Espaço utilizado como amparo e reflexão da Holos Consultoria Fiholosofica/Spaço Iluminar. Este espaço se torna o lugar no qual discorremos sobre as implicações, as atividades e os serviços prestados por nós. De forma que buscamos dar uma visão unificada, integrada dos acontecimentos da existência, colorindo-os com uma visão artística, cientifica, desportista, filosófica, denominada pelos gregos de Tecnhé. Contemplando a nossa visão holística e holográfica, isto é, φholosofica.
Uma moça sedenta, dessas
que sussurram enquanto fala, me contava sobre o gosto do desejo. Algo mais ou
menos assim:
PRIMEIRO a salivação que
antecede a mordida.
DEPOIS a explosão esfuziante
e alegre da dentada,
Quase CONCOMITANTEMENTE a
dentada advém o possível arrependimento de que o gosto imaginado tenda a ser
melhor que o gosto degustado. A tensão de que o prazer do desejo ser maior do
que o do ato. E essa reflexão acompanhar a próxima salivação- morder ou não
morder? Poderia só lamber, mas de todos esses gostos, na concepção dela, nenhum
se compara com a amargura de não ter provado o desejo, nem que seja para
acariciar o arrependimento de ter ousado tanto.
A fala da moça é bela. A fala
dela me remeteu a muitos mundos, a vários lugares e passeios. Fui até Eva e a
imaginei diante da maça. Aos meus olhos todo desejo evoca uma maça. Toda
tentação se veste de vermelho, usa salto alto, tem batom e um fogo inadiável. Um
fogo a ser consumido para ontem. E nessas imagens saltam a mente como a
tentação nos remete as mulheres, que nos remetem a sedução, que nos remetem a
tentação, que nos liga ao pecado, que nos gera a culpa, o ressentimento e a
castração de todo feminino. Acredito que esse caminho não seja uma
exclusividade minha, tampouco uma marcação apenas dos homens.
Nada é tão feminino quanto
o desejo. E nada é tão combatido, tão proibido quanto a mulher que QUER. A
mulher disposta a provar do fruto proibido do querer, do não poder querer. Esse
também é um obstáculo sempre presente, por vezes e muitas vezes as mulheres
podem querer, há uma licença para isso. Um passaporte e um salvo conduto. O intrigante,
o chocante é quando as mulheres desafiam o que elas não podem querer, por
exemplo: a igualdade. Não só a igualdade de gênero, mas a igualdade subjetiva
do desejo. Não somente o desejo do papel social, profissional. O desejo do
desejar subjetivo. Daqueles campos, lugares, espaços que sempre estiveram
destinados aos homens, aos heteros, aos brancos, aos que professam a religião
oficial do Estado.
As mulheres que adentram
esse espaço subjetivo, que os subvertem, nós as admiramos e as amaldiçoamos. Paga-se
por elas, fortunas, mas as expulsamos de casa. Nunca encontramos o equilíbrio entre
essa mulher que é desejo, que é querer, que queremos, mas não queremos. As desejamos,
mas não como filhas, esposas, mães.
Todo machismo, todo
patriarcalismo é essa busca de domínio do desejo da mulher, da fêmea. É a
tentativa trôpega, sofrível de converter o desejo da mulher para um único foco,
lugar- seu marido, seus filhos, sua casa, seu lar.
E aquelas que desejam
desejar nós as queimamos. As que desejam para além dos limites do seu corpo,
nós apedrejamos. E a questão toda é: os desejos cabem no mundo? Até quando
vamos tratar os desejos como sujos? Impuros? Pecaminosos?
Recordo de uma falando-me da sensação de ser tocada por um primo mais velho. De outra que falava da
sensação de poder ao seduzir um homem mais jovem. De outra falando do seu
estado de gravidez e da plenitude da sua barriga. Da outra contando do
transbordamento de ser devorada por dois homens ao mesmo tempo. Da outra
falando da liberdade em trair o marido e a culpa de voltar para casa, porque
ele é um homem bom. Em todas a boca enchia de água, mas o coração se afogava em
culpa. Uma culpa que não existe no desejo masculino. A não ser quando adentra a
esfera do ser tocado por outro homem. Esse talvez seja o único desejo com misto
de vergonha que homens heteros sintam. Matar mulheres não causa. Debochar e
espancar homo e trans também não causa. Somente ser descoberto que transou com
uma trans, que transou com outro homem. Roubar, matar, corromper, ser
corrompido, nenhuma vergonha, quiçá culpa.
Por outro enfoque, mas a
mesma moeda. Vejo as pessoas trabalhando o feminino. Inúmeros e belos trabalhos
sobre o liberar o feminino (que necessitamos demais), porém que feminino é esse
que estamos libertando? Ouvindo os relatos tanto dos trabalhos ‘místicos’
quanto dos trabalhos políticos e relacionados a militância, a minha questão é:
como estão acolhendo o gosto que chega a boca e provoca salivação? Como estão
lidando com os olhares que devoram?
E aqui é o paradoxo, a
maioria está lidando de forma altamente masculina. No caso, significa,
mercantilizada, fetichizada no que tange a transformar o outro em mero objeto
desse desejo. Em acreditar que o poder econômico dá conta de saciá-lo, de
satisfazê-lo. Uma lógica altamente masculinizada de pagar por. De acreditar que
por se estar pagando tem o controle, o domínio, o desejo do outro. E se tem
algo nessa história toda incorruptível é o desejo.
O que eu espero, sonho e
desejo é que sejamos capazes de fazer o movimento que Eva fez- chamar Adão para
provarem juntos da maça. Mas, não aceitar após a dentada, nenhuma reprimenda pela
mordida. E Adão diante dos amigos, dos parças, do Pai, afirme: comemos juntos e
nos deliciamos. Querem experimentar também?
Talvez, essa seja a
parceria que todos tem buscado e se frustrado ao não encontrar. Observando relacionamentos,
por incrível que possa parecer, os casais mais afinados são aqueles nos quais
os desejos de ambos são acolhidos. Os desejos de ambos são colocados a mesa e
nenhum fica privado de desejar. Há uma aceitação nesse gosto que pode ou não
ser feito em conjunto. A clareza dessa fala é libertadora para a relação.
Cada casal precisa criar
seu próprio jardim. É só assim que qualquer lugar da Terra será paraíso. Ao que
tudo indica, inferno é o lugar no qual escondemos nossos desejos e eles nos
devoram de dentro pra fora. Vai devorando tudo até queimar, matar, agredir
negros, mulheres, gays, trans. Tudo o que é diferente de nós, tudo o que
encontra um prazer que nos privamos de sentir.
Quanto
de amor suportamos? Quantos amores damos conta de viver numa vida? Que tipo de
amores vivemos?
O
amor é um SER. Para muitos seres o amor é o SER, por exemplo: na Cosmogonia grega,
do Caos saem Eros (amor) e Anteros (antipatia). Duas forças, dois princípios
(atração e repulsão) que irão movimentar todo o Cosmos. Isso é muito
significativo e representativo para o que iremos abordar. Como que essas forças
nascem juntas, estão correlacionadas. Como elas habitam em cada um de nós e
situações, momentos, pessoas, vivências aumentam o quantum de uma, diminui o da
outra.
Para
muitos povos, raças, isso que visualizamos como sentimentos, pensamentos,
vibrações, são seres. Estão em nós, mas seriam atributos que podemos chamar
para viver conosco, morar em nós. Para eles, sentimentos como o que denominamos
amor e outros existe independente dos nossos atributos. O amor existe a revelia
de nós, o ciúme, a posse, o egoísmo também. Eles são compreendidos como SERES em
determinados estados frequenciais que alcançamos ou não, que chamamos e
permitimos nos habitar ou não.
