam e especialmente quem eles são, deve-se a nossa dificuldade de lidar com nossos desejos. Aqueles lugares eram criados pela dificuldade de olharmos para o nosso querer, nossa vontade e reconhecer a fúria, a raiva, a inveja, a cobiça, a ira, a tristeza, o egoísmo, o orgulho, a vaidade e tantos outros pontos que por não reconhecermos em nós, acabamos por co-criar e dar mecanismos de perpetuação de tudo isso em outros. Numa perspectiva energética em que nada se perde e tudo se transforma não é difícil considerarmos que nossas energias de recalque vão parar em algum lugar. No caso, Tranca-rua nos mostra que ela alimenta o umbral e seres umbralinos dos mais diversos matizes. Insistentemente, ele tenta nos mostrar que esse lugar não é um lá e aqueles habitantes não são um eles e sim, que aquele lugar é um aqui (apontando para si mesmo) e um nós, indicando uma relação complexa de identificação que não cabe por hora falarmos. Pelo menos não era há treze anos. Hoje é imprescindível que falemos desses espaços. Os espaços astrais que percorremos, adentramos, são construções coletivas, fruto de pensamentos, sentimentos, vibrações que se consolidam. O umbral é formado, é composto por nossa inconsciência no sentido mais irresponsável. É a somática de nossos desejos, vontades, não declarados, não manifestos. Nessa concepção, o sentido básico por ele relatado é o que somos todos um. Não um apenas com as partes luminosas, ascendidas e esclarecidas. Somos um também com as partes sombrias, por vezes trevosas que fogem da luz e da consciência. Essas partes que não desejamos ver, que escondemos, camuflamos, ocultamos e pior, apontamos nas outras pessoas. É fundamental olharmos para essas partes nossas que por vezes obsedam a nós mesmos e a pessoas que amamos.

Tranca-rua assim como outros EXUS tem uma base de apoio justamente nessa localidade, onde trabalha com outros irmãos de luz no auxílio a seres que fizeram da vingança, do ódio e do medo à razão de suas vidas. É um lugar terrível, onde o único sentimento, se é que podemos qualificar assim, que impera é o do vazio interior, o nada existencial. Às vezes, alguns desses seres são chamados na superfície e é aí que se inicia parte do trabalho de Tranca-Rua e a falange de EXUS. Auxiliar num processo de despertar consciencial de todos os envolvidos. A matriz de entendimento para isso é coletiva, plural, sistêmica, desdobrando-se como raízes de uma árvore para diversos pontos. Não importa o ponto no qual se faça a observação todo ele é plural e coletivo. Se o foco é um médium, logo estamos diante de suas entidades, que se desdobra para uma casa espiritual que ele trabalha. Se estivermos diante de uma casa espiritual, logo nos são apresentados seus membros e, por conseguinte, suas entidades. Se o foco é um visitante, logo estamos diante de sua família e de seus contatos. Não importa por qual via, por qual estrutura, todos são um e percebidos como componentes de uma rede. Um sistema holográfico no qual a parte desvela e revela o todo. Um fragmento comporta toda a característica do todo e este ‘todo’ fragmenta a visão de todas as partes. Por essa via de movimentação é que situamos a diferença do espectro consciencial desses seres, de ESÚ a exu. O sentido desses seres, que trabalham nesse fragmento da totalidade, é espelhar, produzir e reproduzir uma cadeia na qual promova a justiça. Uma Justiça que se atrela as leis do karma, que se estende do passado ao presente, do presente ao passado. Quanto mais ciência dessa temporalidade, maiores os recursos, as potencialidades dos mensageiros. Praticamente, é nesse cenário que os EXUS trabalham.

Imaginemos como:

·        Uma pessoa que deseja e procura ajuda de quem pretensamente pode movimentar energia espiritual para obter o seu intuito;

·        Um médium e a casa que se faz de intermediários entre esse desejo e a sua realização;

·        Os seres desencarnados que motivados e incentivados pelas oferendas irão aceitar o contrato;

·        A pessoa alvo da ação;

·        Os demais seres (encarnados e desencarnados) que indiretamente receberão essas ações.

