Há um
ditado popular que diz que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Adapto essa
frase para pensar e analisar a figura do senhor Fernando Pimentel.
Para
muitos um grande articulador, um excelente prefeito. Para mim um ser deslocado,
equivocado, não apenas por suas ações de dois, quatro anos atrás, mas por suas
ações ao longo de sua atuação como prefeito de Bh. Ainda não sai das minhas
retinas e nem de minhas lembranças que foi ele que expulsou os camelos do
centro, assim como foi ele também o responsável por transformar a Avenida
Afonso Pena em campo de batalha entre policiais e perueiros. Em suma, imputo a
este senhor a impessoalidade da prefeitura, dessa gestão que se preocupa em ser
avaliada por mecanismos nacionais e internacionais de metodologias escusas, que
acabam redundando em rankings que seriam cômicos se não fossem o que são-
trágicos. Afinal, como alguém sério pode dizer que ele e Lacerda estão entre os
melhores prefeitos do país? Que nossa bela e amada capital encontra-se entre as
melhores do mundo? Diante desses dados somos obrigados a pensar ao inverso de
Poliana e nos perguntar- se for verdade, imagine os outros prefeitos e as
outras cidades!!!! Trágico.
Aos
meus olhos, poucas vezes a prefeitura, o prefeito estiveram tão longe do povo
quanto nesses últimos oito anos. Nem vou trazer a lembrança de prefeitos que
despachavam junto ao povo, nem dos que caminhavam junto a eles. Vou apenas lembrar
que Célio de Castro e o próprio Patrus eram anônimos. Não eram vistos em
jornais, revistas, em rankings. Por vezes eram até ignorados como sendo prefeitos
da cidade, mas governavam a cidade para essa gente que os desconhecia.
As
gestões atuais esvaziaram esse contato humano, solidário, gentil. É um contato
mais frio, burocrático impessoal no pior sentido do termo. As
imagens de Lacerda e Délio sambando é triste como furar olho de animal. Aquela
cena representa o esforço por tentar ser popular, por tentar ser do povo, por
tentar estar junto a ele, mas mesmo assim, tudo é falso. Nada é real. O povo
mesmo, eles não conhecem, não conseguem se aproximar, mesmo quando
desejam.
Eles
fazem, eles realizam, mas parece que tudo é feito com um certo nojo, com um
certo distanciamento, com uma frieza singular. De modo que mais do que um
distanciamento, o que sinto, sentia tanto em Pimentel quanto em Lacerda era e é
uma elitização.
Elitização que culmina no governo de Lacerda. O prefeito que cerca praça pública, que vende rua para amigos hoteleiros. Lacerda é a frieza e o distanciamento haja vista que seus padrinhos políticos são Aécio Neves e Pimentel. Cronistas esportivos para ironizar alguns cartolas, afirmam que em estádio de futebol precisam apresentá-los a bola. Lacerda numa analogia similar precisa ser apresentado ao povo. Ele só conhece isso enquanto dados estatísticos e conceito sociológico.
E é
neste ponto que quero voltar a analisar a figura de Pimentel. Não que o que eu
tenha dito sobre Lacerda não se aplique a ele, a Anastasia e a Aécio. São todos
tecnocratas sem traquejo para o que a política representa- proporcionar a felicidade
aos cidadãos. O político busca dar felicidade ao seu povo. O tecnocrata vê qual
é o valor dessa utopia. É outra forma de pensar a política, de pensar a cidade,
de se fazer e de ser humano. Mas, o ponto que unifica tecnocratas e políticos é
a ambição.
Não há político sem ambição, mas é na ambição política que se revela o ser político de cada um. No frigir dos ovos, quem é Pimentel? O que Pimentel já fez ou tinha feito oito anos atrás? Quatro anos atrás para achar que poderia ombrear com Patrus? Em qualquer coisa, em qualquer ranking, ou escala, Pimentel encontra-se atrás de Patrus, menos em um: na ambição.
Patrus
era deputado federal mais votado de Minas, era ministro, criador da bolsa
família. Digo sempre, Patrus era o nome do próximo candidato a presidente da
Republica. Já Pimentel era um tempero de Minas. Bem dosado dava sabor a
política mineira, nada mais do que isso. Mas falávamos da ambição. A ambição de
Patrus é a de servir ao partido e as bases, quando o PT tinha isso. O PT mudou
é outro.
A
ambição de Pimentel é incomensurável. Ela não se ocupa apenas em ser, mas em
impedir que os outros sejam. Foi num cenário similar a este que ao invés de
passar a prefeitura a um sucessor natural, Pimentel sentou-se com o seu
adversário político, não apenas municipal, estadual, mas nacional. E juntos
apoiaram um desconhecido em detrimento de todo um partido. Num cenário constrangedor
para toda coligação no Brasil.
Ali,
de forma simples, Pimentel deveria ter sido convidado a se filiar-se ao PSDB.
Mas, pelo contrário, o diretório estadual se posicionou favorável e achou uma
ação incrível. Anos depois, na sucessão estadual, a oposição tomou uma surra de
Aécio ao eleger um desconhecido para governador de Minas e pela primeira vez
desconfiaram de Pimentel. Agora, já não se tem mais dúvidas. Pimentel no
partido dos outros é refresco. Ele deve respostas a todos. Não pode se calar,
ou escolher as quais perguntas deseja responder.
Torço para que Patrus não preste mais ao papel de conciliar e consertar aquilo que não estragou. Torço para que ele se veja pelos olhos que lhe concebemos- uma das maiores figura pública de Minas. Pela sua humildade, pela sua valentia, mas, sobretudo por sua humanidade. Patrus é um político, dos poucos que restam que ainda pensa a felicidade como sendo um fazer político e uma ocupação do estadista. Não pode se submeter à ambição desvairada desses que tem como meta e desejo apenas a realização dos caprichos e vontades.
Finalizo com uma pergunta que Minas, Bh espera a resposta. A pergunta foi feita por uma repórter na coletiva dada por Patrus. Leiam parte, abaixo:
"O ministro Fernando Pimentel chegou ao evento atrasado,
quando Patrus já havia começado o discurso. Ao final, Pimentel minimizou a
hipótese de que ficaria marcado dentro do partido por ter sido um dos
articuladores, juntamente com Aécio Neves, da aliança que levou Marcio Lacerda
ao poder, em 2008, retirando o PT de 16 anos de comando da prefeitura da
capital mineira.
“Se você não entendeu nada, eu não vou responder essa pergunta. Isso é a unidade do nosso partido, simbolizada aqui hoje”, disse o ministro ao repórter que lhe fez a pergunta."
“Se você não entendeu nada, eu não vou responder essa pergunta. Isso é a unidade do nosso partido, simbolizada aqui hoje”, disse o ministro ao repórter que lhe fez a pergunta."
Pode até ser, mas ainda aguardamos uma resposta menos covarde e mais honrosa, quiçá verdadeira, isto é, que diga: "foi por ambição. Pura ambição. Por que não ouvi Salomão- vaidade, vaidade, tudo é vaidade".
É!!!! Pimentel na campanha dos outros é refresco.
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