Há
pessoas que mesmo odiando são amorosas. Há pessoas que mesmo amando são
raivosas. Estranho em tudo isso é que nós vemos o amor como cupido. Um ser
alado, infantil, que nos flecha. Como se jamais nos fosse dado a
responsabilidade de assumir o amor. Como que sendo flechados por forças maiores
do que as nossas, não tivéssemos nada a fazer com esse sentimento. Nem o
observar, nem o melhorar, nem aprendermos, nem ensinarmos. O amor e o amar
ficam congelado a uma idade infantil. Poucos de nós o amadurece, o aperfeiçoa,
permite que ele cresça em nós e nos retire das perspectivas de abandono,
rejeição, carência que povoam as infâncias e as primeiras relações.
Nossa
literatura, nossas vidas são cheias de exemplos, de como a imagem de amor,
nosso conceito de amor, nossa imaturidade, expulsam o amor; sobretudo porque
acreditamos que o amor nasce pronto e nada mais se tem para ser feito. Quando
na verdade, os amigos tentam nos mostrar que o amor é um ser, que habita em nós
como quaisquer outros seres e precisamos dar a ele cuidado, atenção. Sempre
recorro a Romeu e Julieta. Tinham 14/15 anos o par trágico. Tivessem 21/22,
30/31 e estariam vivos, prontos para viverem outros amores. Mas, 14/15 anos a
impossibilidade de estar com o ser amado é de fato trágica, ruinosa, cuja única
alternativa é tentar encontrar o ser que ama do outro lado.
Gente, observa a
lógica disso. A força trágica desse movimento: se matar para encontrar com o
ser amado no céu, no inferno, não importa. Acreditar, piamente que há esses
lugares e que eles estarão lá de mãos dadas depois de mortos. Essa confiança, essa fé é linda, bela,
mas quem não se matou pela impossibilidade amorosa na adolescência, início da
juventude, sabe que essa febre retorna em outros momentos da vida. Gera
delírios, produz ações intempestivas, falas loucas, poemas arrebatadores, dores
lancinantes e depois tudo passa. Tudo acalma. O fogo continua ardendo, mas
devora menos.
Bonito
é ver como há pessoas que adoram se consumir no fogo da paixão. Para elas não
há espetáculo mais belo do que consumirem-se em fogo dizendo o nome do amado,
da amada, enquanto ardem em cinzas.
QUANTOS
AMORES HABITAM EM VOCÊ?
Aqui
entramos nas tensões mais drásticas do amor. Nossa tentativa de aprisiona-lo em
hábitos, convenções, ideias. Nossa tentativa de amordaçar o amor, faz com que
nossa própria boca nos morda. Dá para visualizar a imagem: uma boca se
mordendo? Uma boca se contorcendo toda, inteira, feérica, querendo si morder.
Mais desesperador do que cão querendo morder o próprio rabo. Mais desesperador
que ver Romeus e Julietas em combustão espontânea. O que fazer com um ser que
arde em fogo? A boca que tenta se morder é similar. Mas, se é difícil
visualizar um corpo em combustão em contato o outro. Ok! Não é tão difícil assim.
Nada hipnotiza mais do que corpos em chama. Homens, mulheres, admiram seres que
pegam fogo sozinhos. Acreditam que eles podem acender alguma coisa na vida
delas. Sonham, desejam que serão capazes de controlar o fogo dessas mulheres e
ter somente para eles. Então, sei que os devaneios são imensos, mas não vou
entrar neles agora. Ficarei na boca.
E como seria essa boca ao encontrar outra? E
saberiam essas bocas que elas não carecem de mordaças? Que elas podem falar,
sussurrar, beijar, morder, chupar, lamber, comer, engolir, sorrir, ranger.... Conhecem
os inúmeros movimentos que uma boca pode fazer? Acredito que não. Somos levados
a acreditar que sobre amor e sexo nada há a aprender. Cada um é um amante
perfeito, afinal vimos novelas, comédias românticas, revistas de sacanagem,
filmes pornôs. Então... o que há para se aprender? E se há alguma coisa a aprender, porque ninguém
ensina, fala? Por que em matéria de amor e sexo continuamos deixando que cada
um descubra a roda e acredite que é um inventor(a) sensacional? Que não há ninguém
mais fabuloso(a)? Por que até entre os casais é um tabu, uma proibição falar de
como gostava de determinadas coisas que o outra, outro fazia? Amordaçamos
nossas bocas e depois não sabemos de onde vem o bafo que nos devora.
No
entanto, alguns movimentos bucais são individuais, outros podem ser feitos a
dois, alguns tem feito a três e mais.
Existe um certo? Existe um errado? Existe
um feio? Parece que o amor não gosta dessas convenções. Parece que o amor quer
ter a liberdade para amar e amar é um exercício, uma prática, uma ação que se
aperfeiçoa, que se aprimora, que melhora a medida em que nos permitirmos
movimentar nossa boca. Não estou reduzindo o amor a boca, mas de toda forma é
bom quando a gente tira o amor do genital.
HÁ
MUITOS NÍVEIS DE AMOR.
Certa
feita uma moça me disse que a vida dela estava completa. Ela desejava viver
mais ainda, ter uma vida pela frente, mas a vida dela estava completa, porque
ela foi amada. Não apenas pela mãe dela, por Deus, mas por outro homem. Ela
guardava essa sensação num grau de plenitude que quando ela falava disso era
abençoava todo o ambiente. Ela me redimia e me fazia confraternizar com aquele
homem que a amou e que a ama. O amor não passa, não acaba. Muda. Por vezes o
prostituimos, mas o amor permanece. O gostar não, mas o amor parece gozar da
eternidade. Se te amei um dia estou fadado a te amar para sempre, por todas as
vidas. O que não significa que irei gostar do que virou, do que passou a ser.
Essa moça, que entre nós não rolou sexo, me
deu acesso a universos dela que guardo até hoje. A boca dela em contato com a
minha me deram seivas que enraizou, polinizou outras bocas, tenha eu as
beijado, tenha eu apenas falado, escutado. Essa moça numa noite banal, me ensinou facetas
do amor que não conhecia. Hoje ela está casada, com filhos e sei que o marido
dela e o filho ou filhos de ambos são a materialização do amor. Sei que nós
dois teríamos outro destino caso ela não tivesse que viajar no dia seguinte ao
nosso encontro. E eu quero pegar viagem nessa cena. Nesse enredo. Nesse se...
então... para chegar nas clausuras que temos colocado nossos amores, nossos
desejos, nossa IDEIA de amar.
Se
eu estivesse casado ainda, não teria conhecido pessoas que não consigo imaginar
minha vida sem elas. Mas, se casado fosse, elas apareceriam em minha vida? Nosso contato seria genital também? Ficaria em outros níveis? Caso fosse genital, seria uma traição? Pode o amor ser traído? Separações não deveriam ser tão trágicas como as tornamos. O
amor, as bocas em conjunto, transformam o amar, nos alteram e ao ser amado também.
Alterações que nem sempre gostamos e gostar é diferente de amar. Muito
diferente e por confundirmos, tentamos matar o amor, a história que vivemos, a
história que somos. O que viremos a ser ainda. Nessas brigas internas nos
aprisionamos. "Se eu te amo e tu me amas um amor a dois proclamas..."
Quem
pode satisfazer ou suprir uma IDEIA de amor? Quem consegue realizar a fantasia
de um beijo, senão a própria boca, imaginando ser a boca que se beija? Qualquer
outra boca que venhamos beijar nos trará outro hálito, outra saliva. Despertara
em nós outros apelos degustativos, produzirá outras fomes, algumas que a gente
nem conhecia, nem sabia da existência, não sabe como viver. Algumas bocas eram melhores
não ter beijado, era?
Acredito
que não, desde que sejamos capazes de desmontar as ideias entre as minhas
representações e a boca do outro. Minhas representações, fantasias, desejos,
precisam estar no meu beijo, na minha boca. Mas, se eu quero só isso é melhor
beijar-me no espelho. Outra boca implica uma jornada na qual não sei onde vai
dar. Uma jornada em que não posso esquecer que sou boca, mas não deveria ficar
preso ao que entendo e sei sobre o que é beijo.
