domingo, 5 de maio de 2013

Pastor Feliciano



Pastor Silas Malafaia fez uma declaração dizendo que Jean Wyllys continuando seus ataques ao Pastor Feliciano os ajudariam muito nas próximas eleições e no fortalecimento dos fieis, por incrível que pareça, é fato. A exposição obtida por Feliciano foi imensa.

Eu não vou defender que o Estado é laico, porque isso é apenas no papel. O Estado é cristão com fortes tendências católicas. Orientações religiosas como o kardecismo, Umbanda, Candomblé, Budismo e outros não gozam da mesma benevolência e complacência do Estado. E tudo isso nos serve para mostrar que o religioso não esta distanciado do político, pelo contrário, a dita laicização do Estado é recente e não de toda observada; haja vista, os ateus, que pedem para tirar crucifixos e símbolos católicos das instituições publicas e estatais. Somos cristãos até mesmo quando não sabemos. E quem aponta isso é quem não é. Porque para aqueles que pertencem ao mesmo sistema de crença, independente se católico, pentecostal, protestante é o outro, o diferente. O não eu.

Posto isso parece que o problema parece ser mais político do que religioso, embora a capilaridade do mesmo desvie para questões de fé, de hábito e de crença. A discussão é sobre representatividade política e legitimidade social, midiática, vejamos.
  
Pastor Feliciano disse em público o que grande parte dos seus pares de Congregação dizem no púlpito, no altar. As interpretações homofóbicas, racistas, sexistas desses lideres religiosos são retirados ipsis litteris do livro sagrado. Sendo que cada congregação faz uma hermenêutica mais ou menos radical.



Os evangélicos um dia foram minoria em nosso país. Foram discriminados, não que ainda não sejam, mas é que hoje mudaram de lado, de posição, de lugar. Não são mais aqueles para os quais se apontam os dedos, pelo contrário, hoje, eles apontam os dedos em especial dois: o indicador para acusar e o dedão para no melhor estilo romano de Nero, Caligula, DiocleciANO dar o veredito.

Esse novo lugar dos evangélicos no Brasil é pré-ocupação da Igreja católica há trinta anos e dizem muitos que a escolha de um papa latino-americano dialoga com uma tentativa de minimizar a expansão dessas ‘seitas’. Dentro desse cenário, não podemos perder de vista que foi a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) que conseguiu ensinar o caminho por uma representatividade efetiva, isto é, sair do campo estritamente religioso e ir para o front político. Não é outra também os motivos atuais de rupturas entre diversos pastores e congregações. Poucos têm observado a politização da religião em nosso país. Mas a maioria despertou quando estava e está se tentando realizar a ‘religiolização’ da política.  

Nada mais justo em uma sociedade democrática do que eleger aqueles que nos representa. E também nada mais bíblico, já que em toda a sua história o poder temporal sempre esteve atrelado ao poder espiritual. Profetas eram alçados a reis. O líder religioso é um líder político. O discurso católico esvaziou essa dinâmica, mas ela é tão regra, que Jesus para os judeus não é o Messias. O Mashiach é um líder político, mais do que um líder religioso. Essas coisas não se distinguem na história do povo eleito de Deus.

Mas a questão que tudo isso suscita é: o que nosotros temos a ver com isso? Quais são os limites dessa representatividade? Até que ponto minhas crenças e convicções devem ser espargidas para toda sociedade? Essas demarcações não são claras, nem límpidas, nem transparentes. Essas demarcações são quase que inexistentes. Temos como hábito segregar, excluir, silenciar essas discussões e seus interlocutores.

A comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM) tem como princípio guardar o lugar dessas discussões. Ela tem como base constitucional representar essas vozes que não são escutadas por outros meios e mecanismos. Ela tem como princípio dar cara e voz a um grupo segregado da sociedade. Pode-se e deve-se discutir quais os limites de atuação dessas vozes e rostos, no entanto, não se pode esvaziá-la por intermédio de um discurso contrário. Difícil o jogo democrático.

Estou defendendo que por mais absurdo e extemporâneo que seja um brasileiro do século XXI carregar debaixo do braço e utilizar como norma de comportamento regras de um povo do deserto de mais de cinco mil anos. Acho anacrônico alguém utilizar as bases de outra sociedade e de outro tempo para orientar as suas. Mas, isso pode ser aceito até o momento no qual se busca justificar as desigualdades e a discriminação, seja a negros, mulheres, homossexuais.

Pastor Feliciano, Silas Malafaia, a cantora do Calipso, todos os fieis, tem todo o direito de acreditarem nisso, mas não podem ainda que por instrumentos democráticos adentrar a CDHM. É o mesmo que aceitar Jean Wyllys- negro, homossexual, candomblecista como pastor da Assembléia de Deus. São violências desnecessárias e contraproducentes.

No Twitter e no face rodou muitas frases, escolho essa para findar:
"Meu nome é JESUS, judeu, andei com uma prostituta, amei meu traidor, fui morto pela intolerância religiosa e Marco Feliciano não me representa."

Precisamos de dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. 

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