sábado, 3 de abril de 2021

Plantação de Kristal: do onírico a tecnologia.

2020 LG NanoCell TV | Nano Creates Pure Colors - YouTube


Eu gosto quando algumas imagens ajudam a ilustrar movimentos que muitos veem. São visões e percepções que por vezes transcendem um dado, um posto, adentram o imagético. É cada vez mais belo, quando elas vão se precipitando, descendo de esferas mais melífluas e se condensando, se materializando. No caso das estruturas cristalinas é um processo, relativamente, inverso, já que brotaria das dimensões terrenas, basilares, telúricas nos permitindo visualizar, acessar, vislumbrar, mundos, lugares, ritmos, temporalidades, que literalmente, pisamos, passeamos.

 

Nos trabalhos com as malhas cristalinas essa percepção de plantação de cristal, nascimento de Kristal é comumente descrito por várias pessoas. As descrições são insólitas, porque acabam remetendo a lugares, a temporalidades e a corporeidades. Muitos dos meus acessos a esses mundos foram musicais. Havia uma musicalidade que era emitida, que era entoada, que eu pensava em quais instrumentos poderiam ser capazes de reproduzir tal som. Até que anos, décadas mais tarde, ouvi a reprodução com Dinorah que transliterava o som dos cetáceos. 


O desdobramento desse canto se fez o Canto Lemuriano que sei pouco, mas se aproxima demais do som que eu ouvia quando Gustavo aplicava EMF lá nos idos dos anos de 2002/3.


Anterior ao som, eu visualizava linhas, que uniam e interligavam pontos nas pessoas, nos seres. Um fio de luz saindo do cardíaco de um e entrando no plexo do outro, que por sua vez adentrava no básico de uma outra pessoa e pegava a pineal de uma sétima pessoa. Porém esses fluxos eram remetidos em todas as direções umas em contato com as outras. Um entrelaçamento que ia se movimentando e tinha uma regência, cadência que podia ser dada pela emoção, pela inteligência, variava e varia. Esses pontos eram observados nos lugares mais variáveis, criando padrões geométricos sofisticados, que literalmente, abriam para outras dimensões e realidades, cenários insólitos. 

Aquelas pessoas que nunca se viram, por vezes já estiveram ali em outro plano e agora só condensavam um acontecimento que tinha ocorrido a meses, anos. Outras vezes, uma daquelas pessoas entoava padrões muito pertinentes, muito próximos que poderiam ser considerados como de encontros karmicos. De toda sorte, aquelas pessoas no restaurante, dentro do ônibus, no campo de futebol, compunham uma engrenagem, altamente sofisticada, que alimentava muitas realidades. Se era praticamente impossível ter uma visão clara e específica desse detalhamento em cenários públicos, o que deduzíamos é que ninguém estava ali por acaso. E que os acontecimentos que se desdobravam dali também não eram casuísticos.

Em outros termos é possível plantar energia. É importante quando nos reunirmos ‘saber’ o que estamos imantando, plantando, gerando?

Já em espaços controlados, como nossos encontros semanais, era visível e notório perceber, como cada participante na mesa ou não, abria um ponto, uma rede e o conjunto desses pontos nodais, hoje utilizo Bravais, davam acessos a seres das mais diversas dimensões e também a diversas dimensões. E como que essa percepção era percebida, sentida, captada, capturada e expressa pelos participantes em suas falas e em especial as médiuns da reunião.

A sala do 9º andar da rua da Bahia era transformada em uma savana, ou em um palácio, ou em uma pradaria, ou em uma pirâmide, ou.... E, onde isso localizava? Onde isso de fato existe? Seria possível retornar no tempo e encontrarmos parte de nós movimentando a mesma malha? Algumas vezes sim. Algumas vezes, elas traziam uma dimensionalidade tempo-espacial localizada, precisa, histórica. Como a vez que um amigo acabou caindo, novamente, numa masmorra medieval, sendo silenciado pela inquisição, mediante torturas psicológicas. Outras vezes, ela nos remetia a uma dimensionalidade que era igualmente real, mas imponderadamente não material. Era uma realidade que existia similar a um sonho, um campo onírico, um mundo dimensional cujas portas parecem de Avalon. O que dizer desses mundos? Como falar desses lugares? Contos de fada? Fantasias? Delírios? Loucuras? Arte? Como podemos falar desses mundos? As ficções são a melhor forma e tem sido uma válvula de escape.

 


Tudo isso para dizer que o que reputei interessante é que é uma propaganda de Tv de nano e temos falado de como essa movimentação cristalina abre para novos e outros acessos. Como que o acesso a grades e redes cristalinas possibilitam deslocamentos, teletransportes de seres, figuras, atributos, estados. E ficamos tranquilos para falar disso, porque quando dizíamos sobre isso, não tínhamos muitos elementos, hoje temos mais e é possível que num futuro próximo, quando vier a falar disso outra vez, já estejamos teletransportando por dentro de nossas telas, diversos produtos. Tal qual, em determinada proporção, vemos saindo e entrando dentro deles seres e realidades que não nos são diretamente dadas, por exemplo, você acessa o meu texto num tempo que é seu. Você chega a esse endereço eletrônico por um processo vibracional que lhe direciona. Esse mundo que era tido como mágico e sobrenatural está sendo amplamente utilizado nos dias de hoje e ira aprimorar ainda mais.

 

O próximo passo das convergências dessas mídias multidimensionais tende a ser a gente atravessar a tela e acessar a realidade do outro lado dela. Similar ao filme de Akira Kurosawa que nos colocou dentro dos Girassóis de Van Gogh e hoje é uma tecnologia de realidade ampliada com as mais diversas utilidades. Chama atenção nessa realidade ampliada o fato de que milhares de pessoas sempre viram uma figura de dentro delas. Sempre ouviram música meio que de dentro das notas, sempre lemos os livros dentro das pautas. A descoberta de que as pessoas precisavam de um filme para entrar dentro da obra e passear por ela sempre me fez detestar esse filme. Custei a perceber que aquilo não era a forma habitual com que as pessoas viam, enxergavam uma obra. De uma perspectiva muito interessante, elas estava fora do que viam.