No
entanto, como si permitir? Como lidar com a fome estando num mundo que não é
mais o seu? Como confiar que estando nesse lugar de fome, a boca que te beija
não irá ser a primeira a te devorar? Eros e Anteros nascem juntos. Amor traz
medos, receios. Algumas fantasias que criamos sobre amor é o puro medo de
termos contato com a voracidade das nossas bocas. Perder por um segundo, a
racionalidade, a espacialidade, a cartografia fantasmagórica que criamos do
amor.
Em nosso paladar estamos confortáveis, mas em alguns mundos estamos
vulneráveis, frágeis, precisamos confiar, estamos entregues, voltamos a ser
crianças e é aqui que aprender sobre amor e sexo é tão importante. Ambos nos
direcionam para nossos espaços subjetivos, nossos mundos íntimos e a maioria de
nós chega a esses espaços lançado, jogado pelo outro. Muito daquilo que achamos
ser a boca do outro é nossa seiva e se o outro vai embora, ele nos deixa
abandonado em um lugar que ignoramos- nós mesmos. Para muito não há nada mais
apavorante. Nesse tempo de atendimento vi várias e vários que se lançam
desesperadamente para abraçar corpos em combustão. Saem chamuscados, mas
redimidas, vivas, fortalecidas. Todavia, não há desalento maior do que a de
estar depois de um término de relacionamento, em contato com elas mesmas. Não
há lugar mais inóspito.
E
aqui quero ir para duas direções. Uma os relacionamentos abusivos. Outra, a
abertura para os relacionamentos. Um suspiro do amor.
Cada
vez que me aproximo de algumas pessoas quevivenciaram relacionamentos abusivos, ele parece ser a clausura diante
da fome. Aquele universo lindo que se abre para ambos vai se fechando um dentro
do outro, regado por muito medo, muita desconfiança. O amor vai congelando. A
liberdade vai esvaziando. De repente, estão nutrindo raiva, fragilidade,
dependência. Nenhuma das bocas tem força para se alimentar de mais nada que não
seja o vomito que geram e repassam a cada beijo. É uma intoxicação. O amor não
gera mais seiva. Os dois não conseguem trazer o melhor de si, nem o melhor do
outro. Cada um a sua forma alimenta o que há de pior em si e o que há de mais
nefasto no outro. E estão condicionados a isso até que um abra as portas para o
amor. Abrir as portas para o amor é aceitar que o amor não tem uma fonte única.
Por
controle, por nos acharmos os seres mais perfeitos do universo, somos tentados
a acreditar que o amor vem só de uma fonte. Dentro dessa nossa redução,
passamos a acreditar que se a pessoa nos ama mesmo, ela vai ter em nós a sua
única fonte de abastecimento. O amor só virá de um lugar, uma única pessoa, na
intensidade necessária, na dosagem precisa. Aqui podemos desvelar a imagem da
boca como amamentação mesmo.
E a amamentação no seu sentido mais grosseiro,
mecânico que é o de simplesmente ofertar os seios, depois chupeta, mamadeira.
Retirando o encanto, a magia do aleitamento que está em nutrir o outro para que
ele seja capaz de num futuro cuidar com zelo, carinho de outra pessoa, mas
sobretudo, se nutrir. A maioria de nós vive aprisionada na mecanicidade do ato
e no aprisionamento de que não há leite fora da exclusividade. Que outra pessoa
nos dizer não, ela está nos rejeitando, nos abandonando. Enquanto humanidade
parece que estamos nesse lugar em que fora da reprodução da mãe, não temos
condições de amar.
Assim,
nós nos rendemos a essas fantasias, que ganham o nome de amor. Quando por um
segundo, algumas pessoas em relacionamento percebem que estão sendo abastecidas
por outras fontes, elas piram, surtam, se culpam, traem. Em nosso imaginário
mais forte, incandescente, não podemos amar, nos sentirmos amadas, sem
identificação clara da fonte: marido, namorado. Nossa recusa em aceitar que
adultos possuem outras formas de nutrição, por vezes de diversas fontes, acaba
gerando outra redução, tão grave quanto a clausura amorosa, que é qualquer
sentimento que venha a sentir por outra pessoa, esse sentimento é genital. A
maioria de nós não consegue lidar com atributos de acolhimento, carinho, sem
pensar em sexo.
As mulheres nos reportam isso a toda hora, como que elas não se
permitem nem serem educadas, porque para a maioria de nós homens, elas sendo
educadas é que elas estão demonstrando interesse GENITAL. É muito insano como
direcionamos tudo para isso.
Uma situação que fui compreender quando vi as
pessoas sentindo tesão genital por Pai Jeremias, um preto-velho. A energia era
outra, ou melhor, a energia era a mesma, mas o que ele estava transmitindo era
acolhimento. É o nome que tenho para agora, muitas pessoas captavam,
decodificavam como genital. Poderíamos então entrar nessa e transarmos, mas a
energia assinalava para outra coisa. Muitos médiuns transam e criam essa
mistureba que obviamente piram as mulheres, homens, seja lá quem for entrar
nisso. O mesmo vale para pastores, padres, são enredos de nutrição que podem se
dar na casa do genital, mas o buraco é mais em cima.
Por
uma profunda dificuldade de lidarmos com a liberdade e a maturidade, a traição
é quase o desdobramento natural dessa lógica da exclusividade, da fonte única,
da redução de todo amor a sexo. Enclausurados que somos das mais diversas
possibilidades de expressão de afeto, duas pessoas que despertam interesse e
que poderiam ser de outra ordem- emocional, mental, espiritual, acabam
reduzindo ao sexo. É muito mais tranquilo a seres compromissados manterem sua
relação no motel, onde dificilmente serão descobertos, do que num shopping com
outra pessoa que não seja o marido, a noiva, a esposa. É mais tolerável aceitar
a traição genital, do que aceitar que a esposa, o marido tem uma melhor
amiga(o) do sexo oposto. A maioria de nós, simplesmente não dá conta de
imaginar que o ser que amamos está encontrando nutrição em outro lugar que não
seja em mim.
Nossa
dificuldade de perceber o amor como boca (e esse é apenas um exemplo) leva a
maioria das pessoas diante das sensações que outros lhe provocam a sentirem-se
tentadas, atentadas pelos demônios. Como assim? Por que? Nossos desejos, nossas
vontades, nossa saliva se torna tentação. Vira mesmo um diabo a nos tentar. É
como até hoje estamos resolvendo questões psíquicas sérias: jejum e oração.
Culpa e castigo. Penitência e abstinência. E, por vezes a gente só precisa
falar, contar, dizer e ter alguém com uma escuta atenta para ouvir. Uma escuta
que pode ser religiosa e dizer: vai e não peques mais, nem em pensamento. Ou
outra terapêutica que diz: não tem nenhum problema no seu desejo. Ou que não
diz nada, apenas reflete como um espelho o que está sendo trazido e o desembaça
de visões muito enclausuradas.
O
contraponto é que diante dessa imaturidade nós agredimos, violentamos, matamos,
aprisionamos. Aqui estou falando do ciúme, passando pela posse e chegando ao feminicídio
e crimes de ódio- raciais, homofobia, transfobia. Todos passam pela dificuldade
de lidar com o desejo, a vontade. É essa a doença na qual nos metemos. É mais
aceitável a injuria racial do que assumir a atração. É mais tolerável a
agressão ao gay, ao trans do que aceitar o desejo de tocá-lo e ser tocado por
elx.
Em sala de aula fiquei chocado quando a imagem de ser tocado por outro
homem causou em alguns garotos uma literalidade que não era o que estávamos
propondo. Aquele medo em um tinha mesmo o desejo e em outro tinha o abuso
recebido pelo padrasto. A questão é que não trabalhado, ambos estavam a um
passo da agressão a outro ser humano.
Numa
articulação muito restrita PENSAMOS amor como genitalidade. Não vemos que o
amor é mais. Não suportamos que podemos amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo
e quiçá não ter que transar sexualmente com nenhuma delas.