Na visão material, física cada um desses pontos é visto como uma fase isolada. Na perspectiva espiritual e isso é que caracteriza e diferencia um Exu de um exu tudo isso é visto como uma rede, relações intricadas e interligadas, com poucas possibilidades de separação. Ou seja, mostramos uma parte bem visível desses elos sem entrar nos méritos pessoais de cada um, mas o trabalho dos Exus é acompanhar todo o processo e interferir apenas se forem conclamados. Os Exus respeitam as leis da vida, isto é, do carma e da justiça divina. É muito raro, raríssimo encontrar um Exu que fez parte de algo que contraria essas regras, pelo contrário, eles são os que a fazem cumprir.

Peguemos um caso concreto no qual a mulher solteira se apaixona pelo homem casado. Entendam que isso é normal, são pessoas bonitas, saudáveis, interessantes e afins, porém um fez um voto de fidelidade e deseja cumprir. Lidássemos melhor com nossos desejos, o marido diria para esposa:

- Conheci uma moça que está tirando o meu sono.



Sim, ela ia tirar o sono, mas esse homem conseguiria dormir, acordar, aproximar e levar uma vida sossegada. Porém, esse homem tem um sistema de crença muito rígido, bem consolidado do que representa o matrimônio. Nessa visão esse desejo é pecado. Para ele a moça é tentação do diabo, luxuria colocada na vida dele. Ele vai lutar, ele vai fugir e é dessa energia, é dessa falta de luz e consciência que as forças desarticuladoras vão fazer uso. Elas se alimentam do medo, da omissão, da falta de clareza. Elas se alimentam do medo. A moça vai até uma casa de sortilégios e encomenda a separação do casal para ela ter o que deseja, sonha.

Nosso trabalho enquanto Exu é tentar proporcionar ao casal a expressividade dos desejos, a busca por luz e esclarecimento seja psíquica, espiritual, religiosa. Esclarecimentos que não criem medo/culpa e sim apresente clareza. Não há escuridão que resista a luz. Porém o habitual é a condenação do desejo é o aumento da culpa e da vergonha e essas energias não beneficiam a saúde psíquica do indivíduo, nem do familiar, nem do social. Essas energias geram o umbral, alimentam o inferno. O inferno não é o desejo e sim a ocultação dele, a vergonha dele. Não é ilícito sentir, desejar, imaginar. A ilicitude está em negar isso, negar tanto e até o ponto que outro fara por você. Construir situações nas quais por não se dar conta e nem consciência do desejo um terceiro o realiza e nessa realização você ainda condena, julga, joga pedra, não reconhece que ele fez a expressão da sua vontade, do seu querer[2]. Quando falamos de energia do astral, quando falamos de umbral, estamos falando da soma de todos esses recalques, de todas essas inconsciências. Estamos falando de tudo o que negamos ser e julgamos, condenamos, criticamos. Há aspectos nossos que vivem nesses lugares e que nós os alimentamos. Essa é a complexidade que gostaríamos de falar e não é fantasioso dizer que muitas vezes o obsessor que nos atormenta é uma parte nossa que jogamos na escuridão por medo, culpa, vergonha.

Dar clareza aos nossos desejos movimentá-los e especialmente materializá-los esse é o trabalho dos Exus. Eles são aqueles que intermediam de forma mais clara os planos materiais e espirituais, a “alta energia” e a “baixa energia”, o em cima e o embaixo. Enfim, são seres que dominam os dois lados da energia e optaram conscientemente por fazer esse movimento do lodo para as nuvens. Esses outros que pousam/baixam nos diversos centros e se autodenominam exus, são na verdade, irmãos ignorantes, muitas vezes manipulados, muito longe da sabedoria desses amigos injustamente ultrajados. Essa é uma longa conversa que já podemos contar com obras bem escritas, percebidas e elaboradas que mapeiam e descrevem essa distinção. Podemos citar Tambores de Angola de Robson Pinheiro e algumas outras que distinguem o que é exu de ESÙ, EXU e exus, malandros, aproveitadores que desencarnados permanecem dando golpes e se alimentando dos vícios de outros. Quando as pessoas chegam ao centro tramando por vingança, eles acabam por alimentar àqueles seres que por sua vez dão força para que sejam realizados os trabalhos desditosos de amor, luz e compreensão.