Esse deslocamento é uma das coisas mais complexas a se ‘ensinar’ para médiuns, sensitivos, especialmente, os empatas e curadores. Fazê-los recuar e deslocar até perceberem a realidade, a vida a partir da própria pele e não da pele do outro. Fazê-los compreender que quando olhamos um corpo não estamos vendo os órgãos internos, ou pontos luminosos. Esse é sem dúvida um desafio que precisamos fazer para perder a estranheza que causam e sofrem ao abrirem a boca, mostrarem um pouco de como são e como veem o mundo.

Nesses horizontes silenciosos que temos abertos e que vem sendo modelados e modulados pela tecnologia. Espaços que quase nunca foram percebidos e/ou captados por boa parte das pessoas, a gente vai compreendendo que ele é um espaço, um local, repleto de seres. Muitos desses seres somos nós mesmos, vendo cenas que já ocorreram ou vão transcorrer. Outros são seres que são confundidos como entidades. Outros são lembranças, memórias que a gente está conseguindo acessar de vias diferentes. 

É bonito observar, aprender.


quarta-feira, 3 de março de 2021

O GOSTO DO DESEJO.

 

Uma moça sedenta, dessas que sussurram enquanto fala, me contava sobre o gosto do desejo. Algo mais ou menos assim:

PRIMEIRO a salivação que antecede a mordida.

DEPOIS a explosão esfuziante e alegre da dentada,

Quase CONCOMITANTEMENTE a dentada advém o possível arrependimento de que o gosto imaginado tenda a ser melhor que o gosto degustado. A tensão de que o prazer do desejo ser maior do que o do ato. E essa reflexão acompanhar a próxima salivação- morder ou não morder? Poderia só lamber, mas de todos esses gostos, na concepção dela, nenhum se compara com a amargura de não ter provado o desejo, nem que seja para acariciar o arrependimento de ter ousado tanto.

A fala da moça é bela. A fala dela me remeteu a muitos mundos, a vários lugares e passeios. Fui até Eva e a imaginei diante da maça. Aos meus olhos todo desejo evoca uma maça. Toda tentação se veste de vermelho, usa salto alto, tem batom e um fogo inadiável. Um fogo a ser consumido para ontem. E nessas imagens saltam a mente como a tentação nos remete as mulheres, que nos remetem a sedução, que nos remetem a tentação, que nos liga ao pecado, que nos gera a culpa, o ressentimento e a castração de todo feminino. Acredito que esse caminho não seja uma exclusividade minha, tampouco uma marcação apenas dos homens.

Nada é tão feminino quanto o desejo. E nada é tão combatido, tão proibido quanto a mulher que QUER. A mulher disposta a provar do fruto proibido do querer, do não poder querer. Esse também é um obstáculo sempre presente, por vezes e muitas vezes as mulheres podem querer, há uma licença para isso. Um passaporte e um salvo conduto. O intrigante, o chocante é quando as mulheres desafiam o que elas não podem querer, por exemplo: a igualdade. Não só a igualdade de gênero, mas a igualdade subjetiva do desejo. Não somente o desejo do papel social, profissional. O desejo do desejar subjetivo. Daqueles campos, lugares, espaços que sempre estiveram destinados aos homens, aos heteros, aos brancos, aos que professam a religião oficial do Estado.

As mulheres que adentram esse espaço subjetivo, que os subvertem, nós as admiramos e as amaldiçoamos. Paga-se por elas, fortunas, mas as expulsamos de casa. Nunca encontramos o equilíbrio entre essa mulher que é desejo, que é querer, que queremos, mas não queremos. As desejamos, mas não como filhas, esposas, mães.

Todo machismo, todo patriarcalismo é essa busca de domínio do desejo da mulher, da fêmea. É a tentativa trôpega, sofrível de converter o desejo da mulher para um único foco, lugar- seu marido, seus filhos, sua casa, seu lar.

E aquelas que desejam desejar nós as queimamos. As que desejam para além dos limites do seu corpo, nós apedrejamos. E a questão toda é: os desejos cabem no mundo? Até quando vamos tratar os desejos como sujos? Impuros? Pecaminosos?

 


Recordo de uma falando-me da sensação de ser tocada por um primo mais velho. De outra que falava da sensação de poder ao seduzir um homem mais jovem. De outra falando do seu estado de gravidez e da plenitude da sua barriga. Da outra contando do transbordamento de ser devorada por dois homens ao mesmo tempo. Da outra falando da liberdade em trair o marido e a culpa de voltar para casa, porque ele é um homem bom. Em todas a boca enchia de água, mas o coração se afogava em culpa. Uma culpa que não existe no desejo masculino. A não ser quando adentra a esfera do ser tocado por outro homem. Esse talvez seja o único desejo com misto de vergonha que homens heteros sintam. Matar mulheres não causa. Debochar e espancar homo e trans também não causa. Somente ser descoberto que transou com uma trans, que transou com outro homem. Roubar, matar, corromper, ser corrompido, nenhuma vergonha, quiçá culpa.

Por outro enfoque, mas a mesma moeda. Vejo as pessoas trabalhando o feminino. Inúmeros e belos trabalhos sobre o liberar o feminino (que necessitamos demais), porém que feminino é esse que estamos libertando? Ouvindo os relatos tanto dos trabalhos ‘místicos’ quanto dos trabalhos políticos e relacionados a militância, a minha questão é: como estão acolhendo o gosto que chega a boca e provoca salivação? Como estão lidando com os olhares que devoram?


E aqui é o paradoxo, a maioria está lidando de forma altamente masculina. No caso, significa, mercantilizada, fetichizada no que tange a transformar o outro em mero objeto desse desejo. Em acreditar que o poder econômico dá conta de saciá-lo, de satisfazê-lo. Uma lógica altamente masculinizada de pagar por. De acreditar que por se estar pagando tem o controle, o domínio, o desejo do outro. E se tem algo nessa história toda incorruptível é o desejo.

 

O que eu espero, sonho e desejo é que sejamos capazes de fazer o movimento que Eva fez- chamar Adão para provarem juntos da maça. Mas, não aceitar após a dentada, nenhuma reprimenda pela mordida. E Adão diante dos amigos, dos parças, do Pai, afirme: comemos juntos e nos deliciamos. Querem experimentar também?