Há
transas maravilhosas que não são genitais. Mas, damos conta de permitir esse
nível de intimidade as nossas parceiras/parceiros? Permitimos que uma boca nos dique:
“eu te amo, mas sexualmente/genitalmente, eu preciso de ciclano/fulana?” Damos
conta de aceitarmos que para milhares de pessoa sexo não é amor, ou melhor, o
fato delxs transarem com outrxs não arranha um segundo o que elas sentem por
você? Que o marido quando diz: “não significou nada, eu te amo!” Não é
safadeza. É mesmo verdade o que ele diz. Mas, quando a mulher diz o mesmo,
conseguimos aceitar, entender, como necessidade sem rotulá-la de..? Infelizmente
não. E minha questão é para onde vai toda essa energia? Que tipo de seiva, ela
vai se transformando? Ela vai enraizar, frutificar, ou intoxicar a relação?
Por
que enclausuramos tanto assim as coisas? A nós mesmos? O amor? Por que isso
desconstrói tanto a nossa perspectiva de que o outro não nos ama? Quando o que
elx está dizendo é: “não me realizo 100% em você. Preciso de outras partes,
preciso de outras coisas e são essas outras coisas e partes que nutrem o beijo
que damos”. Alimenta o amor.
Por que enclausuramos tanto assim as coisas? A nós mesmos? O amor?
Não suporto você falando de futebol todo o tempo, mas o seu amigo sim. Vão ao campo
vocês dois e outros, eu vou ao cinema com meu amigo, depois do jogo a gente se
encontra no Bolão. Isso é como se fosse um tiro. Na verdade, a gente prefere
dar tapa, soco, tiro, arranhar, ligar para milhares de amigas a aceitar que o
parceiro vá ao futebol, a aceitar que a esposa vá ao cinema. Mesmo detestando
cinema, mesmo odiando futebol. Se for tem que ser comigo. Por que?
A
gente quer exigir do outro coisas que elx não pode nos dar, mas não é feio
querermos, sentirmos. O sexual é onde isso mais esbarra, bloqueia, mas há
outros níveis que também incomodam. É possível
que ela tenha coisas que conta primeiro para uma amiga, mesmo o cara sendo um
baita amigo e parceiro. É possível o cara gostar de pescar e precisa fazer isso
sem a presença dela, mas todo o tempo, ele pensou em você.
Os
amores são muitos. As bocas são gostosas. Se tirarmos o amor da redução
genital, podemos alargar nossos afetos. Podemos deixar que faça parte de nós
pessoas lindas, como a moça que se sentia plena, realizada, apta a morrer em
qualquer instante da jornada, porque ela foi amada. E isso a fez amar mais e
isso a ajudou a mim e creio que a outras pessoas a amarem melhor. Podemos amar
melhor. Podemos amar mais.
O blog tem 12 seguidores. Alguns
de vocês estão aqui há anos e tomara que estejam seguindo ainda, porque farei
um sorteio de agradecimento a presença e a força de vocês.
Sortearei três prêmios para
vocês:
PRIMEIRO: um
livro- Caravana Cigana: a viagem de um povo.
SEGUNDO:
uma Leitura Energética.
TERCEIRO: como
eu posso te ajudar?
É uma pergunta aberta para
quem desejar algum tipo de ajuda, de auxílio dentro das nossas possibilidades.
O sorteio é válido para os
seguidores até o dia 27/12/2020 às 22:22.
Os três primeiros a
comentarem entre os seguidores do blog escolhe o prêmio.
Aqui contamos o último relato das 24 horas. Mestre Oran nos brindou com sua presença.
Os vídeos se encontram no final do texto. Ele foi dividido em duas partes. Vale a pena conferir.
Oran
é o nome que dou a entidade consciencial que acompanha e organiza todo meu
desenvolvimento. Calmo, profundo, silencioso, Oran praticamente não fala, ele
se comunica valendo-se de mudras e pensamentos. Na concepção dele, gastamos
muita energia falando. É um dispêndio de energia imenso o falar. Oran
estabelece a vida como um fluxo energético e nessa perspectiva ele postula absurda
a forma como desperdiçamos energia: falando coisas absolutamente dispensáveis,
alimentando-se de produtos que gastam mais tempo sendo eliminados do que processados.
A energia para ele seria um alimento e segundo ele nos alimentaríamos nos
envenenando com raiva, emoções e sentimentos negativos, filmes, vídeos, músicas
altamente deletérias, enfim desperdiçamos prana. Devido a toda suavidade que
esse ser tem e promove a nossa volta eu o denomino de a brisa do deserto.
Oran é o que denominamos mestre ascensos, seres que
não mais precisam reencarnar, alguns até que nunca reencarnaram e esse é um dos
pontos nos quais vamos falar nesse relato de hoje. Oran habita o não tempo, o
não lugar. Oran é. E é difícil definir esse ser, explicar esse é.
Oran habita o alto de uma caverna na região do
Himalaia. Sua gruta tem um tapete persa circular que praticamente toma todo o
espaço. Invariavelmente, ele fica sentado no fundo da gruta, lateralmente a
porta de abertura, com uma pequena tigela a sua frente, uma citara ao seu lado.
Dali ele observa as muitas coisas ao mesmo tempo. Num sopro de ar, ele percorre
os tempos, os espaços e aqui estamos falando de coisas surreais. Por exemplo o
tempo para ele é agora, porém esse agora comporta o passado, o futuro, o que
pode ser e o que poderia ter sido. Há uma simultaneidade nessas observações. O
espaço não se desgruda muito do tempo, é um continuum, de forma que nosso
universo mental, emocional, sexual é para ele espaço interno. Mundo interno que
dialoga intrinsicamente com nossas escolhas, com as nossas tomadas de decisões,
com os nossos tempos.
Na gruta de Oran tudo é! As tessituras do tapete
persa são vivas e contam tudo o que fizemos, fazemos e faremos. As tessituras
vão se alterando na medida em que conversamos, ou melhor, lá estamos. Oran não
fala, apenas aponta para cenários no tapete e aquilo decalca, desloca alguma
coisa em nós, que rapidamente compreendemos. Fecha uma Gestalt.
As 24 horas de Oran é assim um não tempo. Em
qualquer lugar, em qualquer momento, ele está presente. Ele está presente no
nosso tempo objetivo, em nosso tempo onírico, em nosso universo privado. Ele é
a presença EU SOU. Mesmo quando não temos consciência, não colocamos atenção,
ele está presente. Ele é a força que nos direciona, nos orienta, especialmente
quando permitimos que ela esteja conosco e em nós. Nem sempre permitimos. Nem
sempre deixamos que essa presença se manifeste em nossas vidas, faça o que ela
tem que fazer por nós, conosco, pelos outros, para o mundo. Grande parte dos
conflitos vivenciados é o receio em permitir a manifestação dessa presença em
nossas vidas. Como suportar? Como lidar? Muitos de nós quando manifestamos
esses atributos solares, cristicos fomos queimados, perseguidos, abandonados,
ridicularizados, explorados. A manifestação da luz cegou os homens e
crucificaram o justo. Com muitos de nós não foi diferente, seja sendo a luz que
buscaram tampar, seja sendo aqueles que tampam, oprimem a luz por medo.
Outras vezes que fizemos uso dessas habilidades com
intenções mais materialistas, nós exploramos, abandonamos, perseguimos. Essas
habilidades de amor, pureza, sensitividade, mediunidade assustam seja pelo seu
lado amoroso, seja pelo medo de prejudicarmos outras pessoas, perdermos o
controle dessa força e ela servir de uso a escuridão. Diante do impasse somos
devorados pela nossa própria fome e ignorância. Impedimos a aproximação mais
luminosa dos nossos eu superior, dos nossos mestres ascensos. Oran é um dos
muitos que lançam luz para trilharmos o caminho da consciência. Novamente, ele
nos fala;
Eles são a representação do nosso EU SUPERIOR.
