Kardec pensou o espiritismo sobre um tripé: ciência, filosofia, concepção moral, pelo menos, foi assim que o lemos aqui no Brasil. Estudiosos kardecistas, mais rigorosos, gostam de apontar que nunca houve um tripé e sim uma cadeira de quatro pés.
O kardecismo no Brasil
virou espiritismo. Isto é, se fez religião. Uma religião que tem matrizes
católicas muito fortes e proeminentes (haja vista a quase canonização de Chico
e a romaria para Uberaba). Esta mesma religião tenta guardar o seu lugar
marcando posição diferenciada, distinta das religiões de matrizes afro.
Enquanto esses de maneira geral se assumem espíritas, os espíritas tentam
mostrar-se hierarquicamente mais evoluídos e assim, diferentes, mais europeus, civilizados, brancos.
Foi numa contenda como
essa que Zélio de Moraes fundou a Umbanda. Movimento lindo, de renovação e
integração das mais diversas práticas e culturas. Uma descrição mais exata de
como se dá o ecumenismo pelo cosmos a fora. Todos juntos, misturados, dando o
melhor de si para ajudar a si mesmo e aos outros. Isso independe de sexo,
origem, nacionalidade, idade, ou quaisquer outras diferenças que erguemos. A
Umbanda implodiu com todas elas, embora haja terreiros que não se sintam
felizes com essa integração.
Outra alternativa ao
modelo de espiritismo sai com Waldo Vieira. Waldo trabalhou anos com Chico Xavier, para muitos seria o seu substituto. Waldo cuja psicografia de Tolstoi não permitiu ver a diferença entre o autor, tamanha a fidedignidade do texto, abriu uma porta esplendida para todos nós. A projeciologia. Waldo faz uma pergunta que foi
basicamente: se eu posso contatá-los do outro lado, porque vou ficar esperando
eles desse?
Não temos dúvida em dizer que a projeciologia, a conscienciologia se tornou, se fez, a cara de Waldo. Uma experimentação científica, rigorosa, meticulosa, por vezes desprovida de muitos sentimentos. Mas, a técnica, a proposta, abre as portas para a auto-ajuda. Obvio, que Waldo, não deve gostar do termo, mas o que ele fez, enquanto busca inicial, foi fornecer condições para cada um, sair do próprio corpo e encontrar seus entes queridos, visualizar o mundo espiritual, sem necessitar do trabalho mediúnico para tanto. Nessa proposta abriram-se as portas para se pensar e repensar a mediunidade por outro viés.
Não temos dúvida em dizer que a projeciologia, a conscienciologia se tornou, se fez, a cara de Waldo. Uma experimentação científica, rigorosa, meticulosa, por vezes desprovida de muitos sentimentos. Mas, a técnica, a proposta, abre as portas para a auto-ajuda. Obvio, que Waldo, não deve gostar do termo, mas o que ele fez, enquanto busca inicial, foi fornecer condições para cada um, sair do próprio corpo e encontrar seus entes queridos, visualizar o mundo espiritual, sem necessitar do trabalho mediúnico para tanto. Nessa proposta abriram-se as portas para se pensar e repensar a mediunidade por outro viés.
Na direção da ruptura
tivemos Luís Gasparetto. Gaspa caminhou decisivamente para a auto-ajuda. Criou,
construiu, expandiu, mantém e banca um espaço no qual ensina as pessoas a
lidarem com as suas próprias forças. Gaspa esta revolucionando o mundo
psíquico. É uma pena que ele não publique suas pesquisas, mas o trabalho dele
de empoderamento mediante o uso consciente das forças que eram consideradas de
outros (entidade, ou do médium) são sensacionais.
O que quero salientar é que para Chico espiritualidade é moralidade. O componente moral direciona, supervisiona as praticas. Nesse formato Chico conseguiu unificar o espiritismo, colocando o seu cerne não no Livro dos Espíritos, no estudo, na cientificidade, mas no Evangelho. Isso foi importantíssimo para que não perdêssemos tantos médiuns como perdíamos. A aproximação da faculdade mediúnica com o ideário da santificação possibilitou o triunfo de inúmeros médiuns, dirigentes e do próprio espiritismo em nossas terras, não sem razão, basicamente, só entre as nossas terras.
O que quero salientar é que para Chico espiritualidade é moralidade. O componente moral direciona, supervisiona as praticas. Nesse formato Chico conseguiu unificar o espiritismo, colocando o seu cerne não no Livro dos Espíritos, no estudo, na cientificidade, mas no Evangelho. Isso foi importantíssimo para que não perdêssemos tantos médiuns como perdíamos. A aproximação da faculdade mediúnica com o ideário da santificação possibilitou o triunfo de inúmeros médiuns, dirigentes e do próprio espiritismo em nossas terras, não sem razão, basicamente, só entre as nossas terras.
A unificação realizada
pela Umbanda já registrei acima e um dia as pessoas vão se abrir para ver que a espiritualidade nunca foi diferente. Qualquer vidente atento pode constatar que na
missa há monges budistas, caboclos, tibetanos. Nos centros kardecistas há
cohans, pretos-velhos, exus; nos terreiros há padres, médicos, mentores,
trabalhando como erês, ciganos e outros. Entidades se movem pela luz e se
firmam pela luz, o resto é estultice nossa, humana, demasiadamente humana.
Uma estultice que um
segundo de consciência fora do corpo retiraria. E essa é a integração promovida por Waldo.
De muitas formas, ele retoma a pesquisa, a experimentação, a necessidade de se
cortar a dependência do contato espiritual estritamente pelo médium e dar meios para cada um alcançar o conhecimento do outro lado. Ele é o
primeiro a dar um tapa na face da prepotência mediúnica ao fundamentar um
método no qual se pode acessar o plano espiritual por si mesmo.
Gasparetto pega os
elementos da umbanda e aplica no seu viés psicológico. Ao término, nós temos a
dimensão de psique expandida para um nível que somente os kardecistas
trabalham, sob o nome de umbral, sem saber que isso é parte, criação, de um
estado mental coletivo. Se apenas essa linha no trabalho de Gaspa já é genial
fornecer mecanismos de cada um acessar/incorporar suas forças e fazer uso para
resolver a própria vida é a integração que todas as correntes psicológicas
buscaram e buscam até hoje e por vezes falham.
De todos
esses caminhos, eu gosto da arte. Gosto de pensar a espiritualidade pelo viés
artístico. A arte é a própria transcendência. No criar, cada um se faz
co-criador e isso expande nosso ser, nosso viver. Quando criamos nos
conectamos, passamos a ser. Gosto de pensar a vida como essa obra de arte que
nos cabe produzir, gerando o belo, criando o formidável, expressando o
encantamento. Gosto de aproximar a espiritualidade dessa vertente, desse
sentido, dessa direção. O resultado é a criação de si mesmo. E, nada pode ser
mais artístico do que isso.