Talvez, essa seja a parceria que todos tem buscado e se frustrado ao não encontrar. Observando relacionamentos, por incrível que possa parecer, os casais mais afinados são aqueles nos quais os desejos de ambos são acolhidos. Os desejos de ambos são colocados a mesa e nenhum fica privado de desejar. Há uma aceitação nesse gosto que pode ou não ser feito em conjunto. A clareza dessa fala é libertadora para a relação.

 

Cada casal precisa criar seu próprio jardim. É só assim que qualquer lugar da Terra será paraíso. Ao que tudo indica, inferno é o lugar no qual escondemos nossos desejos e eles nos devoram de dentro pra fora. Vai devorando tudo até queimar, matar, agredir negros, mulheres, gays, trans. Tudo o que é diferente de nós, tudo o que encontra um prazer que nos privamos de sentir.

Qual é o gosto do seu desejo?






domingo, 3 de janeiro de 2021

QUANTUN DE AMOR

 


Quanto de amor suportamos? Quantos amores damos conta de viver numa vida? Que tipo de amores vivemos?

O amor é um SER. Para muitos seres o amor é o SER, por exemplo: na Cosmogonia grega, do Caos saem Eros (amor) e Anteros (antipatia). Duas forças, dois princípios (atração e repulsão) que irão movimentar todo o Cosmos. Isso é muito significativo e representativo para o que iremos abordar. Como que essas forças nascem juntas, estão correlacionadas. Como elas habitam em cada um de nós e situações, momentos, pessoas, vivências aumentam o quantum de uma, diminui o da outra.

 

Para muitos povos, raças, isso que visualizamos como sentimentos, pensamentos, vibrações, são seres. Estão em nós, mas seriam atributos que podemos chamar para viver conosco, morar em nós. Para eles, sentimentos como o que denominamos amor e outros existe independente dos nossos atributos. O amor existe a revelia de nós, o ciúme, a posse, o egoísmo também. Eles são compreendidos como SERES em determinados estados frequenciais que alcançamos ou não, que chamamos e permitimos nos habitar ou não.

Há pessoas que mesmo odiando são amorosas. Há pessoas que mesmo amando são raivosas. Estranho em tudo isso é que nós vemos o amor como cupido. Um ser alado, infantil, que nos flecha. Como se jamais nos fosse dado a responsabilidade de assumir o amor. Como que sendo flechados por forças maiores do que as nossas, não tivéssemos nada a fazer com esse sentimento. Nem o observar, nem o melhorar, nem aprendermos, nem ensinarmos. O amor e o amar ficam congelado a uma idade infantil. Poucos de nós o amadurece, o aperfeiçoa, permite que ele cresça em nós e nos retire das perspectivas de abandono, rejeição, carência que povoam as infâncias e as primeiras relações.

Nossa literatura, nossas vidas são cheias de exemplos, de como a imagem de amor, nosso conceito de amor, nossa imaturidade, expulsam o amor; sobretudo porque acreditamos que o amor nasce pronto e nada mais se tem para ser feito. Quando na verdade, os amigos tentam nos mostrar que o amor é um ser, que habita em nós como quaisquer outros seres e precisamos dar a ele cuidado, atenção. Sempre recorro a Romeu e Julieta. Tinham 14/15 anos o par trágico. Tivessem 21/22, 30/31 e estariam vivos, prontos para viverem outros amores. Mas, 14/15 anos a impossibilidade de estar com o ser amado é de fato trágica, ruinosa, cuja única alternativa é tentar encontrar o ser que ama do outro lado. 

Gente, observa a lógica disso. A força trágica desse movimento: se matar para encontrar com o ser amado no céu, no inferno, não importa. Acreditar, piamente que há esses lugares e que eles estarão lá de mãos dadas depois de mortos. Essa confiança, essa fé é linda, bela, mas quem não se matou pela impossibilidade amorosa na adolescência, início da juventude, sabe que essa febre retorna em outros momentos da vida. Gera delírios, produz ações intempestivas, falas loucas, poemas arrebatadores, dores lancinantes e depois tudo passa. Tudo acalma. O fogo continua ardendo, mas devora menos.

Bonito é ver como há pessoas que adoram se consumir no fogo da paixão. Para elas não há espetáculo mais belo do que consumirem-se em fogo dizendo o nome do amado, da amada, enquanto ardem em cinzas. 

QUANTOS AMORES HABITAM EM VOCÊ?


Aqui entramos nas tensões mais drásticas do amor. Nossa tentativa de aprisiona-lo em hábitos, convenções, ideias. Nossa tentativa de amordaçar o amor, faz com que nossa própria boca nos morda. Dá para visualizar a imagem: uma boca se mordendo? Uma boca se contorcendo toda, inteira, feérica, querendo si morder. Mais desesperador do que cão querendo morder o próprio rabo. Mais desesperador que ver Romeus e Julietas em combustão espontânea. O que fazer com um ser que arde em fogo? A boca que tenta se morder é similar. Mas, se é difícil visualizar um corpo em combustão em contato o outro. Ok! Não é tão difícil assim. Nada hipnotiza mais do que corpos em chama. Homens, mulheres, admiram seres que pegam fogo sozinhos. Acreditam que eles podem acender alguma coisa na vida delas. Sonham, desejam que serão capazes de controlar o fogo dessas mulheres e ter somente para eles. Então, sei que os devaneios são imensos, mas não vou entrar neles agora. Ficarei na boca.

E como seria essa boca ao encontrar outra? E saberiam essas bocas que elas não carecem de mordaças? Que elas podem falar, sussurrar, beijar, morder, chupar, lamber, comer, engolir, sorrir, ranger.... Conhecem os inúmeros movimentos que uma boca pode fazer? Acredito que não. Somos levados a acreditar que sobre amor e sexo nada há a aprender. Cada um é um amante perfeito, afinal vimos novelas, comédias românticas, revistas de sacanagem, filmes pornôs. Então... o que há para se aprender? E se há alguma coisa a aprender, porque ninguém ensina, fala? Por que em matéria de amor e sexo continuamos deixando que cada um descubra a roda e acredite que é um inventor(a) sensacional? Que não há ninguém mais fabuloso(a)? Por que até entre os casais é um tabu, uma proibição falar de como gostava de determinadas coisas que o outra, outro fazia? Amordaçamos nossas bocas e depois não sabemos de onde vem o bafo que nos devora.