Aquela parte que reúne, concentra, aglutina o melhor de nós, o melhor que
fizemos em cada vida, o melhor que obtemos em cada existência, o sumo residual
de cada experiência que tivemos independente do corpo, da forma, do estado, da
localidade e da dimensionalidade. Esses seres então são estados destilados de
luz, pureza, claridade, assertividade, disciplina, amorosidade. Eles são a luz
refletida do Criador e o reflexo do Criador para nós. Eles são aqueles que em
nenhum momento se deixaram, ou se iludiram com as teias de Maya. Sempre
atentos, sempre despertos, sempre souberam que são luz, caminho e verdade. E
isso é difícil de imaginar, de compreender. De modo geral, a gente acaba se
iludindo quanto a quem somos e aceitar que há partes nossas que nunca se
perderam, nunca se desviaram, nunca se iludiram é complicado. O mais fácil e
acessível seria dizer que há nesses seres um padrão vibracional tão elevado,
que nada, absolutamente nada que não seja a verdade é capaz de se aproximar e
se reunir a eles.
Por
isso que é injustificável falar destes seres e tantos outros, principalmente,
na fase atual da Terra, sem mencionarmos a Convergência Harmônica de 1987.
Hoje é tranquilo falarmos de grades cristalinas,
magnéticas, conscienciais, mas em 1987 não tínhamos nem internet, poucos
falavam de fibras óticas, cabeamentos que simulam com bastante precisão as
grades da Terra. Em 1987 havia o medo de uma guerra nuclear, uma destruição
atômica pairava sobre todos e cada um dos filhos da Terra e de outras
localidades tiveram ali um aporte de luz. Aporte de luz que poderia ter
ocasionado curto-circuito no sistema, ou aberto para matizes, desenvolvimentos
nunca antes vislumbrados. E, a força da abertura venceu. Oran prossegue:
Escolheram o horizonte luminoso e poucos anos depois a
cortina de ferro cai, a abertura se dá e o desenvolvimento humano, consciencial
vai ganhando uma força escalar sem precedente. Toda energia estagnada, ou
colocada em conflito, em desgaste se faz potencial evolutivo. Cada um de vocês
terráqueos, humanos se abriram para a chegada de seres como Oran e milhares de
mestres ascensos. A distância infinita que impossibilitava a aproximação destes
seres com os encarnados foi se diluindo até que pudemos chegar, nos aproximar,
nos fazer visíveis, nos tornar potencializadores e catalizadores das
tecnologias, dos conhecimentos que abrigamos em nós, portamos em nós e não nos
era possível transmitir devido as toxinas plasmadas, emitidas, criadas por cada
um de vocês. Foi na escolha pela luz que nós nos fizemos possível, viável. E, é
nessa escolha diária, permanente, que vamos consolidando, estruturando a
presença de muitos seres como nós, que não tinham as mínimas condições de viver
na Terra fisicamente, que tem nascido, permanecido, ampliando e consolidando as
conexões, as expansões, as sustentações e fortalecimentos das malhas cristalinas
e conscienciais. De tal sorte que nos parece irreversível o caminho consolidado
por cada um de vocês.
Em 1987 você tinha treze anos e em 1997 vinte e três
anos. Em 2007 você contava com trinta e três anos e agora em 2017 realizara 43
anos e espero que isso fique claro para
vocês o período de dez anos e não de sete.
1987 foi um
ano (7) assinalando um período de transformação karmica, genética, coletiva,
centrada na individualidade. Era uma convergência que chamava os seres para uma
revolução interna e a partir disso explorar as transformações sociais,
econômicas, políticas, conscienciais.
1997 foi um ano
(8). Um período de empoderamento pessoal. O acumulo dos conhecimentos, das
informações pediam agora uma realização, uma manifestação. Você conhece a
Fraternal, funda o grupo Espiritualista Flor do Amanhecer,
Em 2007
estamos num ano (9). Um ano de avaliação, de reestruturação. Um ano de deixar
para trás todas as ilusões, todas as inutilidades. Um momento de aceitar a
realidade, de saber o que funciona, o que é verdadeiro e o que não é. Um ano
para compreender o sentido do sacrifício, do amor, da renuncia.
Ano que está novamente na academia e afastado das
questões espirituais. Está realizando uma aglutinação científica para que seja
consolidada uma estrutura uníssona entre ciência, filosofia e arte- Teknhe. A
espiritualidade é a resultante dessas forças e variantes.
Agora em 2017 estamos em um ano (1). Ano de recomeço.
Ano de lançar as novas sementes no solo. Ano de confiar que 1987 é ainda agora,
que o tempo é. O ser é. Vocês olham tudo isso como sendo 40 anos, nós olhamos
como sendo, AGORA. Cada um desses desdobramentos foi aberto em 1987 quando
disseram sim à luz. Quando a aceitaram dentro de vocês e em vocês. Quando se
predispuseram a trabalhar por ela e aceitá-la e agora precisamos e podemos
falar de portais.
UM PORTAL não é um fenômeno astronômico, astrológico.
Um portal não é apenas uma decisão e uma escolha do desejo. Um portal é a
convergência harmônica de ciclos planetários com o despertar consciencial dos
seres. Esses são os componentes, os fatores que possibilitam a abertura de
portais. Um portal não é uma criação. Pelo menos não como os de 1987. Ele não é
uma criação da vontade humana, longe disso, ele é um horizonte de possibilidade
que se abre aos humanos e aos mais diversos seres da galáxia de se afinarem e
se harmonizarem com os preceitos siderais emitidos a milhares de anos. Muitos
de vocês escolheram estar encarnados, onde estão, para quando esse ciclo
chegasse, o visse in loco, o sentisse em pele e osso. Vocês planejaram estar
vivos, encarnados, do outro lado da malha para nos receber, nos ver e nos
refletir simultaneamente. E, alguns de vocês diante disso temem, correm, pedem
para não estar, desejam ir embora, porque esse contato, essa força vos apavora.
Afinal, o que fazer com todo o seu potencial luminoso? Como colocar essa energia
em desenvolvimento se até agora, nós fizemos uso da sombra e da escuridão? Como
posso utilizar meu amor, meu conhecimento?
Esse é o desafio de vocês. Vocês não podem mais não ser
luz. Não lhes é mais possível esconder-se debaixo da mesa. E, acostumados a
lutarem, querem combater a própria luz de vocês. Vocês atualmente têm criado
lutas, brigas contra a própria luz. É assim que vemos a depressão, a síndrome
de pânico e tantas outras dores da alma. Uma luta entre o que não quer mudar, o
que teme mudanças contra esse novo, essa abertura, esse desconhecido que se
aproxima e somos nós. É importante ensinar as pessoas a não temerem elas
mesmas. É importante ensinar as pessoas a compreenderem que da mesma forma que
há nelas o que denominam eu superior, mestres ascensos. Há também forças
recalcitrantes, resolutas, condensadas no mal, no poder, no domínio do outro,
na exploração das coisas e dos seres. Essas condensações necessitam de muito
amor, de muita aceitação para dissiparem.
Perceba-os como escuridão sombria, espessa, densa,
profunda, congelante. Nesses estados noturnos toda presença, até mesmo a nossa
sombra, ou figura mais luminosa causa medo, temor. E o temor, o medo nos conduz
ao ataque. Por favor, não combatam essas forças escuras valendo-se dos mesmos
expedientes. Não se combate à luz vendando os olhos, ficando-se irado de dor e
sofrimento. Combatem-se as escuridões acendem luz. Um palito de fósforo, uma
fogueira, uma luz e a escuridão simplesmente desaparece. A escuridão vos chama
para o combate, para a briga e acabam alimentando essas forças. Quando combatem
as drogas, os roubos, a prostituição, o tráfico, vocês estão ampliando cada um
deles. O trabalho da escuridão é sempre o de gerar trevas, mas o trabalho da
luz é sempre o de ampliar a consciência. E a consciência se expande, se
aprimora, quando é libertada do medo, do receio. E, a forma de se perder o
receio é deixar claro que quando se acende a luz interna, todo aquele espaço de
solidão, de tristeza, de revolta, passa a ser espaço de aceitação, entendimento,
aprimoramento. A luz não escraviza, não humilha, não tripudia; ama, serve,
acolhe, expande. Luz é consciência. E é essa consciência que foi aberta em
1987. Lá fizeram e tornaram tudo isso possível, o Armagedon. O mundo que seria
destruído por misseis, flagelos, fome, flagelações abriu-se para universos
internos, portais internos nos quais essas disputas se fazem ainda hoje e
agora. Cada qual está travando sua batalha sem dar aporte e acesso a nós, a
parte ascencionadas de vocês, ou de dar acolhidas as partes sofridas,
entristecidas, amarguradas também de vocês. No final que é o inicio e o durante
é cada um de você que decide qual universo habita, que portal você abre. São
vocês encarnados que decidem quais universos dimensionais vocês habitam e
ajudam a co-construir. A somatória desses espaços, dessas reflexões, dessas
ações materializa aspectos e tipos de vida a ser vivido por cada um de vocês
enquanto família, grupo social, município, estado, país, continente,
humanidade. É a consciência de cada um multiplicada por cada outro que gera o
substrato do que denominam realidade. Acreditar na própria luz, ser a própria
luz que se acredita é o caminho do despertar.
