Salve nosso Senhor Jesus Cristo e a santíssima Virgem Maria. Deus seja convosco e em vossos lares e corações.
Quis
nosso Senhor Jesus Cristo que eu viesse por parte de Pai Oxalá mandar uns recados
aos irmãos de caminhada.
Andem
na luz, pois ela não tem contramão.
Distribua
o bem, porque ele é o eterno pão.
Viva
com amor, eterna gratidão.
Jesus
vos abençoe.
Pai Jeremias trabalha como preto-velho. Aparece-nos
com um cachimbo de pau na boca, o cabelo grisalho em meio aos poucos fios
pretos que restam, o olhar translucido de quem vai engolir o mundo pelos olhos.
O coração sereno daquele que a todos amam e amparam. Vinte e quatro horas com
Pai Jeremias é conversa de fôlego, de presença de disposição.
Responsável por ele mesmo auxilia a todos onde
precisa de cuidados e orientação. O trabalho dele é um tanto diferente de todos
os que lemos até agora. Ele está em vários lugares e ao mesmo tempo não está. Essa
diferença eram mais sintomáticas há dez, treze anos atrás quando realizamos
essas psicografias, hoje como podemos verificar muitas delas conseguem o mesmo
nível de deslocamento tempo-espacial que nos serve de parâmetros para
assinalarmos uma evolução consciencial deles e nossa. Hoje tentaremos atualizar
o que são e como são 24 horas na vida de Pai Jeremias.
Pai Jeremias é uma entidade familiar. Até onde
temos registro, ele trabalhou com minha avô, com minha mãe e acho que trabalhou
também com meu bisavô. Ele acompanha o desenvolvimento da minha família,
especialmente, por parte de mãe há no mínimo três gerações. E isso é bastante
curioso, muito embora, eu não faça uso consciente dessas informações, desse
histórico familiar que está de ‘posse’ dele. Entre aspas, porque o termo posse
não se aplica as entidades que trabalham como preto-velhos, eles além da
própria sabedoria não detém nada. Assim, o termo posse não diz respeito a eles.
Eles são todo doação, entrega, partilha. Não tem a ver com renuncia, porque
eles trabalham numa matriz oposta a do sofrimento, da expiação. A leveza deles
pertence a um entendimento muito sábio e leve da vida de tal modo que a
renuncia trás um peso, uma dor, que eles também não portam, nem carregam. Um
ponto digno de nota é como que uma mesma entidade é entendida, recebida, vivida
diferentemente por cada médium.
Minha vó tinha uma ligação mais umbilical com pai
Jeremias. A ligação entre ambos era mais simbiótica, mais natural. Mina vó era
e estava mais afeita as falas, costumes, trejeitos, daquela
personagem/entidade. Ela o captava, o aprendia num grau mais primário de força,
vitalidade, vibração, conhecimento. Por minha vó ele benzia, tirava mal olhado,
cantava aquelas canções lindas e belas do cancioneiro popular. Canções que como
mantras iam imantando e alterando a vibração dos lugares, das pessoas. Por
intermédio da minha vó, ele conseguia ser um curador fazendo uso de raízes,
ervas, mãos e tudo o que a gente compreende como sendo típico e afeito a um
preto-velho.
Com minha mãe essa ligação se fazia pelo corpo
emocional, via chacra cardíaco. Aquela força de terra que subia pela coluna
vertebral, acendia todos os chacras, dava uma visceralidade gigantesca, minha
mãe não tinha. Porém, eles acendiam uma doçura, uma compreensão do universo do
outro que acalentava, curava, serenava. Pai Jeremias no trabalho com minha mãe
era quase uma vó Conga e por vezes o é. É uma energia muito sutil, muito
feminina, de muita doçura, leveza, AMOR. Com ela, ele não benze, não ativa
muitas canções do cancioneiro, mas alcança um nível de cura profunda. Promove
cura emocional de dores profundas.
Comigo pai Jeremias ativa o timo e o laríngeo. No
timo a gente consegue buscar um equilíbrio entre a visceralidade da minha vó
(incomparável) com a emotividade de minha mãe (inimitável). Para mim foi uma
honra e um desafio trabalhar com ele, justamente pelo histórico. Não
conseguiria por meu intermédio realizar metade das coisas que ambas realizaram
nas poucas vezes que o manifestaram fisicamente. Ele me explicou que a gente
ganharia em tempo de contato, em trabalho realizado e também no fato dele saber
que cada um é um e esperava de mim a descoberta de como desenvolveríamos o
nosso trabalho. E, de fato, quando abre a minha mediunidade, ele é a entidade
que se faz responsável até o aparecimento de Oran (mentor espiritual). Mas, foi
ele que durante muito tempo coordenou essa minha apreensão mediúnica. Pois bem,
comigo pai Jeremias é um esclarecedor. Ele esclarece, lança luz as questões,
situações, as desembaraçando com muito carinho, amor, porém sempre ressaltando
o componente mental das nossas ações, dos nossos pensamentos, das nossas
atitudes.