No entanto, alguns movimentos bucais são individuais, outros podem ser feitos a dois, alguns tem feito a três e mais. 

Existe um certo? Existe um errado? Existe um feio? Parece que o amor não gosta dessas convenções. Parece que o amor quer ter a liberdade para amar e amar é um exercício, uma prática, uma ação que se aperfeiçoa, que se aprimora, que melhora a medida em que nos permitirmos movimentar nossa boca. Não estou reduzindo o amor a boca, mas de toda forma é bom quando a gente tira o amor do genital.

HÁ MUITOS NÍVEIS DE AMOR.

Certa feita uma moça me disse que a vida dela estava completa. Ela desejava viver mais ainda, ter uma vida pela frente, mas a vida dela estava completa, porque ela foi amada. Não apenas pela mãe dela, por Deus, mas por outro homem. Ela guardava essa sensação num grau de plenitude que quando ela falava disso era abençoava todo o ambiente. Ela me redimia e me fazia confraternizar com aquele homem que a amou e que a ama. O amor não passa, não acaba. Muda. Por vezes o prostituimos, mas o amor permanece. O gostar não, mas o amor parece gozar da eternidade. Se te amei um dia estou fadado a te amar para sempre, por todas as vidas. O que não significa que irei gostar do que virou, do que passou a ser.



Essa moça, que entre nós não rolou sexo, me deu acesso a universos dela que guardo até hoje. A boca dela em contato com a minha me deram seivas que enraizou, polinizou outras bocas, tenha eu as beijado, tenha eu apenas falado, escutado. Essa moça numa noite banal, me ensinou facetas do amor que não conhecia. Hoje ela está casada, com filhos e sei que o marido dela e o filho ou filhos de ambos são a materialização do amor. Sei que nós dois teríamos outro destino caso ela não tivesse que viajar no dia seguinte ao nosso encontro. E eu quero pegar viagem nessa cena. Nesse enredo. Nesse se... então... para chegar nas clausuras que temos colocado nossos amores, nossos desejos, nossa IDEIA de amar.

Se eu estivesse casado ainda, não teria conhecido pessoas que não consigo imaginar minha vida sem elas. Mas, se casado fosse, elas apareceriam em minha vida? Nosso contato seria genital também? Ficaria em outros níveis? Caso fosse genital, seria uma traição? Pode o amor ser traído? Separações não deveriam ser tão trágicas como as tornamos. O amor, as bocas em conjunto, transformam o amar, nos alteram e ao ser amado também. Alterações que nem sempre gostamos e gostar é diferente de amar. Muito diferente e por confundirmos, tentamos matar o amor, a história que vivemos, a história que somos. O que viremos a ser ainda. Nessas brigas internas nos aprisionamos. "Se eu te amo e tu me amas um amor a dois proclamas..."

Quem pode satisfazer ou suprir uma IDEIA de amor? Quem consegue realizar a fantasia de um beijo, senão a própria boca, imaginando ser a boca que se beija? Qualquer outra boca que venhamos beijar nos trará outro hálito, outra saliva. Despertara em nós outros apelos degustativos, produzirá outras fomes, algumas que a gente nem conhecia, nem sabia da existência, não sabe como viver. Algumas bocas eram melhores não ter beijado, era?

Acredito que não, desde que sejamos capazes de desmontar as ideias entre as minhas representações e a boca do outro. Minhas representações, fantasias, desejos, precisam estar no meu beijo, na minha boca. Mas, se eu quero só isso é melhor beijar-me no espelho. Outra boca implica uma jornada na qual não sei onde vai dar. Uma jornada em que não posso esquecer que sou boca, mas não deveria ficar preso ao que entendo e sei sobre o que é beijo.

No entanto, como si permitir? Como lidar com a fome estando num mundo que não é mais o seu? Como confiar que estando nesse lugar de fome, a boca que te beija não irá ser a primeira a te devorar? Eros e Anteros nascem juntos. Amor traz medos, receios. Algumas fantasias que criamos sobre amor é o puro medo de termos contato com a voracidade das nossas bocas. Perder por um segundo, a racionalidade, a espacialidade, a cartografia fantasmagórica que criamos do amor. 

Em nosso paladar estamos confortáveis, mas em alguns mundos estamos vulneráveis, frágeis, precisamos confiar, estamos entregues, voltamos a ser crianças e é aqui que aprender sobre amor e sexo é tão importante. Ambos nos direcionam para nossos espaços subjetivos, nossos mundos íntimos e a maioria de nós chega a esses espaços lançado, jogado pelo outro. Muito daquilo que achamos ser a boca do outro é nossa seiva e se o outro vai embora, ele nos deixa abandonado em um lugar que ignoramos- nós mesmos. Para muito não há nada mais apavorante. Nesse tempo de atendimento vi várias e vários que se lançam desesperadamente para abraçar corpos em combustão. Saem chamuscados, mas redimidas, vivas, fortalecidas. Todavia, não há desalento maior do que a de estar depois de um término de relacionamento, em contato com elas mesmas. Não há lugar mais inóspito.

 


E aqui quero ir para duas direções. Uma os relacionamentos abusivos. Outra, a abertura para os relacionamentos. Um suspiro do amor.

Cada vez que me aproximo de algumas pessoas que  vivenciaram relacionamentos abusivos, ele parece ser a clausura diante da fome. Aquele universo lindo que se abre para ambos vai se fechando um dentro do outro, regado por muito medo, muita desconfiança. O amor vai congelando. A liberdade vai esvaziando. De repente, estão nutrindo raiva, fragilidade, dependência. Nenhuma das bocas tem força para se alimentar de mais nada que não seja o vomito que geram e repassam a cada beijo. É uma intoxicação. O amor não gera mais seiva. Os dois não conseguem trazer o melhor de si, nem o melhor do outro. Cada um a sua forma alimenta o que há de pior em si e o que há de mais nefasto no outro. E estão condicionados a isso até que um abra as portas para o amor. Abrir as portas para o amor é aceitar que o amor não tem uma fonte única.

Por controle, por nos acharmos os seres mais perfeitos do universo, somos tentados a acreditar que o amor vem só de uma fonte. Dentro dessa nossa redução, passamos a acreditar que se a pessoa nos ama mesmo, ela vai ter em nós a sua única fonte de abastecimento. O amor só virá de um lugar, uma única pessoa, na intensidade necessária, na dosagem precisa. Aqui podemos desvelar a imagem da boca como amamentação mesmo. 