As minhas vinte e quatro horas não tem tempo, não tem
lugar, não tem espaço, pelo menos não dentro da concepção desenhada por vocês.
Todo o tempo é tomado pelo processo de desabrochar e florescer. Ocupo-me em
auxiliar as pessoas serem aquelas que elas são. E isso se faz em todos os
lugares, em todos os corpos, em todos os níveis, em todas as dimensões, em
todos os tempos, em todas as horas. Penso e sinto de forma simultânea. Por isso
falo pouco. O falar é um fazer, um manifestar, um ser. A voz é atributo
sagrado, verbo que edifica toda criação. OM! Som originário e original que
impulsiona o universo em direção ao seu reencontro, a sua origem. Parte para
retornar. Parte-se sem ter saído. É complexo explicar que a semente já é
árvore, já é fruto. Há uma continuidade tempo-espacial no ser. De onde estão
ela é semente, que irá crescer, desenvolver até chegar a ser árvore. De onde
sou, a semente já é fruto, isto é, milhares de outras sementes, porque o
universo é abundância em movimento. Então dentro da perspectiva das 24 horas, eu não acordo,
porque estou sempre desperto. Não acordo, porque não durmo, sendo assim,
compreendo os nossos pontos cegos e posso caminhar pelos intervalos da
consciência de muitos seres, os auxiliando a despertar.
Esse é o meu trabalho, a minha jornada e a de milhares
de outros mestres ascensos, especialmente, no que se refere à instrução dos
nossos chelas, das nossas partes, dos nossos eus que estão em processo de nos
receber, nos ouvir, nos conectar para o desenvolvimento dos nossos trabalhos e
atividades. Quanto mais conectados estiverem com o eu superior de vocês mais
simples, diretos tendera a ser a existência de vocês. Faremos nosso trabalho e
quando finalizar nos fundiremos como reflexo e espelho que somos do Criador.
Sendo assim, nós pedimos que às 24 horas de cada um de
vocês seja um tempo de aprimoramento. Não um aprimoramento que se faça longe
dos seus irmãos, como se fossem melhor que qualquer outro ser do universo, não
se é. Todos somos frutos e filhos da centelha divina que alimenta e nos dá
vida. A mesma essência que habita um verme, um vírus, uma bactéria, uma
supernova, uma nebulosa, um planeta, um humano, um vegetal, um animal, um
mineral, todos os reinos conhecidos e observados por vocês e desconhecidos e
inobservados. Todos exalam o sopro do Criador e sendo assim guardam e merecem
respeito. Que as 24 horas de vocês seja imbuída desse respeito por si mesmos,
pelo outro, pela vida. Que sejam capazes de amar, de si amar e acolher em si
mesmo toda sua ternura, delicadeza, força.
Que nas suas 24 horas tenham alguns minutos para nos
contactar, nos perceber e sentir a nossa presença, fazendo-se um com ela.
Salve
nosso Senhor Jesus Cristo e a santíssima Virgem Maria. Deus seja convosco e em
vossos lares e corações.
Quis
nosso Senhor Jesus Cristo que eu viesse por parte de Pai Oxalá mandar uns recados
aos irmãos de caminhada.
Andem
na luz, pois ela não tem contramão.
Distribua
o bem, porque ele é o eterno pão.
Viva
com amor, eterna gratidão.
Jesus
vos abençoe.
Pai Jeremias trabalha como preto-velho. Aparece-nos
com um cachimbo de pau na boca, o cabelo grisalho em meio aos poucos fios
pretos que restam, o olhar translucido de quem vai engolir o mundo pelos olhos.
O coração sereno daquele que a todos amam e amparam. Vinte e quatro horas com
Pai Jeremias é conversa de fôlego, de presença de disposição.
Responsável por ele mesmo auxilia a todos onde
precisa de cuidados e orientação. O trabalho dele é um tanto diferente de todos
os que lemos até agora. Ele está em vários lugares e ao mesmo tempo não está. Essa
diferença eram mais sintomáticas há dez, treze anos atrás quando realizamos
essas psicografias, hoje como podemos verificar muitas delas conseguem o mesmo
nível de deslocamento tempo-espacial que nos serve de parâmetros para
assinalarmos uma evolução consciencial deles e nossa. Hoje tentaremos atualizar
o que são e como são 24 horas na vida de Pai Jeremias.
Pai Jeremias é uma entidade familiar. Até onde
temos registro, ele trabalhou com minha avô, com minha mãe e acho que trabalhou
também com meu bisavô. Ele acompanha o desenvolvimento da minha família,
especialmente, por parte de mãe há no mínimo três gerações. E isso é bastante
curioso, muito embora, eu não faça uso consciente dessas informações, desse
histórico familiar que está de ‘posse’ dele. Entre aspas, porque o termo posse
não se aplica as entidades que trabalham como preto-velhos, eles além da
própria sabedoria não detém nada. Assim, o termo posse não diz respeito a eles.
Eles são todo doação, entrega, partilha. Não tem a ver com renuncia, porque
eles trabalham numa matriz oposta a do sofrimento, da expiação. A leveza deles
pertence a um entendimento muito sábio e leve da vida de tal modo que a
renuncia trás um peso, uma dor, que eles também não portam, nem carregam. Um
ponto digno de nota é como que uma mesma entidade é entendida, recebida, vivida
diferentemente por cada médium.
Minha vó tinha uma ligação mais umbilical com pai
Jeremias. A ligação entre ambos era mais simbiótica, mais natural. Mina vó era
e estava mais afeita as falas, costumes, trejeitos, daquela
personagem/entidade. Ela o captava, o aprendia num grau mais primário de força,
vitalidade, vibração, conhecimento. Por minha vó ele benzia, tirava mal olhado,
cantava aquelas canções lindas e belas do cancioneiro popular. Canções que como
mantras iam imantando e alterando a vibração dos lugares, das pessoas. Por
intermédio da minha vó, ele conseguia ser um curador fazendo uso de raízes,
ervas, mãos e tudo o que a gente compreende como sendo típico e afeito a um
preto-velho.
Com minha mãe essa ligação se fazia pelo corpo
emocional, via chacra cardíaco. Aquela força de terra que subia pela coluna
vertebral, acendia todos os chacras, dava uma visceralidade gigantesca, minha
mãe não tinha. Porém, eles acendiam uma doçura, uma compreensão do universo do
outro que acalentava, curava, serenava. Pai Jeremias no trabalho com minha mãe
era quase uma vó Conga e por vezes o é. É uma energia muito sutil, muito
feminina, de muita doçura, leveza, AMOR. Com ela, ele não benze, não ativa
muitas canções do cancioneiro, mas alcança um nível de cura profunda. Promove
cura emocional de dores profundas.