 

Nesta noite fui levado e apresentado a dois casos: um no seu período inicial e outro no seu período final.

CASO UM.

Tudo começa quando Marcos conhece Joana (nomes fictícios) mulher casada, mãe de três filhos, trabalhadora. Marcos também pai de família, casado, dois filhos com a companheira atual e alguns outros com outras mulheres que nunca assumiu, nem o relacionamento e nem os filhos.

Marcos é o que podemos denominar de médium ainda que não trabalhe ostensivamente, mesmo sendo um frequentador assíduo de casas espirituais onde impera a maldade. Compreenda por maldade casas que tem como proposito e meta fomentar a vingança, o desejo, a cobiça a qualquer preço sem levar alguma coisa em consideração a não ser a satisfação própria. Esses lugares como quisemos deixar claro e vamos aclarando a todo instante servem para alimentar seres perversos, cruéis numa retroalimentação doentia e satânica. Marcos e Joana são ‘companheiros’ de trabalho e ele a desejou fisicamente desde o primeiro instante. Quando digo ele, refiro-me tanto ao próprio Marcos, quanto e especialmente aos amigos que o acompanha energeticamente. Uma simbiose complexa de auto obsessão e obsessão, um processo de ressonância em que está em jogo não apenas os entes físicos e encarnados, mas muitos dos entes espirituais e desencarnados. Talvez a frase: “meu anjo da guarda; meu santo bateu, ou não bateu com o dele” ilustre essa simbiose, que facilita ou dificulta, impossibilita inúmeros relacionamentos.

Joana tem um marido e um lar que passa por dificuldades, entre outras coisas pela falta de um tempo para a espiritualização. Parte dos conflitos do casal tem um fundo espiritual: vingança karmica. Compreendendo esse espiritual como a força que aglutina, direciona, abriga, que conforta as demais esferas da vida- econômica, física, emocional, financeira. O espiritual é o que consegue dar sentido, preencher o vazio de uma vida calcada apenas em valores materiais.  No que se refere à vingança ficava-nos claro astralmente a presença de uma mulher e de um homem que foram cônjuges respectivamente de Marcos e Joana e que ainda por ciúmes, inveja, vingança, um amor doente, não permite e não aceita a união atual deles. Para aqueles dois seres desencarnados, eles estavam sendo traídos e juntos se unem para separá-los, pois no entendimento comum que tinham sobre os fatos- Marcos e Joana eram deles. Marcos passa a ser o ‘cavalo’ de Tróia que será utilizado para arruinar o tanto o próprio lar, quanto o da Joana. Envolvido que estava pelos lugares nos quais frequenta, pelos desejos que vibra, Marcos invoca forças de baixa vibração para ter Joana para si sem saber que por trás do seu desejo, ele está sendo igualmente manipulado. Ele está dando forças e abrigo para que seres de outra e mesma monta o arruíne por vingança, cobiça, inveja.

Talvez o leitor mais cético duvide, que algo possa ser tão fácil de ser realizado. Perguntam-se: afinal, cadê a proteção divina? Perguntas válidas, mas que não alteram os dispositivos, as engrenagens atrativas da força do desejo, do querer, seja ele qual for. Não dissuadem seres que tem a coragem de lidarem com o próprio desejo, mas que não se responsabilizam com o que isso pode causar. A sua maneira, Marcos desperta esse desejo e ele tem atrelado em seu campo áurico seres que por diversas aparelhagens e mecanismos conseguem atrair e movimentar esse querer os materializando. Esses seres dão forças aos médiuns e a algumas entidades para terem os seus fins realizados nesse conluio escuso de forças.

Marcos consegue o seu intento: dorme com Joana. Dessa relação há uma gravidez. Como já era esperado, Marcos não assumi, o marido de Joana desconfia e descobre. Joana aborta. Marcos a despedi por um motivo banal, o marido se separa dela.