E a amamentação no seu sentido mais grosseiro, mecânico que é o de simplesmente ofertar os seios, depois chupeta, mamadeira. Retirando o encanto, a magia do aleitamento que está em nutrir o outro para que ele seja capaz de num futuro cuidar com zelo, carinho de outra pessoa, mas sobretudo, se nutrir. A maioria de nós vive aprisionada na mecanicidade do ato e no aprisionamento de que não há leite fora da exclusividade. Que outra pessoa nos dizer não, ela está nos rejeitando, nos abandonando. Enquanto humanidade parece que estamos nesse lugar em que fora da reprodução da mãe, não temos condições de amar.

Assim, nós nos rendemos a essas fantasias, que ganham o nome de amor. Quando por um segundo, algumas pessoas em relacionamento percebem que estão sendo abastecidas por outras fontes, elas piram, surtam, se culpam, traem. Em nosso imaginário mais forte, incandescente, não podemos amar, nos sentirmos amadas, sem identificação clara da fonte: marido, namorado. Nossa recusa em aceitar que adultos possuem outras formas de nutrição, por vezes de diversas fontes, acaba gerando outra redução, tão grave quanto a clausura amorosa, que é qualquer sentimento que venha a sentir por outra pessoa, esse sentimento é genital. A maioria de nós não consegue lidar com atributos de acolhimento, carinho, sem pensar em sexo. 

As mulheres nos reportam isso a toda hora, como que elas não se permitem nem serem educadas, porque para a maioria de nós homens, elas sendo educadas é que elas estão demonstrando interesse GENITAL. É muito insano como direcionamos tudo para isso. 

Uma situação que fui compreender quando vi as pessoas sentindo tesão genital por Pai Jeremias, um preto-velho. A energia era outra, ou melhor, a energia era a mesma, mas o que ele estava transmitindo era acolhimento. É o nome que tenho para agora, muitas pessoas captavam, decodificavam como genital. Poderíamos então entrar nessa e transarmos, mas a energia assinalava para outra coisa. Muitos médiuns transam e criam essa mistureba que obviamente piram as mulheres, homens, seja lá quem for entrar nisso. O mesmo vale para pastores, padres, são enredos de nutrição que podem se dar na casa do genital, mas o buraco é mais em cima.

Por uma profunda dificuldade de lidarmos com a liberdade e a maturidade, a traição é quase o desdobramento natural dessa lógica da exclusividade, da fonte única, da redução de todo amor a sexo. Enclausurados que somos das mais diversas possibilidades de expressão de afeto, duas pessoas que despertam interesse e que poderiam ser de outra ordem- emocional, mental, espiritual, acabam reduzindo ao sexo. É muito mais tranquilo a seres compromissados manterem sua relação no motel, onde dificilmente serão descobertos, do que num shopping com outra pessoa que não seja o marido, a noiva, a esposa. É mais tolerável aceitar a traição genital, do que aceitar que a esposa, o marido tem uma melhor amiga(o) do sexo oposto. A maioria de nós, simplesmente não dá conta de imaginar que o ser que amamos está encontrando nutrição em outro lugar que não seja em mim.

Nossa dificuldade de perceber o amor como boca (e esse é apenas um exemplo) leva a maioria das pessoas diante das sensações que outros lhe provocam a sentirem-se tentadas, atentadas pelos demônios. Como assim? Por que? Nossos desejos, nossas vontades, nossa saliva se torna tentação. Vira mesmo um diabo a nos tentar. É como até hoje estamos resolvendo questões psíquicas sérias: jejum e oração. Culpa e castigo. Penitência e abstinência. E, por vezes a gente só precisa falar, contar, dizer e ter alguém com uma escuta atenta para ouvir. Uma escuta que pode ser religiosa e dizer: vai e não peques mais, nem em pensamento. Ou outra terapêutica que diz: não tem nenhum problema no seu desejo. Ou que não diz nada, apenas reflete como um espelho o que está sendo trazido e o desembaça de visões muito enclausuradas.

O contraponto é que diante dessa imaturidade nós agredimos, violentamos, matamos, aprisionamos. Aqui estou falando do ciúme, passando pela posse e chegando ao feminicídio e crimes de ódio- raciais, homofobia, transfobia. Todos passam pela dificuldade de lidar com o desejo, a vontade. É essa a doença na qual nos metemos. É mais aceitável a injuria racial do que assumir a atração. É mais tolerável a agressão ao gay, ao trans do que aceitar o desejo de tocá-lo e ser tocado por elx. 

Em sala de aula fiquei chocado quando a imagem de ser tocado por outro homem causou em alguns garotos uma literalidade que não era o que estávamos propondo. Aquele medo em um tinha mesmo o desejo e em outro tinha o abuso recebido pelo padrasto. A questão é que não trabalhado, ambos estavam a um passo da agressão a outro ser humano.


Numa articulação muito restrita PENSAMOS amor como genitalidade. Não vemos que o amor é mais. Não suportamos que podemos amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo e quiçá não ter que transar sexualmente com nenhuma delas.

Há transas maravilhosas que não são genitais. Mas, damos conta de permitir esse nível de intimidade as nossas parceiras/parceiros? Permitimos que uma boca nos dique: “eu te amo, mas sexualmente/genitalmente, eu preciso de ciclano/fulana?” Damos conta de aceitarmos que para milhares de pessoa sexo não é amor, ou melhor, o fato delxs transarem com outrxs não arranha um segundo o que elas sentem por você? Que o marido quando diz: “não significou nada, eu te amo!” Não é safadeza. É mesmo verdade o que ele diz. Mas, quando a mulher diz o mesmo, conseguimos aceitar, entender, como necessidade sem rotulá-la de..? Infelizmente não. E minha questão é para onde vai toda essa energia? Que tipo de seiva, ela vai se transformando? Ela vai enraizar, frutificar, ou intoxicar a relação?

 

Por que enclausuramos tanto assim as coisas? A nós mesmos? O amor? Por que isso desconstrói tanto a nossa perspectiva de que o outro não nos ama? Quando o que elx está dizendo é: “não me realizo 100% em você. Preciso de outras partes, preciso de outras coisas e são essas outras coisas e partes que nutrem o beijo que damos”. Alimenta o amor. 