Comigo pai Jeremias ativa o timo e o laríngeo. No
timo a gente consegue buscar um equilíbrio entre a visceralidade da minha vó
(incomparável) com a emotividade de minha mãe (inimitável). Para mim foi uma
honra e um desafio trabalhar com ele, justamente pelo histórico. Não
conseguiria por meu intermédio realizar metade das coisas que ambas realizaram
nas poucas vezes que o manifestaram fisicamente. Ele me explicou que a gente
ganharia em tempo de contato, em trabalho realizado e também no fato dele saber
que cada um é um e esperava de mim a descoberta de como desenvolveríamos o
nosso trabalho. E, de fato, quando abre a minha mediunidade, ele é a entidade
que se faz responsável até o aparecimento de Oran (mentor espiritual). Mas, foi
ele que durante muito tempo coordenou essa minha apreensão mediúnica. Pois bem,
comigo pai Jeremias é um esclarecedor. Ele esclarece, lança luz as questões,
situações, as desembaraçando com muito carinho, amor, porém sempre ressaltando
o componente mental das nossas ações, dos nossos pensamentos, das nossas
atitudes.
Assim, caracterizar o modo que cada entidade se faz
diferente em contato conosco e com outras pessoas, nos leva a perceber aquilo
que é nosso e aquilo que é dela. Nos mostra também o entendimento mais ou menos
seguro de como o trabalho se desenvolve e se faz de forma diferente, mas igual.
Realizadas essas pequenas digressões podemos voltar às 24 horas de Pai
Jeremias.
Na maioria das vezes que vamos ao encontro ou somos
levados ao encontro de pai Jeremias nós o encontramos em um regaço de campina
muito verde, lembrando um campo, com uma casa ao fundo, na verdade, um casebre
de palha e de pedra. Uma esteira, um fogão de lenha e uma cozinha bem rustica e
rupestre. Legal perceber anos depois que isso é uma representação minha. Isso é
mais a forma com a qual eu via e ‘construía’ o lugar, do que necessariamente
onde ele fica mesmo. Quero dizer, que por exemplo, a minha mãe tivesse uma
outra representação do lugar, e minha vó uma terceira. E isso é porque o lugar
que um preto-velho ocupa é um espaço interno. Ele habita, ou ele adentra a
nossa morada psíquica, emocional, mental, o que Alícia nos ensina a chamar de
símbolos.
É nesse local que Pai Jeremias nos recepciona e nos
cicerona quando o visitamos. Basicamente é esse o trabalho dele: a ele são
enviados pessoas precisando de aconselhamento, esclarecimentos. Nós somos
convidados a achar que na relação com o preto-velho tudo é um fora, um externo,
mas no caso dos médiuns que trabalham com eles, acontece um trabalho intersubjetivo.
O atendimento que ele faz com outros e para outros é na verdade para nós. Tem
como entender? Mais na frente isso ficará mais claro, pelo menos esperamos.
Quando uma pessoa chega a Pai Jeremias, ele
encontra-se sentado em um pequeno banco de madeira- toco. Ele coloca as pessoas
sentadas ou deitadas na relva e lhes conta estórias, histórias. Para cada
pergunta que lhe é feita, ele conta uma história da malha da própria pessoa,
utilizando-se os recursos do astral superior de plasmar formas-pensamentos. As
histórias são um misto de verdade interior dos seres e de modelos vivenciados
por ele através da vida. O fato é que ninguém sai sem consolo e apaziguamento.
Hoje observando esse modelo, eu diria que ele adentra nessa historicidade
cósmica da pessoa e fala com essa pessoa diretamente. Porém nós vamos criar
aqui uma singularidade. Vamos criar um acontecimento tempo-espacial no qual o
que acontece no plano físico desdobra-se no mundo astral e vice-versa. Sendo
assim, imagine que o médium do terreiro X recebeu uma pessoa para uma consulta
com um preto-velho. No plano físico o preto-velho se manifesta por intermédio
do médium e manda um recado, dá uma resposta. No plano astral, esse encontro
entre médium-buscadora-entidade é um acontecimento que se processa dentro do
campo mental do médium. Aquele aconselhamento era mais para o médium do que
para a buscadora. Aquelas palavras, aqueles conselhos, aquele carinho, aquela
resposta era a forma utilizada pelo preto-velho para resolver, auxiliar alguma
demanda interna que o médium estava passando ou iria passar, sem que por muitas
vezes, isso requeira materialidade.
Ou seja, aquilo que Júlio veio falando e que Alícia
em certo sentido reforçou de que podemos viver diversa situações em uma vida,
as temo vivenciando e muitas vezes isso não precisa ser físico. Algumas
negociações kármicas que são realizadas são possíveis ser ‘roteirizadas’ e
assimiladas sem que se faça material, física. No caso de nós médiuns isso se dá
com maior frequência, sobretudo quando estamos atentos a ouvir o que se fala
por nosso intermédio. Nossos aconselhamentos em última instância não são para o
outro e sim para nós. Não no sentido de que tenhamos realizado as mesmas
coisas, pelo contrário, no sentido de que aquela energia pode nos assegurar um
aprendizado e uma oportunidade de crescimento que nos retira da dor, do
sofrimento.
Sendo assim, as orientações mediúnicas que ele
realiza se dão dessa forma e desse jeito. Na verdade, 99% de todos os que vão a
casa no campo são médiuns necessitados de esclarecimentos e através das
conversas com pai Jeremias são inseridos modelos de ação e conduta que mais
tarde será utilizada pelos mentores espirituais. E por mediúnicas compreende-se
a relação entre dois planos e não necessariamente apenas kardecistas,
umbandistas. Ele entende como médium todos os seres e pessoas que em maior ou
menor grau vislumbra o intercambio entre o visível e o invisível. 10% desses
casos são relacionados ao que eu vou chamar de estudo de caso. Pessoas que tem
casos simbólicos, icônicos que servirão de experiência para cada um de nós que
lá vamos. Mas, de modo geral faz parte da atuação dos preto-velhos o tratamento
psíquico dos seus médiuns, daqueles que cuidamos e a supervisão dos nossos
cuidados. Um preto-velho é um terapeuta na melhor acepção do termo e do método.
É difícil pensar um consultório que não prime pela companhia, a orientação e a
supervisão desses amigos que conhecem a estrutura da alma, as dores da alma, as
relações de complexidade da alma como poucos. Grandes estudiosos que foram de
magia, por vezes manipuladores de ectoplasma de seres e pessoas, hoje eles tem
o compromisso moral com o planeta de limparem o máximo possível os seres das
vibrações mentais pesadas, tristes, sedutoras, manipulativas que eles ajudaram
a instaurar em nossa psique. Diríamos que eles fazem uma ação reversa.
As mudanças de sintonia mediúnica assim como o
aumento de sua capacitação se fazem mediante a técnica salutar que em tudo
lembra os divãs psicanalistas: a forma de se deitar, o recanto sossegado, a
elaboração metódica. Se podemos definir um preto-velho os definiríamos como terapeutas/psicólogos,
acariciadores da alma. São conhecedores profundos da psique humana, mais do que
isso, conseguem sondar o intimo dos seres sem nos percebermos sondados,
invadidos. Seres lindos com uma evolução refinadíssima, eles primam pelo
respeito ao próximo e a humildade no serviço a Cristo. Por escolha deliberada
que fizeram em ‘mudar’ de lado e virem para o lado do Cordeiro e não dos dragões.
Nessa perspectiva, não há nenhum exagero em pontuar que os pretos-velhos são os
que rivalizam com os magos negros. Muitos dos pretos-velhos foram seres que
manipularam energia, pessoas, situações e em determinado momento fizeram a escolha
de limpar essa energia, de não mais continuar com essas ações e atitudes. Fazem
isso sem condenação, sem julgamento, amparando e aproximando a todos os que
estão em dificuldade.
Outro ponto salutar das 24 horas de Pai Jeremias na
figura de preto-velho é o de que todo trabalho de desenvolvimento mediúnico
inicia-se e desenvolve-se sob a tutela de um preto-velho. Numa ‘pajelança
xamanica’ amorosa e revigorante. Ainda que inúmeros médiuns e dirigentes virem
a cara para esses grandes conhecedores do espirito são eles que supervisionam o
nosso aparato psíquico para que ele não dê pau, entre em curto circuito, ou
surto. É de fundamental importância a todo cuidador a recepção do seu
preto-velho. É por intermédio das orientações deles que encontramos
apaziguamento, esclarecimento, florescimento interno para lidarmos com nossos
trabalhos. Nesse período de depressão, estres, cansaço físico e mental os
conselhos desses seres nos direcionam para o caminho da saúde interna.
