segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PIMENTEL NO PARTIDO DOS OUTROS



Há um ditado popular que diz que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Adapto essa frase para pensar e analisar a figura do senhor Fernando Pimentel. 

Para muitos um grande articulador, um excelente prefeito. Para mim um ser deslocado, equivocado, não apenas por suas ações de dois, quatro anos atrás, mas por suas ações ao longo de sua atuação como prefeito de Bh. Ainda não sai das minhas retinas e nem de minhas lembranças que foi ele que expulsou os camelos do centro, assim como foi ele também o responsável por transformar a Avenida Afonso Pena em campo de batalha entre policiais e perueiros. Em suma, imputo a este senhor a impessoalidade da prefeitura, dessa gestão que se preocupa em ser avaliada por mecanismos nacionais e internacionais de metodologias escusas, que acabam redundando em rankings que seriam cômicos se não fossem o que são- trágicos. Afinal, como alguém sério pode dizer que ele e Lacerda estão entre os melhores prefeitos do país? Que nossa bela e amada capital encontra-se entre as melhores do mundo? Diante desses dados somos obrigados a pensar ao inverso de Poliana e nos perguntar- se for verdade, imagine os outros prefeitos e as outras cidades!!!! Trágico.  

Aos meus olhos, poucas vezes a prefeitura, o prefeito estiveram tão longe do povo quanto nesses últimos oito anos. Nem vou trazer a lembrança de prefeitos que despachavam junto ao povo, nem dos que caminhavam junto a eles. Vou apenas lembrar que Célio de Castro e o próprio Patrus eram anônimos. Não eram vistos em jornais, revistas, em rankings. Por vezes eram até ignorados como sendo prefeitos da cidade, mas governavam a cidade para essa gente que os desconhecia.

As gestões atuais esvaziaram esse contato humano, solidário, gentil. É um contato mais frio, burocrático  impessoal no pior sentido do termo. As imagens de Lacerda e Délio sambando é triste como furar olho de animal. Aquela cena representa o esforço por tentar ser popular, por tentar ser do povo, por tentar estar junto a ele, mas mesmo assim, tudo é falso. Nada é real. O povo mesmo, eles não conhecem, não conseguem se aproximar, mesmo quando desejam. 
Eles fazem, eles realizam, mas parece que tudo é feito com um certo nojo, com um certo distanciamento, com uma frieza singular. De modo que mais do que um distanciamento, o que sinto, sentia tanto em Pimentel quanto em Lacerda era e é uma elitização. 

Elitização que culmina no governo de Lacerda. O prefeito que cerca praça pública, que vende rua para amigos hoteleiros. Lacerda é a frieza e o distanciamento haja vista que seus padrinhos políticos são Aécio Neves e Pimentel. Cronistas esportivos para ironizar alguns cartolas, afirmam que em estádio de futebol precisam apresentá-los a bola. Lacerda numa analogia similar precisa ser apresentado ao povo. Ele só conhece isso enquanto dados estatísticos e conceito sociológico. 

E é neste ponto que quero voltar a analisar a figura de Pimentel. Não que o que eu tenha dito sobre Lacerda não se aplique a ele, a Anastasia e a Aécio. São todos tecnocratas sem traquejo para o que a política representa- proporcionar a felicidade aos cidadãos. O político busca dar felicidade ao seu povo. O tecnocrata vê qual é o valor dessa utopia. É outra forma de pensar a política, de pensar a cidade, de se fazer e de ser humano. Mas, o ponto que unifica tecnocratas e políticos é a ambição. 

 Não há político sem ambição, mas é na ambição política que se revela o ser político de cada um.  No frigir dos ovos, quem é Pimentel? O que Pimentel já fez ou tinha feito oito anos atrás? Quatro anos atrás para achar que poderia ombrear com Patrus? Em qualquer coisa, em qualquer ranking, ou escala, Pimentel encontra-se atrás de Patrus, menos em um: na ambição. 
Patrus era deputado federal mais votado de Minas, era ministro, criador da bolsa família. Digo sempre, Patrus era o nome do próximo candidato a presidente da Republica. Já Pimentel era um tempero de Minas. Bem dosado dava sabor a política mineira, nada mais do que isso. Mas falávamos da ambição. A ambição de Patrus é a de servir ao partido e as bases, quando o PT tinha isso. O PT mudou é outro. 

A ambição de Pimentel é incomensurável. Ela não se ocupa apenas em ser, mas em impedir que os outros sejam. Foi num cenário similar a este que ao invés de passar a prefeitura a um sucessor natural, Pimentel sentou-se com o seu adversário político, não apenas municipal, estadual, mas nacional. E juntos apoiaram um desconhecido em detrimento de todo um partido. Num cenário constrangedor para toda coligação no Brasil.

Ali, de forma simples, Pimentel deveria ter sido convidado a se filiar-se ao PSDB. Mas, pelo contrário, o diretório estadual se posicionou favorável e achou uma ação incrível. Anos depois, na sucessão estadual, a oposição tomou uma surra de Aécio ao eleger um desconhecido para governador de Minas e pela primeira vez desconfiaram de Pimentel. Agora, já não se tem mais dúvidas. Pimentel no partido dos outros é refresco. Ele deve respostas a todos. Não pode se calar, ou escolher as quais perguntas deseja responder.  

Torço para que Patrus não preste mais ao papel de conciliar e consertar aquilo que não estragou. Torço para que ele se veja pelos olhos que lhe concebemos- uma das maiores figura pública de Minas. Pela sua humildade, pela sua valentia, mas, sobretudo por sua humanidade. Patrus é um político, dos poucos que restam que ainda pensa a felicidade como sendo um fazer político e uma ocupação do estadista. Não pode se submeter à ambição desvairada desses que tem como meta e desejo apenas a realização dos caprichos e vontades. 

Finalizo com uma pergunta que Minas, Bh espera a resposta. A pergunta foi feita por uma repórter na coletiva dada por Patrus. Leiam parte, abaixo: 

"O ministro Fernando Pimentel chegou ao evento atrasado, quando Patrus já havia começado o discurso. Ao final, Pimentel minimizou a hipótese de que ficaria marcado dentro do partido por ter sido um dos articuladores, juntamente com Aécio Neves, da aliança que levou Marcio Lacerda ao poder, em 2008, retirando o PT de 16 anos de comando da prefeitura da capital mineira.
“Se você não entendeu nada, eu não vou responder essa pergunta. Isso é a unidade do nosso partido, simbolizada aqui hoje”, disse o ministro ao repórter que lhe fez a pergunta."


Pode até ser, mas ainda aguardamos uma resposta menos covarde e mais honrosa, quiçá verdadeira, isto é, que diga: "foi por ambição. Pura ambição. Por que não ouvi Salomão- vaidade, vaidade, tudo é vaidade". 

É!!!! Pimentel na campanha dos outros é refresco.









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