Assim, caracterizar o modo que cada entidade se faz
diferente em contato conosco e com outras pessoas, nos leva a perceber aquilo
que é nosso e aquilo que é dela. Nos mostra também o entendimento mais ou menos
seguro de como o trabalho se desenvolve e se faz de forma diferente, mas igual.
Realizadas essas pequenas digressões podemos voltar às 24 horas de Pai
Jeremias.
Na maioria das vezes que vamos ao encontro ou somos
levados ao encontro de pai Jeremias nós o encontramos em um regaço de campina
muito verde, lembrando um campo, com uma casa ao fundo, na verdade, um casebre
de palha e de pedra. Uma esteira, um fogão de lenha e uma cozinha bem rustica e
rupestre. Legal perceber anos depois que isso é uma representação minha. Isso é
mais a forma com a qual eu via e ‘construía’ o lugar, do que necessariamente
onde ele fica mesmo. Quero dizer, que por exemplo, a minha mãe tivesse uma
outra representação do lugar, e minha vó uma terceira. E isso é porque o lugar
que um preto-velho ocupa é um espaço interno. Ele habita, ou ele adentra a
nossa morada psíquica, emocional, mental, o que Alícia nos ensina a chamar de
símbolos.
É nesse local que Pai Jeremias nos recepciona e nos
cicerona quando o visitamos. Basicamente é esse o trabalho dele: a ele são
enviados pessoas precisando de aconselhamento, esclarecimentos. Nós somos
convidados a achar que na relação com o preto-velho tudo é um fora, um externo,
mas no caso dos médiuns que trabalham com eles, acontece um trabalho intersubjetivo.
O atendimento que ele faz com outros e para outros é na verdade para nós. Tem
como entender? Mais na frente isso ficará mais claro, pelo menos esperamos.
Quando uma pessoa chega a Pai Jeremias, ele
encontra-se sentado em um pequeno banco de madeira- toco. Ele coloca as pessoas
sentadas ou deitadas na relva e lhes conta estórias, histórias. Para cada
pergunta que lhe é feita, ele conta uma história da malha da própria pessoa,
utilizando-se os recursos do astral superior de plasmar formas-pensamentos. As
histórias são um misto de verdade interior dos seres e de modelos vivenciados
por ele através da vida. O fato é que ninguém sai sem consolo e apaziguamento.
Hoje observando esse modelo, eu diria que ele adentra nessa historicidade
cósmica da pessoa e fala com essa pessoa diretamente. Porém nós vamos criar
aqui uma singularidade. Vamos criar um acontecimento tempo-espacial no qual o
que acontece no plano físico desdobra-se no mundo astral e vice-versa. Sendo
assim, imagine que o médium do terreiro X recebeu uma pessoa para uma consulta
com um preto-velho. No plano físico o preto-velho se manifesta por intermédio
do médium e manda um recado, dá uma resposta. No plano astral, esse encontro
entre médium-buscadora-entidade é um acontecimento que se processa dentro do
campo mental do médium. Aquele aconselhamento era mais para o médium do que
para a buscadora. Aquelas palavras, aqueles conselhos, aquele carinho, aquela
resposta era a forma utilizada pelo preto-velho para resolver, auxiliar alguma
demanda interna que o médium estava passando ou iria passar, sem que por muitas
vezes, isso requeira materialidade.
Ou seja, aquilo que Júlio veio falando e que Alícia
em certo sentido reforçou de que podemos viver diversa situações em uma vida,
as temo vivenciando e muitas vezes isso não precisa ser físico. Algumas
negociações kármicas que são realizadas são possíveis ser ‘roteirizadas’ e
assimiladas sem que se faça material, física. No caso de nós médiuns isso se dá
com maior frequência, sobretudo quando estamos atentos a ouvir o que se fala
por nosso intermédio. Nossos aconselhamentos em última instância não são para o
outro e sim para nós. Não no sentido de que tenhamos realizado as mesmas
coisas, pelo contrário, no sentido de que aquela energia pode nos assegurar um
aprendizado e uma oportunidade de crescimento que nos retira da dor, do
sofrimento.
