quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Perception.S01E01.Pilot - Trecho inicial legendado



Perception é uma série que estreou este ano na TNT com 10 episódios e parece que vai para a 2ª temporada com 3 episódios a mais. Como o nome indica, a série fala de percepções, não apenas do ponto de vista factual, objetivo; como que do ponto de vista subjetivo, interno. A série consegue transitar muito bem entre esses dois estados, o interno e o externo.

A discussão dessa transição torna Perception uma série inusitada, excêntrica, intrigante, que aborda a um só tempo a criminalidade (factualidade), as motivações privadas (intencionalidade) do criminoso sob a perspectiva da neurociência. Mas o que tem a série de tão diferente e especial? O personagem principal: Dr. Daniel Pierce- um PHD em neurociências, professor universitário, autor de alguns Best sellers e ajudante do FBI. Para incrementar ainda mais o seu currículo ele é esquizofrênico.

É deste estado interno- a esquizofrenia- que toda a série se desenvolve e apresenta os arremates finais dos capítulos, justamente na fronteira entre o real e o imaginário. Em verdade, a série começa buscando encontrar uma definição para realidade. Esta é a pergunta que o Dr. Daniel lança aos seus alunos. Em capítulos seguintes pergunta: o que é normalidade? E no que tive a oportunidade de ver ontem (23/12) discute como pano de fundo a homossexualidade. O interessante é que discutir a homossexualidade como doença passível de tratamento tem o mesmo viés de discutir a esquizofrenia, que na concepção do personagem não é algo sujeito a mera medicação e sim a aceitação desse estado, ou será condição?

Assim, de maneira muito provocante, a série levanta e responde a perguntas relativas à normalidade, à realidade, às percepções. Além de humanizar o transtorno mental da esquizofrenia. Alguns, talvez possam acreditar que a série romantize um pouco a esquizofrenia, diria que sim, embora, ela coloque as dificuldades do portador de forma muito franca. O que aos meus olhos poderia ser considerado romanceado é a aceitação com que ele convive com sua companheira imaginária, quase uma terapeuta de plantão que o ajuda em suas reflexões e lhe da condições de se manter “normal” dentro do critério de normalidade que ele vivencia. E talvez onde uma parte significativa veja um afastamento da realidade do portador de esquizofrenia, eu presumo ser o ponto alto da série, a saber, o respeito à diferença, às individualidades, à unicidade de cada sujeito humano, especialmente, às própria idiossincrasias. Em minha Perception a série aborda essas questões com muita leveza sem perder a profundidade dessas questões.

Vale a pena dar uma conferida.

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