Por que enclausuramos tanto assim as coisas? A nós mesmos? O amor?

Não suporto você falando de futebol todo o tempo, mas o seu amigo sim. Vão ao campo vocês dois e outros, eu vou ao cinema com meu amigo, depois do jogo a gente se encontra no Bolão. Isso é como se fosse um tiro. Na verdade, a gente prefere dar tapa, soco, tiro, arranhar, ligar para milhares de amigas a aceitar que o parceiro vá ao futebol, a aceitar que a esposa vá ao cinema. Mesmo detestando cinema, mesmo odiando futebol. Se for tem que ser comigo. Por que?

A gente quer exigir do outro coisas que elx não pode nos dar, mas não é feio querermos, sentirmos. O sexual é onde isso mais esbarra, bloqueia, mas há outros níveis que também incomodam. É possível que ela tenha coisas que conta primeiro para uma amiga, mesmo o cara sendo um baita amigo e parceiro. É possível o cara gostar de pescar e precisa fazer isso sem a presença dela, mas todo o tempo, ele pensou em você.

Os amores são muitos. As bocas são gostosas. Se tirarmos o amor da redução genital, podemos alargar nossos afetos. Podemos deixar que faça parte de nós pessoas lindas, como a moça que se sentia plena, realizada, apta a morrer em qualquer instante da jornada, porque ela foi amada. E isso a fez amar mais e isso a ajudou a mim e creio que a outras pessoas a amarem melhor. Podemos amar melhor. Podemos amar mais. 


Quantum de amor você suporta?


domingo, 27 de dezembro de 2020

SORTEIO PARA OS SEGUIDORES

 

Olá vocês.

O blog tem 12 seguidores. Alguns de vocês estão aqui há anos e tomara que estejam seguindo ainda, porque farei um sorteio de agradecimento a presença e a força de vocês.

 

Sortearei três prêmios para vocês:

PRIMEIRO: um livro- Caravana Cigana: a viagem de um povo.

SEGUNDO: uma Leitura Energética.

TERCEIRO: como eu posso te ajudar?

É uma pergunta aberta para quem desejar algum tipo de ajuda, de auxílio dentro das nossas possibilidades.

 

O sorteio é válido para os seguidores até o dia 27/12/2020 às 22:22.

 

Os três primeiros a comentarem entre os seguidores do blog escolhe o prêmio.

Bjs!

Ps: válida até 17 de janeiro de 2021

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

7º RELATO- ORAN

Aqui contamos o último relato das 24 horas. Mestre Oran nos brindou com sua presença. 

Os vídeos se encontram no final do texto. Ele foi dividido em duas partes. Vale a pena conferir. 

Oran é o nome que dou a entidade consciencial que acompanha e organiza todo meu desenvolvimento. Calmo, profundo, silencioso, Oran praticamente não fala, ele se comunica valendo-se de mudras e pensamentos. Na concepção dele, gastamos muita energia falando. É um dispêndio de energia imenso o falar. Oran estabelece a vida como um fluxo energético e nessa perspectiva ele postula absurda a forma como desperdiçamos energia: falando coisas absolutamente dispensáveis, alimentando-se de produtos que gastam mais tempo sendo eliminados do que processados. A energia para ele seria um alimento e segundo ele nos alimentaríamos nos envenenando com raiva, emoções e sentimentos negativos, filmes, vídeos, músicas altamente deletérias, enfim desperdiçamos prana. Devido a toda suavidade que esse ser tem e promove a nossa volta eu o denomino de a brisa do deserto.

 

Oran é o que denominamos mestre ascensos, seres que não mais precisam reencarnar, alguns até que nunca reencarnaram e esse é um dos pontos nos quais vamos falar nesse relato de hoje. Oran habita o não tempo, o não lugar. Oran é. E é difícil definir esse ser, explicar esse é.

 

Oran habita o alto de uma caverna na região do Himalaia. Sua gruta tem um tapete persa circular que praticamente toma todo o espaço. Invariavelmente, ele fica sentado no fundo da gruta, lateralmente a porta de abertura, com uma pequena tigela a sua frente, uma citara ao seu lado. Dali ele observa as muitas coisas ao mesmo tempo. Num sopro de ar, ele percorre os tempos, os espaços e aqui estamos falando de coisas surreais. Por exemplo o tempo para ele é agora, porém esse agora comporta o passado, o futuro, o que pode ser e o que poderia ter sido. Há uma simultaneidade nessas observações. O espaço não se desgruda muito do tempo, é um continuum, de forma que nosso universo mental, emocional, sexual é para ele espaço interno. Mundo interno que dialoga intrinsicamente com nossas escolhas, com as nossas tomadas de decisões, com os nossos tempos.

Na gruta de Oran tudo é! As tessituras do tapete persa são vivas e contam tudo o que fizemos, fazemos e faremos. As tessituras vão se alterando na medida em que conversamos, ou melhor, lá estamos. Oran não fala, apenas aponta para cenários no tapete e aquilo decalca, desloca alguma coisa em nós, que rapidamente compreendemos. Fecha uma Gestalt.

As 24 horas de Oran é assim um não tempo. Em qualquer lugar, em qualquer momento, ele está presente. Ele está presente no nosso tempo objetivo, em nosso tempo onírico, em nosso universo privado. Ele é a presença EU SOU. Mesmo quando não temos consciência, não colocamos atenção, ele está presente. Ele é a força que nos direciona, nos orienta, especialmente quando permitimos que ela esteja conosco e em nós. Nem sempre permitimos. Nem sempre deixamos que essa presença se manifeste em nossas vidas, faça o que ela tem que fazer por nós, conosco, pelos outros, para o mundo. Grande parte dos conflitos vivenciados é o receio em permitir a manifestação dessa presença em nossas vidas. Como suportar? Como lidar? Muitos de nós quando manifestamos esses atributos solares, cristicos fomos queimados, perseguidos, abandonados, ridicularizados, explorados. A manifestação da luz cegou os homens e crucificaram o justo. Com muitos de nós não foi diferente, seja sendo a luz que buscaram tampar, seja sendo aqueles que tampam, oprimem a luz por medo.