Joana se sente injustiçada, quer vingança e encontra quem a faça. Paga por ela, alimentando o médium, a casa, os seres e o ciclo não para, a dor não cessa, a luz não entra, o sofrimento impera e permanece. Joana quer vingança contra Marcos. Marcos fica impotente, em seguida neurastênico, mais tarde depressivo, desenvolve câncer na próstata, desencarna. Antes de seu corpo virar pó, ele já está aprisionado no vale das sombras por criaturas que irão continuar sugando o resto de energia vital que ele ainda possui. Quando não conseguirem retirar mais nada, eles os enviarão para ser Zumbi, isto é, trabalhar como exu, se alimentando de sexo, cachaça, raiva e rancor nos becos, nas encruzilhadas, nas esquinas, literalmente incorporando em cachorro para se alimentar. Quase nunca ocorre a esses seres refletirem sobre o que fazem, fizeram e continuam fazendo. Permanece com eles o desejo inconfesso de algum dia, serem os maiorais, continuam alimentando a roda de dor e sofrimento continuam dando vazão aos seus desejos acreditando que eles não podem ser realizados ‘pela luz’. Continuam escondendo-se nas trevas, na escuridão e impedindo de crescerem e serem melhores. Continuam o ciclo de inconsciência e escuridão. Algo que se dissipa, calmamente, assumindo o próprio desejo. No caso de Marcos e tantos outros, aprendendo a lidar com o magnetismo pessoal e o liberando. As formas para isso são imensas, inúmeras, vai do passe a dança, do ganhar dinheiro ao uso ostensivo da mediunidade.

 

Esse é só mais um exemplo de inúmeros outros que ocorrem, como o do empresário passado para trás, o do político ganancioso e outros tantos e inúmeros outros casos assustadores e terríveis.

O trabalho de Tranca-Rua é o de conscientização dos médiuns e dos seres do vale sobre o alto preço dessas atividades e suas afetividades. Uma tentativa de unir e clarear as duas pontas da corrente. Na verdade, as pessoas do vale são em sua grade parte médiuns de outrora que se disponibilizaram para ser veículo de escândalo entre os dois planos. Esse conluio energético prende, aprisiona, interconecta esses seres por muitas vidas. Trabalhar mediunicamente com bases no amor, no esclarecimento, mais do que cuidar dos outros é lançar luz em nossas próprias cadeias e elos conscienciais. Para cada um que falamos, com cada um que conseguimos explicar os pontos de estrangulamento do jogo kármico é a nós mesmos que estamos clareando e esclarecendo. Tranca-Rua ajuda a desfazer essas correntes karmica perniciosas, daí a alcunha do seu nome- Tranca rua. Não só no sentido comum de fechar e abrir caminhos no campo material, profissional, sexual e alguns outros; como também no de liberar e fechar energias que aprisionam e libertam os seres. Estamos falando, basicamente, da ENERGIA SEXUAL. A Kundalini, a serpente, a corrente que ele detém o poder de manipular e explorar o funcionamento travando e liberando o fluxo, ajudando os seres a se desprenderem desses laços (correntes). Esse é um caso que eles nos apresentam e parte do seu trabalho na espiritualidade.

Se ao invés de Joana ter buscado uma casa de vingança e encontrado uma de luz, estaria acionando um grau de consciência a todos os que a cercam. Teria sido realizado uma “puxada”, ou desobsessão na qual todos os irmãos desditosos, paulatinamente, seriam chamados a se conscientizarem dos seus atos, ações e pensamentos. E essa luz seria novamente devolvida ao nosso irmão médium que poderia esclarecer Marcos. Por essas vias o trabalho de conscientização romperia o elo vingativo da corrente, introduzindo um novo padrão de luz e vibração a todos os envolvidos direta e indiretamente. Podemos pensar a corrente como sendo uma condutora elétrica, o choque de consciência em um dos elos é reproduzido e amplificado para todos os demais, numa força e grau bem mais rápido e forte do que provocado pela força ‘exógena’ das entidades.