Sendo assim, as orientações mediúnicas que ele
realiza se dão dessa forma e desse jeito. Na verdade, 99% de todos os que vão a
casa no campo são médiuns necessitados de esclarecimentos e através das
conversas com pai Jeremias são inseridos modelos de ação e conduta que mais
tarde será utilizada pelos mentores espirituais. E por mediúnicas compreende-se
a relação entre dois planos e não necessariamente apenas kardecistas,
umbandistas. Ele entende como médium todos os seres e pessoas que em maior ou
menor grau vislumbra o intercambio entre o visível e o invisível. 10% desses
casos são relacionados ao que eu vou chamar de estudo de caso. Pessoas que tem
casos simbólicos, icônicos que servirão de experiência para cada um de nós que
lá vamos. Mas, de modo geral faz parte da atuação dos preto-velhos o tratamento
psíquico dos seus médiuns, daqueles que cuidamos e a supervisão dos nossos
cuidados. Um preto-velho é um terapeuta na melhor acepção do termo e do método.
É difícil pensar um consultório que não prime pela companhia, a orientação e a
supervisão desses amigos que conhecem a estrutura da alma, as dores da alma, as
relações de complexidade da alma como poucos. Grandes estudiosos que foram de
magia, por vezes manipuladores de ectoplasma de seres e pessoas, hoje eles tem
o compromisso moral com o planeta de limparem o máximo possível os seres das
vibrações mentais pesadas, tristes, sedutoras, manipulativas que eles ajudaram
a instaurar em nossa psique. Diríamos que eles fazem uma ação reversa.
As mudanças de sintonia mediúnica assim como o
aumento de sua capacitação se fazem mediante a técnica salutar que em tudo
lembra os divãs psicanalistas: a forma de se deitar, o recanto sossegado, a
elaboração metódica. Se podemos definir um preto-velho os definiríamos como terapeutas/psicólogos,
acariciadores da alma. São conhecedores profundos da psique humana, mais do que
isso, conseguem sondar o intimo dos seres sem nos percebermos sondados,
invadidos. Seres lindos com uma evolução refinadíssima, eles primam pelo
respeito ao próximo e a humildade no serviço a Cristo. Por escolha deliberada
que fizeram em ‘mudar’ de lado e virem para o lado do Cordeiro e não dos dragões.
Nessa perspectiva, não há nenhum exagero em pontuar que os pretos-velhos são os
que rivalizam com os magos negros. Muitos dos pretos-velhos foram seres que
manipularam energia, pessoas, situações e em determinado momento fizeram a escolha
de limpar essa energia, de não mais continuar com essas ações e atitudes. Fazem
isso sem condenação, sem julgamento, amparando e aproximando a todos os que
estão em dificuldade.
Observando dentro desse novo cenário de
entendimento, diretamente, nenhum dos casos me dizem respeito, porem cada um
deles se tivesse passado pelo meu consultório, por um atendimento,
aconselhamento, diriam respeito a mim também, simbolicamente, indiretamente.
OS RELATOS:
O padre estava vivendo as dificuldades do celibato,
espirito viciado nas experiências sexuais descontroladas, era assediado física
e espiritualmente por imagens de mulheres e cenas de orgias do passado remoto.
Fora auxiliado por pai Jeremias a enxergar o outro lado da busca sexual: o
amor. Não sei se o padre resistiu ou resiste à tentação, todavia ficou claro
que as lições foram de grande ajuda, pois os problemas de irritação e
descontrole manifestado diminuíram e muito. Outro aspecto salutar é o
entendimento de que o programa instalado por pai Jeremias desencadeia ações
responsáveis e amorosas, longe da culpa e do julgamento. Ainda que o padre
venha a cair na quebra do celibato, pai Jeremias deixa subtendido que ele haja
por amor, faça sexo com amor e caso não venha a cair, que amplie sua capacidade
amorosa valendo-se da conscientização dessa energia.
O pastor vivia um problema de ordem prática:
enxergava e ouvia espíritos. Tendo sido esclarecido da normalidade desses
fatos, dormiu melhor, voltou às lidas evangélicas e ficou menos irritadiço com
as correntes religiosas diferentes da sua, que combatia com ira, num caso
típico de projeção.
O médium passou a ser assediado pelos assediadores
dos outros. Recebeu esclarecimentos sobre o seu passado faltoso, não de forma
direta, mas simbólica e passou a vigiar o seu interior e não apenas pregar e
esclarecer o outro, mas primordialmente, a si próprio. Compreendeu que o
processo de desobsessão que ele praticava, mais do que para os outros era para
ele mesmo.
Nos três casos de conversa com pai Jeremias a
tomada de consciência se faz gradual, mas constante. Despertam com um
sentimento de paz interior, de que sonharam com uma fazenda, ou que estiveram
em uma plantação e cultivaram a terra. Outros que sonhava com um homem mau, mas
que enfim conseguiu ajuda-lo a se recuperar. É como ao acordar os símbolos dos
sonhos passarem a ser percebido por nossas roupagens, nossos entendimentos,
nosso grau de clareza. A gente só enxerga aquilo que conseguimos ver e
interpretar. Ninguém vê antes do conceito, ou da incrustação do símbolo em si
mesmo.