Outras vezes que fizemos uso dessas habilidades com intenções mais materialistas, nós exploramos, abandonamos, perseguimos. Essas habilidades de amor, pureza, sensitividade, mediunidade assustam seja pelo seu lado amoroso, seja pelo medo de prejudicarmos outras pessoas, perdermos o controle dessa força e ela servir de uso a escuridão. Diante do impasse somos devorados pela nossa própria fome e ignorância. Impedimos a aproximação mais luminosa dos nossos eu superior, dos nossos mestres ascensos. Oran é um dos muitos que lançam luz para trilharmos o caminho da consciência. Novamente, ele nos fala;

Eles são a representação do nosso EU SUPERIOR. Aquela parte que reúne, concentra, aglutina o melhor de nós, o melhor que fizemos em cada vida, o melhor que obtemos em cada existência, o sumo residual de cada experiência que tivemos independente do corpo, da forma, do estado, da localidade e da dimensionalidade. Esses seres então são estados destilados de luz, pureza, claridade, assertividade, disciplina, amorosidade. Eles são a luz refletida do Criador e o reflexo do Criador para nós. Eles são aqueles que em nenhum momento se deixaram, ou se iludiram com as teias de Maya. Sempre atentos, sempre despertos, sempre souberam que são luz, caminho e verdade. E isso é difícil de imaginar, de compreender. De modo geral, a gente acaba se iludindo quanto a quem somos e aceitar que há partes nossas que nunca se perderam, nunca se desviaram, nunca se iludiram é complicado. O mais fácil e acessível seria dizer que há nesses seres um padrão vibracional tão elevado, que nada, absolutamente nada que não seja a verdade é capaz de se aproximar e se reunir a eles.

 

Por isso que é injustificável falar destes seres e tantos outros, principalmente, na fase atual da Terra, sem mencionarmos a Convergência Harmônica de 1987.

Hoje é tranquilo falarmos de grades cristalinas, magnéticas, conscienciais, mas em 1987 não tínhamos nem internet, poucos falavam de fibras óticas, cabeamentos que simulam com bastante precisão as grades da Terra. Em 1987 havia o medo de uma guerra nuclear, uma destruição atômica pairava sobre todos e cada um dos filhos da Terra e de outras localidades tiveram ali um aporte de luz. Aporte de luz que poderia ter ocasionado curto-circuito no sistema, ou aberto para matizes, desenvolvimentos nunca antes vislumbrados. E, a força da abertura venceu. Oran prossegue:

 

Escolheram o horizonte luminoso e poucos anos depois a cortina de ferro cai, a abertura se dá e o desenvolvimento humano, consciencial vai ganhando uma força escalar sem precedente. Toda energia estagnada, ou colocada em conflito, em desgaste se faz potencial evolutivo. Cada um de vocês terráqueos, humanos se abriram para a chegada de seres como Oran e milhares de mestres ascensos. A distância infinita que impossibilitava a aproximação destes seres com os encarnados foi se diluindo até que pudemos chegar, nos aproximar, nos fazer visíveis, nos tornar potencializadores e catalizadores das tecnologias, dos conhecimentos que abrigamos em nós, portamos em nós e não nos era possível transmitir devido as toxinas plasmadas, emitidas, criadas por cada um de vocês. Foi na escolha pela luz que nós nos fizemos possível, viável. E, é nessa escolha diária, permanente, que vamos consolidando, estruturando a presença de muitos seres como nós, que não tinham as mínimas condições de viver na Terra fisicamente, que tem nascido, permanecido, ampliando e consolidando as conexões, as expansões, as sustentações e fortalecimentos das malhas cristalinas e conscienciais. De tal sorte que nos parece irreversível o caminho consolidado por cada um de vocês.

Em 1987 você tinha treze anos e em 1997 vinte e três anos. Em 2007 você contava com trinta e três anos e agora em 2017 realizara 43 anos e espero que isso fique claro para vocês o período de dez anos e não de sete.

1987 foi um ano (7) assinalando um período de transformação karmica, genética, coletiva, centrada na individualidade. Era uma convergência que chamava os seres para uma revolução interna e a partir disso explorar as transformações sociais, econômicas, políticas, conscienciais.

1997 foi um ano (8). Um período de empoderamento pessoal. O acumulo dos conhecimentos, das informações pediam agora uma realização, uma manifestação. Você conhece a Fraternal, funda o grupo Espiritualista Flor do Amanhecer,

Em 2007 estamos num ano (9). Um ano de avaliação, de reestruturação. Um ano de deixar para trás todas as ilusões, todas as inutilidades. Um momento de aceitar a realidade, de saber o que funciona, o que é verdadeiro e o que não é. Um ano para compreender o sentido do sacrifício, do amor, da renuncia.

Ano que está novamente na academia e afastado das questões espirituais. Está realizando uma aglutinação científica para que seja consolidada uma estrutura uníssona entre ciência, filosofia e arte- Teknhe. A espiritualidade é a resultante dessas forças e variantes. 

Agora em 2017 estamos em um ano (1). Ano de recomeço. Ano de lançar as novas sementes no solo. Ano de confiar que 1987 é ainda agora, que o tempo é. O ser é. Vocês olham tudo isso como sendo 40 anos, nós olhamos como sendo, AGORA. Cada um desses desdobramentos foi aberto em 1987 quando disseram sim à luz. Quando a aceitaram dentro de vocês e em vocês. Quando se predispuseram a trabalhar por ela e aceitá-la e agora precisamos e podemos falar de portais.

UM PORTAL não é um fenômeno astronômico, astrológico. Um portal não é apenas uma decisão e uma escolha do desejo. Um portal é a convergência harmônica de ciclos planetários com o despertar consciencial dos seres. Esses são os componentes, os fatores que possibilitam a abertura de portais. Um portal não é uma criação. Pelo menos não como os de 1987. Ele não é uma criação da vontade humana, longe disso, ele é um horizonte de possibilidade que se abre aos humanos e aos mais diversos seres da galáxia de se afinarem e se harmonizarem com os preceitos siderais emitidos a milhares de anos. Muitos de vocês escolheram estar encarnados, onde estão, para quando esse ciclo chegasse, o visse in loco, o sentisse em pele e osso. Vocês planejaram estar vivos, encarnados, do outro lado da malha para nos receber, nos ver e nos refletir simultaneamente. E, alguns de vocês diante disso temem, correm, pedem para não estar, desejam ir embora, porque esse contato, essa força vos apavora. Afinal, o que fazer com todo o seu potencial luminoso? Como colocar essa energia em desenvolvimento se até agora, nós fizemos uso da sombra e da escuridão? Como posso utilizar meu amor, meu conhecimento?