O trabalho dele(s) não para aí, além de examinar cada caso, eles veem até que ponto pode interferir no processo de conscientização, esclarecimento e como farão isso. Qual o grau de merecimento para resolverem o problema e qual o nível de consciência para que ele seja solucionado, indo desde locais de apoio e estruturação para os envolvidos até as pessoas que cruzam o caminho. A conversa afiada, assim como a obstrução das entidades que querem obstinadamente o mal é parte do trabalho desses amigos.

 

Tenho que acordar, levanto, mas após o almoço sinto sono e volto a dormir. Estou de volta com os meus amigos ao local do nosso encontro. Lá saímos por incursões no astral. É Tranca-Rua conduzindo seres (amigos) ao umbral. Discorrendo sobre cada lugar com muita propriedade e falando da energia dos moradores das cidades. São cicerones, algo similar a guias turísticos do Umbral. Creio que ninguém vagueie por lá sem contar com o auxílio desses amigos.

Outro aspecto do trabalho deles é militar: montar guardar e desmantelar ‘quadrilhas’ umbralinas. Retirar casas espirituais, médiuns, entidades de circulação por estarem tumultuando e dificultando a circulação de luz aos seus laços. Essa já é uma arquitetura mais sofisticada que conta com diversos tipos de elaboração e entidades para ter funcionamento. Concomitante a tudo isso, eles dão apoio e estrutura as casas espirituais na qual trabalham e frequentam e aos médiuns que assistem de forma direta. São capazes de impedir vampirização energética, pensamentos negativos destinados aos médiuns. Assim como cuidar de pessoas da assistência que recebem vibrações para não irem à reunião, passando por fatos mais intricados relacionados à materialização- como o desviar balas das pessoas, evitar acidentes, retirar pessoas intactas de dentro de um carro com a lataria completamente retorcida.

Finalmente, a eles cabem a regulagem de quem entrara na sessão espiritual. Ficam na porta (umbral), ou nas adjacências (encruzilhadas) montando guarda, enviando seres e impedindo outros de adentrarem a reunião. Durante as mesmas, nas desobsessão ou até mesmo nas de esclarecimento e conscientização levam essas criaturas recolhidas ao longo do dia ou da semana para ouvirem, falarem se esclarecerem. No término conduzem cada participante até a sua residência para que nada fora dos desígnios do alto ocorra.

Olhar para os EXUS e os virem como seres que promovem toda desordem no astral é pré-conceito de quem deveria buscar a luz tanto para si quanto para melhor iluminar. São seres que em grande parte dos casos não precisam mais fazer uso do corpo físico, podem trabalhar, evoluindo, fora da matéria, mas em contato com ela. São mediadores celestiais. Precisam de uma roupagem pesada não por serem duros e lhes faltarem evolução como muitos videntes acabam interpretando. Usam essas formas em geral por residirem e trabalharem nos locais nos quais se encontram. Locais nos quais o dantesco, o burlesco tem mais valor do que o belo e o harmônico. Nesse papel barroco que eles têm: equilibrar os contrários. São seres amantíssimos que nos indica que o mal exterior, a obsessão nada mais é do que os sonhos interiores que todos desesperadamente querem ocultar.

Os EXUS nos ensinam que para chegarmos à luz precisamos iluminar e esclarecer nossas sombras interiores, os nossos porões internos. É isso que eles fazem, movimentam a nossa energia fantasma: a sexualidade. Mostram-nos que não podemos correr, esconder, ou largar a nossa sombra, sob pena de perdermos nossa luz. Precisamos utilizar nossa sombra com carinho e sabedoria para ajudar a esclarecer e acolher os elos que trazemos e carregamos. Eles são mestres do equilíbrio, são bailarinos do astral o que desvela o trabalho deles mais importante- o de senhores da lei e do karma. Mas, antes de desvelarmos isso, eles nos ensinam a arte de caminhar na corda bamba da existência sem medo e ou preconceitos morais, espirituais, sexuais. São seres abertos que se fazem e se pintam horripilantes para que consigamos suportar a beleza da sua luz, a majestade do seu gesto, de se fazer pequeno e habitar com os perdidos sem serem percebidos a sua grande elevação espiritual. Sem percebermos o trabalho deles de aplicadores da Justiça divina nas mais diversas formas que cada consciência compreende para o seu processo de crescimento e amadurecimento.