Enquanto estive lá, pai Jeremias atendeu de três a
cinco irmãos que lidam nos trabalhos espirituais: um padre, um pastor, um
médium de desobsessão, um casal. Os resultados práticos, cotidianos da conversa
por ele desencadeados variam de grau para grau de evolução e de urgência. É
como se ele colocasse conhecimentos específicos que seriam abertos em
determinados momentos. Um programa de computador ou algo similar seria a ideia
que apresento. Hoje em 2017 podemos dizer que seriam comandos apometricos,
associados com PNL, algo que coachs tem utilizado em suas abordagens. No
momento especifico, esse programa abre e a pessoa tem as condições de optar
pela resolução do problema.
Observando dentro desse novo cenário de
entendimento, diretamente, nenhum dos casos me dizem respeito, porem cada um
deles se tivesse passado pelo meu consultório, por um atendimento,
aconselhamento, diriam respeito a mim também, simbolicamente, indiretamente.
OS RELATOS:
O padre estava vivendo as dificuldades do celibato,
espirito viciado nas experiências sexuais descontroladas, era assediado física
e espiritualmente por imagens de mulheres e cenas de orgias do passado remoto.
Fora auxiliado por pai Jeremias a enxergar o outro lado da busca sexual: o
amor. Não sei se o padre resistiu ou resiste à tentação, todavia ficou claro
que as lições foram de grande ajuda, pois os problemas de irritação e
descontrole manifestado diminuíram e muito. Outro aspecto salutar é o
entendimento de que o programa instalado por pai Jeremias desencadeia ações
responsáveis e amorosas, longe da culpa e do julgamento. Ainda que o padre
venha a cair na quebra do celibato, pai Jeremias deixa subtendido que ele haja
por amor, faça sexo com amor e caso não venha a cair, que amplie sua capacidade
amorosa valendo-se da conscientização dessa energia.
O pastor vivia um problema de ordem prática:
enxergava e ouvia espíritos. Tendo sido esclarecido da normalidade desses
fatos, dormiu melhor, voltou às lidas evangélicas e ficou menos irritadiço com
as correntes religiosas diferentes da sua, que combatia com ira, num caso
típico de projeção.
O médium passou a ser assediado pelos assediadores
dos outros. Recebeu esclarecimentos sobre o seu passado faltoso, não de forma
direta, mas simbólica e passou a vigiar o seu interior e não apenas pregar e
esclarecer o outro, mas primordialmente, a si próprio. Compreendeu que o
processo de desobsessão que ele praticava, mais do que para os outros era para
ele mesmo.
Nos três casos de conversa com pai Jeremias a
tomada de consciência se faz gradual, mas constante. Despertam com um
sentimento de paz interior, de que sonharam com uma fazenda, ou que estiveram
em uma plantação e cultivaram a terra. Outros que sonhava com um homem mau, mas
que enfim conseguiu ajuda-lo a se recuperar. É como ao acordar os símbolos dos
sonhos passarem a ser percebido por nossas roupagens, nossos entendimentos,
nosso grau de clareza. A gente só enxerga aquilo que conseguimos ver e
interpretar. Ninguém vê antes do conceito, ou da incrustação do símbolo em si
mesmo.
Cada uma dessas práticas realizadas por nossos
amigos espirituais na figura de preto-velho tem como compromisso o resgate de
conhecimentos perdidos e deixados para trás na Atlântida. Como vemos
registrando muitos preto-velhos eram sacerdotes desses templos e depois ao se
perderem passaram a realizar rituais de sangue, de sacrifícios humanos por
estarem conectados a seres perversos, manipuladores. O trabalho dos preto-velhos,
antigos sacerdotes atlantes é revigorar o surgimento desse conhecimento que
alia amor-respeito-humildade; sabedoria-amor-poder; ciência-filosofia-religião;
em uma unidade. Em um conhecimento de que tudo e todos são um. A integração de
tudo no todo. Esse processo inicia-se com a perda do preconceito racial,
social, econômico, cultural para o entendimento de que tudo e todos são um.
E, agora podemos então pontuar com mais clareza o
que são as 24 horas de Pai Jeremias um preto-velho. Assim ele nos conta:
Minhas
24 horas se perdem, porque não temos mais esse modelo de tempo. O tempo nosso
agora é coletivo e podemos caminhar e coabitar vários seres ao mesmo tempo, o
que denominamos de família. Quando menciona o trabalho dedicado ao longo do
tempo com seu bisavô, avó, mãe, você e seus filhos estamos falando de um
trabalho ancestral de mudança de DNA numa perspectiva consciencial, simbólica.
Enquanto nossos amigos-irmãos trabalham em naves com a mudança genética
propriamente dita, nós outros utilizamos as mais diversas formas: preto-velhos
na cultura de matriz africana, xamãs nas culturas de matriz indígenas, gurus
nas de matriz asiáticas para irmos acompanhando e implementando mudanças
simbólicas, conscienciais na estrutura psíquica de grupos terráqueos.
Todo
nosso trabalho é o de acompanhar ciclicamente como estão sendo utilizados os
mapeadores genéticos, conscienciais que estamos implementando para a ativação
de uma cultura mais harmônica, menos bélica, mais fraterna, mais humilde. Se forem
capaz então de ouvir a fala de uma criança, de um preto-velho, de um índio são
capazes ou se aproximam da essência do evangelho, da essência dos semeadores da
Vinha, que é o de conhecer as pessoas pela essência e não pela aparência, de
valorizar o conteúdo e não a superficialidade. Essas são as pegadas dos
ensinamentos espirituais em todo o orbe terrestre e vamos contatctando os seres
até que eles possam compreender que podemos fazer uso das mais diversas formas,
imagens, para que divulguemos e realizemos nosso trabalho de amor e esperança.
Nesses
moldes minhas 24 horas se confundem e se interpenetram com esses tempos
familiares, coletivos nos quais podemos ativar alguns padrões e retirar alguns
comandos viciados e viciosos da psique de vocês. Cada vez mais o conceito de
tempo vai se fazendo e adentrando no de espaço, causando uma integração
consciencial que é a busca de todos os orbes, o nascimento de seres que consigam
trazer no corpo físico suas lembranças astrais. Nosso trabalho de
desenvolvimento junto às famílias, aos terreiros é sermos o aporte dessas
energias, sermos a central de distribuição que mantem a memoria coletiva
acessa, ativa, pronta para ser acionada quando necessário, por quem se fizer de
direito. Todo o trabalho da tradição é esse, o ensinamento para que as pessoas
consultem essa memória, ativem essa memoria, façam uso dessa memoria coletiva
ampliando cada vez mais e auxiliando a dar suporte individual para que cada um
a use com mais consciência, sabendo que é possível acessar essas informações,
esse conhecimentos tanto individual, quanto familiar.
Sobre
essa integração do tempo-espaço num processo de individuação, individualização,
conexão, Oran irá falar melhor. Ele e Somater irão fazer o arremate dessa
perspectiva, mas ressalto que trabalhar como preto-velho junto a você e a sua
família é resgatar a memória lemuriana dos povos de cor preta. É ativar toda
uma herança de conhecimentos siderais, de poderes extrassensoriais que
assustaram os nativos dessa localidade e os viram como seres demoníacos,
deuses, por não saberem como tinham a capacidade telepática, empática de se
comunicarem com as folhas, as ervas, as plantas, os animais, os elementos e todo
o sagrado, todo o natural. Cada incorporação é a ativação dessa e outras
capacidades, é o empoderamento de um individuo e de todos os outros do nosso
compromisso com o planeta, com o sistema, com o cosmos.
Não
se pode perder isso de vista, que somos todos um. Que pertencemos a mesma raiz
fundante das estrelas e que caminhamos para voltar para elas.