Esse é o desafio de vocês. Vocês não podem mais não ser luz. Não lhes é mais possível esconder-se debaixo da mesa. E, acostumados a lutarem, querem combater a própria luz de vocês. Vocês atualmente têm criado lutas, brigas contra a própria luz. É assim que vemos a depressão, a síndrome de pânico e tantas outras dores da alma. Uma luta entre o que não quer mudar, o que teme mudanças contra esse novo, essa abertura, esse desconhecido que se aproxima e somos nós. É importante ensinar as pessoas a não temerem elas mesmas. É importante ensinar as pessoas a compreenderem que da mesma forma que há nelas o que denominam eu superior, mestres ascensos. Há também forças recalcitrantes, resolutas, condensadas no mal, no poder, no domínio do outro, na exploração das coisas e dos seres. Essas condensações necessitam de muito amor, de muita aceitação para dissiparem.

Perceba-os como escuridão sombria, espessa, densa, profunda, congelante. Nesses estados noturnos toda presença, até mesmo a nossa sombra, ou figura mais luminosa causa medo, temor. E o temor, o medo nos conduz ao ataque. Por favor, não combatam essas forças escuras valendo-se dos mesmos expedientes. Não se combate à luz vendando os olhos, ficando-se irado de dor e sofrimento. Combatem-se as escuridões acendem luz. Um palito de fósforo, uma fogueira, uma luz e a escuridão simplesmente desaparece. A escuridão vos chama para o combate, para a briga e acabam alimentando essas forças. Quando combatem as drogas, os roubos, a prostituição, o tráfico, vocês estão ampliando cada um deles. O trabalho da escuridão é sempre o de gerar trevas, mas o trabalho da luz é sempre o de ampliar a consciência. E a consciência se expande, se aprimora, quando é libertada do medo, do receio. E, a forma de se perder o receio é deixar claro que quando se acende a luz interna, todo aquele espaço de solidão, de tristeza, de revolta, passa a ser espaço de aceitação, entendimento, aprimoramento. A luz não escraviza, não humilha, não tripudia; ama, serve, acolhe, expande. Luz é consciência. E é essa consciência que foi aberta em 1987. Lá fizeram e tornaram tudo isso possível, o Armagedon. O mundo que seria destruído por misseis, flagelos, fome, flagelações abriu-se para universos internos, portais internos nos quais essas disputas se fazem ainda hoje e agora. Cada qual está travando sua batalha sem dar aporte e acesso a nós, a parte ascencionadas de vocês, ou de dar acolhidas as partes sofridas, entristecidas, amarguradas também de vocês. No final que é o inicio e o durante é cada um de você que decide qual universo habita, que portal você abre. São vocês encarnados que decidem quais universos dimensionais vocês habitam e ajudam a co-construir. A somatória desses espaços, dessas reflexões, dessas ações materializa aspectos e tipos de vida a ser vivido por cada um de vocês enquanto família, grupo social, município, estado, país, continente, humanidade. É a consciência de cada um multiplicada por cada outro que gera o substrato do que denominam realidade. Acreditar na própria luz, ser a própria luz que se acredita é o caminho do despertar.

 

As minhas vinte e quatro horas não tem tempo, não tem lugar, não tem espaço, pelo menos não dentro da concepção desenhada por vocês. Todo o tempo é tomado pelo processo de desabrochar e florescer. Ocupo-me em auxiliar as pessoas serem aquelas que elas são. E isso se faz em todos os lugares, em todos os corpos, em todos os níveis, em todas as dimensões, em todos os tempos, em todas as horas. Penso e sinto de forma simultânea. Por isso falo pouco. O falar é um fazer, um manifestar, um ser. A voz é atributo sagrado, verbo que edifica toda criação. OM! Som originário e original que impulsiona o universo em direção ao seu reencontro, a sua origem. Parte para retornar. Parte-se sem ter saído. É complexo explicar que a semente já é árvore, já é fruto. Há uma continuidade tempo-espacial no ser. De onde estão ela é semente, que irá crescer, desenvolver até chegar a ser árvore. De onde sou, a semente já é fruto, isto é, milhares de outras sementes, porque o universo é abundância em movimento. Então dentro da perspectiva das 24 horas, eu não acordo, porque estou sempre desperto. Não acordo, porque não durmo, sendo assim, compreendo os nossos pontos cegos e posso caminhar pelos intervalos da consciência de muitos seres, os auxiliando a despertar.

Esse é o meu trabalho, a minha jornada e a de milhares de outros mestres ascensos, especialmente, no que se refere à instrução dos nossos chelas, das nossas partes, dos nossos eus que estão em processo de nos receber, nos ouvir, nos conectar para o desenvolvimento dos nossos trabalhos e atividades. Quanto mais conectados estiverem com o eu superior de vocês mais simples, diretos tendera a ser a existência de vocês. Faremos nosso trabalho e quando finalizar nos fundiremos como reflexo e espelho que somos do Criador.

Sendo assim, nós pedimos que às 24 horas de cada um de vocês seja um tempo de aprimoramento. Não um aprimoramento que se faça longe dos seus irmãos, como se fossem melhor que qualquer outro ser do universo, não se é. Todos somos frutos e filhos da centelha divina que alimenta e nos dá vida. A mesma essência que habita um verme, um vírus, uma bactéria, uma supernova, uma nebulosa, um planeta, um humano, um vegetal, um animal, um mineral, todos os reinos conhecidos e observados por vocês e desconhecidos e inobservados. Todos exalam o sopro do Criador e sendo assim guardam e merecem respeito. Que as 24 horas de vocês seja imbuída desse respeito por si mesmos, pelo outro, pela vida. Que sejam capazes de amar, de si amar e acolher em si mesmo toda sua ternura, delicadeza, força.

Que nas suas 24 horas tenham alguns minutos para nos contactar, nos perceber e sentir a nossa presença, fazendo-se um com ela.

Que Krishna vos proteja e vos ilumine!

EU SOU!

14/9/2017