É esse equilíbrio que lhes dota do merecimento de serem agentes da lei do Karma. Longe dos palácios suntuosos da Justiça divina na qual os seres que por lá se encontram fazem com que a lei se cumpra mediante a capacidade amorosa e consciencial de cada um, os Exus são os juízes fardados que aplicam as medidas e as sanções. A imagem que me foi mostrada é a de que cada consciência tem o seu tribunal. Um tribunal que desconhecemos a amorosidade. Esse desconhecimento nos faz acreditar que tudo funciona pela dor, pelo sofrimento, pela culpa e pelo castigo. A maioria de nós não consegue aprender pela docilidade, pelo entendimento, pela fala amorosa, a maioria de nós só concebe aprendizagem quando ela está associada ao sofrimento, a dor, ao castigo. Os Exus são esses seres que regulam essas medidas nos planos mais densificados. São eles que ‘abandonando’ a sua amorosidade fazem uso de uma regulação mais instintiva, visceral, aplicando as leis de causa e consequência sem perdão, quase que nos moldes da lei de Talião.


Postulem, que o legislador celestial, imaginou que cada ser na sua experiência terrena, ao ser chamado para o Criador iria retornar de braços abertos e saltitantes. Porém, houve um desvio e nesse encontro diante desse ser amoroso, a gente começou a fugir desse contato por culpa e vergonha por não ter amado como somos amados. Diante dessa vergonha inventamos uma Suprema Corte para nós julgar. Todavia, não havia juízes, porque não há julgamento, mesmo assim a gente insiste e insistia que devemos ser julgados. Eles passaram a nos julgar dizendo: “vá em paz! Renasça outra vez! Faça melhor dessa feita!” A gente não entendia, voltava, renascia, cometia as mesmas coisas e não amávamos. Criamos o Tribunal para que fossemos corrigido o mais breve possível e com mais peso. Adiantou pouco e assim como tem um código civil que normatiza ações da sociedade e dos homens em sociedade, há um código penitenciário que se aplica aos que se encontram encarcerado. Os Exus são esses caras que dão para nossa consciência o grau de punição que a gente se aplica, com o intuito da gente despertar à consciência de que não tem ninguém nos punindo a não ser nós mesmos.

Crimes e castigos que nos impomos por não conseguirmos lidar com o amor divino que não nos pede, não nos cobra, não nos julga, apenas nos ama. Quando aprendemos a lidar com isso, a suportar esse amor que não nos pede nada em troca, não quer nada de nós, não espera nada da gente, nem mesmo que o amemos.... Tornamo-nos seres melhores, mais gratos. Os Exus ensinam isso da forma que nós compreendemos: cobrando e bem caro por nossas conquistas, por nossas faltas.



[1] Preciso e importante destacar a diferença entre ESÚ, que reportaremos como sendo uma força orixá, EXU que são esses guardiões e Exus que são seres desencarnados que praticam qualquer tipo de trabalho em troca de cachaça, dinheiro. Embora a força dos orixás, nos seus apelos míticos transpasse cada um dos outros dois polos, não estamos falando do mesmo nível consciencial e de trabalho. São e estão em espectros conscienciais diferentes.

[2] As imagens destas e outras cenas são inúmeras. São portas que vão se abrindo a cada linha, entre cada uma. É esse lugar que chamamos de livro, as imagens, os sons, a musicalidade que cada autor nos fornece e nos proporciona. Agora enquanto relia, desdobrava a cena em que Jesus se ajoelha diante da adultera e pede a multidão para atirar a pedra, aqueles que não tem nenhum pecado. Enquanto leio Tranca-Rua essa imagem e toda a história daquela mulher vem a mente. Uma história linda que é melhor compreendida como parábolas, alegorias. Diante da vida mesma precisamos de metáforas para darmos conta de suportar a existência.