Cada uma dessas práticas realizadas por nossos
amigos espirituais na figura de preto-velho tem como compromisso o resgate de
conhecimentos perdidos e deixados para trás na Atlântida. Como vemos
registrando muitos preto-velhos eram sacerdotes desses templos e depois ao se
perderem passaram a realizar rituais de sangue, de sacrifícios humanos por
estarem conectados a seres perversos, manipuladores. O trabalho dos preto-velhos,
antigos sacerdotes atlantes é revigorar o surgimento desse conhecimento que
alia amor-respeito-humildade; sabedoria-amor-poder; ciência-filosofia-religião;
em uma unidade. Em um conhecimento de que tudo e todos são um. A integração de
tudo no todo. Esse processo inicia-se com a perda do preconceito racial,
social, econômico, cultural para o entendimento de que tudo e todos são um.
E, agora podemos então pontuar com mais clareza o
que são as 24 horas de Pai Jeremias um preto-velho. Assim ele nos conta:
Minhas
24 horas se perdem, porque não temos mais esse modelo de tempo. O tempo nosso
agora é coletivo e podemos caminhar e coabitar vários seres ao mesmo tempo, o
que denominamos de família. Quando menciona o trabalho dedicado ao longo do
tempo com seu bisavô, avó, mãe, você e seus filhos estamos falando de um
trabalho ancestral de mudança de DNA numa perspectiva consciencial, simbólica.
Enquanto nossos amigos-irmãos trabalham em naves com a mudança genética
propriamente dita, nós outros utilizamos as mais diversas formas: preto-velhos
na cultura de matriz africana, xamãs nas culturas de matriz indígenas, gurus
nas de matriz asiáticas para irmos acompanhando e implementando mudanças
simbólicas, conscienciais na estrutura psíquica de grupos terráqueos.
Todo
nosso trabalho é o de acompanhar ciclicamente como estão sendo utilizados os
mapeadores genéticos, conscienciais que estamos implementando para a ativação
de uma cultura mais harmônica, menos bélica, mais fraterna, mais humilde. Se forem
capaz então de ouvir a fala de uma criança, de um preto-velho, de um índio são
capazes ou se aproximam da essência do evangelho, da essência dos semeadores da
Vinha, que é o de conhecer as pessoas pela essência e não pela aparência, de
valorizar o conteúdo e não a superficialidade. Essas são as pegadas dos
ensinamentos espirituais em todo o orbe terrestre e vamos contatctando os seres
até que eles possam compreender que podemos fazer uso das mais diversas formas,
imagens, para que divulguemos e realizemos nosso trabalho de amor e esperança.
Nesses
moldes minhas 24 horas se confundem e se interpenetram com esses tempos
familiares, coletivos nos quais podemos ativar alguns padrões e retirar alguns
comandos viciados e viciosos da psique de vocês. Cada vez mais o conceito de
tempo vai se fazendo e adentrando no de espaço, causando uma integração
consciencial que é a busca de todos os orbes, o nascimento de seres que consigam
trazer no corpo físico suas lembranças astrais. Nosso trabalho de
desenvolvimento junto às famílias, aos terreiros é sermos o aporte dessas
energias, sermos a central de distribuição que mantem a memoria coletiva
acessa, ativa, pronta para ser acionada quando necessário, por quem se fizer de
direito. Todo o trabalho da tradição é esse, o ensinamento para que as pessoas
consultem essa memória, ativem essa memoria, façam uso dessa memoria coletiva
ampliando cada vez mais e auxiliando a dar suporte individual para que cada um
a use com mais consciência, sabendo que é possível acessar essas informações,
esse conhecimentos tanto individual, quanto familiar.
Sobre
essa integração do tempo-espaço num processo de individuação, individualização,
conexão, Oran irá falar melhor. Ele e Somater irão fazer o arremate dessa
perspectiva, mas ressalto que trabalhar como preto-velho junto a você e a sua
família é resgatar a memória lemuriana dos povos de cor preta. É ativar toda
uma herança de conhecimentos siderais, de poderes extrassensoriais que
assustaram os nativos dessa localidade e os viram como seres demoníacos,
deuses, por não saberem como tinham a capacidade telepática, empática de se
comunicarem com as folhas, as ervas, as plantas, os animais, os elementos e todo
o sagrado, todo o natural. Cada incorporação é a ativação dessa e outras
capacidades, é o empoderamento de um individuo e de todos os outros do nosso
compromisso com o planeta, com o sistema, com o cosmos.
Não
se pode perder isso de vista, que somos todos um. Que pertencemos a mesma raiz
fundante das estrelas e que caminhamos para voltar para elas.
Que
Oxalá vos proteja e vos guie.
8/9/2017
Como amor e luz
Kélsen A e Pai Jeremias. 22/05/03
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